Frenético, repleto de diálogos reveladores e com atuações bem convincentes, The Social Network talvez incomode pela caricata retratação de Mark Zuckerberg feita pelo Jesse Eisenberg. Entretanto, é um filme que desde os primeiros minutos desvela sua versão da história do Facebook, pintando Mark como um ser egocêntrico, rancoroso, invejoso e ardiloso. Neste contexto, é fascinante a forma como os fatos são mostrados ao espectador e, ainda, como Mark conseguiu conectar o mundo inteiro ao mesmo tempo em que se desconectou de suas relações mais íntimas. Nota:4.5/5
A história de "Killers of the Flower Moon" choca pelo seu grau de crueldade e, principalmente, injustiça. Os povos nativos sempre foram subjugados e excluídos da construção das "modernas" civilizações pelo homem branco. Neste caso, há uma reviravolta irônica: na ânsia de despojar ainda mais esses povos, o homem branco se vê em uma posição subalterna, afinal, os indígenas foram recompensados com a descoberta do "ouro negro" que brotou de um solo aparentemente infértil e pobre.
Obviamente, esta inversão na lógica colonialista não foi bem recebida pelo status quo, que rapidamente se infiltrou como lobos em pele de cordeiros nas comunidades indígenas, visando retomar sorrateiramente o controle sobre as novas fontes de riqueza. As primeiras aparições dos personagens Ernest Burkhart (DiCaprio) e William Hale (De Niro) logo mostram a perversidade e o maquiavelismo presentes em suas atitudes, aparentemente benevolentes e amistosas com os indígenas. E isso é o mais fascinante da obra. Acompanhamos toda a história do ponto de vista dos algozes, o que torna a experiência mais intimista e reveladora.
Desnecessário falar sobre as atuações em um filme de Martin Scorsese. TODOS estão muito bem. Gostei especialmente da atuação de Lily Gladstone e das demais personagens femininas presentes no filme, pois mostraram que a aviltante dominação masculina dos homens brancos foi exercida independentemente da personalidade de cada uma delas.
Enfim, trata-se de uma narrativa amarga e muito reveladora do processo de colonização e construção dos EUA. O povo osage até hoje lida com os prejuízos e injustiças causados neste período. Rememorar esta história é mais do que um ato de resistência, é uma obrigação para que a sociedade, ao menos, faça um mea culpa.
Filmaço! Se há algo que Christopher Nolan sabe fazer como poucos é um filme para agradar os cinéfilos de plantão. Direção deslumbrante, roteiro muito bem amarrado e, desta vez, sem o habitual excesso de diálogos expositivos. Aqui, Nolan respeita a inteligência do espectador e brinda-nos com uma obra sofisticada e repleta de atuações sólidas e marcantes. Cillian Murphy atingiu seu ápice em termos de atuação, retratando bem o gênio perturbado e, em muitos momentos, vaidoso de seu personagem. Não se trata de uma história de superação, heroísmo ou vilania, mas de uma contextualização honesta de um momento-chave da geopolítica global, retratando com boa fidelidade os fatos e dissabores que envolveram o pré e o pós do projeto Manhattan. É uma obra atemporal que não perderá vigor artístico pela louvável atitude do diretor em utilizar efeitos práticos, com pequenas doses de CGI. Por outro lado, penso que não eram necessários 180 minutos para desenvolver uma trama que, com exceção do teste Trinity (encenado de forma memorável), não possui ação, pois, na maior parte do tempo, faz um profundo estudo de personagem. De todo modo, entra numa lista dos 5 melhores filmes do diretor, que havia desapontado em sua última obra (Tenet). Nota: 4.5/5
Um clássico do cinema extremo. Cru, grotesco e com cenas de um realismo que atordoam até hoje. Não é um filme fácil, cômodo ou necessário. Mas o enorme talento de seu realizador que, através de um subtexto crítico ao sensacionalismo da mídia e ao racismo colonialista, nos leva a uma importante reflexão sobre o significado da palavra selvagem. Nota: 4/5
1) Joan is awful - Excelente episódio, boa crítica à cultura das redes sociais e da falta de privacidade utilizada como moeda de troca para ter acesso às mídias digitais. Em um momento, fica um pouco caricato demais, mas o final salva o episódio.
