Fiquei completamente fascinado com as cenas do Michael Myers vagando em meio à multidão, alheia e ignorante àquilo que está ao seu redor -- "Ele está entre nós".
O ar escapou diversas vezes da minha boca ao ver o Michael no canto do quadro e nos momentos em que a câmera ora em primeira pessoa, ora na altura de seus ombros fazia com que nos escondessemos no escuro junto a ele, intercalando com breves instantes de admiração e observação da "vida lá fora". Michael é vazio, oco e desprovido de vivacidade. É um animal tanto em instinto predatório quanto no de autopreservação.
Independente das tretas e intenções presentes nos bastidores, o produto final apresenta uma curiosa e insightful oportunidade de acompanhar uma máquina de matar nos momentos de "intervalo", quando está no "modo de espera" entre um ato funesto e outro.
Não me lembro de ter presenciado outra circunstância tão voyeurística como essa a não ser em Janela Indiscreta -- sobe uma sensação indizível pela espinha.
Muito bem sacado o debate existencial entre o casal pós transformação e suas travessuras quase infantis. Quebra com as expectativas sobre a atmosfera nefasta que o próprio filme cria em torno de seus monstros e mostra uma outra face sobre suas relações consigo mesmos e até sobre seus motivos, ou falta deles.
Com isso, faz alguns comentários interessantes sobre a estrutura de slashers, suas várias razões de ser e se realmente é importante que todo vilão tenha um motivo super hiper mega elaborado por trás de suas ações. Caos irracional e impensado também é válido e tem seu quê de amedrontador.
É bobo, despretensioso e consciente disso, o que dá uma margem significativa para trabalhar os aspectos técnicos, como fotografia e direção de arte, que mostram uma cidade "lived in", além de usarem os clássicos tons de azuis e iluminação em chiaroscuro para questionar os motifs classicamente atrelados a esses artíficios.
Em suma, por mais que o filme não inove em muita coisa, é bem sacado e sabe o que tá fazendo, basta saber olhar para o lugar certo.
O assassino mais feministo de toda a história dos slashers, O TERROR DOS MACHISTAS kkkkkkkkk ri horrores dessa obra prima. Como é bom um terrorzinho cômico feito conscientemente e com todo deboche possível, ao mesmo tempo que respeita suas origens e presta reverência em momentos oportunos. Kathryn Newton deixou um pouco a desejar, mas os BRACINHOS DO VINCE VAUGHN CORRENDO SÃO TUDO PRA MIM AAAAAAAAAAAAAAA
Filmão perfeito pra ver no fim de semana e espairecer a cabeça ❤️
Tenebroso, pavoroso, abominável... e não no bom sentido. Além de uma trama confusa, que percorre mil personagens e não desenvolve nenhum deles -- nem sequer estabelece em que pé tá a Laurie Strode --, Halloween Kills sofre do complexo de Segundo Filme Numa Trilogia, i.e., não tem identidade própria, serve apenas como uma ponte entre ponto A e ponto C, vai do nada a lugar nenhum.
Engraçado pensar que os roteiristas tinham a pretensão de gravar este e o remake de 2018 ao mesmo tempo, mas optaram por produzir Kills depois de saberem como o reboot da franquia seria recebido para "aprenderem com possíveis erros". Pois é, não aprenderam nada com o que deu certo.
Acho que mais risível e frustrante do que a subtrama sem pé nem cabeça da histeria coletiva dentro do hospital foi terem achado razoável usarem a Laurie Strode para EXPLICAR a mística em torno do Michael Myers. Os caras EXPLICARAM a narrativa E o personagem descaradamente só pra garantir que de fato o filme é tão idiota quanto parece. Genial.
Ô filme chato do cacete. Historicamente importante, esteticamente revolucionário e culturalmente revelador, joga os holofotes nos marginalizados e revela à luz do escrutínio as hipocrisias sociais. Ousado, sagaz e com um final de encher os olhos, mas, puta merda, como é chato e enfadonho. Obrigado, Nelson Pereira dos Santos.
É um filme com uma forte história e uma direção simples mas eficiente e muito confiante no material do roteiro. A narrativa nos conduz devagar, não tem pressa, e nos faz pouco a pouco entender os ideais dos personagens -- e acredito que seja nestes que está o problema.
