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Meu Pai
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Argentina, 1985
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No ponto mais alto de ARGENTINA, 1985, o personagem magistralmente interpretado por Ricardo Darín - o promotor Júlio César Strassera - lê o equivalente às Alegações Finais no processo cível em que funciona e se apropria, com o devido crédito, de uma expressão que havia ganhado as ruas: NUNCA MAIS.
A expressão em causa é muito congruente com a lógica que preside julgamentos dessa magnitude - Srassera se refere ao Julgamento das Juntas [Militares] como a versão portenha do Tribunal de Nuremberg, em virtude de sua excepcionalidade: não se pode apagar o passado, mas se pode construir um futuro sem os mesmos erros.
Pelo mérito de remexer numa ferida ainda tão aberta para os argentinos já vale a pena assistir ao filme. Afinal, a ditadura ainda está na esquina da memória da maioria dos povos latinos.
Por outro lado, é sempre interessante ter uma ideia de como funcionam os atores do processo judicial em outras plagas, sobretudo porque é recorrente no imaginário popular o formato do tribunal de júri norte-americano, bem diferente do brasileiro, por exemplo, inclusive em termos de competência e rito processual.
Por fim, a direção de arte. Sem ser quesito de desfile de escola de samba, é Nota 10!
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A•v•a•s•s•a•l•a•d•o•r.
O filme de 2021 que chegou recentemente em canais de streaming é de uma beleza e sensibilidade únicas em torno de pessoa com doença degenerativa cerebral.
Apesar de não explicitamente dito, imagina-se tratar-se de alguém com Alzheimer.
O fato de a maioria maciça das cenas acontecer no apartamento de Anne, a filha com quem o pai do título (Anthony) vai morar, ajuda a imprimir e/ou restaurar uma marcação típica do teatro. (Não nos esqueçamos que a estória encerra, originalmente, uma peça.)
Certos enquadramentos mais se parecem uma obra de arte e creio ser proposital, já que em cada cômodo há uma peça digna de uma galeria, loja de antiguidades ou de penhor.
O mais interessante para mim é a multiplicidade de perspectivas: a quase todo momento uma mesma cena é revista com personagens em papéis distintos, apesar de corpos idênticos, o que imagino ser algo ínsito à condição.
Há uma mistura equilibrada de emoções, sensações e sentimentos e um dos grandes trunfos da película é mostrar como a (re)construção da memória é um processo falho e cheio de vieses cognitivos e morais, a todo tempo se digladiando com o Ego e o Superego.
Psicanalistas e psicólogos vão amar "Meu Pai"!