2) Loch Henry - Muito legal, bastante diferente da pegada da série, mas muito bem produzido, cativante e com um bom desfecho. As atuações são o ponto alto deste episódio e a crítica sagaz ao conteúdo romantizado de "true crime" largamente explorado pela Netflix.
3) Beyond the sea - O melhor episódio da temporada, com mais um daqueles "enigmas" fascinantes causados pelas tecnologias disruptivas da série. É um pouco prevísível? Sim, mas as atuações, os diálogos e o desenvolvimento do episódio são ótimos.
4) Mazey Day - Pior episódio da temporada, nem tanto pelo mote, que é até legal, mas pelo desenvolvimento e, principalmente, direção. As atuações são bastante robóticas e o ritmo do episódio é muito vagaroso (lembrando que é o de menor duração da série).
5) Demon 79 - Bom episódio. Desanda um pouco no terceiro ato, mas é bem divertidinho e satisfatório rsrs
Nota média da temporada: (4 + 4 + 5 + 2 + 3) / 5 = 3,6
Filme muito divertido, engraçado e agradável de assistir. Possui uma estrutura narrativa bastante similar ao primeiro filme, ou seja, constrói o mistério sob várias perspectivas diferentes, mostra um falso desfecho e aí reconstrói tudo do início a partir da visão dos protagonistas. Nesse sentido, a montagem do filme funciona muito bem e não é nada cansativa, guardando ainda uma pequena reviravolta no final. O ponto negativo do longo, na minha visão, é justamente o final. Explico: em termos narrativos, é bem coeso, mas não chega a ser empolgante, as cenas finais destoam bastante do resto, com um ar catártico muito exagerado. Resumindo, a experiência é boa e até da vontade de reassistir, mas para quem viu o primeiro filme, talvez fique um sentimento de frustração. Nota: 3.5/5
Final é incrível e muito satisfatório. Atuação da protagonista é soberba, passa a tensão, loucura e desordem mental que tomam contam até chegar ao final (e ápice) do filme. O enredo é um pouco familiar para os amantes dos filmes de maldição, mas consegue surpreender positivamente através de cenas propositalmente confusas. Apesar disso, existe uma gordura presente em algumas cenas de jumpscares baratos que poderia ter sido reduzida. Nota 4/5
Terror trash cult da melhor qualidade. Ambientação e cenários muito bem feitos e explorados, trabalho de maquiagem espetacular e uma estória bem pitoresca e peculiar, mas sem pé nem cabeça em temos de desenvolvimento. Atuações sofríveis, mas que encaixam bem com a proposta 'trash' do longa. Os famosos Cenobites não participam tanto do filme, o que é bom, pois criam uma expectativa sempre que estão em cena. Eu achei bem parecido com A Noite do Pesadelo, mas com um terror mais lovecraftiano e explorando bastante o gore. Para quem gosta de um bom trash, recomendo. Nota 3/5
Nope, terceira obra do promissor realizador Jordan Peele, é bastante diferente de Us e Get Out. Seja pela temática, seja pela forma. O protagonismo de pessoas negras é um dos poucos pontos em comum com as demais obras, onde a crítica ao racismo era mais pesada. Aqui, ainda existe, mas apenas tangencia o caráter crítico da obra que, por sua vez, foca mais na sátira à imprensa sensacionalista e ao tratamento exploratório dos animais no meio do entretenimento. Com um elenco bastante enxuto, mas eficiente, Nope consegue ampliar os horizontes do gênero de filmes sobre alienígenas, explorando muito bem o suspense, mas subvertendo o paradigma estético presente em nosso imaginário, similar ao que ocorreu no ótimo The Arrival. O maior mérito está aí: o espectador leva uma rasteira e tem todas suas expectativas derrubadas por uma narrativa disruptiva que não faz questão de explicar tudo, deixando as lacunas serem preenchidas pela sua imaginação. Nota: 4/5
Espetacular e espetaculoso. Espetacular porque conta uma história já conhecida de uma maneira original, onde tudo é narrado pelo dito 'vilão', o que pode confundir os espectadores mais desatentos ou inconscientes sobre a vida de Elvis, mas é uma perspectiva muito interessante de ser observada. Espetaculoso porque o diretor, Baz Luhrmann, imprime o seu estilo frenético e extravagante durante toda a duração do longa, o que supreendentemente casa com a vida do biografado e, raramente, cansa ou dispersa o espectador. Como biografia, Elvis está longe da perfeição, pois trata-se de uma narrativa maniqueísta e extremamente enviesada, enaltecendo a todo momento as qualidades do protagonista, mas explorando muito pouco ou até terceirizando seus defeitos. Já como entretenimento, o longa é formidável, contando com uma atuação memorável de Austin Butler, uma grata surpresa. Nota: 4/5
