“Rango” é um dos meus filmes de animação prediletos, isso porque não é apenas um filme de animação. Na história, acompanhamos a desventura de um camaleão doméstico que se perde no deserto e vai parar em um pequeno povoado no melhor estilo velho oeste. Lá, com sua habilidade para a falácia, acaba convencendo a todos que é um assassino destemido, e logo é nomeado xerife. Mas sua falsa coragem não tarda a ser posta à prova.
Pra começo de conversa, é impossível falar de “Rango” sem mencionar a incrível qualidade gráfica. A animação consegue ser extremamente realista, e ainda assim fluída. Apesar de ser um filme infantil (há controvérsias), não há criaturas fofinhas e bonitinhas, os personagens de “Rango” são bizarros, caricatos, e cheios de humor negro. Eu diria que as crianças podem se divertir com o filme, mas os adultos com certeza se divertirão mais.
Todos os elementos dos filmes de western também estão ali, só que mais divertido, mais leve, apesar do tom sombrio que se disfarça em meio os gracejos da história.
Além de tudo isso, o filme aborda temas complexos como o controle das massas, a corrupção, o abuso de poder; e, especialmente interessante para nós brasileiros, a falta de água. A questão da água como é tratada no filme pode gerar importantes reflexões, além de alertar às pessoas que as verdades ditas nem sempre são verdadeiras.
Um destaque especial é merecida à aparição do “Espirito do Oeste”, que os entendedores saberão a quem se refere a fantástica homenagem prestada. Por fim, basta dizer que Rango é um filme para crianças inteligentes de todas as idades, tecnicamente fabuloso, muito divertido e capaz de causar sensações que vão da gargalhada ao arrepio.
“Garota Exemplar” é o mais recente trabalho do diretor David Fincher, adaptado do romance homônimo de Gillian Flynn. Li o livro há algum tempo atrás (resenha aqui), e foi uma fantástica experiência, tanto como leitor quanto como pretenso escritor.
David Fincher é um diretor cujo talento é inquestionável, em seu currículo temos filmes fantásticos e icônicos, e é desnecessário citá-los. Seu trabalho é de um apuro técnico impressionante, conseguindo sempre ótimos resultados em suas adaptações. Em Garota Exemplar, além de ter uma grande história em mãos, Fincher contou ainda com um roteiro escrito pela própria autora do livro, o que garantiu a maior fidelidade possível ao original. Obviamente, tive o desprazer de ouvir leitores dizendo: “o livro tem mais detalhes!”. Prefiro ignorar quem se recusa a entender que cinema e literatura são mídias diferentes.
O filme, assim com o livro, e contado sob duas perspectivas diferentes, Nick e Amy, e em cronologias distintas, ao menos a maior parte da história. Esse recurso deixa o clima de tensão crescer em uma ascendente que a cada minuto apenas aguça mais a curiosidade do expectador. Não há respostas fáceis, não há dicas da verdade, apenas uma sucessão de acontecimentos que só faz instigar. Quando a primeira revelação é “jogada” na tela, há um choque, mas, a despeito do que muitos possam pensar, as respostas ainda não foram todas dadas, e as surpresas continuam de forma chocante, com direito a um belíssimo banho de sangue e uma navalha na jugular de alguém.
O final é excelente, mórbido e ligeiramente angustiante, e provavelmente deixará muitos inconformados. Eu adorei.
As interpretações são consistentes, com destaque para Rosamund Pike. Alguns criticam um pouco o Ben Affleck, outros criticam muito. Eu me satisfiz com sua ininterpretação.
Sobre a técnica cinematográfica, só posso dizer que Fincher sabe traduzir sensações com imagens. O filme é lento, necessariamente lento, e isso colabora com a tensão, ajuda a transmitir com eficiência o estado do relacionamento do casal. Algumas críticas alegaram que o filme se estende por demais, e eu continuo discordando, pois os minutos que se seguem ao desfecho são de uma melancolia angustiante. Eu realmente adoro coisas angustiantes.
Super recomendado, esse filme deveria ser obrigatório em qualquer curso de noivos.
“A Encruzilhada” é um filme lançado no ano em que nasci, mas não é por isso que se tornou um dos meus filmes prediletos. A obra é obrigatória para todos os fãs de boa música, aspirantes a guitarristas e apreciadores de um bom cinema.
No filme, se misturam história, ficção e lenda. Eugene é um estudante de violão clássico em uma renomada escola de música, mas nutre uma paixão irrefreável pelo blues, o que o faz partir em busca da lendária 29ª canção de Robert Johnson. Para que não conhece, Robert Johnson foi um lendário guitarrista de blues; segundo a lenda, ele fez um pacto com o Diabo para se tornar o maior guitarrista de todos os tempos.
Nesse busca, Eugene encontra Willie Brow, parceiro de Johnson de outras eras. Aí começa a aventura.
A interação entre o jovem guitarrista e o Brow rende ótimos momentos. A personalidade do velho gaitista é rude e mal humorada, contrastando com a inocência e ingenuidade de Eugene.
A trilha sonora de Ry Cooder é fantástica e Ralph Macchio (Sim, é o Daniel Sam) consegue convencer muito bem em sua “dublagem” com a guitarra e o violão.
O desfecho é arrebatador, com um duelo de guitarras fantástico contando com o inigualável Steve Vai.
Assista agora, e tente não repetir a dose logo em seguida.
P.s. : na primeira vez que assisti, não me aguentei e vi de novo no dia seguinte.
Esse “Planeta dos Macacos” é um prequel da famosa franquia iniciada no ano de 1968, que por sua vez foi baseada no romance do autor francês Pierre Boulle, La planète des singes.
A trama acompanha a jornada de um cientista em busca da cura do mal de Alzheimer, através de experimentos com símios. Não vamos falar sobre a trama, já que basta assistir aos trailers, que farão esse trabalho com muito mais eficácia que eu.
Pois bem, “Planeta dos Macacos: A origem” dá novo fôlego à série, deixando para trás a releitura não muito bem sucedida de Tim Burton, e trazendo uma nova história. Vemos acontecimentos passados muito tempo antes da franquia original, que nos explicam como o mundo chegou ao ponto de ser dominado pelos “macacos” em detrimento da raça humana.
O filme tem um ritmo muito bom, se mantendo interessante e dinâmico durante toda sua duração. As atuações estão à altura da qualidade do roteiro, com destaque para John Lithgow, que nos brinda com um personagem extremamente verossímil e bem conduzido em seus altos e baixos.
Aqui temos um filme que trás tudo o que hollywood gosta, com perseguições, batalhas, e destruição, mas sem perder o foco da história e sem sacrificar o roteiro. Há diversos pontos de reflexão, acerca da ética, do amor, da liberdade, da liderança, do preconceito e da maldade.
Tecnicamente, contamos com uma tecnologia espantosa. Semelhante com o que aconteceu no ótimo Avatar, a técnica de captura de movimento é usada de forma fabulosa. Todas as expressões atores são transportadas com perfeição para personagens virtuais absurdamente realista.
Mas, o destaque maior é para a interpretação de Andy Serkis, no papel de César. A ator soube transmitir com beleza ímpar os sentimentos do personagem ao passar por uma transição, um momento de descobertas e aprendizado.
A ascensão de César de um adolescente protegido pelo pai para um líder de inteligência superior é muito bem retratada, e gradativa na medida certa (e permitida para o formato).
A sequência final é empolgante, muito bem planejada e executada, culminando em um desfecho excelente. Ainda há uma cena adicional, com um ótimo, e nada forçado, gancho para a sequência.
“Planeta dos Macacos: A Origem” é um filme que consegue agradar aos espectadores apreciadores do bom cinema e aos produtores apreciadores do bom dinheiro. Assista.
Sequência direta de “Planeta dos Macacos: A Origem”, “O Confronto” nos apresenta uma Terra em caos. Um vírus dizimou grande parte da população, enquanto os macacos, agora organizados e liderados por César, tem sua morada longe dos humanos. Mas, como não podia deixar de ser, isso não dura muito tempo.
O filma já se inicia com uma grande cena, que esbanja qualidade nos efeitos especiais, trazendo agora uma nova paisagem, e com um foco muito maior nos símios. O que já havíamos visto na captura de movimentos de Andy Serkis, agora se expande, com ótimas interpretações transportadas para outros personagens, destaque para Koba (Toby Kebbell) e Maurice (Karin Konoval).
Aqui vemos um César mais endurecido e sábio, e um sinal mais claro de que os macacos podem vir a ser a raça dominante muito em breve.
A retratação da Terra praticamente pós-apocalíptica não é nova, mas é bem executada e cumpre seu papel com qualidade. E vemos com verossimilhança uma sociedade que luta para sobreviver em um mundo onde as possibilidades estão contra ela.
Extremamente interessante como é abordada a nova sociedade formada pelos macacos, os conflitos que surgem são totalmente cabíveis, a exemplo da história da humanidade, onde sempre conseguimos uma maneira de interromper a paz.
O conflito entre humanos entre macacos mostra que as duas espécies são mais parecidas que pensamos, como o próprio César diz, em determinado momento do filme.
A tecnologia novamente é deslumbrante, dando vida a personagens extremamente realistas, saídos diretos da tela do computador para a tela do cinema.
A batalha final é intensa, bem executada e de tirar o fôlego. O desfecho deixa possibilidades de uma sequência, mas que não é necessária.
Ótimo filme, super recomendado.
Obs.: César tem o cruzado de direita mais forte da história. ;)
Este não é um filme para pessoas de estomago fraco. Não, não é. Sé você quer um filme divertido, com ação alucinante e malabarismos impossíveis, esse não é um filme para você; vá assistir carga explosiva e seja feliz. Cão Vs. Cão é um filme Brutal, sim, Brutal. Eu poderia procurar diversos adjetivos para classificar a obra, mas a palavra que mais se adequa, creio eu, e a que mais veio à minha mente durante todo o filme foi essa.
Brutal.
Nos primeiros segundos de exibição já levamos um soco no estômago, assistindo um vídeo amador de uma criança se alimentando de restos em um lixão. Mas não pense que é um lixão tipo “Avenida Brasil”. Um lixão de verdade. E essa cena inicial é mais violenta e Brutal (palavrinha querida) que qualquer outra.
Em seguida, somos apresentados a Pang (Edison Chen), que viaja como clandestino em um barco. Em sua primeira aparição, Pang já mostra gestos inumanos, primitivos. O modo como ele apanha o alimento do chão e o devora é de uma crueza desconcertante. Destaque para a interpretação de Edison Chen, que é algo fantástico.
Aos poucos entendemos que Pang chegou à china para um trabalho, um assassinato. E esse primeiro crime cometido pelo protagonista é de uma tensão absurda, onde o diretor faz uso da falta de trilha sonora para aumenta-la exponencialmente.
Após um assassinato frio, entra em cena o policial Wai (Sam Lee). Wai tem um comportamento controverso, procura cumprir a lei, pegar os bandidos, mas faz uso de violência excessiva e parece não se importar muito com as regras. A partir daí entramos em um jogo violento de gato e rato, onde Wai quer pegar o marginal a qualquer custo, e Pang só quer voltar pra casa com o dinheiro do trabalho. Com o decorrer do filme descobrimos que Wai também tem seus próprios demônios para exorcisar.
Na medida em que os acontecimentos se desenrolam, percebemos que Pang não tem ciência de moral, de certo ou errado. Pang é a violência, e matar para ele é banal. Assim, essa perseguição vai deixando um rastro de corpos no caminho.
Mas, a despeito de seu comportamento animal, somos apresentados a uma outra faceta de Pang, quando ele encontra uma jovem molestada pelo pai em um ferro velho. De uma forma torta, os dois criam uma ligação. A partir daí, forma-se no espectador um sentimento dúbio. Quem é o mocinho? Quem é o bandido?
A terceira parte do filme é angustiante, e mostra os dois lados de Pang, concomitantemente. E tudo ruma a um desfecho catastrófico, tenso, e, novamente, BRUTAL! Não espere um final feliz, espera apenas algo... Brutal.
Assista! Mas não me responsabilizo por eventuais traumas.
"Snatch: Porcos e Diamantes” é o segundo longa metragem do cineasta inglês Guy Ritchie, e vem consagrar seu sucesso obtido com seu filme de estreia, “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes”.
A partir da narração do Turco, vivido por Jason Statham, conhecemos o submundo londrino e uma gama de personagens caricatos e interessantes, com nomes inusitados e ainda mais interessantes. Não há um protagonista no filme, no entanto, isso não importa, apenas deixa a coisa mais dinâmica e divertida.
Inicialmente somos apresentados à rotina dos diversos personagens, e à medida que o filme avança, surgem as ligações entre eles. Mesmo que alguns nem se encontrem, suas histórias estão ligadas de alguma forma.
Guy Ritchie emprega técnicas que podem ser reconhecidas como assinaturas ímpares dos seus trabalhos, como enquadramentos inusitados, cortes rápidos, alternância entre slow e fast motion, além da narração em off que apresenta aquele estranho universo ao espectador sem parecer um documentário do History Channel.
