indescritível a sensação que é se despedir de alguém com um até logo quando a gente sabe que não deve encontrar muito mais. acho que a saudade de quem parte começa aí e nunca tem fim (das vezes que a gente sabe da doença). baita saudade da minha vó, de ligar pra ela e ouvir que viu no datena que a cidade que eu moro é perigosa e que é pra eu tomar cuidado, que me cuida de longe e manda amor nos meus caminhos. coraçãozin e olhos transbordaram com esse filme lindo
finalmente um filme de guerra onde os lados não são hierarquizados; o "inimigo"não é bestializado e os mocinhos não são empetecados com o heroísmo mitológico. não podia ser diferente; spike lee é genial em tratar de situações já banalizadas por hollywood. ele reinventa e colore a narrativa com a complexidade que o mundo é, fora e dentro das telas. e olhar pra tela podia ser como se olhasse pela janela vendo coisas já tão enraizadas que até se perdem da percepção. o sutil disso é que pra contar essas histórias ele não berra pra gente ver: deixa que pensemos com nosso tico e teco os problemas que se desenrolam ali, que são praticados no mundo repetidamente. repetição do erro, mas quando percebido é um passo pro alívio do sintoma e da doença social. aé, e caiu redondo pro momento mas eu ainda diria: é um filme atemporal. pro passado, uma denúncia e pro futuro -espero- um registro histórico das barbáries que não devem mais acontecer. chega de guerra. chega de racismo. chega de colonialismo.
o início do filme traz o gosto amargo de uma vida aparelhada; indesejada (ada) ou que não se pode alcançar (trabalhadores, tanto pela remuneração, quanto pelo destino que buscam)
próspero dizia em "the tempest" (Shakespeare, 1611): "we are such stuff as dreams are made on, and our little life is rounded with a sleep" pt/br: “Somos dessa matéria de que os sonhos são feitos. E a nossa vida breve é circundada pelo sono.”
e no filme parece que essas letras tomam impulso quando os espíritos que voltam à terra cobram nela a matéria de que se faziam seus sonhos. uns defenderam a dignidade coisificada, ligada o que de material e abstrato tem no mundo (dinheiro); pela remuneração, reconhecimento. soleman volta pra resgatar o que de mais digno tinha em terra, em ada. o amor foi ali o sentimento que lavou a alma dos dois e trouxe em diferentes planos a libertação que precisavam para seguir seus rumos
a realidade é amarga ali, e acho que não só; mas o filme mostra também como é doce sonhar e como é libertador ensejar os desejos de viver uma vida outra.
achei bem lindo aquele azul todo onde protagoniza o mar; profundo.
Pode parecer alguma divagação meio aleatória, mas ao longo do filme me peguei várias vezes refletindo sobre a posição das personagens femininas na trama. Confesso que não li o livro em que o filme se baseia, mas pude notar, que, sendo um retrato de um futuro a que estaríamos propensos (e em diversos pontos realmente o atingimos, como as disfunções no ecossistema -representadas pela chuva ácida-, a super fragmentação da identidade individual etc), a posição da mulher na sociedade não é tratada com grandes mudanças do que presenciamos atualmente.
A personagem Zhora, apesar de ser descrita com qualidades que lhe deveriam garantir a salvação das mãos dos "blade runners" (como o fato de "ser ao mesmo tempo a bela e a fera", ter treinamento militar etc) tem o trágico fim que lhe fora imposto pela situação, sem que seus méritos a fizessem se safar (nota-se ainda uma certa masculinização da personagem por sua história e modo de vida). Já a personagem Pris, por ter uma certa aparência inocente, dócil e frágil acaba remetendo a ideia de que não teria outro uso de não o de proporcionar prazer, aliás, para o que foi criada, afinal. Por fim, a personagem feminina principal, Rachel, retratada com um certo ar de integridade, sabedoria e mistério (por viver em busca de sua identidade verdadeira e não a que lhe foi dada), por mais que seja "superior" aos outros replicantes apresentados por conta de sua alta capacidade intelectual (até por ser o ultimo modelo criado) no fim se submete à Deckard por perceber que mesmo com tudo isso a seu favor, dependeria da proteção dele (que não podemos ignorar que seja uma proteção masculina).
A obra em si me agradou bastante, ainda mais por ter me trazido algumas coisas para refletir sobre a humanidade e a situação social em que vivemos, além, claro, de ser um notável filme de ficção e ter uma produção tão bem feita. Essa questão levantada acima no comentário foi uma dessas reflexões e achei interessante expô-la aqui, visto que não li nenhum comentário sobre e foi algo que me deixou com um nózinho na cuca, hehe.