Que filme extraordinário. Os efeitos malévolos da guerra jihadista em países do Oriente Médio vistos de uma maneira completamente diferente e inesperada. Numa jornada de dor e muito sangue, Incendies prende o espectador com sua narrativa cativante, nos levando a diversos 'rabbit hole', resultando em uma reviravolta simplesmente nauseante e impactante, mas real e muito muito possível. As atuações são um show a parte, a direção é perfeita e a fotografia me lembrou bastante a do filme Babel, do Iñarritu. Nota:4.5/5
Gostei das quebras de expectativas, da fotografia e dos personagens em si. Mas, para mim, o final estragou a experiência, haja vista que não houve 'mérito' da protagonista na resolução do conflito. As referências aos clássicos setentistas/oitentistas também foram um pouco forçados e não contribuíram em nada para a narrativa. As atuações são um pouco afetadas, mas não atrapalham. No geral, um longa interessante, mas já vi melhores produzidos pela A24. Nota:3/5
A representação da polaridade ideológica em que vivemos atualmente, mesmo em um contexto de dimensões literalmente catastróficas, é o que faz a comédia deste filme brilhar. Afinal, como não se reconhecer no espelho com um presidente histriônico e incompetente governando apenas para se manter no poder? Ou, ainda, cientistas com enorme dificuldade de comunicação com o público leigo sendo espetacularmente ignorados e satirizados? E, por que não, a relevância jornalística dada a assuntos fúteis e completamente fugazes como a separação/reconciliação de uma estrela pop infanto-juvenil? A arrogância e onisciência de grandes empresários extremamente preocupados (sqn) com o futuro da humanidade, enquanto maximizam seus lucros? Pois bem, é disso que se trata essa obra ímpar da comédia satírica que consegue, ao mesmo tempo, criticar nossa sociedade e expor a imbecilidade desta polarização ideológica patológica e mostrar que, mesmo no fim dos tempos, nossas diferenças sobrepõem-se ao bem-estar coletivo. Nota:4/5
Confesso que fui assistir ao filme com expectativas apenas moderadas, pois já havia lido algumas críticas positivas e negativas. Com isso em mente, após assistir ao filme, concluo que é uma obra naturalmente polêmica e autoconsciente que não tem a intenção de agradar todo mundo e, por conta disso, vai fundo naquilo que se propõe a ser: um meta-comentário sobre o impacto do universo Matrix na cultura pop, seja no âmbito da tecnologia, seja na apresentação de um conceito bastante complexo para o público geral feita de uma maneira espetacularmente simples e direta. Porém, o filme também é uma crítica óbvia a indústria cinematográfica, um verdadeiro dedo-do-meio da Lana Wachowski para os seus 'chefes'. Feitas essas considerações, Matrix Ressurections começa MUITO bem e faz uma metalinguagem bastante divertida e irônica da saga, apelando também para a nostalgia. Ao decorrer do filme, entretanto, esta insistência de apelo à nostalgia vai cansando e parece servir como maquiagem para uma estória rasa e não muito interessante. Portanto, para quem espera um roteiro afiado e sofisticado cheio de referências filosóficas e críticas sociais, esqueça, pois não há nada de muito complexo, ou mesmo, novo aqui. Tudo isso junto com cenas de ações e coreografias nada inspiradas, o que sempre foi um ponto alto da saga, independentemente da qualidade narrativa.
A trilha sonora é boa mas não empolga muito, os novos personagens são OK e não vi NENHUM motivo narrativo que justificasse o retorno do Agente Smith, principalmente, sem o Hugo Weaving, o que configurou um erro grave deste filme. As demais atuações são boas, mas acho que a Trinity poderia ter sido mais bem explorada já que a Carrie-Anne Moss se mostrou bastante confortável e em forma em seu tempo de tela. No mais, para aqueles que odiaram as continuações de Matrix, principalmente, o Revolutions, vão odiar o último ato deste filme, pois o ritmo frenético e a desorganização das cenas de ação são praticamente as mesmas.
