Que nostalgia o filme me despertou! Eu era extremamente fascinada pelos trapalhões, nasci em 1970 e comecei a acompanhar o grupo quando ainda estavam na Rede Tupy. Depois que foram pra Globo, toda a família batia ponto pra assistir. O episódio em que fazem uma sátira da música da Maria Bethânia é icônico e inesquecível. E que perfeição esse elenco, que linda a Neusa Borges! O cara que faz o Chico Anysio é a versão mais jovem do próprio. E acompanhar a fase dos Originais do Samba também é uma delícia. Como a música brasileira produzia canções de qualidade, sto deus, que saudade!
É um filme bom, principalmente por representar tão bem o clima de misticismo dos anos 70, qdo eu era criança. Era muito comum programas de auditório que convidavam videntes, especialistas do além, paranormais. Ficou bem famoso o Uri Gueller, que entortava garfos com a força do pensamento, lendas urbanas como girar o disco ao contrário pra ouvir o capeta ou investigar a linguagem subliminar das ondas eletromagnéticas da TV.
MISERICÓRDIA, como o cinema coreano consegue fazer bons thrillers! Tá certo que tem muita coisa genérica, mas qdo eles acertam e constroem o roteiro de forma que o público não consegue antecipar o final (como em "O Lamento"), o resultado é esplêndido! E que ótimo ator é esse Sol Kyung-gu. Vou atrás de tudo que ele fez agora. Uma capacidade incrível de imprimir emoções apenas no olhar e de forma intensamente visceral qdo os acontecimentos levam ao clímax.
Fazia tempo que eu não chorava que nem uma desgraçada no final de um filme. Como é importante conhecer a saga de países subjugados por uma ditadura militar como nós, já que depois de algumas gerações, começam a questionar a tirania de governos autoritários. Não sabia que a Coréia do Sul estava recém saindo deste tipo de regime qdo rolou as Olimpíadas, evento que acompanhei qdo era caloura na faculdade como a protagonista, e igualmente alienada qto ao momento histórico que o Brasil vivia, a espera de votar para presidente pela primeira vez. E como é necessário defender continuamente a democracia, ainda mais fragilizada ainda em tempos de ascensão do reacionarismo turbinado por redes anti-sociais que não admitem regras pq deixariam de lucrar com as mentiras criadas em escala industrial para desestabilizar o tecido social.
Eu adorei o resgate, ainda que recente, da pré-história da revolução digital, que mudou a nossa vida devagarinho, mas de forma tão profunda que acelerou o processo de obsolescência tecnológica e alterou os rumos da política, infelizmente, pra pior, graças à venda de nossos dados nas redes sociais, facilitada pela invenção do smartphone. O roteiro é ágil, a trilha sonora deliciosa e os acontecimentos surreais não fossem baseado em fatos reais. Só a caracterização dos personagens que eu achei meio tosca, depois de pesquisar em quem se baseavam. Grata surpresa :)
Vou contrariar a grande maioria que achou o filme fraco. Eu adorei o recorte que a diretora fez dos primeiros anos de Gal tentando se firmar como cantora e o ambiente que reinava no país quando essa trupe de artistas criativos ousou introduzir elementos gringos na musicalidade brasileira, resultando em canções únicas e eternas. Só agora me dou conta como foi revolucionário usar o termo "baby", demonizado pelos intelectuais da bossa nova. E é muito oportuno trazer de volta esta época num momento de revisionismo histórico, negação dos anos de chumbo e dos horrores da ditadura, levando muitos artistas e opositores ao exílio. Sophie se saiu melhor do que eu esperava emulando a malemolência de Gal, o figurino tá lindo, o rapaz que faz o Caetano Veloso tá perfeito e a Bethânia também, pena que o Gil não ganhou um intérprete à altura. E pena que no desfecho não tenham tido mais cuidado ao fazer a homenagem à Gal, que faleceu pouco antes da estreia. Acho que foi feito a toque de caixa, mostrando fases aleatórias da artista, sem muita coerência.
