achei bom. o filme se mantem bem realista dentro de sua fantasia. foi o filme de guerra que me deixou mais angustiada, e sem derramar uma gosta de sangue. se o final fosse diferente talvez conquistasse mais, em termos de roteiro.
com todas as suas críticas e sutilezas, eu resumiria como um filme de amor. muito bom! e como disse alguém aí embaixo, tem uma das melhores cenas de sexo que eu já vi, atrás apenas, por enquanto, do prólogo do anticristo. vale a pena conferir esse roteiro tão carinhoso!
acho que os elogios deveriam ir mesmo pro insano do saramago. mas realmente, muito difícil uma adaptação ser tão bem feita. o meirelles soube ler o livro, soube imaginar e soube perturbar nossa visão e audição. continua me deixando maluca cenas miseráveis com uma trilha sonora divina. esses opostos misturados que têm tanto a ver me fascinam e me tiram o fôlego.
a quem interessar possa: classifico a obra como uma mistura de Ameliè Poulain com Chicago inspirada em Alice no país das maravilhas e Moulin Rouge, dirigida por Tim Burton. #show ps.:
o Ewan McGregor sempre fica muito bem no papel de romântico boêmio filho da revolução perdidamente apaixonado que acredita na verdade, na beleza e no amor.
um filme extremamente doce. poderia ter explorado mais seu lado dramático, mas nos deixou com gostinho de quero mais. fiquei o tempo inteiro esperando o momento em que eu ia morrer de chorar, mas isso não aconteceu. terminou de maneira bastante leve e tranquila. curti.
Não me convenceu. A maior preocupação do filme é fazer fotografias do lobisomen pra mulecadinha suspirar, e ficar enfeitando com clima de romance entre ele e a mocinha. A história foi superficial e com argumentos fracos. Faltaram explicações. Eu acho uma perda de tempo.
Com todos os elementos clichês de um ótimo faroeste (minto: não tem a bola de feno rolando pela estrada de terra, mas o resto tem TUDO) e uma pitada de Spielberg, digo, de tecnologias alienígenas. A combinação ficou ótima, os atores desempenharam seu papel com maestria e a humanidade ficou feliz. Vale a pena pra dar uma distraída. E, como eu digo, pra quem curte um bom e velho Steven!
Me surpreendeu. Se encararmos a parte ficcional do filme numa boa, ele acaba se tornando bastante romântico e envolvente. A interpretação do Wagner, como era de se esperar, está impecável. E a Alinne não deixa a desejar.
Refletindo sobre a explosão que foram os Dzi Croquettes quase me senti uma anta, como o Murilo Delmondes, por não saber da existência do grupo. Mas a culpa não é nossa. Fizeram questão de apagá-los da memória do país, e sabemos bem o porquê. Minha mãe nasceu em 1960 e nunca ouviu falar deles. O fato é que eu tinha pra mim o Ney Matogrosso como deus supremo do país em matéria de artista, e foi impossível assistir ao documentário sem associar os Dzi aos Secos e Molhados e às Frenéticas. Meu encantamento maior não foi com o documentário em si, mas com a descoberta de que existiu um grupo como os Dzi no Brasil, em uma época em que eles não poderiam existir, ou exatamente em uma época em que eles DEVERIAM existir. Os caras foram revolucionários, atrevidos, a frente de qualquer tempo, ainda hoje. Eles são o que podemos chamar de verdadeiros artistas. Lindos bailarinos, ótimos comediantes, cantores, cidadãos. Claro que o filme tem que ser romântico, mas uma conversa com o Bayard Tonelli nos mostrou, ainda, o lado menos poético da vida desse grupo. Recomendo o documentário como uma aula de história. E como uma filosofia de vida. O mais importante, nesse mundo cão, é SER. Quem assistir ao documentário vai ter contato com a possibilidade absoluta do exercício da sexualidade.
é um filme infantil, e da Disney, então temos que relevar todo o romantismo que há nele, o que não o torna ruim. só faltou uma ou outra explicação científica, mas como fui ver um filme e não um documentário da discovery channel, dá pra superar. indico a todos aquelas que amam a VIDA.