Dito isso, recomendo o filme pois, apesar dos pesares, é bem legal ver uma atualização da Matrix para os tempos atuais (o que poderia ter sido melhor explorado), além de alguns conceitos interessantes e toda a questão da metalinguagem que, isso sim, apresentou um grau de inovação acima da média. Nota: 3.5/5
Bom filme, mas não é para todo mundo. O ritmo lento lembra as produções da época dos clássicos faroeste, onde você sente o peso da vida bucólica. As atuações são excelentes e o roteiro em si, adaptado de um livro, é bem coeso e consegue engajar a atenção do espectador que está sempre esperando a ocorrência de algum fato bombástico que, por sua vez, é minuciosamente construído e inteligentemente concluído no último ato. Nota: 4/5
Sinister é uma obra controversa e que divide opiniões, pois de fato não é 'perfeito' e possui alguns aspectos narrativos e de produção que poderiam ter sido mais bem trabalhados, por exemplo,
a maquiagem/caracterização das crianças e do espírito malévolo em si
, mas eu prefiro ressaltar qualidades raramente vistas no gênero de terror atualmente, como a excelente construção de uma atmosfera sombria e amaldiçoada, as boas atuações dos protagonistas, a eficaz utilização dos recursos cotidianos para fundamentar a mitologia do vilão e sustos adequadamente distribuídos durante as cenas mais tensas. Outro ponto alto foi o desenvolvimento das cenas de 'snuff', sendo estas bem realistas e grotescas. Enfim, avaliando o desenvolvimento da trama, creio que o aspecto 'terror' se torna bem enfraquecida a medida em que o mistério vai sendo resolvido e as ameaças são mais expostas. No mais, recomendo aos fãs do gênero a assistirem ao filme, pois vale a pena. Nota: 4/5
Gostei bastante. Têm alguns furos e conveniências de roteiro, além de alguns clichês de filmes de terror, mas para 1h30min entrega uma obra bem cativante e com boas atuações. O vilão é bem diferente do que se costuma ver, parecendo mais realista e com atitudes de uma pessoa sem superpoder. Nota: 3.5/5
Muito bom esse documentário, possui uma narrativa fluida e bem construída. Impressiona como essa história possui uma estrutura típica de um drama com pitadas de humor e futilidades, até que entra num "blackhole" insano digno das mais estapafúrdias teorias conspiratórias, mas sem perder veracidade e peso dramático. Nota: 4.5/5
Bom filme. Porém, não acrescentou em nada e me parece apenas uma ponte para a continuação. Participação sempre ótima do Cillian Murphy e cenas de ação/suspense bem construídas. A parte final é bem problemática tanto na parte de montagem, como na parte de direção e tenta forçar um protagonismo que já vinha sendo bem estabelecido durante o filme. Nota:3/5
Visualmente incrível, tematicamente interessante, mas com um ritmo indigesto e com narrativa confusa, Akira não me cativou e ficou bem abaixo das expectativas. Imagino que o mangá seja muito superior, pois a estória tem um potencial inegável e é uma pena que tenha sido tão mal adaptada aqui. Nota: 3/5
Roteiro/atuação/direção TOP NOTCH! Super merecido o Oscar do Hopkins. Olivia Colman também atuou MUITO bem aqui, provando mais uma vez sua versatilidade e enorme talento como atriz. A direção é super sutil, inteligente, não-intrusiva e direto ao ponto. O roteiro é magistral e bastante inovador na forma como transpõe a confusão mental do protagonista em relação ao tempo e também à própria realidade que o cerca, cativando a empatia e compaixão do espectador. De certa forma, podemos dizer que se trata de uma obra intimista, realista e muito palpável, jogando luz em um assunto sensível, complexo e inevitável, sem nunca cair na pieguice. Nota:5/5
A Rede Social
3.6 3,1K Assista AgoraFrenético, repleto de diálogos reveladores e com atuações bem convincentes, The Social Network talvez incomode pela caricata retratação de Mark Zuckerberg feita pelo Jesse Eisenberg. Entretanto, é um filme que desde os primeiros minutos desvela sua versão da história do Facebook, pintando Mark como um ser egocêntrico, rancoroso, invejoso e ardiloso. Neste contexto, é fascinante a forma como os fatos são mostrados ao espectador e, ainda, como Mark conseguiu conectar o mundo inteiro ao mesmo tempo em que se desconectou de suas relações mais íntimas. Nota:4.5/5
Assassinos da Lua das Flores
4.1 615 Assista AgoraScorsese nunca decepciona.