O elenco está espetacular, mas é preciso destacar a interpretação de Brad Pitt. O cigano Mickey O'Neil é responsável pelos momentos mais divertidos do filme, e também pelo mais dramático, sendo que suas ações são determinantes para o rumo da história. A cena de sua última luta de boxe é incrível, onde Ritchie abusa dos slow’s e fast’s de uma forma fabulosa.
A trilha sonora foi escolhida a dedo, e casa perfeitamente com o clima das cenas e a fotografia saturada e desbotada do filme.
Snatch é um filme inteligente, ágil e com um humor inglês refinado. E um dos responsáveis por colocar Guy Ritchie entre meus cineastas prediletos. E, apesar de adorar seus filmes de Sherlock Holmes, torço para que ele volte logo a fazer filmes autorais.
“A Outra História Americana” é um filme singular, uma obra inteligente e bem executada, com ótimas interpretações e uma história inesquecível.
Edward Norton protagoniza o filme com seu brilhantismo costumeiro, entregando uma interpretação visceral, e aparecendo irreconhecível como um skinhead frio e sanguinário. Edward Furlong em um dos melhores, senão o melhor filme de sua carreira. (James Cameron que me perdoe).
Derek é o “líder” de um grupo de skinheads, que é preso após assassinar um jovem negro que roubava seu carro e, diga-se de passagem, um dos assassinatos mais brutais do cinema. Na cadeia, ele passa por maus bocados, e começa a questionar o grupo radical do qual faz parte.
Enquanto isso, acompanhamos Danny, irmão caçula de Derek, seguindo os mesmos passos tortos do irmão e lembrando da trajetória deste até o presente. Com flash backs em preto e branco tomamos conhecimento de como Derek se tornara um monstro neo-nazista e como sua metamorfose impactou sua família.
A história como um todo é um verdadeiro soco no estomago, e mostra como jovens são alienados e convertidos ao ódio irracional, se virando uns contras os outros sem o menor motivo plausível.
As mudanças de perspectiva de Derek podem parecer repentinas, ou bruscas demais, e de fato são. No entanto, isso ocorre em prol da história, e é necessário para que a experiência do espectador seja mais brutal e completa.
A violência está presente, mas é muito mais sensorial do que gráfica. Não há sangue em demasia nem brutalidade física exagerada, e sim um clima denso e sufocante, um mal estar causado pelas cenas exibidas que vai muito além de violência gráfica.
Em um país tão segregado quando os Estados Unidos da America, “A Outra História America” é uma obra corajosa e verdadeira. Arte genuína e sem reservas hipócritas.
O final é brutal, triste e necessário. Nada mais, nada menos seria aceitável. Um retrato de redenção e consequências. Uma obra obrigatória a todos que admiram um bom cinema, e para qualquer um que ainda tenha a ideia deturpada que as pessoas se diferenciam pela cor de suas peles.
“Santos Justiceiros” conta a história dos irmãos MacManus; religiosos, trabalhadores, e extremamente unidos. Em uma briga de bar, acabam matando alguns criminosos, e começam a pensar o quão fácil foi aquilo, e o quão útil e necessário seria se dessem continuidade a esse trabalho. A partir dai, Connor e Murphy passam a se dedicar a “limpar” Boston da escória criminosa que assola a região.
Troy Duffy, em sua primeira experiência cinematográfica, entrega um filme ímpar, dosando de forma competente ação, humor e reflexão social. A obra proporciona muita diversão, e certo regozijo justiceiro no expectador, mas também trata de um assunto sério que, mesmo 15 anos após o lançamento do filme, é extremamente atual. Os casos de justiceiros ocorridos recentemente no Brasil são prova disso.
Quando os irmãos justiceiros começam a chamar atenção, entre em cena um policial interpretado de forma espetacular por Willem Dafoe, que protagoniza momentos brilhantes e absurdamente divertidos, mostrando toda sua versatilidade como ator.
O modo como os protagonistas perpetuam as execuções, quase como um ritual, é genial, e rende uma das cenas mais legais do cinema, bem ao fim do filme. A maneira como se atrapalham em seu primeiro “trabalho” planejado proporciona maior verossimilhança à obra, e aproxima os protagonistas aos cidadãos comuns, como você e eu.
Santos justiceiros é um filme que, se você ainda não assistiu, precisa fazê-lo já.
Clube da Luta é a adaptação cinematográfica do genial livro de mesmo nome, dirigida por David Fincher e estrelada por Edward Norton e Brad Pitt.
Começamos conhecendo o protagonista sem nome interpretado por Norton, e seu sofrimento em virtude de uma incurável insônia. Acompanhamos a rotina do personagem até que ele encontre Tyler Durden, um vendedor de sabonetes com ideias revolucionárias e idealistas. A partir daí uma amizade improvável começa a se construir.
O filme, assim como o livro, é contado o ponto de vista do protagonista, e apresenta uma trama intrincada, cheia de mistérios. Filmado com primor, une a experiência de Fincher com videoclipes à escrita sarcástica e genial de Palahniuk. Desse modo, o que vemos na tela é uma história fantástica, forte, violenta, e reflexiva; onde nada é gratuito nem exagerado.
O filme conta com um elenco inspirado, onde Edward Norton e Brad Pitt entregam uma das melhores interpretações de suas carreiras.
Além de ser um entretenimento fabuloso, Clube da Luta suscita questões importantes, e abre os olhos do cidadão comum para os vícios da sociedade, e o quão inúteis e desnecessários são para um vida plena.
Tyler Durden é um bandido que vemos como herói, um ponto fora da curva. E é interpretado de forma magistral. Os conflitos entre os dois personagens principais são muito bem trabalhados e muitas vezes refletem os nossos próprios conflitos internos.
O desfecho é arrebatador e terminamos a exibição com a certeza que todos nós precisamos de nosso próprio clube da luta.
As Duas Faces de um Crime é um filme estadunidense dirigido por Gregory Holblit, baseado no romance de William Diehl.
A exibição já começa tensa, com um iniciante Edward Norton em uma fuga desesperada, coberto de sangue e com um olhar de pavor estampado no rosto. Isso é apenas o começo de uma trama inteligente e bem elaborada.
O jovem, brilhantemente interpretado por Norton, é o principal suspeito do crime, mas parece tão frágil e desprotegido que é quase impossível acreditar que seria capaz de cometer um crime tão bárbaro.
Logo o caso chama a atenção da grande mídia, e um grande advogado, movido por seu incomensurável ego inflado, se oferece para defender o acusado. A partir daí, seguimos uma investigação tensa e aguçada, cheia de segredos e revelações fascinantemente assustadoras.
O elenco é um diferencial, com Richard Gere competente como sempre e um estreante Edward Norton com uma interpretação simplesmente fantástica, e que já assinalava que ele viria a ser um dos mais brilhantes atores de sua geração.
O primeiro ponto de virada do filme nos revela uma verdade surpreendente acerca da personalidade do réu, enquanto acompanhamos a habilidade do personagem de Gere em defender seu cliente, manipulando os dispositivos legais e moldando a “realidade” ao seu bel prazer, e descobrimos as possíveis motivações e “justificativas“ para o crime.
O desfecho trás uma das cenas mais fantásticas de tribunais, e a cena seguinte – e final – nos brinda com mais uma reviravolta, algo simplesmente incrível e sombrio.
Um roteiro invejável, elenco fantástico e um dos finais mais legais do cinema. As Duas Faces de um Crime é absolutamente recomendado a todos aqueles que preferem um bom filme a assistir a novela das nove.
Following é o primeiro longa metragem de Christopher Nola; uma produção independente de baixíssimo orçamento. Já em sua estreia, Nolan mostra a que veio e por que se tornara um dos maiores diretores da atualidade.
Nosso protagonista é um suposto escritor que, sem inspiração para suas obras, cria o hábito de seguir pessoas aleatórias. No entanto, nenhum resultado é percebido. As coisas mudam em sua vida quando o escritor segue um misterioso homem, que descobre ser um ladrão de apartamentos.
O criminoso e o escritor criam uma relação, e passam a realizar alguns furtos em conjunto. Mas o ladrão não é apenas um ladrão, e as coisas ficam estranhas e fogem ao controle do protagonista.
O filme foi gravado em preto e branco, em 16mm, onde o próprio Nolan assumiu a função de protagonista. O clima é de contínuo suspense, e predominantemente noir, com direito a uma loira fatal e bandidos vestindo ternos alinhados.
O roteiro é impecável e associado a uma montagem não linear que deixa tudo mais interessante. Nolan conseguiu o louvável feito de usar o baixo orçamento ao seu favor, e fez um filme brilhante.
Durante quase toda a exibição, uma miríade de dúvidas paira na mente do espectador, misturando tensão e curiosidade. O desfecho é esclarecedor e estarrecedor, e mostra que um bom roteiro vale mais que qualquer orçamento milionário.
Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros é baseado no livro homônimo de Seth Grahame-Smith, e é o que chamam de “mash-up histórico”; uma história que mistura ficção com fatos reais. Na obra em questão nos é apresentado o passado do ex-presidente Estadunidense Abraham Lincoln, onde atuou como um caçador de vampiros em busca de vingança pela morte da mãe.
O filme dividiu opiniões da crítica. Alguns acharam ruim, outros acharam péssimo. Eu, sinceramente, adorei.
A primeira cena apresenta o pequeno Abe, já na infância manejando um machado com destreza. Seu senso de justiça já presente, e o colocando em problemas. Após a morte de sua mãe pela ação de um vampiro, Lincoln cresce com uma sede de vingança insaciável. Assim que seu pai também se vai, ele parte para tão esperada revanche.
A obra é tecnicamente incrível. Logo na primeira cena temos uma fotografia iluminada, uma imagem clara e agradável aos olhos. Timur alterna entre a luminosidade e as trevas, de acordo com o que o momento pede, e o faz com extrema competência, o que já tínhamos conferido no ótimo “O procurado.
As cenas de ação são empolgantes, com coreografias inteligentes e filmadas com maestria. Realmente um banquete visual aos apreciadores de um cinema bem executado.
O amadurecimento e a passagem do jovem Lincoln para o presidente Lincoln é feita de uma forma sensível, e a interpretação de Benjamin Walker me surpreendeu. Pela proposta do filme, esperava algo galhofeiro, mais cômico, mas o Lincoln foi muito bem interpretado, verossímil, desde a postura até a entonação da voz.
Mesmo não sendo a grande obra-prima da sétima arte, Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros entretém, diverte, e empolga. Eu recomendo a todos aqueles que admiram o cinema, independente de suas intenções.
Antes de qualquer consideração, comentário ofensivo, ou coisas do gênero, que fique bem claro que “Todo Mundo Quase Morto” é um filme feito para divertir, e que o faz muito bem. No entanto, não apenas de diversão é feita a Obra.
O filme começa acompanhando a rotina de Shaun, que vive acomodado com sua vida. Um namoro monótono, um emprego adolescente e uma moradia compartilhada com amigos da adolescência.
Os trinta minutos iniciais de filme são muito bem elaborados, onde Edgar Wright exibe uma técnica arrojada, com cortes rápidos e enquadramentos precisos, que em certos momentos lembram Aronofsky em Réquiem Para um Sonho, mas em um contexto muito menos profundo e mais divertido.
Enquanto compartilhamos a vida de Shaun, os indícios da infestação são revelados no background, ainda que o protagonista passe alheio a eles. Quando, de fato, os personagens percebem o que está acontecendo, evoluem de pobres idiotas para patetas completos, e assim a diversão começa pra valer.
A reação de Shaun e seu grupo é extremamente infantil e mal pensada, e rende grandes e memoráveis momentos. Nick Frost incorpora um idiota dos bons, e nos faz torcer a cada minuto para que seja mordido. A aparição de Bill Nighy é uma das mais assustadoras do filme, e trás uma melancolia sadicamente divertida.
Apesar de ser uma grande sátira, o filme é feito com profissionalismo, com efeitos visuais competentes, fotografia límpida e enquadramentos interessantes. Temos uma trilha sonora muito bem escolhida, e a melhor utilização na história de uma música do Queen.
Mas meu aplauso maior pertence a Simon Pegg, que é brilhante, transitando em momentos hilários e emoções inacreditavelmente convincentes. Além de assinar o roteiro, ganha o filme com o seu primor de interpretação.
Todo Mundo Quase Morto é extremamente recomendado para todos que gostam de tripas, sangue, e risadas.
Assim se inicia A Profecia, na penumbra do banco de trás de um taxi percorrendo as ruas de Roma na noite escura.
Ele respirou apenas por um momento. A criança está morta. A criança está morta.
Com o objetivo de preservar a esposa, Robert, insuflado por um padre pra lá de assustador, decide substituir seu filho morto que acabara de nascer por um órfão nascido no mesmo dia, e no mesmo hospital. Mas dessa decisão amargaria terríveis consequências.