A Dupla Vida de Véronique
4.1 275 Assista Agoraquatre couleurs : vert
A Despedida
4.0 298indescritível a sensação que é se despedir de alguém com um até logo quando a gente sabe que não deve encontrar muito mais. acho que a saudade de quem parte começa aí e nunca tem fim (das vezes que a gente sabe da doença). baita saudade da minha vó, de ligar pra ela e ouvir que viu no datena que a cidade que eu moro é perigosa e que é pra eu tomar cuidado, que me cuida de longe e manda amor nos meus caminhos. coraçãozin e olhos transbordaram com esse filme lindo
A Montanha Sagrada
4.3 466ressaca de natal
Destacamento Blood
3.8 448 Assista Agorafinalmente um filme de guerra onde os lados não são hierarquizados; o "inimigo"não é bestializado e os mocinhos não são empetecados com o heroísmo mitológico. não podia ser diferente; spike lee é genial em tratar de situações já banalizadas por hollywood. ele reinventa e colore a narrativa com a complexidade que o mundo é, fora e dentro das telas. e olhar pra tela podia ser como se olhasse pela janela vendo coisas já tão enraizadas que até se perdem da percepção. o sutil disso é que pra contar essas histórias ele não berra pra gente ver: deixa que pensemos com nosso tico e teco os problemas que se desenrolam ali, que são praticados no mundo repetidamente. repetição do erro, mas quando percebido é um passo pro alívio do sintoma e da doença social. aé, e caiu redondo pro momento mas eu ainda diria: é um filme atemporal. pro passado, uma denúncia e pro futuro -espero- um registro histórico das barbáries que não devem mais acontecer. chega de guerra. chega de racismo. chega de colonialismo.
O Vendedor de Sonhos
3.0 242 Assista Agorajesus chorou
Atlantique
3.6 129o início do filme traz o gosto amargo de uma vida aparelhada; indesejada (ada) ou que não se pode alcançar (trabalhadores, tanto pela remuneração, quanto pelo destino que buscam)
próspero dizia em "the tempest" (Shakespeare, 1611): "we are such stuff as dreams are made on, and our little life is rounded with a sleep"
pt/br: “Somos dessa matéria de que os sonhos são feitos. E a nossa vida breve é
circundada pelo sono.”
e no filme parece que essas letras tomam impulso quando os espíritos que voltam à terra cobram nela a matéria de que se faziam seus sonhos. uns defenderam a dignidade coisificada, ligada o que de material e abstrato tem no mundo (dinheiro); pela remuneração, reconhecimento. soleman volta pra resgatar o que de mais digno tinha em terra, em ada. o amor foi ali o sentimento que lavou a alma dos dois e trouxe em diferentes planos a libertação que precisavam para seguir seus rumos
a realidade é amarga ali, e acho que não só; mas o filme mostra também como é doce sonhar e como é libertador ensejar os desejos de viver uma vida
outra.
achei bem lindo aquele azul todo onde protagoniza o mar; profundo.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraO amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.
excerto de "os três mal amados" de João Cabral de Melo Neto
Histórias Mínimas
3.8 49(é como um "360" versão hermana)
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraPode parecer alguma divagação meio aleatória, mas ao longo do filme me peguei várias vezes refletindo sobre a posição das personagens femininas na trama. Confesso que não li o livro em que o filme se baseia, mas pude notar, que, sendo um retrato de um futuro a que estaríamos propensos (e em diversos pontos realmente o atingimos, como as disfunções no ecossistema -representadas pela chuva ácida-, a super fragmentação da identidade individual etc), a posição da mulher na sociedade não é tratada com grandes mudanças do que presenciamos atualmente.
A personagem Zhora, apesar de ser descrita com qualidades que lhe deveriam garantir a salvação das mãos dos "blade runners" (como o fato de "ser ao mesmo tempo a bela e a fera", ter treinamento militar etc) tem o trágico fim que lhe fora imposto pela situação, sem que seus méritos a fizessem se safar (nota-se ainda uma certa masculinização da personagem por sua história e modo de vida). Já a personagem Pris, por ter uma certa aparência inocente, dócil e frágil acaba remetendo a ideia de que não teria outro uso de não o de proporcionar prazer, aliás, para o que foi criada, afinal. Por fim, a personagem feminina principal, Rachel, retratada com um certo ar de integridade, sabedoria e mistério (por viver em busca de sua identidade verdadeira e não a que lhe foi dada), por mais que seja "superior" aos outros replicantes apresentados por conta de sua alta capacidade intelectual (até por ser o ultimo modelo criado) no fim se submete à Deckard por perceber que mesmo com tudo isso a seu favor, dependeria da proteção dele (que não podemos ignorar que seja uma proteção masculina).
A obra em si me agradou bastante, ainda mais por ter me trazido algumas coisas para refletir sobre a humanidade e a situação social em que vivemos, além, claro, de ser um notável filme de ficção e ter uma produção tão bem feita. Essa questão levantada acima no comentário foi uma dessas reflexões e achei interessante expô-la aqui, visto que não li nenhum comentário sobre e foi algo que me deixou com um nózinho na cuca, hehe.
Um Drink no Inferno
3.7 1,4K Assista Agorasobre a baladinha disco dos vampiros: um estouro hahaha
Nunca é Tarde para Amar
3.2 320Adoro a paródia de Ironic (Moronic) que a Izzie canta no finalzinho do filme.