Tragicomédia, basicamente. Qualquer tipo de regime político fanático pode enlouquecer uma pessoa, seja ele ditadura ou democracia. O filme coloca a arte quase como salvação. Apesar de não ser esse o papel da arte, ela torna a vida mais sublime. O artista pode ser visto como um louco que não pertence a esse mundo, quando na verdade ele é uma pessoa comum que apenas enxerga esse mundo de uma maneira diferente, ele vê um pouco mais. Acho que o filme nos faz refletir nesse sentido. E o Tchai na triha arrebenta né?
“O homem da capa preta”, dirigido por Sérgio Rezende, data de 1986 e pode parecer uma simples representação de drama biográfico. Seria apenas isso, se não tivesse tratado de um assunto interessante do ponto de vista histórico-jornalístico e se não contasse a história de um homem tão peculiar quanto Tenório Cavalcanti. A vida de Tenório envolve pobreza, política, luta social e comunicação popular. Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Alagoas, mais precisamente em Palmeira dos Índios, em 27 de setembro de 1906. Ainda menino viu o pai ser assassinado e teve uma infância pobre, mas nunca abandonou os estudos e isso fez toda diferença ao longo de sua vida. Anos mais tarde teve a oportunidade de vingar a morte do pai e assim o fez. Aos vinte anos mudou-se para o estado do Rio de Janeiro. Migrante nordestino como tantos outros, deixou sua terra em busca de melhores condições de vida e chegou a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com pouco dinheiro e quase sem nenhuma condição de sobrevivência. Trabalhou como porteiro, zelador, motorista de caminhão e nas horas vagas se empenhava em concluir os estudos. Sua fama de pistoleiro começou a surgir enquanto trabalhava como administrador de uma fazenda. Por ser mais novo que os homens a quem comandava, Tenório precisou encontrar uma maneira de exigir respeito. Esse respeito foi adquirido por meio da propagação do mito de que tinha o corpo fechado e com ameaças, evidentemente. Nasce então uma figura temida por sua coragem e determinação, que passa a ser admirada tanto quanto mais luta pelo povo. A fim de mistificar ainda mais essa figura, Tenório Cavalcanti não saía de casa sem sua capa e chapéu pretos. A capa, além de lhe conferir magia, escondia sua fiel e inseparável companheira Lurdinha, uma metralhadora alemã. Em 1936 Natalício Tenório Cavalcanti inicia sua carreira política. Foi eleito vereador pelo distrito de Caxias e seu carisma e visão política, usados sempre a favor do povo, o fizeram um líder da região. Ao mesmo tempo em que Tenório conquistava a simpatia popular, conquistava seus maiores inimigos, os “donos” do poder. A partir de então passou a sofrer inúmeras ameaças e tentativas de assassinato. A cada atentado que sofria, Tenório Cavalcanti saía às ruas com sua capa para pedir apoio popular e, cada vez mais, conquistava a simpatia de cariocas e nordestinos imigrantes. Dez anos mais tarde, com o fim do Estado Novo e filiado à UDN, o homem da capa preta já havia terminado seu curso de Direito e era eleito deputado estadual. Em fevereiro de 1954 Tenório criou um jornal intitulado Luta Democrática, veículo que foi determinante para a história da imprensa no Brasil. O jornal tinha caráter sensacionalista e popular, se auto denominava “defensor do povo”. No filme podemos ler, na parede da redação, “vox populi, vox dei”, a voz do povo é a voz de deus, e em várias cenas ouvimos diálogos em que o personagem principal, nosso homem da capa preta, defende a linha editorial de seu jornal. Os jornalistas e editores tinham total liberdade para escrever ou editar, mas somente aquilo que fosse justo. Segundo Tenório, o Luta Democrática era “um jornal que luta, feito por homens que lutam para os que não podem lutar”. Quando a edição nº 1 foi entregue a Tenório ele criticou o amontoado de letras e pediu que se enfeitasse mais um pouquinho o jornal. Mais do que uma questão mercadológica, esse sensacionalismo marcava o veículo como objeto de construção de apoio à carreira política de seu fundador. Tenório enaltecia seu assistencialismo à população a fim de penetrar nas camadas populares.