A história de "Killers of the Flower Moon" choca pelo seu grau de crueldade e, principalmente, injustiça. Os povos nativos sempre foram subjugados e excluídos da construção das "modernas" civilizações pelo homem branco. Neste caso, há uma reviravolta irônica: na ânsia de despojar ainda mais esses povos, o homem branco se vê em uma posição subalterna, afinal, os indígenas foram recompensados com a descoberta do "ouro negro" que brotou de um solo aparentemente infértil e pobre.
Obviamente, esta inversão na lógica colonialista não foi bem recebida pelo status quo, que rapidamente se infiltrou como lobos em pele de cordeiros nas comunidades indígenas, visando retomar sorrateiramente o controle sobre as novas fontes de riqueza. As primeiras aparições dos personagens Ernest Burkhart (DiCaprio) e William Hale (De Niro) logo mostram a perversidade e o maquiavelismo presentes em suas atitudes, aparentemente benevolentes e amistosas com os indígenas. E isso é o mais fascinante da obra. Acompanhamos toda a história do ponto de vista dos algozes, o que torna a experiência mais intimista e reveladora.
Desnecessário falar sobre as atuações em um filme de Martin Scorsese. TODOS estão muito bem. Gostei especialmente da atuação de Lily Gladstone e das demais personagens femininas presentes no filme, pois mostraram que a aviltante dominação masculina dos homens brancos foi exercida independentemente da personalidade de cada uma delas.
Enfim, trata-se de uma narrativa amarga e muito reveladora do processo de colonização e construção dos EUA. O povo osage até hoje lida com os prejuízos e injustiças causados neste período. Rememorar esta história é mais do que um ato de resistência, é uma obrigação para que a sociedade, ao menos, faça um mea culpa.
Nota: 4.5/5
Oppenheimer
4.0 1,1KFilmaço! Se há algo que Christopher Nolan sabe fazer como poucos é um filme para agradar os cinéfilos de plantão. Direção deslumbrante, roteiro muito bem amarrado e, desta vez, sem o habitual excesso de diálogos expositivos. Aqui, Nolan respeita a inteligência do espectador e brinda-nos com uma obra sofisticada e repleta de atuações sólidas e marcantes. Cillian Murphy atingiu seu ápice em termos de atuação, retratando bem o gênio perturbado e, em muitos momentos, vaidoso de seu personagem. Não se trata de uma história de superação, heroísmo ou vilania, mas de uma contextualização honesta de um momento-chave da geopolítica global, retratando com boa fidelidade os fatos e dissabores que envolveram o pré e o pós do projeto Manhattan. É uma obra atemporal que não perderá vigor artístico pela louvável atitude do diretor em utilizar efeitos práticos, com pequenas doses de CGI. Por outro lado, penso que não eram necessários 180 minutos para desenvolver uma trama que, com exceção do teste Trinity (encenado de forma memorável), não possui ação, pois, na maior parte do tempo, faz um profundo estudo de personagem. De todo modo, entra numa lista dos 5 melhores filmes do diretor, que havia desapontado em sua última obra (Tenet). Nota: 4.5/5
Holocausto Canibal
3.1 835Um clássico do cinema extremo. Cru, grotesco e com cenas de um realismo que atordoam até hoje. Não é um filme fácil, cômodo ou necessário. Mas o enorme talento de seu realizador que, através de um subtexto crítico ao sensacionalismo da mídia e ao racismo colonialista, nos leva a uma importante reflexão sobre o significado da palavra selvagem. Nota: 4/5
Black Mirror (6ª Temporada)
3.3 6031) Joan is awful - Excelente episódio, boa crítica à cultura das redes sociais e da falta de privacidade utilizada como moeda de troca para ter acesso às mídias digitais. Em um momento, fica um pouco caricato demais, mas o final salva o episódio.
2) Loch Henry - Muito legal, bastante diferente da pegada da série, mas muito bem produzido, cativante e com um bom desfecho. As atuações são o ponto alto deste episódio e a crítica sagaz ao conteúdo romantizado de "true crime" largamente explorado pela Netflix.