Que filme fofo! Tem dias que vc não tá afins de muita adrenalina, diálogos intermináveis ou roteiros mirabolantes, mas apenas acompanhar a história de pessoas comuns como nós, na sua missão de sobreviver a cada dia com um cadinho a mais de esperança para seguir em frente. Como bem disse um comentário aqui, este filme vale mais que uma sessão de terapia. A vida dura da classe operária rendem bons filmes mundo afora, este diretor da Finlândia a descreve de uma forma empática, fraterna e generosa. Era tudo o que eu precisava depois de um dia estressante. Fui dormir feliz.
O filme é bem feitinho mostrando a dureza de um refugiado num país que se recusa a integrá-lo, e a crítica ao sistema capitalista que ao mesmo tempo que repele os pobres, precisa deles para explorá-lo ao máximo para lucrar mais. E o sentimento de empatia e solidariedade que une os refugiados exilados. Mas as cenas passadas na China parecem de encomenda para alimentar a neura dos EUA em perder o posto de maior economia do planeta. E a história perde força qdo cai no romance água com açúcar culminando na cena final mais patética e clichê que já vi, comparável a um comercial de Sempre Livre.
Como assisti este filme antes de "Still walking" e eu jurava que se tratava da mesma família, já que o ator e atriz que fazem a mãe e o filho eram os mesmos, uma continuação 15 anos depois, mas realmente as idades não batiam nem o nível econômico da família. Eu curti bem mais "Depois da tempestade" pq traz uma comicidade que não vi em outras obras do Koreeda, com exceção de "Assunto de família" que é de longe o meu favorito. O protagonista está ótimo fazendo o papel de loser de meia idade picareta e a mãe sempre dando show. Pena que ela faleceu em 2018, ainda tinha muito por fazer e nos emocionar.
Pô Diablo Cody, esperava bem mais desse roteiro. Ô coisinha chata e clichezenta. Mesmo tendo sido gótica na adolescência nos anos 80, não me identifiquei e apesar da história ser de fantasia, um mínimo de coerência dentro da trama se faz necessário, senão é chamar todo mundo de burro. A única coisa que curti foi o cabelo e maquiagem estilo Rocky Horror Picture Show da protagonista pq o resto parece reciclado do que havia de pior nos filmes açucarados de high school gringo
Tem filmes que demoram pra te encantar, já este me fisgou no primeiro sorriso do protagonista. Sua rotina pragmática lhe traz contentamento legítimo, o trabalho, por menos nobre que fosse aos olhos na sociedade, era de grande importância para muita gente, daí ser tão recompensador. Viver o agora é um preceito budista, que nos conecta ao nosso entorno e desperta a sensibilidade para os sons, cheiros, cores que mudam no céu com o passar das horas. Esta forma contemplativa e metódica de viver também o blinda dos desejos mundanos, das paixões que alegram, mas também ferem e que tantas cicatrizes nos deixam. Para quem passou dos 50 como eu, a trilha sonora foi um deleite. Terminei a sessão com dó que aquele momento acabou. Vida longa, Win Wenders!
Esteticamente impecável, figurino deslumbrante e fotografia de cair o queixo. Qto ao conteúdo, confesso que fiquei na dúvida se gostei, o que é um mau sinal. Lendo alguns comentários aqui entendi o meu desconforto. Apesar de adorar histórias ao estilo fábula pq sempre mexem comigo num nível subcutâneo, este aqui não me emocionou. Entendi a proposta de emancipação feminina através do sexo, e a conquista do poder de escolha numa época em que casamentos arranjados era o padrão, mas gostaria que não parasse por aí. Perderam uma boa chance de desenvolver outras habilidades psíquicas, sociais e sensoriais da personagem qdo ela vai para a França e tem conhecimento da existência de movimentos sociais. Como dizia Simone de Beauvoir, não se nasce mulher, torna-se.