“Enquanto isso, Brasília é o sorvedouro da renda nacional, suor e sangue de um povo empobrecido para que resplenda esse reinado da encarnação republicana de Luís XIV." (Tenório Cavalcanti, no jornal Luta Democrática, em agosto de 1958)
O Luta Democrática tinha filiação partidária, e surgiu da necessidade política de reforçar a base de apoio (a Tenório) junto às massas populares. Tenório queria transformar os leitores em eleitores e utilizava o jornal para combater o governo Vargas. Israel Beloch explica, em Capa Preta e Lurdinha - Tenório e o povo da Baixada, que o jornal foi uma espécie de Tribuna da Imprensa do pobres. “Adotando uma linguagem popular e valendo-se de apelos sensacionalistas, como o recurso a chocantes fotografias de cadáveres, de preferência mutilados, que habitam a crônica policial, o Luta Democrática conquistou grande aceitação junto às camadas mais pobres da população carioca e fluminense, difundindo uma imagem positiva, muitas vezes gloriosa e quase mítica, de seu proprietário".
"Há dias, no Rio de Janeiro, com a providencial e altamente humana interferência do deputado Tenório Cavalcanti, cenas iguais às do Nordeste foram evitadas. Esperava-se o despejo do Morro São João e os seus moradores recorreram ao advogado do povo. O despejo foi evitado e as lágrimas vertidas pelos moradores do morro foram de alegria, de agradecimento, de perene gratidão ao homem providencial." (Luta Democrática, setembro de 1960)
Assim Tenório Cavalcanti seguiu com sua polêmica carreira política, sempre em prol de um pequeno grupo, os mais desfavorecidos, na base do clientelismo. O Luta Democrática, por mais que defendesse o povo do governo em questão, sempre serviu como veículo oficial em benefício de sua campanha política. Apesar de toda a campanha, o homem da capa preta foi enfraquecido politicamente quando perdeu a eleição para Carlos Lacerda. Em 1964, com o golpe militar, Tenório foi cassado e seu jornal não teve destino diferente. O Luta Democrática, que chegou possuir tiragem de 150 mil exemplares, foi perdendo força por diversos fatores, dentre eles a hostilidade do golpe militar, o aumento no preço do papel, a queda do poder aquisitivo da população e a invenção da televisão. O jornal foi arrendado sucessivas vezes até seu desaparecimento. Natalício Tenório Cavalcanti nunca desistiu de lutar pelo povo e nunca se acovardou. Apesar disso foi caindo no esquecimento e faleceu em 1987 em sua residência, vítima de pneumonia. O filme “O homem da capa preta”, a princípio, e para acadêmicos desatentos, parece sanguinário demais e desagradável, mas a quem entende a importância histórica de Tenório na política brasileira e tem capacidade de analisar o papel de um veículo de comunicação em uma época em que uma foto em um jornal podia acabar com uma carreira política ou que falsas notícias eram implantadas em jornais ‘inimigos’, a obra possui incontestável conteúdo relevante. É um pouco fantasiosa e sentimental, mas, afinal de contas, estamos falando de cinema.
Onde o Amor Está
3.6 398 Assista Agoranunca pensei que a gwyneth paltrow fosse capaz de atuar.
surprise sunshine!
Austrália
3.5 1,1K Assista Agorapura poesia!
Drive
3.9 3,5K Assista Agoradeus do que céu o que foi essa trilha sonora?!?!?!
mocionei!
Doce Vingança
3.4 2,4K Assista Agoraa vingança é uma taça de sorvete de creme com cobertura de chocolate!
Kate & Leopold
3.4 261 Assista Agoraum aguinha com açúcar bastante espirituoso! dorei!
A Verdade Nua e Crua
3.5 2,1K Assista Agoraprevisível demais!
só que sempre vale a pena ver o gerard butler sensualizando.
Cavalo de Guerra
4.0 1,9Kachei bom.
o filme se mantem bem realista dentro de sua fantasia.
foi o filme de guerra que me deixou mais angustiada, e sem derramar uma gosta de sangue.
se o final fosse diferente talvez conquistasse mais, em termos de roteiro.
A Inquilina
2.7 802estava esperando beeeeeeeem mais!
em todo caso, sempre delicioso ver o Jeffrey Dean Morgan em cena.