Logo após a adoção, Richard Donner nos mostra uma sequencia de fotos de momentos felizes, avançando no tempo e mostrando o crescimento do pequeno Damien, ao som de uma trilha sonora secretamente sombria.
Mas, coisas estranhas começam a acontecer, a partir do aniversário de 5 anos da misteriosa criança, onde a babá demonstra um comportamento possessivo em relação à ele, e, logo depois, protagoniza uma cena mórbida e bizarra perante todos os convidados da festa.
Em seguida, um padre aborda Robert, dizendo coisas confusas e proféticas. Robert não acredita nas palavras do religioso de aparência atormentada e desesperada, mas os acontecimentos seguintes falarão por si, até que o pai adotivo entenda o tipo de trama sinistra na qual estava envolvido.
A Profecia é um filme que se caracteriza mais pelo clima tenso que permeia toda sua duração que propriamente por cenas de susto ou carnificinas. A trilha sonora ajuda a compor um ambiente opressivo e claustrofóbico, fazendo o expectador manter sua atenção nos acontecimentos.
Quando Robert, enfim decide procurar uma solução para aquele problema, de ter o Filho do Diabo debaixo de seu teto, nos envolvemos em uma rede de descobertas fascinantes, envolvendo uma profecia macabra.
O filme tem um ritmo lento, contudo, necessário, e em nenhum momento cansativo. As informações vêm em doses homeopáticas, sendo possível digeri-las com muita atenção e cuidado.
Apesar de, na maior parte do filme, Damien não faça nada de mal, a expressão de seu rosto e seu olhar são arrepiantes. Mérito do ator (na época) mirim Harvey Stephens, que interpretou o personagem com uma competência assustadora.
Na busca de Robert por respostas, encaramos os momentos mais tensos do filme, com padres sinistros, um cemitério assustador, e cães ferozes que parecem ter vindo direto do inferno.
Todos esses acontecimentos levam a história em uma ascendente até um final estarrecedor, contudo, fantástico.
Absolutamente recomendável para quem gosta de filmes tensos, inteligentes, e ligeiramente assustadores.
Dispensável para quem gosta de filmes cheios de sangue e sustinhos que te fazem pular da cadeira. Para esses eu recomendo qualquer terror barato escondido nos fundos de uma locadora em franca decadência.
publicado originalmente em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-6.html
A Pele que Habito” é um filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar, baseado no romance “Tarântula”, de Thierry Jonquet, e mostra a história do cirurgião plástico Robert Ledgard, em uma trama extremamente angustiante.
O filme se inicia acompanhando a rotina na mansão de Ledgard, onde, aparentemente, ele mantém uma paciente como prisioneira. Os fatos se seguem de uma forma obscura, onde a expectativa pelo entendimento do que realmente está acontecendo naquela casa impera.
Ledgard tem uma personalidade sombria, e suas perturbações são um mistério. A paciente, por sua vez, tem uma história não contada, um passado desconhecido, o que torna o suspense cada vez mais intenso e desconcertante.
Depois de determinados acontecimentos ligeiramente bizarros, sabemos um pouco mais sobre o passado do cirurgião e, logo em seguida, um salto temporal nos leva ao passado, e acontecimentos, inicialmente desconexos com o presente, se desenrolam rumo a revelações arrepiantes.
Somente por volta de 80 minutos de filme, o cerne da trama é revelado, e, devo confessar, é simplesmente assustador. O mais impressionante é que, ao contrário do que acontece normalmente em um suspense, a revelação é o que torna o filme mais angustiante. A partir daí, uma sensação de consternação toma conta do espectador, que passa a lidar com a difícil tarefa de digerir a verdade recém-descoberta.
Após a grande revelação, a tensão se dá muito mais pelo que aconteceu que pelos fatos vindouros, e o final é exibido ainda com o gosto angustiante dos acontecimentos passados.
A montagem não linear foi fundamental para manter o clima de tensão e o suspense por todo o filme, e sem ela determinados acontecimentos e revelações não seriam tão impactantes.
O elenco é impecável. Antônio Banderas está ótimo na pele do protagonista, sem exageros nem excessos, construindo muito bem a personalidade sombria e ligeiramente insana de Robert Ledgard. Elena Anaya é fantástica, o que se acentua após a metade do filme, conseguindo desdobrar a personalidade de sua personagem com maestria. E o último, mas não menos importante, destaque é Marisa Paredes, a fiel empregada de Robert, que parece compartilhar com o patrão sua loucura, perfazendo uma cúmplice perfeita.
“A Pele que Habito” é um filme surpreendente, e super recomendado. Simplesmente Genial!
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-4.html
O Bebê de Rosemary é um filme de Roman Polanski baseado no romance de Ira Levin, lançado em 1968.
A obra se inicia com uma panorâmica da cidade de Nova York, com os créditos iniciais sendo exibidos em elegantes letras cor-de-rosa. Algo romântico e bucólico. Rosemary e seu marido estão visitando apartamentos para se mudarem, e encontram o imóvel dos sonhos, vago após a morte da moradora anterior.
A mudança acontece, e tudo parece lindo e maravilhoso, até que a campainha toca. Minnie Castevet é uma senhora de idade avançada, de voz irritante, roupas fora de moda e muito bisbilhoteira. A partir daí as coisas começam a ficar interessantes.
Com o passar do tempo, Rosemary se vê cada vez mais distante do marido, que, por sua vez, está cada vez mais próximo dos estranhos Castevets. Rosemary não gosta muito dos vizinhos, e isso só faz aumentar o conflito entre ela e o marido.
O filme é longo, e tem um ritmo lento. Quem procura ação frenética e espirros de sangue pelas paredes, com certeza vai se decepcionar. Mas quem quer apreciar um grande filme, onde os acontecimentos se sucedem de forma harmoniosa e tensa, precisa ver esse filme.
O sofrimento da protagonista durante a gravidez é angustiante, e se colocar na posição de Rosemary, vendo todos agirem como se as coisas “estranhas” que acontecem com seu organismo fossem normais, é algo aterrador.
Quando o martírio de Rosemary chega ao seu limite, há uma virada no jogo, e as coisas passam a parecer mais “normais”. Mas, quando ela recebe um livro, presente de um velho amigo, revelações assustadoras lhe são atiradas contra a face.
A partir desse momento a tensão fica mais forte, e mais saborosa. Rosemary começa a fazer uma série de descobertas, e se vê cada vez mais acuada, o que nos faz sentarmos na beiradinha da poltrona e ansiar pela próxima cena. E o que instiga o espectador não é a descoberta, mas o destino da protagonista. Queremos pegar a mão de Rosemary e ajudá-la a correr, correr como nunca, para o mais distante possível.
Os minutos finais conservam o clima tenso, que vai em uma ascendente com a expectativa da grande revelação. E no fim, Rosemary.....
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-2-o.html
O Iluminado é um filme de Stanley Kubrick adaptado do romance homônimo de Stephen King, e acompanha um recorte da vida de Jack Torrance, desempregado e escritor frustrado, que aceita um trabalho como vigia de um grande hotel de luxo que fecha durante o severo inverno do local.
Jack vê no trabalho a oportunidade de finalmente escrever seu romance e, ao mesmo tempo, garantir uma boa renda sem muito esforço. Mas suas expectativas não podiam ser mais frustradas.
O filme começa com uma panorâmica aérea, seguindo o carro de Jack em direção ao hotel. A trilha sonora e a paisagem gelada e desértica são suficientes para um pequeno frio na barriga. Assim que Jack entra no hotel, fica evidente o estilo inigualável de filmar de Kubrick, o traveling suave e preciso; a nitidez absurda; a iluminação perfeita; e a fotografia colorida e ao mesmo tempo opaca.
Na sequencia temos a primeira aparição de Danny, com seu olhar assustadoramente perdido, ao lado de uma Shelley Duvall já sofrida e aterrorizada pela loucura de um diretor perfeccionista.
A família finalmente se acomoda no hotel, e então...
Quem nunca viu O Iluminado, e não conhece nada a respeito, pode esperar um hotel mal assombrado por fantasmas carregando foices e facas de cozinha, mas nada disso acontece, não nesse filme. Há aparições, é claro. Mas cada uma delas é perturbadora sem precisar apelar para carnificina. Na verdade, são mais assustadoras que qualquer filme e terror que transborde à violência e sadismo.
E, deixando de lado as “aparições”, temos o ponto mais assustador do filme, que não é devido a forças sobrenaturais ou maníacos assassinos, e sim a uma fragilidade humana a qual todos somos propensos: A Loucura.
Na medida em que os dias passam, o personagem de Jack Nicholson mergulha em uma mudança drástica em seu comportamento, passando a ser temido até mesmo pela esposa.
Claro que há coisas terrivelmente assustadoras no filme, como o passeio solitário do pequeno Danny pelos corredores do hotel, tendo como trilha sonora apenas o ruído das rodas de seu triciclo contra o assoalho; as gêmeas aterrorizantes com seus vestidos azul e branco; e até mesmo o mar de sangue que inexplicavelmente jorra das portas do elevador. Mas o que mais amedronta é a loucura de Jack. Spielberg que me perdoe, mas nem mesmo a genial trilha sonora de duas notas composta por John Williams para Tubarão é mais angustiante que o som solitário daquela bola de tênis que encontra a parede e volta para as mãos de Jack incessantemente.
Há quem critique a performance ímpar de Shelley Duvall, mas sabemos que aquilo é medo puro e autêntico. Talvez não do marido enlouquecido, mas do Diretor carrasco que insistia em lhe atormentar em busca da tomada parfeita. Mas, ainda assim, é medo, e medo dos bons.
A atuação do pequeno Danny Lloyd também é algo extraordinário, pois nos afeta muito mais que qualquer criança histérica e amedrontada.
Stanley Kubrick fez tudo isso com apenas duas mortes durante os 146 minutos de filme. E, diga-se de passagem, duas mortes totalmente “sem graça”. Isso só me faz crer que Kubrick faz muita falta, e que os novos diretores ainda têm muito a apreender sobre o que é um verdadeiro terror.
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2013/12/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-1-o.html
Bryan é um ex-agente da CIA que se aposentou para ficar mais próximo da filha. Seu casamento chegou ao fim em virtude de seu trabalho, e ele se tornou um pai solitário e super protetor, que tenta ganhar espaço na vida da filha, mas tem que competir com um padrasto milionário.
O filme se inicia calmo, mostrando a nova rotina de Bryan e sua relação conturbada com a ex-esposa. Mas logo, logo a coisa esquenta. Assim que descobre que sua filha fora raptada por traficantes de pessoas, ele assume uma personalidade no melhor estilo brucutu, e sai em uma caçada desesperada para salvar a filha e punir os responsáveis.
Liam Neeson é um grande ator, extremamente versátil e competente. Mas em “Busca Explosiva” ele se supera, dando-nos a impressão que o seu Bryan seria capaz de sozinho dar uma surra em toda a equipe de mercenários de Stallone.
A partir do momento em que o protagonista chega a Paris, vemos um sequencia desenfreada de ação frenética e muito bem executada. Bryan não perde tempo e não se preocupa em ter escrúpulos. Ele simplesmente “bota pra quebrar”, literalmente.
A velocidade com que as coisas acontecem deixa o espectador sem ar, e faz o filme ser interessante e prender a atenção do início ao fim. Liam Neeson convence como o maior “Bad Motherfucker” de todos os tempos, e entra de corpo e alma na pele de um cara impossível de não se temer.
O espírito “custe o que custar” do protagonista também chama atenção, mostrando que está disposto a fazer qualquer coisa para resgatar sua filha. Isso fica evidente na cena em que ele atira contra uma mulher totalmente inocente, apenas para alcançar seu objetivo.
O roteiro é bem amarrado e enxuto, sem sobrar nem faltar. Eu, particularmente, sou fã de Luc Besson, e acho que é um diretor/roteirista que sabe como ninguém retratar o submundo francês com competência e habilidade ímpar. Quem não conhece o diretor tem que assistir alguns de seus clássicos, como “O profissional” e “Nikita”.
Busca Implacável é um filme tenso, violento, e extremamente divertido.
BAD ASS repete a corajosa proeza de Robert Rodriguez em entregar um papel principal a um dos atores mais feios da história. E, não, eu não estou falando do Willem Dafoe.
O filme é dirigido por Craig Moss, responsável pelos “assustadores” 30 Noites de Atividade Paranormal com a Filha dos Homens que Não Amavam as Mulheres (2013); Um Virgem De 41 Anos Ligeiramente Em Apuros (2010); e A Saga Molusco – Anoitecer (2012). Mas, apesar de um currículo constrangedor, Moss entrega um filme que pode superar as expectativas.
Vamos analisar o cenário. Imagine Danny Trejo, agora imagine-o com uma senhora barba, uma camiseta com os dizeres “I AM A BAD MOTHERFUCKER” e descendo o cacete em dois skinheads idiotas. Agora, me diga: tem como dar errado? Claro que não, a diversão está garantida.