Tô chegando à conclusão de que amo um filme-fábula, como "The banshees of Inisherin" e "The first cow". Parece que uma história simples, contada de forma lúdica se entranha de tal forma que vc fica horas, dias, com aquelas imagens tatuadas na alma e os sentimentos que despertaram, mas do que a moral da história. "A partida" tem personagens cativantes, uma narrativa divertida e uma trilha sonora quase hipnótica de tão sutil. O tema da morte e o tabu de quem prepara o corpo são abordados de forma leve, mas não menos incisiva e te comove, mesmo sem ser piegas, afinal, quem nunca teve uma perda e quem nunca se pegou pensando qdo será a minha vez.
Surpresa demais que esta história é real. Tipo, do meio pro final meu queixo caiu em queda livre, era eita atrás que eita. Surreal realidade brazuka, sempre dando de 10 na ficção! Pena que não tiveram mais grana para contratar atores experientes e um bom elenco de apoio. As melhores atuações foram da controladora de voo, do piloto negro e a irmã aeromoça. O sequestrador parecia um clone do Lionel Ritchie noiado, loucos anos 80
Esse é daquele tipo de filme que vc não se apaixona de cara, mas vai ficando melhor a cada vez que se pega pensando nele. É de uma delicadeza essa história de amizade entre personagens que estão no limite da indigência e acabam se complementando cada um com sua competência: um com as habilidades e o outro com a esperteza. O ritmo é lento justamente para combinar com o ritmo de uma época de poucos recursos e a vida seguia o curso da natureza, como vivem ainda hoje os povos nativos. E a trilha sonora que não larga o cérebro, mas de uma forma boa? Creio que, como eu, alguns acharam que o filme não teve final, até que uma boa alma aqui me fez lembrar do prólogo.
Meus Deus, que mulher fascinante! Com certeza eu iria chorar igual criança diante daquele olhar penetrante, cheio de empatia. E que canseira deve ser olhar de forma tão profunda e com genuíno interesse tantos rostos humanos, em suas mais variadas emoções. Desde o olhar técnico do James Franco, até os mais irônicos e emotivos. Ainda bem que a retrospectiva foi feita antes da popularização do smart phone e da propaganda massiva reacionária e misógina das redes sociais. Viva a arte transgressora! Bravo!
Nossa, que filminho gostoso de assistir! E que saudade danada eu estava de ver o Jack Nicholson arrasando na tela, desta vez com um tipo bem diferente do que ele costuma encarnar, bem mais contido, introspectivo, mas com uma lava interna que a gente fica só esperando a hora em que vai entrar em erupção. Assisti de forma bem despretensiosa e amei, além de rir pra cacete, foi quase terapêutico. Que falta faz Jack na dramaturgia!
Gente, o tanto de informação que este rapaz coreano passa no olhar, passei mal viu! Depois assisti a uma entrevista do elenco e ambos os protagonistas dizem ter se inspirado na experiência da Marina Abranovic em "A artista está presente". No happening, ela fica sentada e o público se alterna para ficar frente a frente com a artista, totalmente em silêncio. Aquilo que não é dito é ensurdecedor!
Rapaz, que filme inteligente. Qdo termina vc não sabe se gostou ou não do desfecho, se entendeu ou não o veredito, mas conforme passam as horas vc se dá conta que é essa incerteza é justamente a beleza do roteiro. Em vez do esperado plot twist, que já virou clichê, a diretora preferiu mostrar a vida como ela é numa situação dessa: sempre há duas narrativas competindo por validação, em que o fato concreto pode ser distorcido de acordo com a crença de cada torcida. Analogia perfeita com a polarização mundial provocada pela rede de mentiras disseminada pelas redes sociais, e a baixa visão do garoto.
Quero as minhas duas horas diárias dedicadas à dramaturgia de volta! Que ódio qdo vc se dá conta tarde demais que escolheu o título errado e assiste até o final pra ver se melhora. Nem a ambientação durante a pandemia achei muito fiel. A culpa é da Isabela Boscov, ela disse que era um lance tipo Davi x Golias, mas anti-capitalista. Desta vez não deu match, diva. Se vc não manja de bolsa de valores e acha um porre essa obsessão em ficar rico, passe longe.