No Limite das Emoções
3.5 11doloroso e realista.
ótimo!
Perfume: A História de um Assassino
4.0 2,2Kdeliciosamente doentio.
provocante e perturbador.
delicadeza e sinestesia sem tamanho! valeu a pena!
Estômago
4.2 1,6K Assista Agoracom todas as suas críticas e sutilezas, eu resumiria como um filme de amor.
muito bom! e como disse alguém aí embaixo, tem uma das melhores cenas de sexo que eu já vi, atrás apenas, por enquanto, do prólogo do anticristo.
vale a pena conferir esse roteiro tão carinhoso!
Ensaio Sobre a Cegueira
4.0 2,5Kacho que os elogios deveriam ir mesmo pro insano do saramago.
mas realmente, muito difícil uma adaptação ser tão bem feita.
o meirelles soube ler o livro, soube imaginar e soube perturbar nossa visão e audição.
continua me deixando maluca cenas miseráveis com uma trilha sonora divina. esses opostos misturados que têm tanto a ver me fascinam e me tiram o fôlego.
Biutiful
4.0 1,1Kprovocativo e reflexivo.
cheio de miséria, exploração, falta de moral, depressão, egoísmo e amor.
Como Treinar o seu Dragão
4.2 2,4K Assista Agoracheio de amor pra dar
Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas
4.2 2,2K Assista Agoraa quem interessar possa: classifico a obra como uma mistura de Ameliè Poulain com Chicago inspirada em Alice no país das maravilhas e Moulin Rouge, dirigida por Tim Burton. #show
ps.:
o Ewan McGregor sempre fica muito bem no papel de romântico boêmio filho da revolução perdidamente apaixonado que acredita na verdade, na beleza e no amor.
Minha Vida Sem Mim
4.0 807 Assista Agoraum filme extremamente doce. poderia ter explorado mais seu lado dramático, mas nos deixou com gostinho de quero mais. fiquei o tempo inteiro esperando o momento em que eu ia morrer de chorar, mas isso não aconteceu. terminou de maneira bastante leve e tranquila. curti.
Amizade Colorida
3.5 3,0K Assista Agoraaquele clichêzinho sem o qual a vida fica mais sem graça.
a mila, claro, está lindíssima. o filme arranca boas gargalhadas.
recomendo. é bem gostoso.
Sem Saída
2.7 1,4KNão me convenceu. A maior preocupação do filme é fazer fotografias do lobisomen pra mulecadinha suspirar, e ficar enfeitando com clima de romance entre ele e a mocinha. A história foi superficial e com argumentos fracos. Faltaram explicações. Eu acho uma perda de tempo.
Cowboys & Aliens
2.8 1,4K Assista AgoraCom todos os elementos clichês de um ótimo faroeste (minto: não tem a bola de feno rolando pela estrada de terra, mas o resto tem TUDO) e uma pitada de Spielberg, digo, de tecnologias alienígenas. A combinação ficou ótima, os atores desempenharam seu papel com maestria e a humanidade ficou feliz. Vale a pena pra dar uma distraída. E, como eu digo, pra quem curte um bom e velho Steven!
O Homem do Futuro
3.7 2,5K Assista AgoraMe surpreendeu. Se encararmos a parte ficcional do filme numa boa, ele acaba se tornando bastante romântico e envolvente. A interpretação do Wagner, como era de se esperar, está impecável. E a Alinne não deixa a desejar.
Dzi Croquettes
4.4 244Refletindo sobre a explosão que foram os Dzi Croquettes quase me senti uma anta, como o Murilo Delmondes, por não saber da existência do grupo. Mas a culpa não é nossa. Fizeram questão de apagá-los da memória do país, e sabemos bem o porquê. Minha mãe nasceu em 1960 e nunca ouviu falar deles.
O fato é que eu tinha pra mim o Ney Matogrosso como deus supremo do país em matéria de artista, e foi impossível assistir ao documentário sem associar os Dzi aos Secos e Molhados e às Frenéticas. Meu encantamento maior não foi com o documentário em si, mas com a descoberta de que existiu um grupo como os Dzi no Brasil, em uma época em que eles não poderiam existir, ou exatamente em uma época em que eles DEVERIAM existir.
