A revelação da proximidade de uma figura política abominável com outra figura política abominável eu achei forçada, embora tenha existido uma proximidade de ambos na vida real, mas acho que isso funciona nesse contexto de sátira. Gosto da ideia de retratar um ditador como um vampiro e acho que isso podia ser ainda mais bem explorado na história. A fotografia é lindíssima e é super adequada a escolha do preto e branco imprimindo uma estética gótica e sombria.
Eu não sei se é por já ter conhecido antes a visão magistral do Villeneuve ou pelo teste do tempo, mas a visão do Jodorowski não me impressionou, tirando o visual e a direção de arte que de fato seria hipnotizante com potencial pra influenciar e revolucionar o cinema até hoje. Acho que algumas mudanças que o Jodorowski propõe em relação ao material original, especialmente o final, enfraquecem a obra do Frank Herbert e levam pra um lugar clichê e "fabulesco" que destoam muito da proposta da obra. Mas posso também tá contaminado pelo meu tempo, pode ser que isso naquela época fosse extremamente original e condizente, não tenho a vivência e nem bagagem o suficiente pra saber. E mesmo que eu não concorde com as mudanças, o Jodorowski tinha todo o direito de fazê-las, adaptação é isso, e eu gostaria muito de poder assistir apesar de tudo. Que alguém um dia financie essa produção mesmo que em animação.
Além de um elenco de primeira e de fotografia e aspetos técnicos impecáveis tem tanta coisa aqui no subtexto, o que é mérito do material fonte que continua surpreendentemente atual, tem debate sobre crença e ceticismo, tem crítica ao messianismo, à guerras santas, à colonialismo, à super exploração dos recursos naturais... mas o impacto foi tão grande que eu não consigo formular nada.
Me faltam palavras pra falar de Denis Villeneuve e de mais esse grande êxito na filmografia perfeita dele. Um épico como a muito tempo não se via.
Eu já nem acho mais que o filme é inconclusivo. Mesmo adaptando só metade do livro eu acho que o Villeneuve e quem roteirizou com ele conseguiram fechar num ponto que funciona como uma conclusão de arco perfeita. Do Paul desbravando esse novo mundo, passando por perdas, deixando de ser um simples "playboy" herdeiro de uma grande família, se entendendo como o Lisan al Gaib, o Kwisatz Haderach e por fim aceitando o seu destino, aceitando que faz parte daquele deserto agora. Eu juro que não consigo entender quem acha esse filme chato ou cansativo. O difícil pra mim é tirar os olhos da tela. É intriga política, é ação, é tensão, é segredos e dramas familiares, é religião misteriosa, é verme gigante...
Mal posso esperar pra assistir a segunda parte que eu tenho certeza que é ainda muito maior e melhor que tudo isso. Eu vivo pra aclamar e enaltecer o nome de Denis Villeneuve.
Yorgos Lanthimos encontrou nessa história, inspirada em Frankenstein, a justificativa perfeita pra fazer mais uma personagem que se comporta de um jeito estranho e pouco natural como ele adora fazer. A acidez, morbidade e crueza que ele tem como assinatura combina com o terror e o sombrio e também com a comédia. Aqui eu sinto que o negócio foi por esse segundo caminho, me peguei várias vezes rindo como quase nunca fiz na filmografia dele.
Mas não só fui capturado pelo humor, as implicações morais e filosóficas também não saíram da cabeça. Sobre criação, sobre sociedade... sobre o que é a Bella Baxter. Uma pessoa com mente de criança e corpo de adulto é criança ou adulta? Ela têm ou deve ter autonomia sobre suas decisões? Ter relações sexuais nesse corpo vai afetar o seu desenvolvimento e o seu emocional como aconteceria com crianças normais? E até o fato de o filme nunca revelar o gênero do bebê usado no experimento é uma decisão muito feliz porque cria ainda mais camadas, deixa tudo ainda mais complexo. Perceber sobre isso me levou a refletir sobre questões de gênero de um jeito e com uma intensidade que eu não refletia desde A Pele que Habito do Almodovar. Afinal como se comportaria um cérebro "masculino" num corpo "feminino" e vice versa? A pessoa seria do gênero da sua mente ou do seu corpo? E quanto a sua sexualidade? Esse filme acaba sendo um exemplo prático e didático pra ilustrar a transexualidade para leigos e intolerantes, pois o que seria Bella Baxter senão uma pessoa com uma mente e um corpo que não combinam um com o outro? E ainda tem questões sobre feminismo que daria pra esmiuçar.
