Mais uma história romântica às vistas do diretor chinês Wong Kar-Wai. A fotografia, a cargo de Christopher Doyle, é o que mais chama a atenção no longa, através de escolhas discretas e ao mesmo tempo íntimas, o que dialoga com a misancene e a construção das personagens, bem como com a essência do próprio enredo. Doyle e Wong Kar-Wai conseguem conduzir a estética do filme de forma confusa e compacta, misturando cenários e a própria ideia de tempo dentro da história. Essa sensação só é desconstruída quando o objetivo da história se torna claro, o que leva tempo. Daí adiante, a sensibilidade da relação entre as protagonistas é uma obra de arte. Outros pontos que valem ser destacados na obra é o panorama histórico de uma China dos anos 1960 e a estética dos detalhes de fotografia.
Este filme pode te fazer sentir raiva do Pedro almodóvar. Assistir a 'Ata-me' em 2020, visto que o longa romantiza uma relação abusiva e doentia entre as personagens, pode gerar frustração. Síndrome de Estocolmo define. Muito provavelmente vai criar expectativas de vingança em quem senta no sofá e assiste ao filme hoje, mas, no fim das contas, sem de fato saciar essa vontade. Muito pelo contrário. Em termos de estética, é tudo ainda muito incipiente. As cores quentes conversam e marcam sua presença, mas de maneira rascunhada. Já dá para notar as marcas típicas da fotografia dos filme do Almodóvar, mas com a misancene ainda discreta nesse sentido. As cores e a fotografia não são a marca principal do filme tão pouco inovador.
O filme de é baseado no HQ Sin city, do Frank Miller. Escrito e dirigido por Frank Miller, Roberto Rodríguez e Quentin Tarantino, o longa, além de um humor cômico misturado com sangue e violência, traz a imagem feminina representada de uma forma interessante. As mulheres desse filme são estrategistas, guerreiras, fatais e independentes. Ainda não é aquela representatividade feminina que hoje tanto se debate, mas cumpre bem seu papel ficcional ao estruturar de forma inteligente e densa uma cidade devastada pela escuridão e pela violência - sem falar no ar distopicos que paira pelas ruas escuras e misteriosas. Por esse motivo, o filme acaba lembrando muito os traços típicos de narrativas de historias em quadrinhos. Faz isso de um jeito sutil e inteligente, quase artísticos. E, por falar em arte, o preto e branco são essenciais para dar a identidade da obra. O tchan da coisa é quando, inclusive, essa máxima é desafiada com alguns detalhes em cores quentes em certos cenas, completando o aspecto artístico que o filme deixa como resumo seu.
Dirigido por Marcelo Gomes, este é um road movie (filme de estrada) que se passa no sertão nordestino. João Miguel interpreta Ranulpho, enquanto Peter Ketnath é Johann, um alemão fugido da Segunda Guerra que vaga pelo interior do Nordeste para vender aspirinas, usando o cinema de rua como recurso. A trama é complexa e transpassa diversos temas, mas que convergem num sentido único: como a intromissão de conceitos da cidade grande e, portanto, do mundo afora, chegam até o isolamento do sertão.
Nos primeiros 40 minutos, o filme se arrasta, não parece conter um objetivo. Os diálogos, as ações das personagens e a própria trama parece não se construir, o que pode causar impaciência no público. Porém, depois desse período, o enredo passa a ter um sentido mais claro. Os últimos 40 minutos são a melhor parte. A atuação de Streep e Hanks estavam muito boas. Essa primeira superando o segundo, que, apesar de muito bom, não passou disso. Quanto à Streep, é perceptível seu esforço para superar os trejeitos pessoais e incorporar uma personagem inédita - provavelmente pensando no Oscar. Quanto ao conteúdo, o filme possui algumas informações e curiosidades históricas interessantes para quem for bom(a) observador(a), como o procedimento gráfico de impressão nos anos 1960, por exemplo. A temática da censura prevalece, mas o que mais chama a atenção é a desigualdade de gênero, questão problematizada pelo roteiro. No geral, não é a produção do ano, mas é um ótimo e importante filme.
