Filme de paulistano (no bom sentido, se é que isso é possível). Conhecer a cidade ou ter experimentado viver nesse lugar estranho e cruel da sentido ao filme. Pode reviver traumas, também
Foi muito interessante ler as críticas da época sobre o filme dizendo que é "datado" ou "preso em tabus" antigos sobre o sexo. Assistir o filme em 2021 deu a impressão justamente contrária; os anos 90 é que estavam tão empolgados com o inicio de um mundo de liberdades que não conseguiram entender que o filme vai fundo na discussão sobre poder e combate até uma falsa ingenuidade do pertencimento, típica dos 90. (Sugiro procurar um texto chamado "What I Learned After Watching Eyes Wide Shut 100 Times"). Ter deixado um último filme do Kubrick !que gênio! para assistir durante o isolamento foi como encontrar-se em uma orgia cinematográfica (consentida)
Que força incrível tem os filmes de David Fincher!! Impactante, ele não perde o controle na construção de cada personagem, de cada momento. Trabalho árduo, que mede todos os detalhes dos planos e diálogos. Trilha? Impecável! Queria eu poder apagar esse filme da minha memória... Sim, apagar, só para poder assistir mais uma vez e ficar tão chocado e extasiado com esse trabalho fenomenal de atuação e direção.
A capacidade do cinema de colocar as coisas em perspectiva é indiscutível. Retratar um período tão sombrio da história não passa somente pela violência, opressão e barbáries cometidas, mas também pela percepção de como esses elementos contribuem para a desumanização do indivíduo. A criação de um mecanismo tão cruel que se perpetua, encontra sua raiz e força primária no plano das ideias e se impõe no plano material por meio do abuso e da submissão. Nada explicaria a diferença entre os dois "senhores" de Solomon, nem mesmo a religião ondem ambos encontram seu amparo, se não a importância da consciência, da crença, do sentimento do correto e do pertencimento no indivíduo (mesmo que este esteja errado). Nenhuma analise behaviorista explicaria a capacidade de um negro transitar com tamanho virtuosismo na sociedade da época, se não a consciência do mesmo em saber que é um igual, que a discriminação e o preconceito são uma imposição que não se justifica nem no plano das ideias, nem na cresça mais extremista e nunca se justificara em lugar algum. Pois, quando o individuo compreende a importância da liberdade, ele compreende a importância de viver. Ao meu ver, Chiwetel Ejiofor soube compreender a importância desse sentimento na vida de Solomon Northup, que sabe da importância de superar cada dia da sua árdua realidade, mas se vê cada vez mais desumanizado, submisso, diminuído por um sistema cruel que o consome aos poucos, mas que não é capaz de corromper sua consciência. Steve McQueen também sabe dessa importância e já retratou como uma obsessão é capaz de mover o indivíduo, que se apega no que for necessário. Ejiofor é um héroi, diferentemente do seu personagem, sua atuação chega a ser kafkiana diante da metamorfose imposta, esvaziada pela crueldade que o assola, mas firme quanto a sua necessidade, a de voltar a sua família, a de pertencer mais uma vez, a de ser.
A cena do Call and response é inacreditável e retrata a importância de "se manter vivo".
Poderia elogiar longamente o trabalho cinematográfico, a direção espetacular, o plano sequência inacreditável na cena entre Fassbender, Ejiofor e Lupita Nyong'o, mas acho que seria pouco. Pouco para esse grande retrato histórico de um período banalizado. O filme é uma obrigação, um choque necessário com a realidade. E Solomon Northup é um exemplo, não de heroísmo convencional, mas de entendimento da sua importância, da necessidade do ser de estar presente e existir.
O momento em que ele retorna a sua casa, reencontra a família... As desculpas simbolizam a compreensão de uma pessoa que está além, além da nossa capacidade mundana e egoísta. Assim como essa obra está além da película, do cinema que não é capaz de comporta-la, pois ela é um dos grandes dramas de todos os tempos.