Enfim, uma obra riquíssima tematicamente e em todos os aspectos e cheia da essência do cinema de Yorgos Lanthimos que a muito tempo me conquistou. Ou seja, perfeito!
Foi muito emocionante assistir a Vinheta da Toho e do Studio Ghibli no cinema pela primeira vez. Tava com saudades de ver um filme inédito do Miyazaki carregado com toda a sua essência.
Ele tem uma capacidade impressionante de criar personagens que já nascem visualmente icônicos como o personagem que é uma Garça. E também não podem faltar os personagens fofinhos que aqui são representados pelos warawara. O jeito que o filme lida no final com a questão do luto e da vida, de que ambos precisam ser vividos e sentidos e tudo tem que acontecer, me lembrou do A Chegada do Villeneuve. São lindos sob o mesmo prisma mas também únicos cada um a sua maneira.
Eu não tenho a menor dúvida de que esse filme é bastante autobiográfico, e se realmente for o último filme desse cineasta que eu amo (nunca é) é um ótimo jeito de encerrar sua filmografia. Mas dito isso, espero que mais uma vez não seja.
Eu fico dividido entre o quanto é legítimo contar essa história e empoderador pros africanos que tentam emigrar e o quanto não são só brancos europeus explorando a miséria e as mazelas dessas pessoas pra ganharem em cima disso e se sentirem melhores consigo mesmos ao passo que no processo acabam marginalizando esses povos, associando África á miséria, contribuindo pro inconsciente coletivo de que só existe pobreza e sofrimento por lá quando a realidade é bem mais complexa e impedindo que outros tipos de histórias africanas sejam contadas. Nesse mesmo ano saiu o filme American Fiction, que discorre e reflete maravilhosamente sobre essa mesma questão em relação aos afro-americanos e eu recomendo muito. Sobre esse, apesar de não duvidar da boa intenção e de adorar os momentos lúdicos de alucinação, eu tenho esse dilema interno que me impede de avaliar melhor.
Apaixonante o filme, apaixonante o seu Hirayama. Nunca imaginei que pudesse ser tão hipnotizante acompanhar a rotina diária de um senhorzinho comum. Saí do filme leve, acreditando na humanidade e completamente entusiasmado pra fazer a playlist do seu Hirayama naquela "loja" que ele não conhece, indo de The Animals a Nina Simone, de Otis Redding a The Velvet Underground... Imagino que um monte de gente deve ter tido a mesma ideia.
Uma experiência completamente angustiante e desconfortável a todo momento. É a terra e o céu enquadrados juntos e cada um deles contando uma história completamente diferente, algo que a arte do pôster foi bem feliz em imprimir. Não se espera que uma obra artística sobre o holocausto ainda pudesse tocar tanto, afligir tanto e aterrorizar tanto quase 80 anos depois do ocorrido, mas a verdade é que sempre vai aterrorizar e tem que continuar aterrorizando mesmo. O tamanho do horror que foi cometido, o tamanho do mal que foi causado jamais pode ser esquecido e jamais pode ser banalizado. Nunca vai ser aceitável o assassinato em massa de um povo inteiro, seja o povo que for, seja da nacionalidade que for, seja da religião que for, pela justificativa que for, seja por campo de concentração e câmera de gás, seja por bomba e míssil, seja ontem, seja hoje ou seja amanhã. O assassinato em massa de um povo inteiro NUNCA SERÁ ACEITÁVEL. O nome disso é genocídio, independente do povo que for vitimado.