Mas Bad Ass vai além disso, e mostra um Danny Trejo que a maioria das pessoas não conhece. Apesar de ser um cara durão, que distribui porradas a torto e a direito quando necessário, o protagonista desse filme é um homem pacato, que tenta apenas sobreviver depois de se voltar da guerra e ver que não tem nada. O próprio personagem diz, em mais de uma ocasião: “não sou um homem violento”. No entanto, todos temos um gatilho que ascende o estopim. E Frank Veja chega ao seu limite quando, após perder a mãe, vê seu melhor amigo ser assassinado e a policia não fazer nada a respeito
As cenas de ação são empolgantes, e o sangue digital espirra à vontade das bocas arrebentadas. Ainda podemos ver que Trejo é bem mais que um brutamontes com cara de mal, e que é capaz de interpretar um personagem diferente de seus costumeiros vilões impiedosos e violentos. Piadas bem colocadas e na dose certa se mesclam com cenas violentas e momentos de reflexão.
O filme é bem produzido e contorna com competência suas restrições de orçamento. Além disso, tem coisas geniais, com um grafite do seu madruga nos ótimos créditos iniciais, uma perseguição entre dois ônibus e nos fazer entender por que uma mulher jovem e bonita beijaria um sujeito com a aparência de Danny Trejo.
E, pasmem, o filme é inspirado em um fato real de um senhor chamado Thomas Bruso que deu uma surra em um “folgado” dentro de um ônibus e se tornou um fenômeno na internet.
Publicado originalmente em http://desarranjocerebral.blogspot.com.br/2013/12/critica-bad-ass-acima-da-lei.html
Lançado no longínquo ano de 1998, o filme escolhido para essa árdua tarefa é “Cinderela Baiana”, a estréia de Carla Perez no cinema, e o responsável pela sua aposentadoria na carreira de atriz.
Cinderela Baiana é ousado desde sua concepção, pois mescla realidade e ficção em uma única obra, onde a protagonista e a atriz principal se fundem e se confundem na trama.
Carla Perez estrela a película no papel de Carlinha, uma garota pobre que vive com seus pais no limite extremo da pobreza no sertão da Bahia. Apesar da vida miserável em que viviam, os pais de Carlinha se mantinham íntegros e humanitários, como se vê logo na primeira cena, onde a protagonista, ainda criança, dorme no chão batido do casebre da família. O pai da menina a salva da investida de uma serpente que passeava sorrateira sobre a pequena criança. O homem, mesmo com fome, se recusa a se alimentar da serpente, e, usando seus talentos artísticos, faz o réptil desaparecer em uma demonstração absurda de ilusionismo.
Logo na sequencia, somos alertados para a importância da educação, onde o pai de Carlinha menciona que estuda em uma escola noturna, sacrificando o alimento da própria filha em detrimento da sagrada educação.
Enquanto o pai trabalha, a meiga criança de madeixas douradas acompanha a mãe até a estrada que passa próximo a sua casa, onde a mulher tapa os buracos no asfalto na esperança de obter alguns trocados dos caminhoneiros que passam por ali. Nesse momento, vemos a personalidade iluminada da pequena, que mesmo com fome, e assistindo à mãe se humilhar por míseros trocados, retira uma alegria milagrosa do âmago de seu ser, e saracoteia seu corpinho em movimentos rebolatórios cheios de pureza e luz, anunciando o que ela viria a se tornar no futuro.
Desde o início do filme, percebemos uma forte tosse na mãe da pequena, o que, no cinema brasileiro, significa que a morte se aproxima. Após ser humilhada pelas crianças que disputavam com ela os trocados atirados sobre o pavimento, numa clara crítica ao preconceito contra os idosos, a sofrida mulher vai a óbito, deixando a pobre Carlinha sozinha com o Pai.
Mas nem só de desgraças é feita a vida da nossa pequena heroína, e, no mesmo dia em que perde a esposa, seu pai recebe a notícia de que conseguira um emprego na capital, onde também ganhara uma bolsa de estudos na gloriosa escola de contabilidade de Salvador. – Destaque para a interpretação sensacional do portador da notícia, em seu fusca quatro rodas.
Quando a família, agora reduzida a dois membros, parte para a capital baiana, há um salto temporal. Mas não um salto temporal qualquer. O diretor Conrado Sanchez (dos anteriores: A Menina e o Estuprador, A Menina e o Cavalo, e Como Afogar o Ganso), mostra como é arrojado e revolucionário, fazendo a montagem de filmes como Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, e Amnésia, de Christopher Nolan, parecerem extremamente conservadoras. Sanchez nos leva no futuro onde o tempo não é o mesmo para cada personagem. Enquanto para o pai de Carlinha 3 anos se passaram, para a protagonista percebemos um avanço de pelo menos 10 anos.
Entramos então em uma nova realidade, onde épocas diferentes coexistem e interagem entre si em um mesmo espaço. É então que somos apresentados a incrível dupla Bucha e Chico, este último em uma interpretação reveladora de Lázaro Ramos, que, desde já, mostrava ao que veio. Os dois, assim como Carlinha, são adolescentes de vinte poucos anos que, apesar de viverem em extrema pobreza na favela dos alagados, não trabalham e nem têm a intenção de fazê-lo.
Surge uma amizade entre as 3 crianças velhas, que (como diria o locutor da seção da tarde) formam uma turminha muito irada que vai se meter em muitas confusões.
Depois de sofrer algumas humilhações por sua condição paupérrima, fazer sua dancinha da sorte para uma vendedora de acarajés, e mostrar como a fome passa rapidinho quando se começa a rebolar, a pequena e inocente Carla é descoberta pelo produtor de shows Pierre, numa interpretação inacreditável de Perry Sales, que superou qualquer ator no mundo inteiro na categoria overacting. (Jack Nicholson deve ter morrido de inveja)
A jovem e inocente dançarina cai nos encantos do amante latino de meia idade e bigodes protuberantes e acaba indo morar com ele. O sucesso da menina é imediato, e logo está fazendo turnês pela Europa e mostrando seu talento glúteo por todo o globo. No entanto, sem entender a ferocidade do show bizz, Carlinha se vê explorada por seu empregador, que chega a marcar dois shows em países diferentes no mesmo dia, novamente desafiando as dimensões do espaço tempo.
Quando a nova estrela descobre o amor em um jovem cantor de pagode, ela vê a fúria de Pierre, que manda seus capangas darem uma lição no cantor galanteador, em uma sequencia que, certamente, viria a inspirar os grandes filmes de ação dos anos seguintes, com golpes revolucionários e um estilo de luta que desafia a física.
Desiludida com a atitude de Pierre, e finalmente enxergando a maldade do mundo, Carlinha rompe com seu empregador e decide se dedicar a causas humanitárias – destaque para a criança no hospital que é soterrada por presentes e não consegue nem se mexer de tanta emoção – junto com seus velhos amigos Chico e Bucha, os quais ela havia vilipendiado depois de alcançar fama e riqueza.
Após esse emocionante clímax, temos um desfecho tocante e misterioso. Carlinha volta às suas origens e exorciza seus antigos demônios, contagiando com sua luz rebolativa até mesmo policiais de elite e freiras, que se juntam a crianças famintas e descobrem a saciedade da fome através do rebolado.
Cinderela Baiana foi esquecido pela crítica, alvo de deboche pelo público e desprezado pela academia. Uma enorme injustiça para uma obra tão relevante que poderia ter revolucionado o cinema com sua originalidade e espontaneidade. Carla Perez já fazia o que Sacha Baron Cohen fez em Borat há muitos anos, e, infelizmente, não teve o merecido reconhecimento.
Postagem original completa em http://desarranjocerebral.blogspot.com.br/2013/10/os-maravilhosos-classicos-esquecidos-da.html
“O lado bom da vida” foi vendido como uma comédia romântica, e isso me fez demorar bastante a ver o filme. Felizmente, depois de tal propaganda enganosa, fui surpreendido.
Inicialmente a história acompanha a vida de Pat a partir da saída de um hospício. A interpretação de Bradley Cooper mostra um homem inseguro, instável e cheio de esperanças vazias. Pat é um personagem muito interessante, mas a trama ganha muito quando os outros personagens entram em cena.
Pat é maluco, o pai de Pat é maluco, o amigo indiano é maluco, a cunhada do amigo é maluca. Todos são loucos, e é na loucura que a humanidade de cada um floresce, em suas fragilidades e vulnerabilidades. E quando dois loucos se juntam pra fazer alguma coisa – qualquer coisa –, sabemos que problemas virão.
A história se destaca por fugir do lugar comum do romance meloso, dos desencontros enfadonhos de casais apaixonados, e mostra a descoberta de si mesmo pelos personagens.
Jennifer Lawrence está ótima, e não levou uma estatueta dourada a toa. De Niro faz um pai supersticioso e viciado em apostas de forma magistral, e até Cris Tucker, ainda que cômico, pode ser levado a sério.
Destaque para duas cenas fantásticas: 1. O surto de Pat ao não encontrar seu vídeo de casamento. Ao som de Led Zeppelin! 2. A dança híbrida no final do filme. Sensacional!
Zack Snyder está entre meus diretores favoritos. Claro que não no nível A+, onde estão Scorsese, Tarantino, Kubrick, entre outros, mas em um lugar bem especial. Snyder sempre chamou minha atenção por possuir uma assinatura visual muito forte e muito interessante. Em 300, por exemplo, a qualidade visual é tudo, diferente de obras como “Cães de Aluguel”, que se sustentam apenas pelo roteiro, onde a técnica cinematográfica em si é um mero detalhe. “O Homem de Aço” é um filme onde eu não consegui enxergar a assinatura do diretor que tanto gosto(pode ser vergonhoso, mas eu queria ver o Superman em slow motion), não que isso seja um demérito, mas significa algo, se bom ou ruim: veremos.
O filme começa com uma representação de Krypton que é densa, sombria, e visualmente deslumbrante – característica de Snyder. Os acontecimentos iniciais explicam satisfatoriamente o envio do pequeno Kal-El à terra, e os questionamentos eventualmente suscitados são respondidos em um momento mais à frente.
Após uma excelente introdução, somos apresentados a um Clark Kent já adulto, procurando respostas, procurando sua própria identidade. Em paralelo, flash back’s mostram momentos chave de sua infância e adolescência. São trechos curtos, bem filmados, e que poderiam ser mais explorados em detrimento das longas sequências de ação que vêm a seguir.
O momento em que Clark/Kal-El encontra as respostas pelas quais ansiou por toda sua vida é bom, e responde perguntas que o espectador também se faz nos primeiros minutos de projeção. O modo como ele conhece a repórter Louis Lane também é interessante, se diferenciando da história narrada nos filmes clássicos, tornando-a mais verossímil.
A partir daí, a ameaça, representada pelo fanático General Zod, toma conta do filme até o fim. Então a crise de identidade do protagonista é deixada em segundo plano, e somos tomados de assalto por uma sequencia de sequências de ação desenfreada por um longo período. O que mantêm a qualidade do filme é a maestria como tais cenas de ação são conduzidas, com uma técnica competente, as sequencias empolgam, são bem executadas e exibidas em um visual claro e belo. Mérito do diretor.
O desfecho é bom e deixa uma esperança de um filme da Liga da Justiça com a direção de Snyder.
O Homem de Aço não é um filme excepcional como outras obras do diretor, mas é um bom filme, e mostra que Zack Snyder sabe fazer um filme grandioso, sabe destruir uma cidade de uma forma visualmente agradável, e sabe que cuecas são usadas por baixo das calças e não o contrário.
Rango
3.6 1,6K Assista Agora“Rango” é um dos meus filmes de animação prediletos, isso porque não é apenas um filme de animação. Na história, acompanhamos a desventura de um camaleão doméstico que se perde no deserto e vai parar em um pequeno povoado no melhor estilo velho oeste. Lá, com sua habilidade para a falácia, acaba convencendo a todos que é um assassino destemido, e logo é nomeado xerife. Mas sua falsa coragem não tarda a ser posta à prova.
Pra começo de conversa, é impossível falar de “Rango” sem mencionar a incrível qualidade gráfica. A animação consegue ser extremamente realista, e ainda assim fluída. Apesar de ser um filme infantil (há controvérsias), não há criaturas fofinhas e bonitinhas, os personagens de “Rango” são bizarros, caricatos, e cheios de humor negro. Eu diria que as crianças podem se divertir com o filme, mas os adultos com certeza se divertirão mais.
Todos os elementos dos filmes de western também estão ali, só que mais divertido, mais leve, apesar do tom sombrio que se disfarça em meio os gracejos da história.
Além de tudo isso, o filme aborda temas complexos como o controle das massas, a corrupção, o abuso de poder; e, especialmente interessante para nós brasileiros, a falta de água. A questão da água como é tratada no filme pode gerar importantes reflexões, além de alertar às pessoas que as verdades ditas nem sempre são verdadeiras.