PS: Assisti o filme no shopping Bourbon, pré-estréia, cinema lotado e, vocês que acompanham mais cinema do que eu, sabem como um mal tem rondado as salas do Brasil. Mal esse que é a necessidade, quase que instantânea de se produzir "informação", uma crítica, em voz alta, logo que o filme termina. E assim não foi diferente nesse dia... Ainda ao som da comoção de boa parte do público, os soluços e lágrimas, um rapaz, que estava ao meu lado, totalmente alheio ao momento e indiferente ao respeito para com os outros que estão ali na sala, se levanta e diz para sua acompanhante: - Olha, esse filme não é tudo isso, mesmo... A atuação do Matthew Mcconaughey em Dallas Buyers é muito melhor e eu espero que ele ganhe o Oscar, assim como o filme, que também é superior. Uma moça, sentada logo na poltrona da frente, se vira e grita em meio às lágrimas: - Quem quer saber de Oscar em uma hora dessas?! Caralho! Vai se foder, maluco! A moça deixou a sala às pressas e o rapaz permaneceu atônito, incapaz de produzir uma opinião sobre aquele momento de forma tão rápida como a que ele emitiu sobre o filme
Olha, criei uma expectativa enorme sobre esse filme... E posso dizer que a atuação do Joaquin Phoenix é uma das melhores que eu já vi! (Por conta de toda a complexidade do papel). As interações entre o Philip Seymour e ele, te deixam mal quando o filme acaba, mal pelo sentimento de ter acabado, sabe? Queria mais!! E nesse sentido eu me "decepcionei", o filme é foda, direção, fotografia e trilha de chorar, mas queria um pouco mais... fato esse que só retrata como o filme é excelente, como você se conecta a ele e procura entender o que se passa naquele contexto. Te deixa ali, sentado, sem piscar, com a mão na cintura tentando procurando encontrar o que acontece. Leio gente reclamando do filme ser parado... a "ação", para mim, está no caos da vida por si só, o caos do desencontro e do não pertencimento. O conflito entre a transformação, domesticação, e a real essência do ser é genial!
Ótimo filme, mas acho legal ressaltar que toda a atuação, espetacular, do Jack Nicholson é respaldada por um grupo de atores que trabalham muito bem nesse filme, destaco aqui Cristopher Lloyd, emocionante na cena final, Danny DeVito e a genial Louise Fletcher. Um Clássico!
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Cidade Pássaro
3.4 26 Assista AgoraFilme de paulistano (no bom sentido, se é que isso é possível). Conhecer a cidade ou ter experimentado viver nesse lugar estranho e cruel da sentido ao filme. Pode reviver traumas, também
De Olhos Bem Fechados
3.9 1,5K Assista AgoraFoi muito interessante ler as críticas da época sobre o filme dizendo que é "datado" ou "preso em tabus" antigos sobre o sexo. Assistir o filme em 2021 deu a impressão justamente contrária; os anos 90 é que estavam tão empolgados com o inicio de um mundo de liberdades que não conseguiram entender que o filme vai fundo na discussão sobre poder e combate até uma falsa ingenuidade do pertencimento, típica dos 90. (Sugiro procurar um texto chamado "What I Learned After Watching Eyes Wide Shut 100 Times"). Ter deixado um último filme do Kubrick !que gênio! para assistir durante o isolamento foi como encontrar-se em uma orgia cinematográfica (consentida)
Malcolm & Marie
3.5 314 Assista AgoraSai dessa, mana. Dureza
Mad Max: Estrada da Fúria
4.2 4,7K Assista AgoraReferência no gênero daqui pra frente. George Miller frenético e Charlize Theron incrível
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista AgoraQue força incrível tem os filmes de David Fincher!! Impactante, ele não perde o controle na construção de cada personagem, de cada momento. Trabalho árduo, que mede todos os detalhes dos planos e diálogos. Trilha? Impecável! Queria eu poder apagar esse filme da minha memória... Sim, apagar, só para poder assistir mais uma vez e ficar tão chocado e extasiado com esse trabalho fenomenal de atuação e direção.