É muito engraçado e ao mesmo tempo é genial. Todas as discussões complexas que o filme propõe e a metalinguagem que é uma coisa que sempre me pega... A daqui me lembrou do Adoráveis Mulheres da Greta Gerwig. Naquele caso o mérito foi todo da Greta que foi brilhante em adaptar o material fonte de forma totalmente nova e original. Nesse caso aqui não sei dizer porque não li a obra de origem mas de qualquer forma fica o elogio.
Gostei mais do que achei que fosse gostar. Bradley Cooper é um ator que convence, é um bom diretor. E Carey Mulligan é um espetáculo. Mas a minha "cinebiografia" de maestro favorita continua sendo a de Lydia Tár.
Uma história de amor foda de um jeito que Elementos nunca vai ser. Tá faltando pra Pixar (e pra outros estúdios de animação hollywoodianos) essa originalidade, essa sutileza, essa humanidade... Essa ousadia de fazer um filme de uma hora e meia sem nenhuma linha sequer de dialogo... Que aliás é uma decisão acertadíssima porque engrandece ainda mais tudo, passando a mensagem de forma prática que se trata de um tema universal. E a decisão de ser sobre robôs é perfeita porque se a natureza do relacionamento retratado por si só já é ambígua e aberta a interpretações, adicionando robôs na equação o negócio ganha ainda mais camadas que aí você é obrigado a superar e abandonar completamente o conceito de gênero. Então é amor romântico? É amizade? São do mesmo gênero? Não importa. É amor. Ponto. Não se julga o amor de uma pessoa pela outra, seja o tipo de amor que for, seja do gênero que for. Fica o mérito pra autora da obra original. E além de toda essa riqueza, esse mero filme de animação ainda ousa refletir sobre temas muito mais complexos e maduros que eu não vou discorrer aqui pra não entrar em terreno de spoiler. Eu só posso concluir, além de que esse é indubitavelmente um dos melhores filmes do ano, que Pixar, Disney e companhia precisam urgentemente se reinventar. Aprendam com os cineastas e realizadores independentes porque em 2023 um filme de animação de baixo orçamento ousou ser melhor que vocês.
Esse é o mais fraco da categoria de curtas, é bonito, é bem intencionado mas é fraquíssimo. Tem curtas concorrentes esse ano que exploram a morte e o luto muito melhor, de forma muito mais original ou simplesmente melhor desenvolvida.
Completamente impactado! E não bastasse o impacto principal, meu segundo impacto foi perceber só nos créditos que o curta era com Britany Snow e eu não a tinha reconhecido.
Um dos meus curtas favoritos da premiação. Comecei achando que ia ser parcial simplesmente vilanizando a China, mas é um relato pessoal e é complexo como tinha que ser, como é tudo no mundo, como é a vida.
Não é lá uma história muito original mas a direção do Park Chan-Wook engrandece pra caramba. Tem um monte de sacadas brilhantes na montagem e na fotografia. A transição que salta de uma cena penteando um cabelo pra um flashback numa caçada é uma das transições mais lindas e geniais que eu já vi num filme, só pra citar uma coisinha. Quem assistiu o filme vai saber do que eu tô falando.
Completamente apaixonado pelo cinema de Carolina Markowicz, por esse humor ácido absurdo intrínseco, essa coisa de pessoas comuns fazendo as maiores barbaridades do mundo como se não fosse nada. Só com Carvão e Pedágio, dois filmes, eu já sou fã convicto. Mal posso esperar pelo terceiro.
Assistir esse filme pela primeira vez só agora me passou uma sensação muito parecida com a de quando eu assisti o Tubarão do Spielberg pela primeira vez. Ambos os filmes fazem parecer um mero detalhe o fato de terem sido feitos a muitos, muitos anos atrás. Continuam ambos impressionantemente bem feitos e extremamente convincentes até os dias de hoje. Não deixam a dever em nada aos filmes de hoje em dia, pelo contrário são até ainda melhores que muito do que é feito hoje. O jeito que esses filmes desenvolvem e constroem primorosamente a tensão não é tão comum de se ver. E após assistir ambos os filmes você compreende o impacto que devem ter causado em suas respetivas épocas, você entende porque se tornaram clássicos e revolucionaram o cinema a ponto de inspirarem inúmeras continuações, e influenciarem centenas de filmes que viriam depois sobre tubarões, animais predadores e monstros no geral.
