O mundo "completamente novo" proposto por Avatar: Hollywood imagina, em algum lugar do universo, povos originários idênticos aos da Terra (o azul é o máximo que se tem para "fantasiar"). Ou melhor: não povos originários idênticos aos da Terra, mas idênticos ao que Hollywood sempre pensou sobre eles.
como é de se esperar, o americano médio é a gente comum, desleixada, esnobe, mal-educada, sarcástica. os outros é que são os estranhos. como é de se esperar: comum mesmo, óbvio mesmo é esse tipo de cinema.
manual de como querer ser sombrio e terminar sendo um daqueles filmes c de criaturas mágicas com jeito de game. é, não dá pra confiar em enredos sobrenaturais que envolvam bolinhas de luz. vai ver a equipe "loser" envolvida estivesse com medo de construir um terror autêntico. deveria ser assombrada por pennywise pela eternidade.
como um objetozinho de plástico esquecido no fundo de uma loja chinesa, que, de repente, a gente olha, se encanta e passa a se apoiar na ternura e no amargor desse encanto.
spielberg tão triste e tão perdido, corroborando sem querer toda a melancolia do seu mundo imaginário e querendo fazer acreditar, a essas alturas da vida, que vale dividir o mundo entre real e ilusório.
além dos 80 anos, o artista (não obrigatoriamente) percebe que pode poetizar a mesma história, os mesmos gestos e lugares, pois nenhum deles jamais é poesia o bastante. quando esse artista, acomodado e ativo, arrisca no tom, quando se encanta por cor e luz ainda não tentadas, aí ocorre festa. calma e rápida.
que preguiça ser um personagem do terrence malick de hoje em dia! a gente teria que viver num mundo girando em vertigem. teria que existir só em meio a perguntas, sem escutar ninguém, sem achar resposta pra nada. a luz sempre ofuscaria os olhos e nada de grito: teríamos um probleminha vocal obrigando a sussurrar o dia todo. qualquer carinho, qualquer salgado, qualquer passeio bacana, cada pessoa nova que cruzasse o caminho, tudo duraria menos que o prazer e já teríamos que pular pra situação seguinte. os joelhos iriam doer de tanto cambalear e eu ou me magoaria ou ficaria embasbacado de encantamento com tudo. e, no fundo, bem no fundo, a vida seria tão besta, tão sem nada especial.
o caso encantador de um realizador que conseguiu fazer seus atores interpretarem (muito bem) digitando no whatsapp e fazendo busca no youtube. um sincero passo adiante na arte de filmar narrativas contemporâneas com naturalidade.
um filme tão, tão envelhecido e estancado exatamente onde os americanos se descobriram seguros, competentes e conformados. para além disso, ou justo por isso, tudo funciona.
ao mesmo tempo que nunca deixa de ser uma das fontes de poesia mais poderosas, o cinema atual - um certo cinema atual - tem a capacidade incrível de secar, de dissolver, de reduzir a um quase nada mesmo ideias imensas e assombrosas como isto aqui. que pena, que pena...
como um poema pequenininho, com duas ou três palavras por verso. montes de coisas banais, lindas e despreocupadas, protegendo ocasionais estranhos no ninho da poesia. obra fora de seu tempo: política o tempo todo, mas que não grita. que toma partido de uma liberdade difícil e ainda consegue chamar todos os seus personagens para serem felizes.
esse lindo envelhecimento que toma alguns (bons) artistas em que parece não haver mais qualquer novidade estética, qualquer surpresa e isto não causa desgosto. em meio ao sublime mais-do-mesmo, mais uma tristeza profunda e desmedida de delicadeza.
Avatar: O Caminho da Água
3.9 1,3K Assista AgoraO mundo "completamente novo" proposto por Avatar: Hollywood imagina, em algum lugar do universo, povos originários idênticos aos da Terra (o azul é o máximo que se tem para "fantasiar"). Ou melhor: não povos originários idênticos aos da Terra, mas idênticos ao que Hollywood sempre pensou sobre eles.
Ou seja: nem como metáfora dá.
O Paraíso Deve Ser Aqui
3.7 50 Assista Agoracomo se jacques tati perdesse a esperança que ele nunca perdeu.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista Agoracomo é de se esperar, o americano médio é a gente comum, desleixada, esnobe, mal-educada, sarcástica. os outros é que são os estranhos. como é de se esperar: comum mesmo, óbvio mesmo é esse tipo de cinema.
It: Capítulo Dois
3.4 1,5K Assista Agoramanual de como querer ser sombrio e terminar sendo um daqueles filmes c de criaturas mágicas com jeito de game. é, não dá pra confiar em enredos sobrenaturais que envolvam bolinhas de luz. vai ver a equipe "loser" envolvida estivesse com medo de construir um terror autêntico. deveria ser assombrada por pennywise pela eternidade.