Sim, fui convencido das razões e da veracidade de cada um deles, contudo, mesmo que haja a intenção de humanizar o policial carrasco, há uma forçada tentativa de unidimensionar o Jonas, cuja personalidade pode ser resumida em "líder babaca do grupo".
Além disso, para um filme baseado em eventos e pessoas reais, há uma ausência de emoções, de disparates, de eloquência, de intemperança, de furor nos personagens. Todos parecem estar lendo um texto -- o que em si não é de todo um problema, desde que toda a estética combinasse com isso, o que não é o caso.
É um baita dum elenco, com atores que já se provaram em diversos gêneros e obras ao longo dos anos, então acredito que tenha sido uma escolha consciente da direção em conduzir o elenco dessa maneira, mas me falha a compreensão do porquê isso foi feito.
Acredito que esse excesso de serenidade combinou apenas com o personagem do Alan Arkin, que apresenta uma caracterização comedida mas extremamente sensível. Fiquei impressionado com a interpretação do Pedro Cardoso que, mesmo num sujeito demais controlado, ainda vemos dor e fogo em seus olhos.
Uma importante adição à nossa história cinematográfica.
Por razões que não vêm ao caso agora, esse filme me tocou profundamente. A dor e a angústia que o personagem do Jake Gyllenhaal carrega no olhar são palpáveis. Ao longo de 1h30, ele prova mais uma vez as razões pelas quais é um dos melhores atores vivos. Nic Pizzolatto e Antoine Fuqua tecem uma narrativa de mais absoluta tensão que, quando finalmente se quebra, nos deixa arrematados no chão com a performance vocal da Riley Keough, que consistentemente tem se mostrado uma atriz com papéis cada vez mais interessantes e exigentes. Obra prima simplesmente fenomenal que me fez querer checar o original no qual se baseia.
A trilha musical foi tudo pra mim, consegui visualizar um Tom & Jerry correndo de um lado pro outro.
Acredito que é bem sucedido nos seus questionamentos quanto a relacionamentos e suas bases falhas construídas muitas vezes em mentiras, assim como no tocante ao nível existencial, metafísico da coisa. Afinal, se o Ethan não tivesse feito aquela substituição na casa, o que a Sophie fez poderia ser classificado como traição?
Os personagens e seus duplos têm características suficientes para não serem caricaturais ou demais opostos. Nesse sentido, sutis mas engenhosos efeitos visuais colaboram na construção dessa narrativa que tenta MUITO não ser dicotômica ou maniqueísta, mesmo oscilando demais entre a tênue linha da Persona vs Sombra, da Luzes vs Trevas, da Mentira vs Verdade.
Para melhor ou para pior, descamba num final corrido e inconclusivo: de que adiantaram as fitas, as fotos, o previsível escritório vazio e o café da manhã que já sabíamos como seria? Não fornecem muitas respostas nem adicionam muito à mitologia criada, mas também não me parece esse tipo de filme, sabe?
Primeiro filme do Almodóvar que eu vi. Me questionando aqui sobre a ética e a estética do sujeito. Ambas me deixaram muito intrigado e instigado, assim como a súbita mudança de comportamento da Marina -- em um momento tá virando o quarto de ponta cabeça pra fugir e no outro só sentou e foi magicamente seduzida? Nheeeeeee, sei não, hein.
Senti uma vibe extremamente sardônica com o conjunto de tudo que foi apresentado no filme, então tô encarando isso daqui muito mais como uma paródia, mesmo que desproposital, dos elementos abordados do que qualquer outra coisa.
Christopher Nolan pode ser muitas coisas, inclusive um contador de histórias demasiadamente frio, mas não dá pra negar que os filmes do homem exalam Cinema.
Ewan McGregor claramente de saco cheio ao longo do filme inteiro me representou demais. O título cai aqui como uma luva. Aliás, alguém precisa dizer ao Mike Flanagan que existem outras cores além de seu azul cinzento dessaturado.
Nem em Taxi Driver eu fiquei tão incomodado com a potência de close ups, eu queria tirar a câmera dali, me angustiava olhar tão intimamente para as feições da Sylwia, que, para minha surpresa, é extremamente likable desde o início.
Sua exagerada obsessão consigo mesma me deixou ridiculamente desconfortável na cena em que dialoga com uma fã e ignora completamente os traumas de sua interlocutora em detrimento de uma suposta confissão sobre como enxerga seu relacionamento com seus seguidores e como trocaria isso por um "amor verdadeiro" -- perspectiva que muda radicalmente ao fim da narrativa. Foi uma genuína mudança ou apenas mais uma propaganda de si mesma?