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Amor à Flor da Pele
4.3 500 Assista AgoraMais uma história romântica às vistas do diretor chinês Wong Kar-Wai. A fotografia, a cargo de Christopher Doyle, é o que mais chama a atenção no longa, através de escolhas discretas e ao mesmo tempo íntimas, o que dialoga com a misancene e a construção das personagens, bem como com a essência do próprio enredo. Doyle e Wong Kar-Wai conseguem conduzir a estética do filme de forma confusa e compacta, misturando cenários e a própria ideia de tempo dentro da história. Essa sensação só é desconstruída quando o objetivo da história se torna claro, o que leva tempo. Daí adiante, a sensibilidade da relação entre as protagonistas é uma obra de arte. Outros pontos que valem ser destacados na obra é o panorama histórico de uma China dos anos 1960 e a estética dos detalhes de fotografia.
Ata-me!
3.7 550Este filme pode te fazer sentir raiva do Pedro almodóvar. Assistir a 'Ata-me' em 2020, visto que o longa romantiza uma relação abusiva e doentia entre as personagens, pode gerar frustração. Síndrome de Estocolmo define. Muito provavelmente vai criar expectativas de vingança em quem senta no sofá e assiste ao filme hoje, mas, no fim das contas, sem de fato saciar essa vontade. Muito pelo contrário. Em termos de estética, é tudo ainda muito incipiente. As cores quentes conversam e marcam sua presença, mas de maneira rascunhada. Já dá para notar as marcas típicas da fotografia dos filme do Almodóvar, mas com a misancene ainda discreta nesse sentido. As cores e a fotografia não são a marca principal do filme tão pouco inovador.
Sin City: A Cidade do Pecado
3.8 1,3K Assista AgoraO filme de é baseado no HQ Sin city, do Frank Miller. Escrito e dirigido por Frank Miller, Roberto Rodríguez e Quentin Tarantino, o longa, além de um humor cômico misturado com sangue e violência, traz a imagem feminina representada de uma forma interessante. As mulheres desse filme são estrategistas, guerreiras, fatais e independentes. Ainda não é aquela representatividade feminina que hoje tanto se debate, mas cumpre bem seu papel ficcional ao estruturar de forma inteligente e densa uma cidade devastada pela escuridão e pela violência - sem falar no ar distopicos que paira pelas ruas escuras e misteriosas. Por esse motivo, o filme acaba lembrando muito os traços típicos de narrativas de historias em quadrinhos. Faz isso de um jeito sutil e inteligente, quase artísticos. E, por falar em arte, o preto e branco são essenciais para dar a identidade da obra. O tchan da coisa é quando, inclusive, essa máxima é desafiada com alguns detalhes em cores quentes em certos cenas, completando o aspecto artístico que o filme deixa como resumo seu.
Cinema, Aspirinas e Urubus
3.9 364 Assista AgoraDirigido por Marcelo Gomes, este é um road movie (filme de estrada) que se passa no sertão nordestino. João Miguel interpreta Ranulpho, enquanto Peter Ketnath é Johann, um alemão fugido da Segunda Guerra que vaga pelo interior do Nordeste para vender aspirinas, usando o cinema de rua como recurso. A trama é complexa e transpassa diversos temas, mas que convergem num sentido único: como a intromissão de conceitos da cidade grande e, portanto, do mundo afora, chegam até o isolamento do sertão.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraNos primeiros 40 minutos, o filme se arrasta, não parece conter um objetivo. Os diálogos, as ações das personagens e a própria trama parece não se construir, o que pode causar impaciência no público. Porém, depois desse período, o enredo passa a ter um sentido mais claro. Os últimos 40 minutos são a melhor parte.
A atuação de Streep e Hanks estavam muito boas. Essa primeira superando o segundo, que, apesar de muito bom, não passou disso. Quanto à Streep, é perceptível seu esforço para superar os trejeitos pessoais e incorporar uma personagem inédita - provavelmente pensando no Oscar.
Quanto ao conteúdo, o filme possui algumas informações e curiosidades históricas interessantes para quem for bom(a) observador(a), como o procedimento gráfico de impressão nos anos 1960, por exemplo. A temática da censura prevalece, mas o que mais chama a atenção é a desigualdade de gênero, questão problematizada pelo roteiro.
No geral, não é a produção do ano, mas é um ótimo e importante filme.