Benzinho
3.9 348 Assista Agoracomo um objetozinho de plástico esquecido no fundo de uma loja chinesa, que, de repente, a gente olha, se encanta e passa a se apoiar na ternura e no amargor desse encanto.
Alice
4.1 265as formas mais infantis de horripiliar. e, portanto, terrivelmente belas.
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista Agoraspielberg tão triste e tão perdido, corroborando sem querer toda a melancolia do seu mundo imaginário e querendo fazer acreditar, a essas alturas da vida, que vale dividir o mundo entre real e ilusório.
Roda Gigante
3.3 309além dos 80 anos, o artista (não obrigatoriamente) percebe que pode poetizar a mesma história, os mesmos gestos e lugares, pois nenhum deles jamais é poesia o bastante. quando esse artista, acomodado e ativo, arrisca no tom, quando se encanta por cor e luz ainda não tentadas, aí ocorre festa. calma e rápida.
De Canção Em Canção
2.9 373 Assista Agoraque preguiça ser um personagem do terrence malick de hoje em dia! a gente teria que viver num mundo girando em vertigem. teria que existir só em meio a perguntas, sem escutar ninguém, sem achar resposta pra nada. a luz sempre ofuscaria os olhos e nada de grito: teríamos um probleminha vocal obrigando a sussurrar o dia todo. qualquer carinho, qualquer salgado, qualquer passeio bacana, cada pessoa nova que cruzasse o caminho, tudo duraria menos que o prazer e já teríamos que pular pra situação seguinte. os joelhos iriam doer de tanto cambalear e eu ou me magoaria ou ficaria embasbacado de encantamento com tudo. e, no fundo, bem no fundo, a vida seria tão besta, tão sem nada especial.
O Ato de Matar
4.3 135o mundo (real, passado e presente) como se comentários de redes sociais - em especial os brasileiros - ganhassem vida própria e saíssem pras ruas.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista Agoranadar contra a corrente não como alternativa bizarra, mas como única possibilidade.
Personal Shopper
3.1 384 Assista Agorao caso encantador de um realizador que conseguiu fazer seus atores interpretarem (muito bem) digitando no whatsapp e fazendo busca no youtube. um sincero passo adiante na arte de filmar narrativas contemporâneas com naturalidade.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista Agorapara tecer poesia sobre uma vida de silêncio terrível, um cinema também calado, mas nunca mudo. ao contrário: explodindo em cada discrição.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista Agoraum filme tão, tão envelhecido e estancado exatamente onde os americanos se descobriram seguros, competentes e conformados. para além disso, ou justo por isso, tudo funciona.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista Agoraah esse ultranaturalismo americano, como um desenho bonito que alguém faz com um lápis num guardanapo qualquer.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista Agoraum filme do seu tempo: não é homenagem ao cinema do passado. é "homenagem" aos filmes que já faziam homenagem ao cinema do passado. quanto cansaço.
Elle
3.8 886caráter irretocável? ninguém, absolutamente ninguém tem aqui. nem o gatinho pra dar uma aliviada.
A Chegada
4.2 3,4K Assista Agoraao mesmo tempo que nunca deixa de ser uma das fontes de poesia mais poderosas, o cinema atual - um certo cinema atual - tem a capacidade incrível de secar, de dissolver, de reduzir a um quase nada mesmo ideias imensas e assombrosas como isto aqui. que pena, que pena...
Aquarius
4.2 1,9K Assista Agoraum filme de câncer (ou a velha e necessária ponte que a arte permite entre as intimidades mais recônditas e o abrir lento dos olhos para o mundo).
Vidas ao Vento
4.1 603 Assista Agoramiyazaki, em lugar de sonhar, ensinando de onde veem os sonhos. portanto, menos encanto, mas tanta beleza quanto o de sempre
Boi Neon
3.6 461como um poema pequenininho, com duas ou três palavras por verso. montes de coisas banais, lindas e despreocupadas, protegendo ocasionais estranhos no ninho da poesia. obra fora de seu tempo: política o tempo todo, mas que não grita. que toma partido de uma liberdade difícil e ainda consegue chamar todos os seus personagens para serem felizes.
Julieta
3.8 529 Assista Agoraesse lindo envelhecimento que toma alguns (bons) artistas em que parece não haver mais qualquer novidade estética, qualquer surpresa e isto não causa desgosto. em meio ao sublime mais-do-mesmo, mais uma tristeza profunda e desmedida de delicadeza.
Taurus
3.7 19um poema agoniado sobre o fim, composto de gemidos, dos gestos mais banais do cotidiano e de imensas tristezas no lugar de atores.
Carol
3.9 1,5K Assista Agoraque tristeza (no melhor dos sentidos).