Notável também é o paralelo entre seu companheiro de trabalho e o esquisitão do carro. Ambos realizam o mesmo "gesto" mas em contextos diferentes, o que acredito que revela algo sobre a natureza dos homens em sua vida e que faz estalar algo dentro dela sobre como é vista por aqueles que ela acredita piamente estar inspirando.
Sylwia, sua vida, seu filme e a fotografia que o acompanha são inquietantes, mas igualmente hipnotizantes.
Tô mal pra caralho. Experiência sem igual. Pra quem tem familiaridade com filmes de investigação de crimes reais e mockumentaries, isso daqui é um prato cheio. Entrega um macabro e minucioso estudo de personagem e as profundamente traumatizantes consequências do que acontece com as vítimas daqueles que gostam de brincar de deus. Senti o impacto.
Não rebate as bolas que levanta, não elabora muito sobre o que pretende responder, fica num mela cueca do vai pra cá-vai pra lá, tem uma desnecessária, abrupta, mal feita e preguiçosa edição de som e nem como homenagem ao padre e ao escritor serve direito. William Friedkin tava com preguiça e eu também. Pelo menos ele tem dinheiro, Oscar e o apreço das pessoas, já eu, não. Então vamos trabalhar porque eu também quero fazer filme preguiçoso quando alcançar meus 80 anos.
Num futuro distópico, temos uma jornada bem Dora, a Aventureira, com Homem Aranha e Rey, e com direito até mesmo ao Mapa e à Mochila -- todos fugindo do Raposo interpretado pelo Hannibal Lecter. Não entendi o que a galera detestou tanto nesse filme.
Fiquei fascinado pelos efeitos visuais dos pensamentos e como interagem com os elementos reais do filme. A ingenuidade bruta do garoto e a engenhosidade astuta da menina me cativaram. O pregador em labaredas de fúria exala uma vibe indescritível, me sentia num RPG toda vez que abria a boca kkkkkkkkkk
Admirável é o trabalho da continuidade em manter camuflados os dois anos que se passaram entre a produção e as regravações -- é indistinguível o que foi gravado em 2017 e o que foi em 2019.
Achei muito instigante todo o rolê de só homens terem seus pensamentos expostos e de odiarem as mulheres por isso, por ser enlouquecedor terem aquelas que tanto gostariam de enganar vendo toda sua podridão a céu aberto. Muito simbólico de uma sociedade manipulativa, ostentadora e em constante estado de guerra.
Em Birdman temos um protagonista que, tal como numa disputa de cabo de guerra, se encontra ora oscilando em direção a seus delírios de grandeza por conta de seus sucessos do passado interpretando um super herói para o Cinema, ora pendendo para a borda de seu abismo interior, o reduto onde guarda todos os piores pensamentos que tem sobre si, sobre seu talento questionável, sobre sua deteriorada fama e sobre seus graves problemas para lidar com relações interpessoais.
Toda sua auto imagem está calcada nos anos em que foi um astro, seja para o próprio enaltecimento egoico ou para sua auto sabotagem, e da percepção que as pessoas têm dele por conta disso. Aliás, isso é uma questão recorrente no filme que se manifesta de maneiras diversas e na maior parte dos personagens: “quem sou eu?”, “qual meu valor?”. Para um filme que se passa quase que inteiramente dentro de um teatro e que é norteado pelos ensaios e apresentações de uma peça, de certa maneira parece que esses atores de fato só existem sob o olhar do Outro.
Nosso protagonista é constantemente assombrado por uma figura alada que dá nome à obra e aos filmes dentro dela e que de forma ambivalente se tornou quase que a personificação paradoxal tanto da castração quanto de seus desejos. Inicialmente se apresentando como pensamentos invasivos na cabeça do protagonista, pouco a pouco se tornou uma manifestação da sua incessante obsessão pela fama e pelo reconhecimento público -- uma forma dele mesmo admitir para si que é “alguém” --, assim Birdman assume controle sobre Riggan, com sua mente espiralando cada vez mais na loucura.