3) Beyond the sea - O melhor episódio da temporada, com mais um daqueles "enigmas" fascinantes causados pelas tecnologias disruptivas da série. É um pouco prevísível? Sim, mas as atuações, os diálogos e o desenvolvimento do episódio são ótimos.
4) Mazey Day - Pior episódio da temporada, nem tanto pelo mote, que é até legal, mas pelo desenvolvimento e, principalmente, direção. As atuações são bastante robóticas e o ritmo do episódio é muito vagaroso (lembrando que é o de menor duração da série).
5) Demon 79 - Bom episódio. Desanda um pouco no terceiro ato, mas é bem divertidinho e satisfatório rsrs
Nota média da temporada: (4 + 4 + 5 + 2 + 3) / 5 = 3,6
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 653 Assista AgoraFilme muito divertido, engraçado e agradável de assistir. Possui uma estrutura narrativa bastante similar ao primeiro filme, ou seja, constrói o mistério sob várias perspectivas diferentes, mostra um falso desfecho e aí reconstrói tudo do início a partir da visão dos protagonistas. Nesse sentido, a montagem do filme funciona muito bem e não é nada cansativa, guardando ainda uma pequena reviravolta no final. O ponto negativo do longo, na minha visão, é justamente o final. Explico: em termos narrativos, é bem coeso, mas não chega a ser empolgante, as cenas finais destoam bastante do resto, com um ar catártico muito exagerado. Resumindo, a experiência é boa e até da vontade de reassistir, mas para quem viu o primeiro filme, talvez fique um sentimento de frustração. Nota: 3.5/5
Sorria
3.1 850 Assista AgoraFinal é incrível e muito satisfatório. Atuação da protagonista é soberba, passa a tensão, loucura e desordem mental que tomam contam até chegar ao final (e ápice) do filme.
O enredo é um pouco familiar para os amantes dos filmes de maldição, mas consegue surpreender positivamente através de cenas propositalmente confusas. Apesar disso, existe uma gordura presente em algumas cenas de jumpscares baratos que poderia ter sido reduzida. Nota 4/5
Hellraiser: Renascido do Inferno
3.5 858 Assista AgoraTerror trash cult da melhor qualidade. Ambientação e cenários muito bem feitos e explorados, trabalho de maquiagem espetacular e uma estória bem pitoresca e peculiar, mas sem pé nem cabeça em temos de desenvolvimento. Atuações sofríveis, mas que encaixam bem com a proposta 'trash' do longa. Os famosos Cenobites não participam tanto do filme, o que é bom, pois criam uma expectativa sempre que estão em cena. Eu achei bem parecido com A Noite do Pesadelo, mas com um terror mais lovecraftiano e explorando bastante o gore. Para quem gosta de um bom trash, recomendo. Nota 3/5
Não! Não Olhe!
3.5 1,3K Assista AgoraNope, terceira obra do promissor realizador Jordan Peele, é bastante diferente de Us e Get Out. Seja pela temática, seja pela forma. O protagonismo de pessoas negras é um dos poucos pontos em comum com as demais obras, onde a crítica ao racismo era mais pesada. Aqui, ainda existe, mas apenas tangencia o caráter crítico da obra que, por sua vez, foca mais na sátira à imprensa sensacionalista e ao tratamento exploratório dos animais no meio do entretenimento. Com um elenco bastante enxuto, mas eficiente, Nope consegue ampliar os horizontes do gênero de filmes sobre alienígenas, explorando muito bem o suspense, mas subvertendo o paradigma estético presente em nosso imaginário, similar ao que ocorreu no ótimo The Arrival. O maior mérito está aí: o espectador leva uma rasteira e tem todas suas expectativas derrubadas por uma narrativa disruptiva que não faz questão de explicar tudo, deixando as lacunas serem preenchidas pela sua imaginação. Nota: 4/5
Crimes do Futuro
3.2 265 Assista AgoraNão conseguiu me cativar. Chatíssimo. Penso em reassistir futuramente, mas, por ora, nota 2.5/5.