E isso tudo sem citar o subtexto genial sobre o holocausto nuclear e as bombas atômicas.
Quando eu descobri da existência desse filme e que era escrito pelo Charlie Kaufman eu fiquei maluco e fui assistir de cara num primeiro impulso com uma empolgação que poucos cineastas e realizadores conseguem me inspirar. E aqui tem tudo que é recorrente na filmografia do homem, mesmo sendo uma adaptação de uma obra pré existente é um prato cheio pra um fã. Tem surrealismo, subversão da narrativa, metalinguagem, reflexão sobre a vida e até uma leve pitada do recorrente humor ácido peculiar com
piadas envolvendo travesseiros, marretas e clorofórmio.
O visual é super criativo e imaginativo mas a animação é pobre pros padrões de 2024, com um pouco mais de ousadia e originalidade eu teria gostado mais. Apesar disso, depois de um pouco mais de meia hora de projeção eu já sabia que independente da nota que eu viesse a dar esse filme já tinha ganhado meu coração.
Se eu não tivesse me convencido da grandeza desse filme ao longo das três horas que se passaram eu teria me convencido pela genialidade e inventividade da sequência final e pela forma como o Scorsese encerra colocando cada gota de humanidade, solidariedade e respeito possível. É lindo.
Fui cheio de preguiça com a expectativa lá no chão pensando "porque mais um filme do Johh Wick?", "porque 2 horas e 40?"... E antes que eu pudesse notar o filme tava acabando como se tivesse sido 20 minutos. Eu nem gosto muito de filme de ação mas isso aqui não tem como, isso aqui é perfeição, isso aqui é arte, isso aqui é cinema. Eu nunca imaginei que depois de 10 anos e 3 filmes o melhor de John Wick ainda não tinha acontecido, nunca imaginei que a essa altura do campeonato ia vim um quarto filme que ia colocar os filmes anteriores no chinelo, superar eles e se tornar o melhor da franquia. Eu tô completamente extasiado, completamente apaixonado. Deixo essa carta de amor junto do meu agradecimento ao Chad Stahelski, a toda equipe e a todo mundo que tornou possível a realização dessa estupenda peça de arte audiovisual.
Só queria deixar registrado aqui que eu amo muito a Suzy, ela é fácil top 5 melhores comediantes do Brasil, quiçá do mundo. Sou muito fã desde quando a vi pela primeira vez no programa do Porchat.
O Conde
3.2 95 Assista AgoraA revelação da proximidade de uma figura política abominável com outra figura política abominável eu achei forçada, embora tenha existido uma proximidade de ambos na vida real, mas acho que isso funciona nesse contexto de sátira.
Gosto da ideia de retratar um ditador como um vampiro e acho que isso podia ser ainda mais bem explorado na história.
A fotografia é lindíssima e é super adequada a escolha do preto e branco imprimindo uma estética gótica e sombria.
Duna de Jodorowsky
4.5 143Eu não sei se é por já ter conhecido antes a visão magistral do Villeneuve ou pelo teste do tempo, mas a visão do Jodorowski não me impressionou, tirando o visual e a direção de arte que de fato seria hipnotizante com potencial pra influenciar e revolucionar o cinema até hoje.
Acho que algumas mudanças que o Jodorowski propõe em relação ao material original, especialmente o final, enfraquecem a obra do Frank Herbert e levam pra um lugar clichê e "fabulesco" que destoam muito da proposta da obra.
Mas posso também tá contaminado pelo meu tempo, pode ser que isso naquela época fosse extremamente original e condizente, não tenho a vivência e nem bagagem o suficiente pra saber.
E mesmo que eu não concorde com as mudanças, o Jodorowski tinha todo o direito de fazê-las, adaptação é isso, e eu gostaria muito de poder assistir apesar de tudo.
Que alguém um dia financie essa produção mesmo que em animação.
Duna: Parte 2
4.4 621Que experiência! Que espetáculo! Que visual!