Depois de assistir "Tempo", achei que o Shyamalan não podia descer mais fundo no poço, mas sempre tem um alçapão, né, meus amores? Muito já foi dito desta "obra", mas não custa enfatizar: nunca vi diálogos tão ruins, personagens tão rasos e caricatos, enredo tão mal construído, atuações tão ridículas e cenas tão vexatórias. Pelo menos dei risada o tempo todo de vergonha alheia. Nota máxima de desperdício de um bom argumento.
Eu achei que seria só mais um filme sobre a tragédia nos Andes, mas caracoles! Só o fato dos atores falarem o idioma dos personagens reais já deu mais verossimilhança à narrativa e a destreza do diretor de "O impossível" fez toda a diferença. Assim como no filme anterior, que retrata a história inacreditável de uma família que sobreviveu ao tsunami de 2004, aqui a catástrofe é contada com todos os aspectos repugnantes da árdua tarefa de sobreviver, além de dar mais contexto dos personagens antes e depois do desastre, o que nos conecta de forma mais profunda com eles. A escolha do narrador também foi corajosa e muito impactante. Quando acabei de assistir eu tava com um nó na garganta e a percepção de que a humanidade em momentos críticos pode não ser selvagem ávido por poder como em "Senhor das moscas", mas também solidária e resiliente como os meninos presos na caverna da Tailândia e os jovens uruguaios.
Mussum: O Filmis
3.7 163 Assista AgoraQue nostalgia o filme me despertou! Eu era extremamente fascinada pelos trapalhões, nasci em 1970 e comecei a acompanhar o grupo quando ainda estavam na Rede Tupy. Depois que foram pra Globo, toda a família batia ponto pra assistir. O episódio em que fazem uma sátira da música da Maria Bethânia é icônico e inesquecível. E que perfeição esse elenco, que linda a Neusa Borges! O cara que faz o Chico Anysio é a versão mais jovem do próprio. E acompanhar a fase dos Originais do Samba também é uma delícia. Como a música brasileira produzia canções de qualidade, sto deus, que saudade!
Tarde da Noite Com o Diabo
3.5 251É um filme bom, principalmente por representar tão bem o clima de misticismo dos anos 70, qdo eu era criança. Era muito comum programas de auditório que convidavam videntes, especialistas do além, paranormais. Ficou bem famoso o Uri Gueller, que entortava garfos com a força do pensamento, lendas urbanas como girar o disco ao contrário pra ouvir o capeta ou investigar a linguagem subliminar das ondas eletromagnéticas da TV.
Sem Misericórdia
4.0 80MISERICÓRDIA, como o cinema coreano consegue fazer bons thrillers! Tá certo que tem muita coisa genérica, mas qdo eles acertam e constroem o roteiro de forma que o público não consegue antecipar o final (como em "O Lamento"), o resultado é esplêndido! E que ótimo ator é esse Sol Kyung-gu. Vou atrás de tudo que ele fez agora. Uma capacidade incrível de imprimir emoções apenas no olhar e de forma intensamente visceral qdo os acontecimentos levam ao clímax.
1987: When the Day Comes
4.0 16Fazia tempo que eu não chorava que nem uma desgraçada no final de um filme. Como é importante conhecer a saga de países subjugados por uma ditadura militar como nós, já que depois de algumas gerações, começam a questionar a tirania de governos autoritários. Não sabia que a Coréia do Sul estava recém saindo deste tipo de regime qdo rolou as Olimpíadas, evento que acompanhei qdo era caloura na faculdade como a protagonista, e igualmente alienada qto ao momento histórico que o Brasil vivia, a espera de votar para presidente pela primeira vez. E como é necessário defender continuamente a democracia, ainda mais fragilizada ainda em tempos de ascensão do reacionarismo turbinado por redes anti-sociais que não admitem regras pq deixariam de lucrar com as mentiras criadas em escala industrial para desestabilizar o tecido social.
