O filme de Rebecca Zlotowski propõe, assim, uma espécie de três dimensões de uma realidade projetada, construída: o cinema, essa outra dimensão mediúnica e a vida de convenções das estrelas cinematográficas, todas elas com um alto grau de insinuações, de dúvidas, de narrativas com a finalidade levar uma pessoa a acreditar numa outra verdade. A grande chave de Além da Ilusão é a consciência de que o importante não é desvendar se alguma daquelas narrativas são falsas, mas sim o que elas podem gerar em seus espectadores. É por isso que o filme tenta abordar uma série de temas dentro daquele constante jogo de encenações, da sexualidade à política. O que, no final, revela-se como uma obsessão por parte de todos os personagens neste mundo ilusório, em que a constante encenação leva a uma derrocada total, como se os sonhos fossem uma substância que deve ser consumida com extrema moderação. Um dos paralelos mais interessantes presente no filme é a relação entre a sexualidade e esses dois meios de ilusão. Tanto cinema, quanto os sonhos (aqui representado pelo processo mediúnico de Kate), fazem com que os personagens liberem cargas libidinosas repreendidas socialmente – o filme se passa na década de 1930, onde o sexo era um grande tabu. Isso se materializa extremamente bem na figura do produtor de cinema, um homem que utiliza as sessões de Kate para conectar-se com alguém que lhe dava prazer, fazendo com que o personagem tenha uma espécie de relação sexual com o além, utilizando o dom da garota como um meio para este fim. De outro lado, Laura descobre que aquele homem já fizera uma série de filmes pornográficos, registrando diversas relações sexuais, muitas vezes contendo ele mesmo em cena. Ou seja, as duas narrativas, que podem ser ilusórias, são utilizadas pelo personagem como se fossem canais para seus desejos reprimidos. As narrativas fazem com que seja capaz do homem materializar seus anseios.
cada composição de quadro é muito bem planejada, muito bem elaborada e bem iluminada, ainda que bastante simples até a utilização de alguns artifícios utilizados pelos primeiros cineastas – como um céu estrelado que parece ter sido feito através de uma folha de papel recheada de perfurações iluminadas por alguma luz, dando a sensação da noite cheia de estrelas.
a explosiva atuação de Depp, intensa, mostrando como estar nesse mundo de ilusão constantemente pode se tornar um caos. Além da Ilusão, assim como os sonhos que retrata, é um filme extremamente intenso, cheio de ideias e colocações, o mundo dos sonhos leva, muitas vezes, a uma obsessão, a um viciante mundo onírico com regras particulares, impossibilitando uma reorganização do mundo real. O longa, nesse projeto, afoga-se nos assuntos que levanta, como se não conseguisse concluir tudo aquilo que fala, tornando-se um tanto quanto inconclusivo, deixando a concisão de lado por maravilhar-se com o mundo que retrata.
O Futebol
3.5 5 Assista AgoraQUE FILME MINHA GENTE! QUE FILME!!!!!
Além da Ilusão
2.3 91 Assista Agora"um mundo de ficção que modifica, mesmo que minimamente, a realidade primeira"
Além da Ilusão
2.3 91 Assista AgoraResenha de Giovanni Rizzo
(trechos selecionados)
O filme de Rebecca Zlotowski propõe, assim, uma espécie de três dimensões de uma realidade projetada, construída: o cinema, essa outra dimensão mediúnica e a vida de convenções das estrelas cinematográficas, todas elas com um alto grau de insinuações, de dúvidas, de narrativas com a finalidade levar uma pessoa a acreditar numa outra verdade.
A grande chave de Além da Ilusão é a consciência de que o importante não é desvendar se alguma daquelas narrativas são falsas, mas sim o que elas podem gerar em seus espectadores. É por isso que o filme tenta abordar uma série de temas dentro daquele constante jogo de encenações, da sexualidade à política. O que, no final, revela-se como uma obsessão por parte de todos os personagens neste mundo ilusório, em que a constante encenação leva a uma derrocada total, como se os sonhos fossem uma substância que deve ser consumida com extrema moderação.
Um dos paralelos mais interessantes presente no filme é a relação entre a sexualidade e esses dois meios de ilusão. Tanto cinema, quanto os sonhos (aqui representado pelo processo mediúnico de Kate), fazem com que os personagens liberem cargas libidinosas repreendidas socialmente – o filme se passa na década de 1930, onde o sexo era um grande tabu. Isso se materializa extremamente bem na figura do produtor de cinema, um homem que utiliza as sessões de Kate para conectar-se com alguém que lhe dava prazer, fazendo com que o personagem tenha uma espécie de relação sexual com o além, utilizando o dom da garota como um meio para este fim. De outro lado, Laura descobre que aquele homem já fizera uma série de filmes pornográficos, registrando diversas relações sexuais, muitas vezes contendo ele mesmo em cena. Ou seja, as duas narrativas, que podem ser ilusórias, são utilizadas pelo personagem como se fossem canais para seus desejos reprimidos. As narrativas fazem com que seja capaz do homem materializar seus anseios.
cada composição de quadro é muito bem planejada, muito bem elaborada e bem iluminada, ainda que bastante simples até a utilização de alguns artifícios utilizados pelos primeiros cineastas – como um céu estrelado que parece ter sido feito através de uma folha de papel recheada de perfurações iluminadas por alguma luz, dando a sensação da noite cheia de estrelas.
a explosiva atuação de Depp, intensa, mostrando como estar nesse mundo de ilusão constantemente pode se tornar um caos.
Além da Ilusão, assim como os sonhos que retrata, é um filme extremamente intenso, cheio de ideias e colocações, o mundo dos sonhos leva, muitas vezes, a uma obsessão, a um viciante mundo onírico com regras particulares, impossibilitando uma reorganização do mundo real. O longa, nesse projeto, afoga-se nos assuntos que levanta, como se não conseguisse concluir tudo aquilo que fala, tornando-se um tanto quanto inconclusivo, deixando a concisão de lado por maravilhar-se com o mundo que retrata.
O Artista e a Modelo
3.7 20 Assista Agoraque fotografia linda!!