Pensemos o curta de Gaspar Noé com a máxima exemplificada pelo psicanalista francês Jacques Lacan: "não há relação sexual!".
Pois bem, por mais que o enredo do curta aponte que ambos personagens se liguem à um propósito comum - os dois assistem o mesmo filme e com o mesmo objetivo, por exemplo-, notamos que eles se desconectam desse propósito na exata medida em que cada qual esbarra em suas próprias fantasias. Ou seja, a conexão dos dois é improvável se pensarmos pela lógica de que as fantasias de um sujeito sempre colocam o outro no lugar de um objeto ao qual ele não corresponde. Logo, a relação sexual está mais ligada aos desejos e fantasias de cada um do que a união dos corpos propriamente dita.
No curta isso se apresenta como crítica metalinguística à pornografia. Na pornografia não há contato se não com a própria fantasia, esse é o único contato possível. Os dois personagens estão no mesmo ambiente, separados apenas por uma parede, eles assistem ao mesmo filme e "gozam" ao mesmo tempo. Isso nos faz questionar: afinal, por quê eles não estão juntos? Bem... há aqui um esvaziamento das relações humanas; não fosse a pornografia eles estariam juntos...
Eggers fez uma escolha muito feliz ao transformar seu primeiro curta-metragem em um filme mudo. Com certeza é uma homenagem pra era do cinema mudo do gênero de terror!
O mais interessante é que a direção consegue recriar com muita meticulosidade a sensação de assistir os primeiros filmes do movimento expressionista alemão: visuais contrastados, edição simples, atuações extremamente enfáticas, trilha sonora estridente, iluminação e ângulos de câmera exagerados e muito dramáticos!
"Nimic" é uma palavra que se assemelha muito a "mimic", do inglês "mímica". Para mim não restam dúvidas de que o curta revela algo muito próximo a isso!
"Que horas são?" é a pergunta que faz o personagem interpretado por Matt Dillon ter sua identidade roubada por uma mulher misteriosa, que o acaso o fez encontrar em um metrô. Essa mulher segue-o até sua casa e passa a adotar todos todos os seus trejeitos, falas e costumes, literalmente lhe imitando. O ocorrido é tão perturbador ao ponto em que nem mesmo a esposa e os filhos do homem sabem diferenciar um do outro. "Digam à mãe quem é o verdadeiro pai" diz ele aos filhos que agora titubeiam ao tentar reconhecê-lo.
Para solucionar o problema a família faz um teste: cada um dos dois deita-se com a mãe e quem lhe figurar maior intimidade sem dúvidas será o "verdadeiro pai". Dito e feito: a família escolhe a mulher desconhecida e ela assume o posto do pai.
O curta se encerra no momento em que o personagem de Matt Dillon volta ao metrô e um rapaz lhe pergunta: "que horas são?"; a câmera fica alternando entre os dois em um movimento que agrega um suspense muito meticuloso. Bem, por aí já se entende que chegou a vez d'ele roubar a personalidade de alguém... .
É incrível como a linguagem cinematográfica marca uma enorme presença nos trabalhos do Lanthimos. Percebam que no início da história é o homem assume o papel de violoncelista na orquestra, já no final da história quem assume o posto de violoncelista é a mulher desconhecida, consumando a teoria de que ela lhe roubou a identidade.
Também achei incrível o fato de que a trilha sonora é engendrada pela própria orquestra que compõe as cenas do curta do início ao fim. Algo assim aconteceu em Birdman, do Iñárritu, onde percebemos que o som de uma bateria frenética que acompanhava um extenso plano sequência estava presente na cena em si, onde um rapaz estava tocando o instrumento em uma das calçadas da Broadway por onde passava um dos personagens. Simplesmente sensacional!
Muito interessante ver esse ensaio do Jodorowsky após assistir "A Montanha Sagrada", do mesmo ano. Muita coisa do curta reflete no longa, principalmente a estética surrealista.
Herman's Cure-All Tonic
3.3 1Meu deus! O Harold ouvindo Tom Jobim na farmácia!!
Basically
3.1 2Senti uma pegada meio Wes Anderson!
Prehistoric Cabaret
2.9 6 Assista AgoraVisceral é um ótimo adjetivo!
A Escada
4.0 14Uma aula sobre montagem em 5 minutos!
We Fuck Alone
2.7 90Pensemos o curta de Gaspar Noé com a máxima exemplificada pelo psicanalista francês Jacques Lacan: "não há relação sexual!".