Um destaque especial é merecida à aparição do “Espirito do Oeste”, que os entendedores saberão a quem se refere a fantástica homenagem prestada.
Por fim, basta dizer que Rango é um filme para crianças inteligentes de todas as idades, tecnicamente fabuloso, muito divertido e capaz de causar sensações que vão da gargalhada ao arrepio.
Assistam, e cuidem bem da sua água.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/11/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-26.html
Garota Exemplar
4.2 5,0K Assista Agora“Garota Exemplar” é o mais recente trabalho do diretor David Fincher, adaptado do romance homônimo de Gillian Flynn. Li o livro há algum tempo atrás (resenha aqui), e foi uma fantástica experiência, tanto como leitor quanto como pretenso escritor.
David Fincher é um diretor cujo talento é inquestionável, em seu currículo temos filmes fantásticos e icônicos, e é desnecessário citá-los. Seu trabalho é de um apuro técnico impressionante, conseguindo sempre ótimos resultados em suas adaptações. Em Garota Exemplar, além de ter uma grande história em mãos, Fincher contou ainda com um roteiro escrito pela própria autora do livro, o que garantiu a maior fidelidade possível ao original. Obviamente, tive o desprazer de ouvir leitores dizendo: “o livro tem mais detalhes!”. Prefiro ignorar quem se recusa a entender que cinema e literatura são mídias diferentes.
O filme, assim com o livro, e contado sob duas perspectivas diferentes, Nick e Amy, e em cronologias distintas, ao menos a maior parte da história. Esse recurso deixa o clima de tensão crescer em uma ascendente que a cada minuto apenas aguça mais a curiosidade do expectador. Não há respostas fáceis, não há dicas da verdade, apenas uma sucessão de acontecimentos que só faz instigar.
Quando a primeira revelação é “jogada” na tela, há um choque, mas, a despeito do que muitos possam pensar, as respostas ainda não foram todas dadas, e as surpresas continuam de forma chocante, com direito a um belíssimo banho de sangue e uma navalha na jugular de alguém.
O final é excelente, mórbido e ligeiramente angustiante, e provavelmente deixará muitos inconformados. Eu adorei.
As interpretações são consistentes, com destaque para Rosamund Pike. Alguns criticam um pouco o Ben Affleck, outros criticam muito. Eu me satisfiz com sua ininterpretação.
Sobre a técnica cinematográfica, só posso dizer que Fincher sabe traduzir sensações com imagens. O filme é lento, necessariamente lento, e isso colabora com a tensão, ajuda a transmitir com eficiência o estado do relacionamento do casal. Algumas críticas alegaram que o filme se estende por demais, e eu continuo discordando, pois os minutos que se seguem ao desfecho são de uma melancolia angustiante. Eu realmente adoro coisas angustiantes.
Super recomendado, esse filme deveria ser obrigatório em qualquer curso de noivos.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/10/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-25.html
A Encruzilhada
4.0 273 Assista Agora“A Encruzilhada” é um filme lançado no ano em que nasci, mas não é por isso que se tornou um dos meus filmes prediletos. A obra é obrigatória para todos os fãs de boa música, aspirantes a guitarristas e apreciadores de um bom cinema.
No filme, se misturam história, ficção e lenda. Eugene é um estudante de violão clássico em uma renomada escola de música, mas nutre uma paixão irrefreável pelo blues, o que o faz partir em busca da lendária 29ª canção de Robert Johnson. Para que não conhece, Robert Johnson foi um lendário guitarrista de blues; segundo a lenda, ele fez um pacto com o Diabo para se tornar o maior guitarrista de todos os tempos.
Nesse busca, Eugene encontra Willie Brow, parceiro de Johnson de outras eras. Aí começa a aventura.
A interação entre o jovem guitarrista e o Brow rende ótimos momentos. A personalidade do velho gaitista é rude e mal humorada, contrastando com a inocência e ingenuidade de Eugene.
A trilha sonora de Ry Cooder é fantástica e Ralph Macchio (Sim, é o Daniel Sam) consegue convencer muito bem em sua “dublagem” com a guitarra e o violão.
O desfecho é arrebatador, com um duelo de guitarras fantástico contando com o inigualável Steve Vai.
Assista agora, e tente não repetir a dose logo em seguida.
P.s. : na primeira vez que assisti, não me aguentei e vi de novo no dia seguinte.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/07/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-21.html
Planeta dos Macacos: A Origem
3.8 3,2K Assista AgoraEsse “Planeta dos Macacos” é um prequel da famosa franquia iniciada no ano de 1968, que por sua vez foi baseada no romance do autor francês Pierre Boulle, La planète des singes.
A trama acompanha a jornada de um cientista em busca da cura do mal de Alzheimer, através de experimentos com símios. Não vamos falar sobre a trama, já que basta assistir aos trailers, que farão esse trabalho com muito mais eficácia que eu.
Pois bem, “Planeta dos Macacos: A origem” dá novo fôlego à série, deixando para trás a releitura não muito bem sucedida de Tim Burton, e trazendo uma nova história. Vemos acontecimentos passados muito tempo antes da franquia original, que nos explicam como o mundo chegou ao ponto de ser dominado pelos “macacos” em detrimento da raça humana.
O filme tem um ritmo muito bom, se mantendo interessante e dinâmico durante toda sua duração. As atuações estão à altura da qualidade do roteiro, com destaque para John Lithgow, que nos brinda com um personagem extremamente verossímil e bem conduzido em seus altos e baixos.
Aqui temos um filme que trás tudo o que hollywood gosta, com perseguições, batalhas, e destruição, mas sem perder o foco da história e sem sacrificar o roteiro. Há diversos pontos de reflexão, acerca da ética, do amor, da liberdade, da liderança, do preconceito e da maldade.
Tecnicamente, contamos com uma tecnologia espantosa. Semelhante com o que aconteceu no ótimo Avatar, a técnica de captura de movimento é usada de forma fabulosa. Todas as expressões atores são transportadas com perfeição para personagens virtuais absurdamente realista.
Mas, o destaque maior é para a interpretação de Andy Serkis, no papel de César. A ator soube transmitir com beleza ímpar os sentimentos do personagem ao passar por uma transição, um momento de descobertas e aprendizado.
A ascensão de César de um adolescente protegido pelo pai para um líder de inteligência superior é muito bem retratada, e gradativa na medida certa (e permitida para o formato).
A sequência final é empolgante, muito bem planejada e executada, culminando em um desfecho excelente. Ainda há uma cena adicional, com um ótimo, e nada forçado, gancho para a sequência.
“Planeta dos Macacos: A Origem” é um filme que consegue agradar aos espectadores apreciadores do bom cinema e aos produtores apreciadores do bom dinheiro.
Assista.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/08/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-22.html
Planeta dos Macacos: O Confronto
3.9 1,8K Assista AgoraSequência direta de “Planeta dos Macacos: A Origem”, “O Confronto” nos apresenta uma Terra em caos. Um vírus dizimou grande parte da população, enquanto os macacos, agora organizados e liderados por César, tem sua morada longe dos humanos. Mas, como não podia deixar de ser, isso não dura muito tempo.
O filma já se inicia com uma grande cena, que esbanja qualidade nos efeitos especiais, trazendo agora uma nova paisagem, e com um foco muito maior nos símios. O que já havíamos visto na captura de movimentos de Andy Serkis, agora se expande, com ótimas interpretações transportadas para outros personagens, destaque para Koba (Toby Kebbell) e Maurice (Karin Konoval).
Aqui vemos um César mais endurecido e sábio, e um sinal mais claro de que os macacos podem vir a ser a raça dominante muito em breve.
A retratação da Terra praticamente pós-apocalíptica não é nova, mas é bem executada e cumpre seu papel com qualidade. E vemos com verossimilhança uma sociedade que luta para sobreviver em um mundo onde as possibilidades estão contra ela.
Extremamente interessante como é abordada a nova sociedade formada pelos macacos, os conflitos que surgem são totalmente cabíveis, a exemplo da história da humanidade, onde sempre conseguimos uma maneira de interromper a paz.
O conflito entre humanos entre macacos mostra que as duas espécies são mais parecidas que pensamos, como o próprio César diz, em determinado momento do filme.
A tecnologia novamente é deslumbrante, dando vida a personagens extremamente realistas, saídos diretos da tela do computador para a tela do cinema.
A batalha final é intensa, bem executada e de tirar o fôlego. O desfecho deixa possibilidades de uma sequência, mas que não é necessária.
Ótimo filme, super recomendado.
Obs.: César tem o cruzado de direita mais forte da história. ;)
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/08/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-22.html
Cão vs. Cão
3.0 16Este não é um filme para pessoas de estomago fraco. Não, não é. Sé você quer um filme divertido, com ação alucinante e malabarismos impossíveis, esse não é um filme para você; vá assistir carga explosiva e seja feliz. Cão Vs. Cão é um filme Brutal, sim, Brutal. Eu poderia procurar diversos adjetivos para classificar a obra, mas a palavra que mais se adequa, creio eu, e a que mais veio à minha mente durante todo o filme foi essa.
Brutal.
Nos primeiros segundos de exibição já levamos um soco no estômago, assistindo um vídeo amador de uma criança se alimentando de restos em um lixão. Mas não pense que é um lixão tipo “Avenida Brasil”. Um lixão de verdade. E essa cena inicial é mais violenta e Brutal (palavrinha querida) que qualquer outra.
Em seguida, somos apresentados a Pang (Edison Chen), que viaja como clandestino em um barco. Em sua primeira aparição, Pang já mostra gestos inumanos, primitivos. O modo como ele apanha o alimento do chão e o devora é de uma crueza desconcertante. Destaque para a interpretação de Edison Chen, que é algo fantástico.
Aos poucos entendemos que Pang chegou à china para um trabalho, um assassinato. E esse primeiro crime cometido pelo protagonista é de uma tensão absurda, onde o diretor faz uso da falta de trilha sonora para aumenta-la exponencialmente.
Após um assassinato frio, entra em cena o policial Wai (Sam Lee). Wai tem um comportamento controverso, procura cumprir a lei, pegar os bandidos, mas faz uso de violência excessiva e parece não se importar muito com as regras. A partir daí entramos em um jogo violento de gato e rato, onde Wai quer pegar o marginal a qualquer custo, e Pang só quer voltar pra casa com o dinheiro do trabalho. Com o decorrer do filme descobrimos que Wai também tem seus próprios demônios para exorcisar.
Na medida em que os acontecimentos se desenrolam, percebemos que Pang não tem ciência de moral, de certo ou errado. Pang é a violência, e matar para ele é banal. Assim, essa perseguição vai deixando um rastro de corpos no caminho.
Mas, a despeito de seu comportamento animal, somos apresentados a uma outra faceta de Pang, quando ele encontra uma jovem molestada pelo pai em um ferro velho. De uma forma torta, os dois criam uma ligação. A partir daí, forma-se no espectador um sentimento dúbio. Quem é o mocinho? Quem é o bandido?
A terceira parte do filme é angustiante, e mostra os dois lados de Pang, concomitantemente. E tudo ruma a um desfecho catastrófico, tenso, e, novamente, BRUTAL! Não espere um final feliz, espera apenas algo... Brutal.
Assista! Mas não me responsabilizo por eventuais traumas.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/05/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-17.html
Snatch: Porcos e Diamantes
4.2 1,1K Assista Agora"Snatch: Porcos e Diamantes” é o segundo longa metragem do cineasta inglês Guy Ritchie, e vem consagrar seu sucesso obtido com seu filme de estreia, “Jogos, trapaças e dois canos fumegantes”.
A partir da narração do Turco, vivido por Jason Statham, conhecemos o submundo londrino e uma gama de personagens caricatos e interessantes, com nomes inusitados e ainda mais interessantes. Não há um protagonista no filme, no entanto, isso não importa, apenas deixa a coisa mais dinâmica e divertida.
Inicialmente somos apresentados à rotina dos diversos personagens, e à medida que o filme avança, surgem as ligações entre eles. Mesmo que alguns nem se encontrem, suas histórias estão ligadas de alguma forma.
Guy Ritchie emprega técnicas que podem ser reconhecidas como assinaturas ímpares dos seus trabalhos, como enquadramentos inusitados, cortes rápidos, alternância entre slow e fast motion, além da narração em off que apresenta aquele estranho universo ao espectador sem parecer um documentário do History Channel.
O elenco está espetacular, mas é preciso destacar a interpretação de Brad Pitt. O cigano Mickey O'Neil é responsável pelos momentos mais divertidos do filme, e também pelo mais dramático, sendo que suas ações são determinantes para o rumo da história. A cena de sua última luta de boxe é incrível, onde Ritchie abusa dos slow’s e fast’s de uma forma fabulosa.
A trilha sonora foi escolhida a dedo, e casa perfeitamente com o clima das cenas e a fotografia saturada e desbotada do filme.