12 Anos de Escravidão
4.3 3,0KA capacidade do cinema de colocar as coisas em perspectiva é indiscutível. Retratar um período tão sombrio da história não passa somente pela violência, opressão e barbáries cometidas, mas também pela percepção de como esses elementos contribuem para a desumanização do indivíduo. A criação de um mecanismo tão cruel que se perpetua, encontra sua raiz e força primária no plano das ideias e se impõe no plano material por meio do abuso e da submissão. Nada explicaria a diferença entre os dois "senhores" de Solomon, nem mesmo a religião ondem ambos encontram seu amparo, se não a importância da consciência, da crença, do sentimento do correto e do pertencimento no indivíduo (mesmo que este esteja errado). Nenhuma analise behaviorista explicaria a capacidade de um negro transitar com tamanho virtuosismo na sociedade da época, se não a consciência do mesmo em saber que é um igual, que a discriminação e o preconceito são uma imposição que não se justifica nem no plano das ideias, nem na cresça mais extremista e nunca se justificara em lugar algum. Pois, quando o individuo compreende a importância da liberdade, ele compreende a importância de viver. Ao meu ver, Chiwetel Ejiofor soube compreender a importância desse sentimento na vida de Solomon Northup, que sabe da importância de superar cada dia da sua árdua realidade, mas se vê cada vez mais desumanizado, submisso, diminuído por um sistema cruel que o consome aos poucos, mas que não é capaz de corromper sua consciência. Steve McQueen também sabe dessa importância e já retratou como uma obsessão é capaz de mover o indivíduo, que se apega no que for necessário. Ejiofor é um héroi, diferentemente do seu personagem, sua atuação chega a ser kafkiana diante da metamorfose imposta, esvaziada pela crueldade que o assola, mas firme quanto a sua necessidade, a de voltar a sua família, a de pertencer mais uma vez, a de ser.
A cena do Call and response é inacreditável e retrata a importância de "se manter vivo".
O momento em que ele retorna a sua casa, reencontra a família... As desculpas simbolizam a compreensão de uma pessoa que está além, além da nossa capacidade mundana e egoísta. Assim como essa obra está além da película, do cinema que não é capaz de comporta-la, pois ela é um dos grandes dramas de todos os tempos.
PS: Assisti o filme no shopping Bourbon, pré-estréia, cinema lotado e, vocês que acompanham mais cinema do que eu, sabem como um mal tem rondado as salas do Brasil. Mal esse que é a necessidade, quase que instantânea de se produzir "informação", uma crítica, em voz alta, logo que o filme termina. E assim não foi diferente nesse dia... Ainda ao som da comoção de boa parte do público, os soluços e lágrimas, um rapaz, que estava ao meu lado, totalmente alheio ao momento e indiferente ao respeito para com os outros que estão ali na sala, se levanta e diz para sua acompanhante: - Olha, esse filme não é tudo isso, mesmo... A atuação do Matthew Mcconaughey em Dallas Buyers é muito melhor e eu espero que ele ganhe o Oscar, assim como o filme, que também é superior.
Uma moça, sentada logo na poltrona da frente, se vira e grita em meio às lágrimas: - Quem quer saber de Oscar em uma hora dessas?! Caralho! Vai se foder, maluco!
A moça deixou a sala às pressas e o rapaz permaneceu atônito, incapaz de produzir uma opinião sobre aquele momento de forma tão rápida como a que ele emitiu sobre o filme
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraMe fez voltar ao Filmow... Maravilhoso! Um digno representante do cinema italiano.
O Mestre
3.7 1,0K Assista AgoraOlha, criei uma expectativa enorme sobre esse filme... E posso dizer que a atuação do Joaquin Phoenix é uma das melhores que eu já vi! (Por conta de toda a complexidade do papel). As interações entre o Philip Seymour e ele, te deixam mal quando o filme acaba, mal pelo sentimento de ter acabado, sabe? Queria mais!! E nesse sentido eu me "decepcionei", o filme é foda, direção, fotografia e trilha de chorar, mas queria um pouco mais... fato esse que só retrata como o filme é excelente, como você se conecta a ele e procura entender o que se passa naquele contexto. Te deixa ali, sentado, sem piscar, com a mão na cintura tentando procurando encontrar o que acontece. Leio gente reclamando do filme ser parado... a "ação", para mim, está no caos da vida por si só, o caos do desencontro e do não pertencimento. O conflito entre a transformação, domesticação, e a real essência do ser é genial!
Se você procurar simplesmente compreender o filme, de uma forma linear, aceitar o que acontece, você está se domesticando da mesma forma que Freddy...
Um Estranho no Ninho
4.4 1,8K Assista AgoraÓtimo filme, mas acho legal ressaltar que toda a atuação, espetacular, do Jack Nicholson é respaldada por um grupo de atores que trabalham muito bem nesse filme, destaco aqui Cristopher Lloyd, emocionante na cena final, Danny DeVito e a genial Louise Fletcher. Um Clássico!