Pois bem, por mais que o enredo do curta aponte que ambos personagens se liguem à um propósito comum - os dois assistem o mesmo filme e com o mesmo objetivo, por exemplo-, notamos que eles se desconectam desse propósito na exata medida em que cada qual esbarra em suas próprias fantasias. Ou seja, a conexão dos dois é improvável se pensarmos pela lógica de que as fantasias de um sujeito sempre colocam o outro no lugar de um objeto ao qual ele não corresponde. Logo, a relação sexual está mais ligada aos desejos e fantasias de cada um do que a união dos corpos propriamente dita.
No curta isso se apresenta como crítica metalinguística à pornografia. Na pornografia não há contato se não com a própria fantasia, esse é o único contato possível. Os dois personagens estão no mesmo ambiente, separados apenas por uma parede, eles assistem ao mesmo filme e "gozam" ao mesmo tempo. Isso nos faz questionar: afinal, por quê eles não estão juntos? Bem... há aqui um esvaziamento das relações humanas; não fosse a pornografia eles estariam juntos...
SebastiAn: Thirst
3.7 2Gaspar Noé e seus planos-sequência ambientados no inferno!
João e Maria
3.3 4Eggers fez uma escolha muito feliz ao transformar seu primeiro curta-metragem em um filme mudo. Com certeza é uma homenagem pra era do cinema mudo do gênero de terror!
O mais interessante é que a direção consegue recriar com muita meticulosidade a sensação de assistir os primeiros filmes do movimento expressionista alemão: visuais contrastados, edição simples, atuações extremamente enfáticas, trilha sonora estridente, iluminação e ângulos de câmera exagerados e muito dramáticos!
Comida
4.5 78Pra quem se interessar, tem disponível no Youtube dividido em 3 partes!
Breakfast: https://www.youtube.com/watch?v=7abCEq0Qla4
Lunch: https://www.youtube.com/watch?v=0yM3uxZjdfo
Dinner: https://www.youtube.com/watch?v=nSkBBy8N4Bs
Nimic
3.5 62"Nimic" é uma palavra que se assemelha muito a "mimic", do inglês "mímica". Para mim não restam dúvidas de que o curta revela algo muito próximo a isso!
"Que horas são?" é a pergunta que faz o personagem interpretado por Matt Dillon ter sua identidade roubada por uma mulher misteriosa, que o acaso o fez encontrar em um metrô. Essa mulher segue-o até sua casa e passa a adotar todos todos os seus trejeitos, falas e costumes, literalmente lhe imitando. O ocorrido é tão perturbador ao ponto em que nem mesmo a esposa e os filhos do homem sabem diferenciar um do outro. "Digam à mãe quem é o verdadeiro pai" diz ele aos filhos que agora titubeiam ao tentar reconhecê-lo.
Para solucionar o problema a família faz um teste: cada um dos dois deita-se com a mãe e quem lhe figurar maior intimidade sem dúvidas será o "verdadeiro pai". Dito e feito: a família escolhe a mulher desconhecida e ela assume o posto do pai.
O curta se encerra no momento em que o personagem de Matt Dillon volta ao metrô e um rapaz lhe pergunta: "que horas são?"; a câmera fica alternando entre os dois em um movimento que agrega um suspense muito meticuloso. Bem, por aí já se entende que chegou a vez d'ele roubar a personalidade de alguém...
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É incrível como a linguagem cinematográfica marca uma enorme presença nos trabalhos do Lanthimos. Percebam que no início da história é o homem assume o papel de violoncelista na orquestra, já no final da história quem assume o posto de violoncelista é a mulher desconhecida, consumando a teoria de que ela lhe roubou a identidade.
Também achei incrível o fato de que a trilha sonora é engendrada pela própria orquestra que compõe as cenas do curta do início ao fim. Algo assim aconteceu em Birdman, do Iñárritu, onde percebemos que o som de uma bateria frenética que acompanhava um extenso plano sequência estava presente na cena em si, onde um rapaz estava tocando o instrumento em uma das calçadas da Broadway por onde passava um dos personagens. Simplesmente sensacional!
5 Estrelas
3.8 6Bom, merece 5 estrelas!
Vereda Tropical
3.8 4Cômico demais! Me tirou boas risadas!
Uma Ideia Brilhante
4.4 3Uma crítica à indústria cinematográfica comercial em 1 minuto!
Recife Frio
4.3 314Sensacional! Klebinho manda muito bem viu!
Tarô de Marselha
4.5 8Muito interessante ver esse ensaio do Jodorowsky após assistir "A Montanha Sagrada", do mesmo ano. Muita coisa do curta reflete no longa, principalmente a estética surrealista.
Ilha das Flores
4.5 1,0KRever depois de vários anos deixa tudo ainda melhor. Pra mim esse é um dos maiores curta-metragem já feitos no Brasil!