Snatch é um filme inteligente, ágil e com um humor inglês refinado. E um dos responsáveis por colocar Guy Ritchie entre meus cineastas prediletos. E, apesar de adorar seus filmes de Sherlock Holmes, torço para que ele volte logo a fazer filmes autorais.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/05/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-16.html
A Outra História Americana
4.4 2,2K Assista Agora“A Outra História Americana” é um filme singular, uma obra inteligente e bem executada, com ótimas interpretações e uma história inesquecível.
Edward Norton protagoniza o filme com seu brilhantismo costumeiro, entregando uma interpretação visceral, e aparecendo irreconhecível como um skinhead frio e sanguinário. Edward Furlong em um dos melhores, senão o melhor filme de sua carreira. (James Cameron que me perdoe).
Derek é o “líder” de um grupo de skinheads, que é preso após assassinar um jovem negro que roubava seu carro e, diga-se de passagem, um dos assassinatos mais brutais do cinema. Na cadeia, ele passa por maus bocados, e começa a questionar o grupo radical do qual faz parte.
Enquanto isso, acompanhamos Danny, irmão caçula de Derek, seguindo os mesmos passos tortos do irmão e lembrando da trajetória deste até o presente. Com flash backs em preto e branco tomamos conhecimento de como Derek se tornara um monstro neo-nazista e como sua metamorfose impactou sua família.
A história como um todo é um verdadeiro soco no estomago, e mostra como jovens são alienados e convertidos ao ódio irracional, se virando uns contras os outros sem o menor motivo plausível.
As mudanças de perspectiva de Derek podem parecer repentinas, ou bruscas demais, e de fato são. No entanto, isso ocorre em prol da história, e é necessário para que a experiência do espectador seja mais brutal e completa.
A violência está presente, mas é muito mais sensorial do que gráfica. Não há sangue em demasia nem brutalidade física exagerada, e sim um clima denso e sufocante, um mal estar causado pelas cenas exibidas que vai muito além de violência gráfica.
Em um país tão segregado quando os Estados Unidos da America, “A Outra História America” é uma obra corajosa e verdadeira. Arte genuína e sem reservas hipócritas.
O final é brutal, triste e necessário. Nada mais, nada menos seria aceitável. Um retrato de redenção e consequências. Uma obra obrigatória a todos que admiram um bom cinema, e para qualquer um que ainda tenha a ideia deturpada que as pessoas se diferenciam pela cor de suas peles.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/04/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-13_17.html
Santos Justiceiros
3.9 157“Santos Justiceiros” conta a história dos irmãos MacManus; religiosos, trabalhadores, e extremamente unidos. Em uma briga de bar, acabam matando alguns criminosos, e começam a pensar o quão fácil foi aquilo, e o quão útil e necessário seria se dessem continuidade a esse trabalho. A partir dai, Connor e Murphy passam a se dedicar a “limpar” Boston da escória criminosa que assola a região.
Troy Duffy, em sua primeira experiência cinematográfica, entrega um filme ímpar, dosando de forma competente ação, humor e reflexão social. A obra proporciona muita diversão, e certo regozijo justiceiro no expectador, mas também trata de um assunto sério que, mesmo 15 anos após o lançamento do filme, é extremamente atual. Os casos de justiceiros ocorridos recentemente no Brasil são prova disso.
Quando os irmãos justiceiros começam a chamar atenção, entre em cena um policial interpretado de forma espetacular por Willem Dafoe, que protagoniza momentos brilhantes e absurdamente divertidos, mostrando toda sua versatilidade como ator.
O modo como os protagonistas perpetuam as execuções, quase como um ritual, é genial, e rende uma das cenas mais legais do cinema, bem ao fim do filme. A maneira como se atrapalham em seu primeiro “trabalho” planejado proporciona maior verossimilhança à obra, e aproxima os protagonistas aos cidadãos comuns, como você e eu.
Santos justiceiros é um filme que, se você ainda não assistiu, precisa fazê-lo já.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/04/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-15.html
Clube da Luta
4.5 4,9K Assista AgoraClube da Luta é a adaptação cinematográfica do genial livro de mesmo nome, dirigida por David Fincher e estrelada por Edward Norton e Brad Pitt.
Começamos conhecendo o protagonista sem nome interpretado por Norton, e seu sofrimento em virtude de uma incurável insônia. Acompanhamos a rotina do personagem até que ele encontre Tyler Durden, um vendedor de sabonetes com ideias revolucionárias e idealistas. A partir daí uma amizade improvável começa a se construir.
O filme, assim como o livro, é contado o ponto de vista do protagonista, e apresenta uma trama intrincada, cheia de mistérios. Filmado com primor, une a experiência de Fincher com videoclipes à escrita sarcástica e genial de Palahniuk. Desse modo, o que vemos na tela é uma história fantástica, forte, violenta, e reflexiva; onde nada é gratuito nem exagerado.
O filme conta com um elenco inspirado, onde Edward Norton e Brad Pitt entregam uma das melhores interpretações de suas carreiras.
Além de ser um entretenimento fabuloso, Clube da Luta suscita questões importantes, e abre os olhos do cidadão comum para os vícios da sociedade, e o quão inúteis e desnecessários são para um vida plena.
Tyler Durden é um bandido que vemos como herói, um ponto fora da curva. E é interpretado de forma magistral. Os conflitos entre os dois personagens principais são muito bem trabalhados e muitas vezes refletem os nossos próprios conflitos internos.
O desfecho é arrebatador e terminamos a exibição com a certeza que todos nós precisamos de nosso próprio clube da luta.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/04/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-13.html
As Duas Faces de um Crime
4.1 1,0K Assista AgoraAs Duas Faces de um Crime é um filme estadunidense dirigido por Gregory Holblit, baseado no romance de William Diehl.
A exibição já começa tensa, com um iniciante Edward Norton em uma fuga desesperada, coberto de sangue e com um olhar de pavor estampado no rosto. Isso é apenas o começo de uma trama inteligente e bem elaborada.
O jovem, brilhantemente interpretado por Norton, é o principal suspeito do crime, mas parece tão frágil e desprotegido que é quase impossível acreditar que seria capaz de cometer um crime tão bárbaro.
Logo o caso chama a atenção da grande mídia, e um grande advogado, movido por seu incomensurável ego inflado, se oferece para defender o acusado. A partir daí, seguimos uma investigação tensa e aguçada, cheia de segredos e revelações fascinantemente assustadoras.
O elenco é um diferencial, com Richard Gere competente como sempre e um estreante Edward Norton com uma interpretação simplesmente fantástica, e que já assinalava que ele viria a ser um dos mais brilhantes atores de sua geração.
O primeiro ponto de virada do filme nos revela uma verdade surpreendente acerca da personalidade do réu, enquanto acompanhamos a habilidade do personagem de Gere em defender seu cliente, manipulando os dispositivos legais e moldando a “realidade” ao seu bel prazer, e descobrimos as possíveis motivações e “justificativas“ para o crime.
O desfecho trás uma das cenas mais fantásticas de tribunais, e a cena seguinte – e final – nos brinda com mais uma reviravolta, algo simplesmente incrível e sombrio.
Um roteiro invejável, elenco fantástico e um dos finais mais legais do cinema. As Duas Faces de um Crime é absolutamente recomendado a todos aqueles que preferem um bom filme a assistir a novela das nove.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/03/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-12.html
Following
4.0 302 Assista AgoraFollowing é o primeiro longa metragem de Christopher Nola; uma produção independente de baixíssimo orçamento. Já em sua estreia, Nolan mostra a que veio e por que se tornara um dos maiores diretores da atualidade.
Nosso protagonista é um suposto escritor que, sem inspiração para suas obras, cria o hábito de seguir pessoas aleatórias. No entanto, nenhum resultado é percebido. As coisas mudam em sua vida quando o escritor segue um misterioso homem, que descobre ser um ladrão de apartamentos.
O criminoso e o escritor criam uma relação, e passam a realizar alguns furtos em conjunto. Mas o ladrão não é apenas um ladrão, e as coisas ficam estranhas e fogem ao controle do protagonista.
O filme foi gravado em preto e branco, em 16mm, onde o próprio Nolan assumiu a função de protagonista. O clima é de contínuo suspense, e predominantemente noir, com direito a uma loira fatal e bandidos vestindo ternos alinhados.
O roteiro é impecável e associado a uma montagem não linear que deixa tudo mais interessante. Nolan conseguiu o louvável feito de usar o baixo orçamento ao seu favor, e fez um filme brilhante.
Durante quase toda a exibição, uma miríade de dúvidas paira na mente do espectador, misturando tensão e curiosidade. O desfecho é esclarecedor e estarrecedor, e mostra que um bom roteiro vale mais que qualquer orçamento milionário.
Obrigado, Nolan!
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/03/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-11.html
Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros
3.0 2,2K Assista AgoraAbraham Lincoln - Caçador de Vampiros é baseado no livro homônimo de Seth Grahame-Smith, e é o que chamam de “mash-up histórico”; uma história que mistura ficção com fatos reais. Na obra em questão nos é apresentado o passado do ex-presidente Estadunidense Abraham Lincoln, onde atuou como um caçador de vampiros em busca de vingança pela morte da mãe.
O filme dividiu opiniões da crítica. Alguns acharam ruim, outros acharam péssimo. Eu, sinceramente, adorei.
A primeira cena apresenta o pequeno Abe, já na infância manejando um machado com destreza. Seu senso de justiça já presente, e o colocando em problemas. Após a morte de sua mãe pela ação de um vampiro, Lincoln cresce com uma sede de vingança insaciável. Assim que seu pai também se vai, ele parte para tão esperada revanche.
A obra é tecnicamente incrível. Logo na primeira cena temos uma fotografia iluminada, uma imagem clara e agradável aos olhos. Timur alterna entre a luminosidade e as trevas, de acordo com o que o momento pede, e o faz com extrema competência, o que já tínhamos conferido no ótimo “O procurado.
As cenas de ação são empolgantes, com coreografias inteligentes e filmadas com maestria. Realmente um banquete visual aos apreciadores de um cinema bem executado.
O amadurecimento e a passagem do jovem Lincoln para o presidente Lincoln é feita de uma forma sensível, e a interpretação de Benjamin Walker me surpreendeu. Pela proposta do filme, esperava algo galhofeiro, mais cômico, mas o Lincoln foi muito bem interpretado, verossímil, desde a postura até a entonação da voz.
Mesmo não sendo a grande obra-prima da sétima arte, Abraham Lincoln - Caçador de Vampiros entretém, diverte, e empolga. Eu recomendo a todos aqueles que admiram o cinema, independente de suas intenções.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/03/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-9.html
Todo Mundo Quase Morto
3.7 979 Assista AgoraAntes de qualquer consideração, comentário ofensivo, ou coisas do gênero, que fique bem claro que “Todo Mundo Quase Morto” é um filme feito para divertir, e que o faz muito bem. No entanto, não apenas de diversão é feita a Obra.
O filme começa acompanhando a rotina de Shaun, que vive acomodado com sua vida. Um namoro monótono, um emprego adolescente e uma moradia compartilhada com amigos da adolescência.
Os trinta minutos iniciais de filme são muito bem elaborados, onde Edgar Wright exibe uma técnica arrojada, com cortes rápidos e enquadramentos precisos, que em certos momentos lembram Aronofsky em Réquiem Para um Sonho, mas em um contexto muito menos profundo e mais divertido.
Enquanto compartilhamos a vida de Shaun, os indícios da infestação são revelados no background, ainda que o protagonista passe alheio a eles. Quando, de fato, os personagens percebem o que está acontecendo, evoluem de pobres idiotas para patetas completos, e assim a diversão começa pra valer.
A reação de Shaun e seu grupo é extremamente infantil e mal pensada, e rende grandes e memoráveis momentos. Nick Frost incorpora um idiota dos bons, e nos faz torcer a cada minuto para que seja mordido. A aparição de Bill Nighy é uma das mais assustadoras do filme, e trás uma melancolia sadicamente divertida.
Apesar de ser uma grande sátira, o filme é feito com profissionalismo, com efeitos visuais competentes, fotografia límpida e enquadramentos interessantes. Temos uma trilha sonora muito bem escolhida, e a melhor utilização na história de uma música do Queen.
Mas meu aplauso maior pertence a Simon Pegg, que é brilhante, transitando em momentos hilários e emoções inacreditavelmente convincentes. Além de assinar o roteiro, ganha o filme com o seu primor de interpretação.
Todo Mundo Quase Morto é extremamente recomendado para todos que gostam de tripas, sangue, e risadas.
http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/02/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-7.html
A Profecia
3.9 587 Assista AgoraA criança está morta.
Assim se inicia A Profecia, na penumbra do banco de trás de um taxi percorrendo as ruas de Roma na noite escura.
Ele respirou apenas por um momento.
A criança está morta.
A criança está morta.