Além de um elenco de primeira e de fotografia e aspetos técnicos impecáveis tem tanta coisa aqui no subtexto, o que é mérito do material fonte que continua surpreendentemente atual, tem debate sobre crença e ceticismo, tem crítica ao messianismo, à guerras santas, à colonialismo, à super exploração dos recursos naturais... mas o impacto foi tão grande que eu não consigo formular nada.
Me faltam palavras pra falar de Denis Villeneuve e de mais esse grande êxito na filmografia perfeita dele. Um épico como a muito tempo não se via.
Duna: Parte 1
3.8 1,6K Assista AgoraRevendo pela terceira vez pra assistir a segunda parte e o meu amor por esse filme só cresce.
Eu já nem acho mais que o filme é inconclusivo. Mesmo adaptando só metade do livro eu acho que o Villeneuve e quem roteirizou com ele conseguiram fechar num ponto que funciona como uma conclusão de arco perfeita. Do Paul desbravando esse novo mundo, passando por perdas, deixando de ser um simples "playboy" herdeiro de uma grande família, se entendendo como o Lisan al Gaib, o Kwisatz Haderach e por fim aceitando o seu destino, aceitando que faz parte daquele deserto agora.
Eu juro que não consigo entender quem acha esse filme chato ou cansativo. O difícil pra mim é tirar os olhos da tela.
É intriga política, é ação, é tensão, é segredos e dramas familiares, é religião misteriosa, é verme gigante...
Mal posso esperar pra assistir a segunda parte que eu tenho certeza que é ainda muito maior e melhor que tudo isso.
Eu vivo pra aclamar e enaltecer o nome de Denis Villeneuve.
Pobres Criaturas
4.1 1,1K Assista AgoraYorgos Lanthimos encontrou nessa história, inspirada em Frankenstein, a justificativa perfeita pra fazer mais uma personagem que se comporta de um jeito estranho e pouco natural como ele adora fazer.
A acidez, morbidade e crueza que ele tem como assinatura combina com o terror e o sombrio e também com a comédia. Aqui eu sinto que o negócio foi por esse segundo caminho, me peguei várias vezes rindo como quase nunca fiz na filmografia dele.
Mas não só fui capturado pelo humor, as implicações morais e filosóficas também não saíram da cabeça. Sobre criação, sobre sociedade... sobre o que é a Bella Baxter. Uma pessoa com mente de criança e corpo de adulto é criança ou adulta? Ela têm ou deve ter autonomia sobre suas decisões? Ter relações sexuais nesse corpo vai afetar o seu desenvolvimento e o seu emocional como aconteceria com crianças normais?
E até o fato de o filme nunca revelar o gênero do bebê usado no experimento é uma decisão muito feliz porque cria ainda mais camadas, deixa tudo ainda mais complexo. Perceber sobre isso me levou a refletir sobre questões de gênero de um jeito e com uma intensidade que eu não refletia desde A Pele que Habito do Almodovar. Afinal como se comportaria um cérebro "masculino" num corpo "feminino" e vice versa? A pessoa seria do gênero da sua mente ou do seu corpo? E quanto a sua sexualidade?
Esse filme acaba sendo um exemplo prático e didático pra ilustrar a transexualidade para leigos e intolerantes, pois o que seria Bella Baxter senão uma pessoa com uma mente e um corpo que não combinam um com o outro?
E ainda tem questões sobre feminismo que daria pra esmiuçar.
Enfim, uma obra riquíssima tematicamente e em todos os aspectos e cheia da essência do cinema de Yorgos Lanthimos que a muito tempo me conquistou.
Ou seja, perfeito!
O Menino e a Garça
4.0 217Foi muito emocionante assistir a Vinheta da Toho e do Studio Ghibli no cinema pela primeira vez.
Tava com saudades de ver um filme inédito do Miyazaki carregado com toda a sua essência.
Ele tem uma capacidade impressionante de criar personagens que já nascem visualmente icônicos como o personagem que é uma Garça. E também não podem faltar os personagens fofinhos que aqui são representados pelos warawara.
O jeito que o filme lida no final com a questão do luto e da vida, de que ambos precisam ser vividos e sentidos e tudo tem que acontecer, me lembrou do A Chegada do Villeneuve. São lindos sob o mesmo prisma mas também únicos cada um a sua maneira.