Elvis
3.8 760Espetacular e espetaculoso. Espetacular porque conta uma história já conhecida de uma maneira original, onde tudo é narrado pelo dito 'vilão', o que pode confundir os espectadores mais desatentos ou inconscientes sobre a vida de Elvis, mas é uma perspectiva muito interessante de ser observada. Espetaculoso porque o diretor, Baz Luhrmann, imprime o seu estilo frenético e extravagante durante toda a duração do longa, o que supreendentemente casa com a vida do biografado e, raramente, cansa ou dispersa o espectador. Como biografia, Elvis está longe da perfeição, pois trata-se de uma narrativa maniqueísta e extremamente enviesada, enaltecendo a todo momento as qualidades do protagonista, mas explorando muito pouco ou até terceirizando seus defeitos. Já como entretenimento, o longa é formidável, contando com uma atuação memorável de Austin Butler, uma grata surpresa. Nota: 4/5
Incêndios
4.5 1,9K Assista AgoraQue filme extraordinário. Os efeitos malévolos da guerra jihadista em países do Oriente Médio vistos de uma maneira completamente diferente e inesperada. Numa jornada de dor e muito sangue, Incendies prende o espectador com sua narrativa cativante, nos levando a diversos 'rabbit hole', resultando em uma reviravolta simplesmente nauseante e impactante, mas real e muito muito possível. As atuações são um show a parte, a direção é perfeita e a fotografia me lembrou bastante a do filme Babel, do Iñarritu. Nota:4.5/5
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraGostei das quebras de expectativas, da fotografia e dos personagens em si. Mas, para mim, o final estragou a experiência, haja vista que não houve 'mérito' da protagonista na resolução do conflito. As referências aos clássicos setentistas/oitentistas também foram um pouco forçados e não contribuíram em nada para a narrativa. As atuações são um pouco afetadas, mas não atrapalham. No geral, um longa interessante, mas já vi melhores produzidos pela A24. Nota:3/5
Os Mortos Não Morrem
2.5 465 Assista AgoraFilme chato, autoindulgente, confuso e sem graça. Uma pena, pois tem um elenco de primeira linha. Desperdício. Nota: 2/5
Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa
4.2 1,8K Assista AgoraSou fã, quero service. Me deram service, eu fiquei feliz! Nota: 4/5
Não Olhe para Cima
3.7 1,9K Assista AgoraA representação da polaridade ideológica em que vivemos atualmente, mesmo em um contexto de dimensões literalmente catastróficas, é o que faz a comédia deste filme brilhar. Afinal, como não se reconhecer no espelho com um presidente histriônico e incompetente governando apenas para se manter no poder? Ou, ainda, cientistas com enorme dificuldade de comunicação com o público leigo sendo espetacularmente ignorados e satirizados? E, por que não, a relevância jornalística dada a assuntos fúteis e completamente fugazes como a separação/reconciliação de uma estrela pop infanto-juvenil? A arrogância e onisciência de grandes empresários extremamente preocupados (sqn) com o futuro da humanidade, enquanto maximizam seus lucros? Pois bem, é disso que se trata essa obra ímpar da comédia satírica que consegue, ao mesmo tempo, criticar nossa sociedade e expor a imbecilidade desta polarização ideológica patológica e mostrar que, mesmo no fim dos tempos, nossas diferenças sobrepõem-se ao bem-estar coletivo. Nota:4/5
Matrix Resurrections
2.8 1,3K Assista AgoraConfesso que fui assistir ao filme com expectativas apenas moderadas, pois já havia lido algumas críticas positivas e negativas. Com isso em mente, após assistir ao filme, concluo que é uma obra naturalmente polêmica e autoconsciente que não tem a intenção de agradar todo mundo e, por conta disso, vai fundo naquilo que se propõe a ser: um meta-comentário sobre o impacto do universo Matrix na cultura pop, seja no âmbito da tecnologia, seja na apresentação de um conceito bastante complexo para o público geral feita de uma maneira espetacularmente simples e direta. Porém, o filme também é uma crítica óbvia a indústria cinematográfica, um verdadeiro dedo-do-meio da Lana Wachowski para os seus 'chefes'.
Feitas essas considerações, Matrix Ressurections começa MUITO bem e faz uma metalinguagem bastante divertida e irônica da saga, apelando também para a nostalgia. Ao decorrer do filme, entretanto, esta insistência de apelo à nostalgia vai cansando e parece servir como maquiagem para uma estória rasa e não muito interessante. Portanto, para quem espera um roteiro afiado e sofisticado cheio de referências filosóficas e críticas sociais, esqueça, pois não há nada de muito complexo, ou mesmo, novo aqui. Tudo isso junto com cenas de ações e coreografias nada inspiradas, o que sempre foi um ponto alto da saga, independentemente da qualidade narrativa.