BlackBerry
3.5 58 Assista AgoraEu adorei o resgate, ainda que recente, da pré-história da revolução digital, que mudou a nossa vida devagarinho, mas de forma tão profunda que acelerou o processo de obsolescência tecnológica e alterou os rumos da política, infelizmente, pra pior, graças à venda de nossos dados nas redes sociais, facilitada pela invenção do smartphone. O roteiro é ágil, a trilha sonora deliciosa e os acontecimentos surreais não fossem baseado em fatos reais. Só a caracterização dos personagens que eu achei meio tosca, depois de pesquisar em quem se baseavam. Grata surpresa :)
Meu Nome é Gal
3.1 117 Assista AgoraVou contrariar a grande maioria que achou o filme fraco. Eu adorei o recorte que a diretora fez dos primeiros anos de Gal tentando se firmar como cantora e o ambiente que reinava no país quando essa trupe de artistas criativos ousou introduzir elementos gringos na musicalidade brasileira, resultando em canções únicas e eternas. Só agora me dou conta como foi revolucionário usar o termo "baby", demonizado pelos intelectuais da bossa nova. E é muito oportuno trazer de volta esta época num momento de revisionismo histórico, negação dos anos de chumbo e dos horrores da ditadura, levando muitos artistas e opositores ao exílio. Sophie se saiu melhor do que eu esperava emulando a malemolência de Gal, o figurino tá lindo, o rapaz que faz o Caetano Veloso tá perfeito e a Bethânia também, pena que o Gil não ganhou um intérprete à altura. E pena que no desfecho não tenham tido mais cuidado ao fazer a homenagem à Gal, que faleceu pouco antes da estreia. Acho que foi feito a toque de caixa, mostrando fases aleatórias da artista, sem muita coerência.
O Homem Sem Passado
3.8 46Que filme fofo! Tem dias que vc não tá afins de muita adrenalina, diálogos intermináveis ou roteiros mirabolantes, mas apenas acompanhar a história de pessoas comuns como nós, na sua missão de sobreviver a cada dia com um cadinho a mais de esperança para seguir em frente. Como bem disse um comentário aqui, este filme vale mais que uma sessão de terapia. A vida dura da classe operária rendem bons filmes mundo afora, este diretor da Finlândia a descreve de uma forma empática, fraterna e generosa. Era tudo o que eu precisava depois de um dia estressante. Fui dormir feliz.
Meu Nome é Loh Kiwan
3.6 17 Assista AgoraO filme é bem feitinho mostrando a dureza de um refugiado num país que se recusa a integrá-lo, e a crítica ao sistema capitalista que ao mesmo tempo que repele os pobres, precisa deles para explorá-lo ao máximo para lucrar mais. E o sentimento de empatia e solidariedade que une os refugiados exilados. Mas as cenas passadas na China parecem de encomenda para alimentar a neura dos EUA em perder o posto de maior economia do planeta. E a história perde força qdo cai no romance água com açúcar culminando na cena final mais patética e clichê que já vi, comparável a um comercial de Sempre Livre.
Depois da Tempestade
3.9 53Como assisti este filme antes de "Still walking" e eu jurava que se tratava da mesma família, já que o ator e atriz que fazem a mãe e o filho eram os mesmos, uma continuação 15 anos depois, mas realmente as idades não batiam nem o nível econômico da família. Eu curti bem mais "Depois da tempestade" pq traz uma comicidade que não vi em outras obras do Koreeda, com exceção de "Assunto de família" que é de longe o meu favorito. O protagonista está ótimo fazendo o papel de loser de meia idade picareta e a mãe sempre dando show. Pena que ela faleceu em 2018, ainda tinha muito por fazer e nos emocionar.