Eu não tenho a menor dúvida de que esse filme é bastante autobiográfico, e se realmente for o último filme desse cineasta que eu amo (nunca é) é um ótimo jeito de encerrar sua filmografia.
Mas dito isso, espero que mais uma vez não seja.
A Sala dos Professores
3.9 139 Assista AgoraAdorei! Em seus momentos mais inspirados me remeteu ao cinema de Asghar Farhadi
Eu, Capitão
4.0 70 Assista AgoraEu fico dividido entre o quanto é legítimo contar essa história e empoderador pros africanos que tentam emigrar e o quanto não são só brancos europeus explorando a miséria e as mazelas dessas pessoas pra ganharem em cima disso e se sentirem melhores consigo mesmos ao passo que no processo acabam marginalizando esses povos, associando África á miséria, contribuindo pro inconsciente coletivo de que só existe pobreza e sofrimento por lá quando a realidade é bem mais complexa e impedindo que outros tipos de histórias africanas sejam contadas.
Nesse mesmo ano saiu o filme American Fiction, que discorre e reflete maravilhosamente sobre essa mesma questão em relação aos afro-americanos e eu recomendo muito.
Sobre esse, apesar de não duvidar da boa intenção e de adorar os momentos lúdicos de alucinação, eu tenho esse dilema interno que me impede de avaliar melhor.
Dias Perfeitos
4.2 280 Assista AgoraApaixonante o filme, apaixonante o seu Hirayama.
Nunca imaginei que pudesse ser tão hipnotizante acompanhar a rotina diária de um senhorzinho comum.
Saí do filme leve, acreditando na humanidade e completamente entusiasmado pra fazer a playlist do seu Hirayama naquela "loja" que ele não conhece, indo de The Animals a Nina Simone, de Otis Redding a The Velvet Underground...
Imagino que um monte de gente deve ter tido a mesma ideia.
Zona de Interesse
3.6 594 Assista AgoraUma experiência completamente angustiante e desconfortável a todo momento.
É a terra e o céu enquadrados juntos e cada um deles contando uma história completamente diferente, algo que a arte do pôster foi bem feliz em imprimir.
Não se espera que uma obra artística sobre o holocausto ainda pudesse tocar tanto, afligir tanto e aterrorizar tanto quase 80 anos depois do ocorrido, mas a verdade é que sempre vai aterrorizar e tem que continuar aterrorizando mesmo. O tamanho do horror que foi cometido, o tamanho do mal que foi causado jamais pode ser esquecido e jamais pode ser banalizado.
Nunca vai ser aceitável o assassinato em massa de um povo inteiro, seja o povo que for, seja da nacionalidade que for, seja da religião que for, pela justificativa que for, seja por campo de concentração e câmera de gás, seja por bomba e míssil, seja ontem, seja hoje ou seja amanhã. O assassinato em massa de um povo inteiro NUNCA SERÁ ACEITÁVEL.
O nome disso é genocídio, independente do povo que for vitimado.
Ficção Americana
3.8 375 Assista AgoraÉ muito engraçado e ao mesmo tempo é genial.
Todas as discussões complexas que o filme propõe e a metalinguagem que é uma coisa que sempre me pega...
A daqui me lembrou do Adoráveis Mulheres da Greta Gerwig.
Naquele caso o mérito foi todo da Greta que foi brilhante em adaptar o material fonte de forma totalmente nova e original.
Nesse caso aqui não sei dizer porque não li a obra de origem mas de qualquer forma fica o elogio.
Maestro
3.1 260Gostei mais do que achei que fosse gostar.
Bradley Cooper é um ator que convence, é um bom diretor. E Carey Mulligan é um espetáculo.
Mas a minha "cinebiografia" de maestro favorita continua sendo a de Lydia Tár.
Meu Amigo Robô
4.0 84Uma história de amor foda de um jeito que Elementos nunca vai ser.
Tá faltando pra Pixar (e pra outros estúdios de animação hollywoodianos) essa originalidade, essa sutileza, essa humanidade...