Os caras foram revolucionários, atrevidos, a frente de qualquer tempo, ainda hoje. Eles são o que podemos chamar de verdadeiros artistas. Lindos bailarinos, ótimos comediantes, cantores, cidadãos. Claro que o filme tem que ser romântico, mas uma conversa com o Bayard Tonelli nos mostrou, ainda, o lado menos poético da vida desse grupo.
Recomendo o documentário como uma aula de história. E como uma filosofia de vida. O mais importante, nesse mundo cão, é SER.
Quem assistir ao documentário vai ter contato com a possibilidade absoluta do exercício da sexualidade.
Já que somos todos ignorantes, elouqueçamos pois.
Reino dos Felinos
4.1 108 Assista Agoraé um filme infantil, e da Disney, então temos que relevar todo o romantismo que há nele, o que não o torna ruim. só faltou uma ou outra explicação científica, mas como fui ver um filme e não um documentário da discovery channel, dá pra superar.
indico a todos aquelas que amam a VIDA.
O Concerto
4.1 278 Assista AgoraTragicomédia, basicamente.
Qualquer tipo de regime político fanático pode enlouquecer uma pessoa, seja ele ditadura ou democracia. O filme coloca a arte quase como salvação. Apesar de não ser esse o papel da arte, ela torna a vida mais sublime. O artista pode ser visto como um louco que não pertence a esse mundo, quando na verdade ele é uma pessoa comum que apenas enxerga esse mundo de uma maneira diferente, ele vê um pouco mais. Acho que o filme nos faz refletir nesse sentido. E o Tchai na triha arrebenta né?
O Homem da Capa Preta
3.6 59 Assista Agora“O homem da capa preta”, dirigido por Sérgio Rezende, data de 1986 e pode parecer uma simples representação de drama biográfico. Seria apenas isso, se não tivesse tratado de um assunto interessante do ponto de vista histórico-jornalístico e se não contasse a história de um homem tão peculiar quanto Tenório Cavalcanti. A vida de Tenório envolve pobreza, política, luta social e comunicação popular.
Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque nasceu em Alagoas, mais precisamente em Palmeira dos Índios, em 27 de setembro de 1906. Ainda menino viu o pai ser assassinado e teve uma infância pobre, mas nunca abandonou os estudos e isso fez toda diferença ao longo de sua vida. Anos mais tarde teve a oportunidade de vingar a morte do pai e assim o fez. Aos vinte anos mudou-se para o estado do Rio de Janeiro. Migrante nordestino como tantos outros, deixou sua terra em busca de melhores condições de vida e chegou a Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com pouco dinheiro e quase sem nenhuma condição de sobrevivência.
Trabalhou como porteiro, zelador, motorista de caminhão e nas horas vagas se empenhava em concluir os estudos. Sua fama de pistoleiro começou a surgir enquanto trabalhava como administrador de uma fazenda. Por ser mais novo que os homens a quem comandava, Tenório precisou encontrar uma maneira de exigir respeito. Esse respeito foi adquirido por meio da propagação do mito de que tinha o corpo fechado e com ameaças, evidentemente. Nasce então uma figura temida por sua coragem e determinação, que passa a ser admirada tanto quanto mais luta pelo povo. A fim de mistificar ainda mais essa figura, Tenório Cavalcanti não saía de casa sem sua capa e chapéu pretos. A capa, além de lhe conferir magia, escondia sua fiel e inseparável companheira Lurdinha, uma metralhadora alemã.
Em 1936 Natalício Tenório Cavalcanti inicia sua carreira política. Foi eleito vereador pelo distrito de Caxias e seu carisma e visão política, usados sempre a favor do povo, o fizeram um líder da região. Ao mesmo tempo em que Tenório conquistava a simpatia popular, conquistava seus maiores inimigos, os “donos” do poder. A partir de então passou a sofrer inúmeras ameaças e tentativas de assassinato. A cada atentado que sofria, Tenório Cavalcanti saía às ruas com sua capa para pedir apoio popular e, cada vez mais, conquistava a simpatia de cariocas e nordestinos imigrantes. Dez anos mais tarde, com o fim do Estado Novo e filiado à UDN, o homem da capa preta já havia terminado seu curso de Direito e era eleito deputado estadual.
