Renato

Enquanto o personagem de Xavier desenvolve-se de maneira confusa (pra não dizer inverossímil), é o Francis quem rouba a atenção, com toda a trama concentrada nele e no possível distúrbio psicológico que ele carrega, responsável por grande parte do clima de tensão desse thriller (a fotografia e trilha sonora marcante se encarregam do resto).

Tenho uma opinião contrária à maioria sobre o personagem do Jacob. Não consegui entender sua necessidade para a trama. Não haveria porquê um personagem trouxa estar envolvido na história, a não ser que fosse para servir de representante do público nesse universo - e embora seja uma trama diferente com personagens inéditos, o universo continua o mesmo, nós já o conhecemos, não precisamos ser apresentados a ele, e é por isso que o Jacob não teve funcionalidade nenhuma à exceção de ser o alívio cômico do filme.

As várias subtramas (o culto anti-bruxo, a parceria entre o auror e o Credence, o núcleo editorial, as leis mágicas, a própria existência do Grindelwald) não foram bem trabalhadas e apresentaram-se sem nenhum aprofundamento ou background de personagens, deixando uma trama principal fraca e também mal explorada como o único pilar que sustenta o filme.

Sou MUITO fã da Rowling e de todo o universo de Harry Potter e tudo o que eu mais queria era ter adorado Animais Fantásticos, mas infelizmente fiquei decepcionado. Só espero que a sequência seja mais sobre Grindelwald e o mundo bruxo e menos sobre Newt e o no-maj.

A direção mais do que bem sucedida do Villeneuve (as cenas na fronteira no início são de tirar o fôlego de tão grandiosas), a criativa fotografia (o que foram aqueles túneis vistos através da visão noturna?) e as interpretações monstruosas do elenco (Del Toro e Emily Blunt, sensacionais) fazem o filme. Particularmente, acho que o roteiro se perde um pouco a partir da metade e nem a trama policial, nem a pessoal da agente Kate (suas motivações, por exemplo) recebem o desenvolvimento necessário para envolver o público,