Posteriormente à sua definitiva ruptura com a realidade, e talvez como num surto psicótico, Riggan assume de vez seus “poderes” de super herói para o público do filme que é sua vida -- quando antes apenas os exercia na sua privacidade, agora sobrevoa os arranha céus de Nova York, a maior megalópole mundial e um dos maiores complexos culturais do planeta.
Seu ego, antes apavorado pela possibilidade de num eventual acidente de avião com George Clooney, este estampar o jornal com a notícia de sua morte, agora paira acima da imagem de Tom Hanks. Riggan Thomson em meio a seu surto se vê imbatível, insuperável.
Infelizmente tendo conseguido somente enxergar seu potencial como artista após romper qualquer remoto contato com a realidade, não se encontra mais em condições de apreender o que a totalidade de suas qualidades foi capaz de atingir ao se livrar das amarras de suas inseguranças, de seus medos e de seus temores. Ao fim do filme, ele está tão além de qualquer um ao seu redor que acabou por atingir um além-plano.
Acho que o Harmony Korine, em todo seu pedantismo e auto indulgência, fez isso daqui pra se divertir com a namorada e uns amigos e usou de toda sua lábia ~~alternativa e contra cultura~~ pra ver até onde seus puxa sacos vão pra defender ou glamurizar qualquer coisa que tenha o nome dele. Fez um ótimo trabalho.
Halloween 2: O Pesadelo Continua
3.4 485 Assista AgoraFiquei completamente fascinado com as cenas do Michael Myers vagando em meio à multidão, alheia e ignorante àquilo que está ao seu redor -- "Ele está entre nós".
O ar escapou diversas vezes da minha boca ao ver o Michael no canto do quadro e nos momentos em que a câmera ora em primeira pessoa, ora na altura de seus ombros fazia com que nos escondessemos no escuro junto a ele, intercalando com breves instantes de admiração e observação da "vida lá fora". Michael é vazio, oco e desprovido de vivacidade. É um animal tanto em instinto predatório quanto no de autopreservação.
Independente das tretas e intenções presentes nos bastidores, o produto final apresenta uma curiosa e insightful oportunidade de acompanhar uma máquina de matar nos momentos de "intervalo", quando está no "modo de espera" entre um ato funesto e outro.
Não me lembro de ter presenciado outra circunstância tão voyeurística como essa a não ser em Janela Indiscreta -- sobe uma sensação indizível pela espinha.
Sem Conexão: Parte 2
1.5 107Muito bem sacado o debate existencial entre o casal pós transformação e suas travessuras quase infantis. Quebra com as expectativas sobre a atmosfera nefasta que o próprio filme cria em torno de seus monstros e mostra uma outra face sobre suas relações consigo mesmos e até sobre seus motivos, ou falta deles.
Com isso, faz alguns comentários interessantes sobre a estrutura de slashers, suas várias razões de ser e se realmente é importante que todo vilão tenha um motivo super hiper mega elaborado por trás de suas ações. Caos irracional e impensado também é válido e tem seu quê de amedrontador.
É bobo, despretensioso e consciente disso, o que dá uma margem significativa para trabalhar os aspectos técnicos, como fotografia e direção de arte, que mostram uma cidade "lived in", além de usarem os clássicos tons de azuis e iluminação em chiaroscuro para questionar os motifs classicamente atrelados a esses artíficios.
Em suma, por mais que o filme não inove em muita coisa, é bem sacado e sabe o que tá fazendo, basta saber olhar para o lugar certo.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraOpulência estéril.
Freaky: No Corpo de um Assassino
3.2 464O assassino mais feministo de toda a história dos slashers, O TERROR DOS MACHISTAS kkkkkkkkk ri horrores dessa obra prima. Como é bom um terrorzinho cômico feito conscientemente e com todo deboche possível, ao mesmo tempo que respeita suas origens e presta reverência em momentos oportunos. Kathryn Newton deixou um pouco a desejar, mas os BRACINHOS DO VINCE VAUGHN CORRENDO SÃO TUDO PRA MIM AAAAAAAAAAAAAAA
Filmão perfeito pra ver no fim de semana e espairecer a cabeça ❤️
Halloween Kills: O Terror Continua
3.0 683 Assista AgoraTenebroso, pavoroso, abominável... e não no bom sentido. Além de uma trama confusa, que percorre mil personagens e não desenvolve nenhum deles -- nem sequer estabelece em que pé tá a Laurie Strode --, Halloween Kills sofre do complexo de Segundo Filme Numa Trilogia, i.e., não tem identidade própria, serve apenas como uma ponte entre ponto A e ponto C, vai do nada a lugar nenhum.