Em fevereiro de 1954 Tenório criou um jornal intitulado Luta Democrática, veículo que foi determinante para a história da imprensa no Brasil. O jornal tinha caráter sensacionalista e popular, se auto denominava “defensor do povo”. No filme podemos ler, na parede da redação, “vox populi, vox dei”, a voz do povo é a voz de deus, e em várias cenas ouvimos diálogos em que o personagem principal, nosso homem da capa preta, defende a linha editorial de seu jornal. Os jornalistas e editores tinham total liberdade para escrever ou editar, mas somente aquilo que fosse justo. Segundo Tenório, o Luta Democrática era “um jornal que luta, feito por homens que lutam para os que não podem lutar”. Quando a edição nº 1 foi entregue a Tenório ele criticou o amontoado de letras e pediu que se enfeitasse mais um pouquinho o jornal. Mais do que uma questão mercadológica, esse sensacionalismo marcava o veículo como objeto de construção de apoio à carreira política de seu fundador. Tenório enaltecia seu assistencialismo à população a fim de penetrar nas camadas populares.
“Enquanto isso, Brasília é o sorvedouro da renda nacional, suor e sangue de um povo empobrecido para que resplenda esse reinado da encarnação republicana de Luís XIV."
(Tenório Cavalcanti, no jornal Luta Democrática, em agosto de 1958)
O Luta Democrática tinha filiação partidária, e surgiu da necessidade política de reforçar a base de apoio (a Tenório) junto às massas populares. Tenório queria transformar os leitores em eleitores e utilizava o jornal para combater o governo Vargas.
Israel Beloch explica, em Capa Preta e Lurdinha - Tenório e o povo da Baixada, que o jornal foi uma espécie de Tribuna da Imprensa do pobres. “Adotando uma linguagem popular e valendo-se de apelos sensacionalistas, como o recurso a chocantes fotografias de cadáveres, de preferência mutilados, que habitam a crônica policial, o Luta Democrática conquistou grande aceitação junto às camadas mais pobres da população carioca e fluminense, difundindo uma imagem positiva, muitas vezes gloriosa e quase mítica, de seu proprietário".
"Há dias, no Rio de Janeiro, com a providencial e altamente humana interferência do deputado Tenório Cavalcanti, cenas iguais às do Nordeste foram evitadas. Esperava-se o despejo do Morro São João e os seus moradores recorreram ao advogado do povo. O despejo foi evitado e as lágrimas vertidas pelos moradores do morro foram de alegria, de agradecimento, de perene gratidão ao homem providencial."
(Luta Democrática, setembro de 1960)
Assim Tenório Cavalcanti seguiu com sua polêmica carreira política, sempre em prol de um pequeno grupo, os mais desfavorecidos, na base do clientelismo. O Luta Democrática, por mais que defendesse o povo do governo em questão, sempre serviu como veículo oficial em benefício de sua campanha política. Apesar de toda a campanha, o homem da capa preta foi enfraquecido politicamente quando perdeu a eleição para Carlos Lacerda. Em 1964, com o golpe militar, Tenório foi cassado e seu jornal não teve destino diferente. O Luta Democrática, que chegou possuir tiragem de 150 mil exemplares, foi perdendo força por diversos fatores, dentre eles a hostilidade do golpe militar, o aumento no preço do papel, a queda do poder aquisitivo da população e a invenção da televisão. O jornal foi arrendado sucessivas vezes até seu desaparecimento.
Natalício Tenório Cavalcanti nunca desistiu de lutar pelo povo e nunca se acovardou. Apesar disso foi caindo no esquecimento e faleceu em 1987 em sua residência, vítima de pneumonia.
O filme “O homem da capa preta”, a princípio, e para acadêmicos desatentos, parece sanguinário demais e desagradável, mas a quem entende a importância histórica de Tenório na política brasileira e tem capacidade de analisar o papel de um veículo de comunicação em uma época em que uma foto em um jornal podia acabar com uma carreira política ou que falsas notícias eram implantadas em jornais ‘inimigos’, a obra possui incontestável conteúdo relevante. É um pouco fantasiosa e sentimental, mas, afinal de contas, estamos falando de cinema.