Com o objetivo de preservar a esposa, Robert, insuflado por um padre pra lá de assustador, decide substituir seu filho morto que acabara de nascer por um órfão nascido no mesmo dia, e no mesmo hospital. Mas dessa decisão amargaria terríveis consequências.
Logo após a adoção, Richard Donner nos mostra uma sequencia de fotos de momentos felizes, avançando no tempo e mostrando o crescimento do pequeno Damien, ao som de uma trilha sonora secretamente sombria.
Mas, coisas estranhas começam a acontecer, a partir do aniversário de 5 anos da misteriosa criança, onde a babá demonstra um comportamento possessivo em relação à ele, e, logo depois, protagoniza uma cena mórbida e bizarra perante todos os convidados da festa.
Em seguida, um padre aborda Robert, dizendo coisas confusas e proféticas. Robert não acredita nas palavras do religioso de aparência atormentada e desesperada, mas os acontecimentos seguintes falarão por si, até que o pai adotivo entenda o tipo de trama sinistra na qual estava envolvido.
A Profecia é um filme que se caracteriza mais pelo clima tenso que permeia toda sua duração que propriamente por cenas de susto ou carnificinas. A trilha sonora ajuda a compor um ambiente opressivo e claustrofóbico, fazendo o expectador manter sua atenção nos acontecimentos.
Quando Robert, enfim decide procurar uma solução para aquele problema, de ter o Filho do Diabo debaixo de seu teto, nos envolvemos em uma rede de descobertas fascinantes, envolvendo uma profecia macabra.
O filme tem um ritmo lento, contudo, necessário, e em nenhum momento cansativo. As informações vêm em doses homeopáticas, sendo possível digeri-las com muita atenção e cuidado.
Apesar de, na maior parte do filme, Damien não faça nada de mal, a expressão de seu rosto e seu olhar são arrepiantes. Mérito do ator (na época) mirim Harvey Stephens, que interpretou o personagem com uma competência assustadora.
Na busca de Robert por respostas, encaramos os momentos mais tensos do filme, com padres sinistros, um cemitério assustador, e cães ferozes que parecem ter vindo direto do inferno.
Todos esses acontecimentos levam a história em uma ascendente até um final estarrecedor, contudo, fantástico.
Absolutamente recomendável para quem gosta de filmes tensos, inteligentes, e ligeiramente assustadores.
Dispensável para quem gosta de filmes cheios de sangue e sustinhos que te fazem pular da cadeira. Para esses eu recomendo qualquer terror barato escondido nos fundos de uma locadora em franca decadência.
publicado originalmente em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-6.html
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraA Pele que Habito” é um filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar, baseado no romance “Tarântula”, de Thierry Jonquet, e mostra a história do cirurgião plástico Robert Ledgard, em uma trama extremamente angustiante.
O filme se inicia acompanhando a rotina na mansão de Ledgard, onde, aparentemente, ele mantém uma paciente como prisioneira. Os fatos se seguem de uma forma obscura, onde a expectativa pelo entendimento do que realmente está acontecendo naquela casa impera.
Ledgard tem uma personalidade sombria, e suas perturbações são um mistério. A paciente, por sua vez, tem uma história não contada, um passado desconhecido, o que torna o suspense cada vez mais intenso e desconcertante.
Depois de determinados acontecimentos ligeiramente bizarros, sabemos um pouco mais sobre o passado do cirurgião e, logo em seguida, um salto temporal nos leva ao passado, e acontecimentos, inicialmente desconexos com o presente, se desenrolam rumo a revelações arrepiantes.
Somente por volta de 80 minutos de filme, o cerne da trama é revelado, e, devo confessar, é simplesmente assustador. O mais impressionante é que, ao contrário do que acontece normalmente em um suspense, a revelação é o que torna o filme mais angustiante. A partir daí, uma sensação de consternação toma conta do espectador, que passa a lidar com a difícil tarefa de digerir a verdade recém-descoberta.
Após a grande revelação, a tensão se dá muito mais pelo que aconteceu que pelos fatos vindouros, e o final é exibido ainda com o gosto angustiante dos acontecimentos passados.
A montagem não linear foi fundamental para manter o clima de tensão e o suspense por todo o filme, e sem ela determinados acontecimentos e revelações não seriam tão impactantes.
O elenco é impecável. Antônio Banderas está ótimo na pele do protagonista, sem exageros nem excessos, construindo muito bem a personalidade sombria e ligeiramente insana de Robert Ledgard. Elena Anaya é fantástica, o que se acentua após a metade do filme, conseguindo desdobrar a personalidade de sua personagem com maestria. E o último, mas não menos importante, destaque é Marisa Paredes, a fiel empregada de Robert, que parece compartilhar com o patrão sua loucura, perfazendo uma cúmplice perfeita.
“A Pele que Habito” é um filme surpreendente, e super recomendado.
Simplesmente Genial!
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-4.html
O Bebê de Rosemary
3.9 1,9K Assista AgoraO Bebê de Rosemary é um filme de Roman Polanski baseado no romance de Ira Levin, lançado em 1968.
A obra se inicia com uma panorâmica da cidade de Nova York, com os créditos iniciais sendo exibidos em elegantes letras cor-de-rosa. Algo romântico e bucólico. Rosemary e seu marido estão visitando apartamentos para se mudarem, e encontram o imóvel dos sonhos, vago após a morte da moradora anterior.
A mudança acontece, e tudo parece lindo e maravilhoso, até que a campainha toca. Minnie Castevet é uma senhora de idade avançada, de voz irritante, roupas fora de moda e muito bisbilhoteira. A partir daí as coisas começam a ficar interessantes.
Com o passar do tempo, Rosemary se vê cada vez mais distante do marido, que, por sua vez, está cada vez mais próximo dos estranhos Castevets. Rosemary não gosta muito dos vizinhos, e isso só faz aumentar o conflito entre ela e o marido.
O filme é longo, e tem um ritmo lento. Quem procura ação frenética e espirros de sangue pelas paredes, com certeza vai se decepcionar. Mas quem quer apreciar um grande filme, onde os acontecimentos se sucedem de forma harmoniosa e tensa, precisa ver esse filme.
O sofrimento da protagonista durante a gravidez é angustiante, e se colocar na posição de Rosemary, vendo todos agirem como se as coisas “estranhas” que acontecem com seu organismo fossem normais, é algo aterrador.
Quando o martírio de Rosemary chega ao seu limite, há uma virada no jogo, e as coisas passam a parecer mais “normais”. Mas, quando ela recebe um livro, presente de um velho amigo, revelações assustadoras lhe são atiradas contra a face.
A partir desse momento a tensão fica mais forte, e mais saborosa. Rosemary começa a fazer uma série de descobertas, e se vê cada vez mais acuada, o que nos faz sentarmos na beiradinha da poltrona e ansiar pela próxima cena. E o que instiga o espectador não é a descoberta, mas o destino da protagonista. Queremos pegar a mão de Rosemary e ajudá-la a correr, correr como nunca, para o mais distante possível.
Os minutos finais conservam o clima tenso, que vai em uma ascendente com a expectativa da grande revelação. E no fim, Rosemary.....
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2014/01/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-2-o.html
Questão de Tempo
4.3 4,0K Assista AgoraUm cara que viaja no tempo, por um "dom" hereditário. Encontra a mulher da sua vida viajando, Rachel McAdams.
Eu acho que já vi esse filme! :(
Cade o Eric Bana?
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraO Iluminado é um filme de Stanley Kubrick adaptado do romance homônimo de Stephen King, e acompanha um recorte da vida de Jack Torrance, desempregado e escritor frustrado, que aceita um trabalho como vigia de um grande hotel de luxo que fecha durante o severo inverno do local.
Jack vê no trabalho a oportunidade de finalmente escrever seu romance e, ao mesmo tempo, garantir uma boa renda sem muito esforço. Mas suas expectativas não podiam ser mais frustradas.
O filme começa com uma panorâmica aérea, seguindo o carro de Jack em direção ao hotel. A trilha sonora e a paisagem gelada e desértica são suficientes para um pequeno frio na barriga. Assim que Jack entra no hotel, fica evidente o estilo inigualável de filmar de Kubrick, o traveling suave e preciso; a nitidez absurda; a iluminação perfeita; e a fotografia colorida e ao mesmo tempo opaca.
Na sequencia temos a primeira aparição de Danny, com seu olhar assustadoramente perdido, ao lado de uma Shelley Duvall já sofrida e aterrorizada pela loucura de um diretor perfeccionista.
A família finalmente se acomoda no hotel, e então...
Quem nunca viu O Iluminado, e não conhece nada a respeito, pode esperar um hotel mal assombrado por fantasmas carregando foices e facas de cozinha, mas nada disso acontece, não nesse filme. Há aparições, é claro. Mas cada uma delas é perturbadora sem precisar apelar para carnificina. Na verdade, são mais assustadoras que qualquer filme e terror que transborde à violência e sadismo.
E, deixando de lado as “aparições”, temos o ponto mais assustador do filme, que não é devido a forças sobrenaturais ou maníacos assassinos, e sim a uma fragilidade humana a qual todos somos propensos: A Loucura.
Na medida em que os dias passam, o personagem de Jack Nicholson mergulha em uma mudança drástica em seu comportamento, passando a ser temido até mesmo pela esposa.
Claro que há coisas terrivelmente assustadoras no filme, como o passeio solitário do pequeno Danny pelos corredores do hotel, tendo como trilha sonora apenas o ruído das rodas de seu triciclo contra o assoalho; as gêmeas aterrorizantes com seus vestidos azul e branco; e até mesmo o mar de sangue que inexplicavelmente jorra das portas do elevador. Mas o que mais amedronta é a loucura de Jack. Spielberg que me perdoe, mas nem mesmo a genial trilha sonora de duas notas composta por John Williams para Tubarão é mais angustiante que o som solitário daquela bola de tênis que encontra a parede e volta para as mãos de Jack incessantemente.
Há quem critique a performance ímpar de Shelley Duvall, mas sabemos que aquilo é medo puro e autêntico. Talvez não do marido enlouquecido, mas do Diretor carrasco que insistia em lhe atormentar em busca da tomada parfeita. Mas, ainda assim, é medo, e medo dos bons.
A atuação do pequeno Danny Lloyd também é algo extraordinário, pois nos afeta muito mais que qualquer criança histérica e amedrontada.
Stanley Kubrick fez tudo isso com apenas duas mortes durante os 146 minutos de filme. E, diga-se de passagem, duas mortes totalmente “sem graça”. Isso só me faz crer que Kubrick faz muita falta, e que os novos diretores ainda têm muito a apreender sobre o que é um verdadeiro terror.
Post completo em http://romances-para-te-fazer-feliz.blogspot.com.br/2013/12/o-que-eu-assisti-nessa-sexta-feira-1-o.html
Busca Implacável
4.0 1,3K Assista AgoraBryan é um ex-agente da CIA que se aposentou para ficar mais próximo da filha. Seu casamento chegou ao fim em virtude de seu trabalho, e ele se tornou um pai solitário e super protetor, que tenta ganhar espaço na vida da filha, mas tem que competir com um padrasto milionário.
O filme se inicia calmo, mostrando a nova rotina de Bryan e sua relação conturbada com a ex-esposa. Mas logo, logo a coisa esquenta. Assim que descobre que sua filha fora raptada por traficantes de pessoas, ele assume uma personalidade no melhor estilo brucutu, e sai em uma caçada desesperada para salvar a filha e punir os responsáveis.
Liam Neeson é um grande ator, extremamente versátil e competente. Mas em “Busca Explosiva” ele se supera, dando-nos a impressão que o seu Bryan seria capaz de sozinho dar uma surra em toda a equipe de mercenários de Stallone.
A partir do momento em que o protagonista chega a Paris, vemos um sequencia desenfreada de ação frenética e muito bem executada. Bryan não perde tempo e não se preocupa em ter escrúpulos. Ele simplesmente “bota pra quebrar”, literalmente.
A velocidade com que as coisas acontecem deixa o espectador sem ar, e faz o filme ser interessante e prender a atenção do início ao fim. Liam Neeson convence como o maior “Bad Motherfucker” de todos os tempos, e entra de corpo e alma na pele de um cara impossível de não se temer.
O espírito “custe o que custar” do protagonista também chama atenção, mostrando que está disposto a fazer qualquer coisa para resgatar sua filha. Isso fica evidente na cena em que ele atira contra uma mulher totalmente inocente, apenas para alcançar seu objetivo.
O roteiro é bem amarrado e enxuto, sem sobrar nem faltar. Eu, particularmente, sou fã de Luc Besson, e acho que é um diretor/roteirista que sabe como ninguém retratar o submundo francês com competência e habilidade ímpar. Quem não conhece o diretor tem que assistir alguns de seus clássicos, como “O profissional” e “Nikita”.
Busca Implacável é um filme tenso, violento, e extremamente divertido.