Engraçado pensar que os roteiristas tinham a pretensão de gravar este e o remake de 2018 ao mesmo tempo, mas optaram por produzir Kills depois de saberem como o reboot da franquia seria recebido para "aprenderem com possíveis erros". Pois é, não aprenderam nada com o que deu certo.
Acho que mais risível e frustrante do que a subtrama sem pé nem cabeça da histeria coletiva dentro do hospital foi terem achado razoável usarem a Laurie Strode para EXPLICAR a mística em torno do Michael Myers. Os caras EXPLICARAM a narrativa E o personagem descaradamente só pra garantir que de fato o filme é tão idiota quanto parece. Genial.
Rio, 40 Graus
3.9 86 Assista AgoraÔ filme chato do cacete. Historicamente importante, esteticamente revolucionário e culturalmente revelador, joga os holofotes nos marginalizados e revela à luz do escrutínio as hipocrisias sociais. Ousado, sagaz e com um final de encher os olhos, mas, puta merda, como é chato e enfadonho. Obrigado, Nelson Pereira dos Santos.
O Que é Isso, Companheiro?
3.8 340 Assista AgoraÉ um filme com uma forte história e uma direção simples mas eficiente e muito confiante no material do roteiro. A narrativa nos conduz devagar, não tem pressa, e nos faz pouco a pouco entender os ideais dos personagens -- e acredito que seja nestes que está o problema.
Sim, fui convencido das razões e da veracidade de cada um deles, contudo, mesmo que haja a intenção de humanizar o policial carrasco, há uma forçada tentativa de unidimensionar o Jonas, cuja personalidade pode ser resumida em "líder babaca do grupo".
Além disso, para um filme baseado em eventos e pessoas reais, há uma ausência de emoções, de disparates, de eloquência, de intemperança, de furor nos personagens. Todos parecem estar lendo um texto -- o que em si não é de todo um problema, desde que toda a estética combinasse com isso, o que não é o caso.
É um baita dum elenco, com atores que já se provaram em diversos gêneros e obras ao longo dos anos, então acredito que tenha sido uma escolha consciente da direção em conduzir o elenco dessa maneira, mas me falha a compreensão do porquê isso foi feito.
Acredito que esse excesso de serenidade combinou apenas com o personagem do Alan Arkin, que apresenta uma caracterização comedida mas extremamente sensível. Fiquei impressionado com a interpretação do Pedro Cardoso que, mesmo num sujeito demais controlado, ainda vemos dor e fogo em seus olhos.
Uma importante adição à nossa história cinematográfica.
A Menina que Matou os Pais
3.1 679 Assista AgoraAcabei de ver o que é essencialmente um filme universitário com os nomes de Carla Diaz, Mauricio Eça e Ilana Casoy nos créditos.
O Culpado
3.0 453 Assista Agora"Broken people save broken people."
Por razões que não vêm ao caso agora, esse filme me tocou profundamente. A dor e a angústia que o personagem do Jake Gyllenhaal carrega no olhar são palpáveis. Ao longo de 1h30, ele prova mais uma vez as razões pelas quais é um dos melhores atores vivos. Nic Pizzolatto e Antoine Fuqua tecem uma narrativa de mais absoluta tensão que, quando finalmente se quebra, nos deixa arrematados no chão com a performance vocal da Riley Keough, que consistentemente tem se mostrado uma atriz com papéis cada vez mais interessantes e exigentes. Obra prima simplesmente fenomenal que me fez querer checar o original no qual se baseia.
O Esquadrão Suicida
3.6 1,3K Assista AgoraTudo que eu precisava num filme do Esquadrão ❤️
Viúva Negra
3.5 1,0K Assista AgoraO Kevin Feige realmente não vai muito com a cara da Scarlett Johansson, né.
Complicações Do Amor
3.6 215 Assista AgoraA trilha musical foi tudo pra mim, consegui visualizar um Tom & Jerry correndo de um lado pro outro.
Acredito que é bem sucedido nos seus questionamentos quanto a relacionamentos e suas bases falhas construídas muitas vezes em mentiras, assim como no tocante ao nível existencial, metafísico da coisa. Afinal, se o Ethan não tivesse feito aquela substituição na casa, o que a Sophie fez poderia ser classificado como traição?