Lisa Frankenstein
3.2 35Pô Diablo Cody, esperava bem mais desse roteiro. Ô coisinha chata e clichezenta. Mesmo tendo sido gótica na adolescência nos anos 80, não me identifiquei e apesar da história ser de fantasia, um mínimo de coerência dentro da trama se faz necessário, senão é chamar todo mundo de burro. A única coisa que curti foi o cabelo e maquiagem estilo Rocky Horror Picture Show da protagonista pq o resto parece reciclado do que havia de pior nos filmes açucarados de high school gringo
Dias Perfeitos
4.2 244 Assista AgoraTem filmes que demoram pra te encantar, já este me fisgou no primeiro sorriso do protagonista. Sua rotina pragmática lhe traz contentamento legítimo, o trabalho, por menos nobre que fosse aos olhos na sociedade, era de grande importância para muita gente, daí ser tão recompensador. Viver o agora é um preceito budista, que nos conecta ao nosso entorno e desperta a sensibilidade para os sons, cheiros, cores que mudam no céu com o passar das horas. Esta forma contemplativa e metódica de viver também o blinda dos desejos mundanos, das paixões que alegram, mas também ferem e que tantas cicatrizes nos deixam. Para quem passou dos 50 como eu, a trilha sonora foi um deleite. Terminei a sessão com dó que aquele momento acabou. Vida longa, Win Wenders!
Pobres Criaturas
4.2 1,1K Assista AgoraEsteticamente impecável, figurino deslumbrante e fotografia de cair o queixo. Qto ao conteúdo, confesso que fiquei na dúvida se gostei, o que é um mau sinal. Lendo alguns comentários aqui entendi o meu desconforto. Apesar de adorar histórias ao estilo fábula pq sempre mexem comigo num nível subcutâneo, este aqui não me emocionou. Entendi a proposta de emancipação feminina através do sexo, e a conquista do poder de escolha numa época em que casamentos arranjados era o padrão, mas gostaria que não parasse por aí. Perderam uma boa chance de desenvolver outras habilidades psíquicas, sociais e sensoriais da personagem qdo ela vai para a França e tem conhecimento da existência de movimentos sociais. Como dizia Simone de Beauvoir, não se nasce mulher, torna-se.
A Partida
4.3 522 Assista AgoraTô chegando à conclusão de que amo um filme-fábula, como "The banshees of Inisherin" e "The first cow". Parece que uma história simples, contada de forma lúdica se entranha de tal forma que vc fica horas, dias, com aquelas imagens tatuadas na alma e os sentimentos que despertaram, mas do que a moral da história. "A partida" tem personagens cativantes, uma narrativa divertida e uma trilha sonora quase hipnótica de tão sutil. O tema da morte e o tabu de quem prepara o corpo são abordados de forma leve, mas não menos incisiva e te comove, mesmo sem ser piegas, afinal, quem nunca teve uma perda e quem nunca se pegou pensando qdo será a minha vez.
O Homem dos Sonhos
3.5 130A canção final do Talking Heads não sai da minha mente... "we live in a city of dreams..."
O Sequestro do Voo 375
3.8 189 Assista AgoraSurpresa demais que esta história é real. Tipo, do meio pro final meu queixo caiu em queda livre, era eita atrás que eita. Surreal realidade brazuka, sempre dando de 10 na ficção! Pena que não tiveram mais grana para contratar atores experientes e um bom elenco de apoio. As melhores atuações foram da controladora de voo, do piloto negro e a irmã aeromoça. O sequestrador parecia um clone do Lionel Ritchie noiado, loucos anos 80
First Cow: A Primeira Vaca da América
3.8 131 Assista AgoraEsse é daquele tipo de filme que vc não se apaixona de cara, mas vai ficando melhor a cada vez que se pega pensando nele. É de uma delicadeza essa história de amizade entre personagens que estão no limite da indigência e acabam se complementando cada um com sua competência: um com as habilidades e o outro com a esperteza. O ritmo é lento justamente para combinar com o ritmo de uma época de poucos recursos e a vida seguia o curso da natureza, como vivem ainda hoje os povos nativos. E a trilha sonora que não larga o cérebro, mas de uma forma boa? Creio que, como eu, alguns acharam que o filme não teve final, até que uma boa alma aqui me fez lembrar do prólogo.
O Que Fazemos nas Sombras
4.0 662 Assista AgoraQueria desver...