Publicado originalmente em http://goo.gl/t5OhX0
Bad Ass: Acima da Lei
2.9 150 Assista AgoraBAD ASS repete a corajosa proeza de Robert Rodriguez em entregar um papel principal a um dos atores mais feios da história. E, não, eu não estou falando do Willem Dafoe.
O filme é dirigido por Craig Moss, responsável pelos “assustadores” 30 Noites de Atividade Paranormal com a Filha dos Homens que Não Amavam as Mulheres (2013); Um Virgem De 41 Anos Ligeiramente Em Apuros (2010); e A Saga Molusco – Anoitecer (2012). Mas, apesar de um currículo constrangedor, Moss entrega um filme que pode superar as expectativas.
Vamos analisar o cenário. Imagine Danny Trejo, agora imagine-o com uma senhora barba, uma camiseta com os dizeres “I AM A BAD MOTHERFUCKER” e descendo o cacete em dois skinheads idiotas. Agora, me diga: tem como dar errado? Claro que não, a diversão está garantida.
Mas Bad Ass vai além disso, e mostra um Danny Trejo que a maioria das pessoas não conhece. Apesar de ser um cara durão, que distribui porradas a torto e a direito quando necessário, o protagonista desse filme é um homem pacato, que tenta apenas sobreviver depois de se voltar da guerra e ver que não tem nada. O próprio personagem diz, em mais de uma ocasião: “não sou um homem violento”. No entanto, todos temos um gatilho que ascende o estopim. E Frank Veja chega ao seu limite quando, após perder a mãe, vê seu melhor amigo ser assassinado e a policia não fazer nada a respeito
As cenas de ação são empolgantes, e o sangue digital espirra à vontade das bocas arrebentadas. Ainda podemos ver que Trejo é bem mais que um brutamontes com cara de mal, e que é capaz de interpretar um personagem diferente de seus costumeiros vilões impiedosos e violentos. Piadas bem colocadas e na dose certa se mesclam com cenas violentas e momentos de reflexão.
O filme é bem produzido e contorna com competência suas restrições de orçamento. Além disso, tem coisas geniais, com um grafite do seu madruga nos ótimos créditos iniciais, uma perseguição entre dois ônibus e nos fazer entender por que uma mulher jovem e bonita beijaria um sujeito com a aparência de Danny Trejo.
E, pasmem, o filme é inspirado em um fato real de um senhor chamado Thomas Bruso que deu uma surra em um “folgado” dentro de um ônibus e se tornou um fenômeno na internet.
Publicado originalmente em http://desarranjocerebral.blogspot.com.br/2013/12/critica-bad-ass-acima-da-lei.html
Cinderela Baiana
2.0 1,1KLançado no longínquo ano de 1998, o filme escolhido para essa árdua tarefa é “Cinderela Baiana”, a estréia de Carla Perez no cinema, e o responsável pela sua aposentadoria na carreira de atriz.
Cinderela Baiana é ousado desde sua concepção, pois mescla realidade e ficção em uma única obra, onde a protagonista e a atriz principal se fundem e se confundem na trama.
Carla Perez estrela a película no papel de Carlinha, uma garota pobre que vive com seus pais no limite extremo da pobreza no sertão da Bahia. Apesar da vida miserável em que viviam, os pais de Carlinha se mantinham íntegros e humanitários, como se vê logo na primeira cena, onde a protagonista, ainda criança, dorme no chão batido do casebre da família. O pai da menina a salva da investida de uma serpente que passeava sorrateira sobre a pequena criança. O homem, mesmo com fome, se recusa a se alimentar da serpente, e, usando seus talentos artísticos, faz o réptil desaparecer em uma demonstração absurda de ilusionismo.
Logo na sequencia, somos alertados para a importância da educação, onde o pai de Carlinha menciona que estuda em uma escola noturna, sacrificando o alimento da própria filha em detrimento da sagrada educação.
Enquanto o pai trabalha, a meiga criança de madeixas
douradas acompanha a mãe até a estrada que passa próximo a sua casa, onde a mulher tapa os buracos no asfalto na esperança de obter alguns trocados dos caminhoneiros que passam por ali. Nesse momento, vemos a personalidade iluminada da pequena, que mesmo com fome, e assistindo à mãe se humilhar por míseros trocados, retira uma alegria milagrosa do âmago de seu ser, e saracoteia seu corpinho em movimentos rebolatórios cheios de pureza e luz, anunciando o que ela viria a se tornar no futuro.
Desde o início do filme, percebemos uma forte tosse na mãe da pequena, o que, no cinema brasileiro, significa que a morte se aproxima. Após ser humilhada pelas crianças que disputavam com ela os trocados atirados sobre o pavimento, numa clara crítica ao preconceito contra os idosos, a sofrida mulher vai a óbito, deixando a pobre Carlinha sozinha com o Pai.
Mas nem só de desgraças é feita a vida da nossa pequena heroína, e, no mesmo dia em que perde a esposa, seu pai recebe a notícia de que conseguira um emprego na capital, onde também ganhara uma bolsa de estudos na gloriosa escola de contabilidade de Salvador. – Destaque para a interpretação sensacional do portador da notícia, em seu fusca quatro rodas.
Quando a família, agora reduzida a dois membros, parte para a capital baiana, há um salto temporal. Mas não um salto temporal qualquer. O diretor Conrado Sanchez (dos anteriores: A Menina e o Estuprador, A Menina e o Cavalo, e Como Afogar o Ganso), mostra como é arrojado
e revolucionário, fazendo a montagem de filmes como Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, e Amnésia, de Christopher Nolan, parecerem extremamente conservadoras. Sanchez nos leva no futuro onde o tempo não é o mesmo para cada personagem. Enquanto para o pai de Carlinha 3 anos se passaram, para a protagonista percebemos um avanço de pelo menos 10 anos.
Entramos então em uma nova realidade, onde épocas diferentes coexistem e interagem entre si em um mesmo espaço. É então que somos apresentados a incrível dupla Bucha e Chico, este último em uma interpretação reveladora de Lázaro Ramos, que, desde já, mostrava ao que veio. Os dois, assim como Carlinha, são adolescentes de vinte poucos anos que, apesar de viverem em extrema pobreza na favela dos alagados, não trabalham e nem têm a intenção de fazê-lo.
Surge uma amizade entre as 3 crianças velhas, que (como diria o locutor da seção da tarde) formam uma turminha muito irada que vai se meter em muitas confusões.
Depois de sofrer algumas humilhações por sua condição paupérrima, fazer sua dancinha da sorte para uma vendedora de acarajés, e mostrar como a fome passa rapidinho quando se começa a rebolar, a pequena e inocente Carla é descoberta pelo produtor de shows Pierre, numa interpretação inacreditável de Perry Sales, que superou qualquer ator no mundo inteiro na categoria overacting. (Jack Nicholson deve ter morrido de inveja)
A jovem e inocente dançarina cai nos encantos do amante latino de meia idade e bigodes protuberantes e acaba indo morar com ele. O sucesso da menina é imediato, e logo está fazendo turnês pela Europa e mostrando seu talento glúteo por todo o globo. No entanto, sem entender a ferocidade do show bizz, Carlinha se vê explorada por seu empregador, que chega a marcar dois shows em países diferentes no mesmo dia, novamente desafiando as dimensões do espaço tempo.
Quando a nova estrela descobre o amor em um jovem cantor de pagode, ela vê a fúria de Pierre, que manda seus capangas darem uma lição no cantor galanteador, em uma sequencia que, certamente, viria a inspirar os grandes filmes de ação dos anos seguintes, com golpes revolucionários e um estilo de luta que desafia a física.
Desiludida com a atitude de Pierre, e finalmente enxergando a maldade do mundo, Carlinha rompe com seu empregador e decide se dedicar a causas humanitárias – destaque para
a criança no hospital que é soterrada por presentes e não consegue nem se mexer de tanta emoção – junto com seus velhos amigos Chico e Bucha, os quais ela havia vilipendiado depois de alcançar fama e riqueza.
Após esse emocionante clímax, temos um desfecho tocante e misterioso. Carlinha volta às suas origens e exorciza seus antigos demônios, contagiando com sua luz rebolativa até mesmo policiais de elite e freiras, que se juntam a crianças famintas e descobrem a saciedade da fome através do rebolado.
Cinderela Baiana foi esquecido pela crítica, alvo de deboche pelo público e desprezado pela academia. Uma enorme injustiça para uma obra tão relevante que poderia ter revolucionado o cinema com sua originalidade e espontaneidade. Carla Perez já fazia o que Sacha Baron Cohen fez em Borat há muitos anos, e, infelizmente, não teve o merecido reconhecimento.
Postagem original completa em http://desarranjocerebral.blogspot.com.br/2013/10/os-maravilhosos-classicos-esquecidos-da.html
O Lado Bom da Vida
3.7 4,7K Assista Agora“O lado bom da vida” foi vendido como uma comédia romântica, e isso me fez demorar bastante a ver o filme. Felizmente, depois de tal propaganda enganosa, fui surpreendido.
Inicialmente a história acompanha a vida de Pat a partir da saída de um hospício. A interpretação de Bradley Cooper mostra um homem inseguro, instável e cheio de esperanças vazias. Pat é um personagem muito interessante, mas a trama ganha muito quando os outros personagens entram em cena.
Pat é maluco, o pai de Pat é maluco, o amigo indiano é maluco, a cunhada do amigo é maluca. Todos são loucos, e é na loucura que a humanidade de cada um floresce, em suas fragilidades e vulnerabilidades. E quando dois loucos se juntam pra fazer alguma coisa – qualquer coisa –, sabemos que problemas virão.
A história se destaca por fugir do lugar comum do romance meloso, dos desencontros enfadonhos de casais apaixonados, e mostra a descoberta de si mesmo pelos personagens.
Jennifer Lawrence está ótima, e não levou uma estatueta dourada a toa. De Niro faz um pai supersticioso e viciado em apostas de forma magistral, e até Cris Tucker, ainda que cômico, pode ser levado a sério.
Destaque para duas cenas fantásticas:
1. O surto de Pat ao não encontrar seu vídeo de casamento. Ao som de Led Zeppelin!
2. A dança híbrida no final do filme. Sensacional!
“O lado bom da vida” é extremamente recomendado.
Originalmente em: http://desarranjocerebral.blogspot.com.br/2013/09/critica-o-lado-bom-da-vida.html
O Homem de Aço
3.6 3,9K Assista AgoraPublicado em: http://desarranjocerebral.blogspot.com/2013/07/critica-o-homem-de-aco.html
Zack Snyder está entre meus diretores favoritos. Claro que não no nível A+, onde estão Scorsese, Tarantino, Kubrick, entre outros, mas em um lugar bem especial. Snyder sempre chamou minha atenção por possuir uma assinatura visual muito forte e muito interessante. Em 300, por exemplo, a qualidade visual é tudo, diferente de obras como “Cães de Aluguel”, que se sustentam apenas pelo roteiro, onde a técnica cinematográfica em si é um mero detalhe. “O Homem de Aço” é um filme onde eu não consegui enxergar a assinatura do diretor que tanto gosto(pode ser vergonhoso, mas eu queria ver o Superman em slow motion), não que isso seja um demérito, mas significa algo, se bom ou ruim: veremos.
O filme começa com uma representação de Krypton que é densa, sombria, e visualmente deslumbrante – característica de Snyder. Os acontecimentos iniciais explicam satisfatoriamente o envio do pequeno Kal-El à terra, e os questionamentos eventualmente suscitados são respondidos em um momento mais à frente.
Após uma excelente introdução, somos apresentados a um Clark Kent já adulto, procurando respostas, procurando sua própria identidade. Em paralelo, flash back’s mostram momentos chave de sua infância e adolescência. São trechos curtos, bem filmados, e que poderiam ser mais explorados em detrimento das longas sequências de ação que vêm a seguir.
O momento em que Clark/Kal-El encontra as respostas pelas quais ansiou por toda sua vida é bom, e responde perguntas que o espectador também se faz nos primeiros minutos de projeção. O modo como ele conhece a repórter Louis Lane também é interessante, se diferenciando da história narrada nos filmes clássicos, tornando-a mais verossímil.
A partir daí, a ameaça, representada pelo fanático General Zod, toma conta do filme até o fim. Então a crise de identidade do protagonista é deixada em segundo plano, e somos tomados de assalto por uma sequencia de sequências de ação desenfreada por um longo período. O que mantêm a qualidade do filme é a maestria como tais cenas de ação são conduzidas, com uma técnica competente, as sequencias empolgam, são bem executadas e exibidas em um visual claro e belo. Mérito do diretor.
O desfecho é bom e deixa uma esperança de um filme da Liga da Justiça com a direção de Snyder.
O Homem de Aço não é um filme excepcional como outras obras do diretor, mas é um bom filme, e mostra que Zack Snyder sabe fazer um filme grandioso, sabe destruir uma cidade de uma forma visualmente agradável, e sabe que cuecas são usadas por baixo das calças e não o contrário.
Que venha Man of Steel II