Os personagens e seus duplos têm características suficientes para não serem caricaturais ou demais opostos. Nesse sentido, sutis mas engenhosos efeitos visuais colaboram na construção dessa narrativa que tenta MUITO não ser dicotômica ou maniqueísta, mesmo oscilando demais entre a tênue linha da Persona vs Sombra, da Luzes vs Trevas, da Mentira vs Verdade.
Para melhor ou para pior, descamba num final corrido e inconclusivo: de que adiantaram as fitas, as fotos, o previsível escritório vazio e o café da manhã que já sabíamos como seria? Não fornecem muitas respostas nem adicionam muito à mitologia criada, mas também não me parece esse tipo de filme, sabe?
Ata-me!
3.7 550Primeiro filme do Almodóvar que eu vi. Me questionando aqui sobre a ética e a estética do sujeito. Ambas me deixaram muito intrigado e instigado, assim como a súbita mudança de comportamento da Marina -- em um momento tá virando o quarto de ponta cabeça pra fugir e no outro só sentou e foi magicamente seduzida? Nheeeeeee, sei não, hein.
Senti uma vibe extremamente sardônica com o conjunto de tudo que foi apresentado no filme, então tô encarando isso daqui muito mais como uma paródia, mesmo que desproposital, dos elementos abordados do que qualquer outra coisa.
Gostei do vermelho.
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraChristopher Nolan pode ser muitas coisas, inclusive um contador de histórias demasiadamente frio, mas não dá pra negar que os filmes do homem exalam Cinema.
Doutor Sono
3.7 1,0K Assista AgoraEwan McGregor claramente de saco cheio ao longo do filme inteiro me representou demais. O título cai aqui como uma luva. Aliás, alguém precisa dizer ao Mike Flanagan que existem outras cores além de seu azul cinzento dessaturado.
Suor
3.6 41 Assista AgoraNem em Taxi Driver eu fiquei tão incomodado com a potência de close ups, eu queria tirar a câmera dali, me angustiava olhar tão intimamente para as feições da Sylwia, que, para minha surpresa, é extremamente likable desde o início.
Sua exagerada obsessão consigo mesma me deixou ridiculamente desconfortável na cena em que dialoga com uma fã e ignora completamente os traumas de sua interlocutora em detrimento de uma suposta confissão sobre como enxerga seu relacionamento com seus seguidores e como trocaria isso por um "amor verdadeiro" -- perspectiva que muda radicalmente ao fim da narrativa. Foi uma genuína mudança ou apenas mais uma propaganda de si mesma?
Notável também é o paralelo entre seu companheiro de trabalho e o esquisitão do carro. Ambos realizam o mesmo "gesto" mas em contextos diferentes, o que acredito que revela algo sobre a natureza dos homens em sua vida e que faz estalar algo dentro dela sobre como é vista por aqueles que ela acredita piamente estar inspirando.
Sylwia, sua vida, seu filme e a fotografia que o acompanha são inquietantes, mas igualmente hipnotizantes.
As Fitas de Poughkeepsie
3.1 372Tô mal pra caralho. Experiência sem igual. Pra quem tem familiaridade com filmes de investigação de crimes reais e mockumentaries, isso daqui é um prato cheio. Entrega um macabro e minucioso estudo de personagem e as profundamente traumatizantes consequências do que acontece com as vítimas daqueles que gostam de brincar de deus. Senti o impacto.
O Diabo e o Padre Amorth
2.4 104 Assista AgoraNão rebate as bolas que levanta, não elabora muito sobre o que pretende responder, fica num mela cueca do vai pra cá-vai pra lá, tem uma desnecessária, abrupta, mal feita e preguiçosa edição de som e nem como homenagem ao padre e ao escritor serve direito. William Friedkin tava com preguiça e eu também. Pelo menos ele tem dinheiro, Oscar e o apreço das pessoas, já eu, não. Então vamos trabalhar porque eu também quero fazer filme preguiçoso quando alcançar meus 80 anos.
À Espreita do Mal
3.6 898O que tem de auto indulgente tem de surpreendente -- e isso é muito mais do que se pode dizer da maioria dos filmes já feitos.