A trilha sonora é boa mas não empolga muito, os novos personagens são OK e não vi NENHUM motivo narrativo que justificasse o retorno do Agente Smith, principalmente, sem o Hugo Weaving, o que configurou um erro grave deste filme. As demais atuações são boas, mas acho que a Trinity poderia ter sido mais bem explorada já que a Carrie-Anne Moss se mostrou bastante confortável e em forma em seu tempo de tela. No mais, para aqueles que odiaram as continuações de Matrix, principalmente, o Revolutions, vão odiar o último ato deste filme, pois o ritmo frenético e a desorganização das cenas de ação são praticamente as mesmas.
Dito isso, recomendo o filme pois, apesar dos pesares, é bem legal ver uma atualização da Matrix para os tempos atuais (o que poderia ter sido melhor explorado), além de alguns conceitos interessantes e toda a questão da metalinguagem que, isso sim, apresentou um grau de inovação acima da média. Nota: 3.5/5
Ataque dos Cães
3.7 933Bom filme, mas não é para todo mundo. O ritmo lento lembra as produções da época dos clássicos faroeste, onde você sente o peso da vida bucólica. As atuações são excelentes e o roteiro em si, adaptado de um livro, é bem coeso e consegue engajar a atenção do espectador que está sempre esperando a ocorrência de algum fato bombástico que, por sua vez, é minuciosamente construído e inteligentemente concluído no último ato. Nota: 4/5
A Entidade
3.2 2,3K Assista AgoraSinister é uma obra controversa e que divide opiniões, pois de fato não é 'perfeito' e possui alguns aspectos narrativos e de produção que poderiam ter sido mais bem trabalhados, por exemplo,
a maquiagem/caracterização das crianças e do espírito malévolo em si
Hush: A Morte Ouve
3.5 1,5KGostei bastante. Têm alguns furos e conveniências de roteiro, além de alguns clichês de filmes de terror, mas para 1h30min entrega uma obra bem cativante e com boas atuações. O vilão é bem diferente do que se costuma ver, parecendo mais realista e com atitudes de uma pessoa sem superpoder. Nota: 3.5/5
Três Estranhos Idênticos
4.0 216 Assista AgoraMuito bom esse documentário, possui uma narrativa fluida e bem construída. Impressiona como essa história possui uma estrutura típica de um drama com pitadas de humor e futilidades, até que entra num "blackhole" insano digno das mais estapafúrdias teorias conspiratórias, mas sem perder veracidade e peso dramático. Nota: 4.5/5
Um Lugar Silencioso - Parte II
3.6 1,2K Assista AgoraBom filme. Porém, não acrescentou em nada e me parece apenas uma ponte para a continuação. Participação sempre ótima do Cillian Murphy e cenas de ação/suspense bem construídas. A parte final é bem problemática tanto na parte de montagem, como na parte de direção e tenta forçar um protagonismo que já vinha sendo bem estabelecido durante o filme. Nota:3/5
Akira
4.3 868 Assista AgoraVisualmente incrível, tematicamente interessante, mas com um ritmo indigesto e com narrativa confusa, Akira não me cativou e ficou bem abaixo das expectativas. Imagino que o mangá seja muito superior, pois a estória tem um potencial inegável e é uma pena que tenha sido tão mal adaptada aqui. Nota: 3/5
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraRoteiro/atuação/direção TOP NOTCH!
Super merecido o Oscar do Hopkins. Olivia Colman também atuou MUITO bem aqui, provando mais uma vez sua versatilidade e enorme talento como atriz.
A direção é super sutil, inteligente, não-intrusiva e direto ao ponto.
O roteiro é magistral e bastante inovador na forma como transpõe a confusão mental do protagonista em relação ao tempo e também à própria realidade que o cerca, cativando a empatia e compaixão do espectador. De certa forma, podemos dizer que se trata de uma obra intimista, realista e muito palpável, jogando luz em um assunto sensível, complexo e inevitável, sem nunca cair na pieguice. Nota:5/5