PauloMoura

Esteticamente bem bonito, mas traz uma discussão datada, teoricamente fraco e de um feminismo branco. Reduz "empoderamento" à: posso transar com quem eu quiser e é isso. E até pode, claro, mas isso é fetichizar, porque no final das contas é só mais um corpo feminino para o gozo masculino.(!ainda que o gozo seja dela tbm, mas ela não é retirada da vulnerabilidade, nem muito menos conquista autonomia com isso).

Outra coisa que me chamou atenção com a personagem central foi quando ela se chocou com a pobreza mas isso durou até ela dar "esmola" aos pobres.

O que parece muito a figura da "branca salvadora" que vai dar comida às crianças em insegurança alimentar, mas depois volta pra casa como se estivesse expurgado a própria culpa por aquilo.

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Mas talvez o pior foi a redenção dela ser voltar ao seu criador/abusador, que só confirma a logica de um corpo feminino para servir ao gozo masculino.

Obra prima.

Uma boa direção de fotografia, isto é inegável, mas não deixa de ser um filme com escolhas, no mínimo, ruins; ou simplesmente atrasadas em uma década. Quase impecável quanto à técnica, mas isso não o torna arte. Arte não se limita ao domínio de uma técnica, mas trazer algo novo (criar) a partir de um código de linguagem pré estabelecido e este filme não traz nada além do mesmo, pior, do mesmo das décadas passadas: um corpo feminino sem fala, sem força, sem voz, lançada para lá e para cá, objeto de desejo, mas impedida de também desejar, sendo punida por isso. Vimos isso em Madame Bovary e depois em O primo basílio, uma mulher que por desejar, também mereceria sofrer. E assim segue este filme, uma personagem mal desenvolvida, ou simplesmente destituída de seu lugar de ser desejante, uma personagem que não fala com palavras, mas sim com o corpo que, confesso, rendeu planos belíssimos, mas não entregou nada além do óbvio. É um filme que, embora bonito, tem prazo de validade, e já venceu há 10 anos.