Mundo em Caos
2.7 250 Assista AgoraNum futuro distópico, temos uma jornada bem Dora, a Aventureira, com Homem Aranha e Rey, e com direito até mesmo ao Mapa e à Mochila -- todos fugindo do Raposo interpretado pelo Hannibal Lecter. Não entendi o que a galera detestou tanto nesse filme.
Fiquei fascinado pelos efeitos visuais dos pensamentos e como interagem com os elementos reais do filme. A ingenuidade bruta do garoto e a engenhosidade astuta da menina me cativaram. O pregador em labaredas de fúria exala uma vibe indescritível, me sentia num RPG toda vez que abria a boca kkkkkkkkkk
Admirável é o trabalho da continuidade em manter camuflados os dois anos que se passaram entre a produção e as regravações -- é indistinguível o que foi gravado em 2017 e o que foi em 2019.
Achei muito instigante todo o rolê de só homens terem seus pensamentos expostos e de odiarem as mulheres por isso, por ser enlouquecedor terem aquelas que tanto gostariam de enganar vendo toda sua podridão a céu aberto. Muito simbólico de uma sociedade manipulativa, ostentadora e em constante estado de guerra.
Women can see right through your bullshit.
Reflexões de um Liquidificador
3.8 583 Assista AgoraMe senti lendo um conto do Edgar Allan Poe ambientado nos subúrbios paulistanos e recheado de humor banal brasileiro.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraEm Birdman temos um protagonista que, tal como numa disputa de cabo de guerra, se encontra ora oscilando em direção a seus delírios de grandeza por conta de seus sucessos do passado interpretando um super herói para o Cinema, ora pendendo para a borda de seu abismo interior, o reduto onde guarda todos os piores pensamentos que tem sobre si, sobre seu talento questionável, sobre sua deteriorada fama e sobre seus graves problemas para lidar com relações interpessoais.
Toda sua auto imagem está calcada nos anos em que foi um astro, seja para o próprio enaltecimento egoico ou para sua auto sabotagem, e da percepção que as pessoas têm dele por conta disso. Aliás, isso é uma questão recorrente no filme que se manifesta de maneiras diversas e na maior parte dos personagens: “quem sou eu?”, “qual meu valor?”. Para um filme que se passa quase que inteiramente dentro de um teatro e que é norteado pelos ensaios e apresentações de uma peça, de certa maneira parece que esses atores de fato só existem sob o olhar do Outro.
Nosso protagonista é constantemente assombrado por uma figura alada que dá nome à obra e aos filmes dentro dela e que de forma ambivalente se tornou quase que a personificação paradoxal tanto da castração quanto de seus desejos. Inicialmente se apresentando como pensamentos invasivos na cabeça do protagonista, pouco a pouco se tornou uma manifestação da sua incessante obsessão pela fama e pelo reconhecimento público -- uma forma dele mesmo admitir para si que é “alguém” --, assim Birdman assume controle sobre Riggan, com sua mente espiralando cada vez mais na loucura.
Posteriormente à sua definitiva ruptura com a realidade, e talvez como num surto psicótico, Riggan assume de vez seus “poderes” de super herói para o público do filme que é sua vida -- quando antes apenas os exercia na sua privacidade, agora sobrevoa os arranha céus de Nova York, a maior megalópole mundial e um dos maiores complexos culturais do planeta.
Seu ego, antes apavorado pela possibilidade de num eventual acidente de avião com George Clooney, este estampar o jornal com a notícia de sua morte, agora paira acima da imagem de Tom Hanks. Riggan Thomson em meio a seu surto se vê imbatível, insuperável.
Infelizmente tendo conseguido somente enxergar seu potencial como artista após romper qualquer remoto contato com a realidade, não se encontra mais em condições de apreender o que a totalidade de suas qualidades foi capaz de atingir ao se livrar das amarras de suas inseguranças, de seus medos e de seus temores. Ao fim do filme, ele está tão além de qualquer um ao seu redor que acabou por atingir um além-plano.
Sérgio
3.2 222poxa, eu só queria ficar no meio do wagner moura e da ana de armas :/
Trash Humpers
3.0 105 Assista AgoraAcho que o Harmony Korine, em todo seu pedantismo e auto indulgência, fez isso daqui pra se divertir com a namorada e uns amigos e usou de toda sua lábia ~~alternativa e contra cultura~~ pra ver até onde seus puxa sacos vão pra defender ou glamurizar qualquer coisa que tenha o nome dele. Fez um ótimo trabalho.