Marina Abramovic: A Artista Está Presente
4.5 150Meus Deus, que mulher fascinante! Com certeza eu iria chorar igual criança diante daquele olhar penetrante, cheio de empatia. E que canseira deve ser olhar de forma tão profunda e com genuíno interesse tantos rostos humanos, em suas mais variadas emoções. Desde o olhar técnico do James Franco, até os mais irônicos e emotivos. Ainda bem que a retrospectiva foi feita antes da popularização do smart phone e da propaganda massiva reacionária e misógina das redes sociais. Viva a arte transgressora! Bravo!
As Confissões de Schmidt
3.7 191 Assista AgoraNossa, que filminho gostoso de assistir! E que saudade danada eu estava de ver o Jack Nicholson arrasando na tela, desta vez com um tipo bem diferente do que ele costuma encarnar, bem mais contido, introspectivo, mas com uma lava interna que a gente fica só esperando a hora em que vai entrar em erupção. Assisti de forma bem despretensiosa e amei, além de rir pra cacete, foi quase terapêutico. Que falta faz Jack na dramaturgia!
Vidas Passadas
4.2 719 Assista AgoraGente, o tanto de informação que este rapaz coreano passa no olhar, passei mal viu! Depois assisti a uma entrevista do elenco e ambos os protagonistas dizem ter se inspirado na experiência da Marina Abranovic em "A artista está presente". No happening, ela fica sentada e o público se alterna para ficar frente a frente com a artista, totalmente em silêncio. Aquilo que não é dito é ensurdecedor!
Anatomia de uma Queda
4.0 778 Assista AgoraRapaz, que filme inteligente. Qdo termina vc não sabe se gostou ou não do desfecho, se entendeu ou não o veredito, mas conforme passam as horas vc se dá conta que é essa incerteza é justamente a beleza do roteiro. Em vez do esperado plot twist, que já virou clichê, a diretora preferiu mostrar a vida como ela é numa situação dessa: sempre há duas narrativas competindo por validação, em que o fato concreto pode ser distorcido de acordo com a crença de cada torcida. Analogia perfeita com a polarização mundial provocada pela rede de mentiras disseminada pelas redes sociais, e a baixa visão do garoto.
Dinheiro Fácil
3.4 49Quero as minhas duas horas diárias dedicadas à dramaturgia de volta! Que ódio qdo vc se dá conta tarde demais que escolheu o título errado e assiste até o final pra ver se melhora. Nem a ambientação durante a pandemia achei muito fiel. A culpa é da Isabela Boscov, ela disse que era um lance tipo Davi x Golias, mas anti-capitalista. Desta vez não deu match, diva. Se vc não manja de bolsa de valores e acha um porre essa obsessão em ficar rico, passe longe.
Fim dos Tempos
2.5 1,4K Assista AgoraDepois de assistir "Tempo", achei que o Shyamalan não podia descer mais fundo no poço, mas sempre tem um alçapão, né, meus amores? Muito já foi dito desta "obra", mas não custa enfatizar: nunca vi diálogos tão ruins, personagens tão rasos e caricatos, enredo tão mal construído, atuações tão ridículas e cenas tão vexatórias. Pelo menos dei risada o tempo todo de vergonha alheia. Nota máxima de desperdício de um bom argumento.
A Sociedade da Neve
4.2 709 Assista AgoraEu achei que seria só mais um filme sobre a tragédia nos Andes, mas caracoles! Só o fato dos atores falarem o idioma dos personagens reais já deu mais verossimilhança à narrativa e a destreza do diretor de "O impossível" fez toda a diferença. Assim como no filme anterior, que retrata a história inacreditável de uma família que sobreviveu ao tsunami de 2004, aqui a catástrofe é contada com todos os aspectos repugnantes da árdua tarefa de sobreviver, além de dar mais contexto dos personagens antes e depois do desastre, o que nos conecta de forma mais profunda com eles. A escolha do narrador também foi corajosa e muito impactante. Quando acabei de assistir eu tava com um nó na garganta e a percepção de que a humanidade em momentos críticos pode não ser selvagem ávido por poder como em "Senhor das moscas", mas também solidária e resiliente como os meninos presos na caverna da Tailândia e os jovens uruguaios.