Essa ousadia de fazer um filme de uma hora e meia sem nenhuma linha sequer de dialogo... Que aliás é uma decisão acertadíssima porque engrandece ainda mais tudo, passando a mensagem de forma prática que se trata de um tema universal.
E a decisão de ser sobre robôs é perfeita porque se a natureza do relacionamento retratado por si só já é ambígua e aberta a interpretações, adicionando robôs na equação o negócio ganha ainda mais camadas que aí você é obrigado a superar e abandonar completamente o conceito de gênero. Então é amor romântico? É amizade? São do mesmo gênero? Não importa. É amor. Ponto.
Não se julga o amor de uma pessoa pela outra, seja o tipo de amor que for, seja do gênero que for.
Fica o mérito pra autora da obra original.
E além de toda essa riqueza, esse mero filme de animação ainda ousa refletir sobre temas muito mais complexos e maduros que eu não vou discorrer aqui pra não entrar em terreno de spoiler.
Eu só posso concluir, além de que esse é indubitavelmente um dos melhores filmes do ano, que Pixar, Disney e companhia precisam urgentemente se reinventar.
Aprendam com os cineastas e realizadores independentes porque em 2023 um filme de animação de baixo orçamento ousou ser melhor que vocês.
E Depois?
3.2 64 Assista AgoraEsse é o mais fraco da categoria de curtas, é bonito, é bem intencionado mas é fraquíssimo.
Tem curtas concorrentes esse ano que exploram a morte e o luto muito melhor, de forma muito mais original ou simplesmente melhor desenvolvida.
Red, White and Blue
3.8 33Completamente impactado!
E não bastasse o impacto principal, meu segundo impacto foi perceber só nos créditos que o curta era com Britany Snow e eu não a tinha reconhecido.
Island in Between
3.0 21Um dos meus curtas favoritos da premiação. Comecei achando que ia ser parcial simplesmente vilanizando a China, mas é um relato pessoal e é complexo como tinha que ser, como é tudo no mundo, como é a vida.
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraNão é lá uma história muito original mas a direção do Park Chan-Wook engrandece pra caramba. Tem um monte de sacadas brilhantes na montagem e na fotografia.
A transição que salta de uma cena penteando um cabelo pra um flashback numa caçada é uma das transições mais lindas e geniais que eu já vi num filme, só pra citar uma coisinha. Quem assistiu o filme vai saber do que eu tô falando.
Pedágio
3.7 69Completamente apaixonado pelo cinema de Carolina Markowicz, por esse humor ácido absurdo intrínseco, essa coisa de pessoas comuns fazendo as maiores barbaridades do mundo como se não fosse nada.
Só com Carvão e Pedágio, dois filmes, eu já sou fã convicto. Mal posso esperar pelo terceiro.
A Noite que Mudou o Pop
4.2 158 Assista AgoraSe eles tivessem conseguido trazer uma galera da terra da rainha também teria sido épico, outro nível, sem precedentes...
Mas foi foda como foi.
Godzilla
3.8 124 Assista AgoraAssistir esse filme pela primeira vez só agora me passou uma sensação muito parecida com a de quando eu assisti o Tubarão do Spielberg pela primeira vez. Ambos os filmes fazem parecer um mero detalhe o fato de terem sido feitos a muitos, muitos anos atrás.
Continuam ambos impressionantemente bem feitos e extremamente convincentes até os dias de hoje.
Não deixam a dever em nada aos filmes de hoje em dia, pelo contrário são até ainda melhores que muito do que é feito hoje. O jeito que esses filmes desenvolvem e constroem primorosamente a tensão não é tão comum de se ver.
E após assistir ambos os filmes você compreende o impacto que devem ter causado em suas respetivas épocas, você entende porque se tornaram clássicos e revolucionaram o cinema a ponto de inspirarem inúmeras continuações, e influenciarem centenas de filmes que viriam depois sobre tubarões, animais predadores e monstros no geral.
E isso tudo sem citar o subtexto genial sobre o holocausto nuclear e as bombas atômicas.
Orion e o Escuro
3.3 72 Assista AgoraQuando eu descobri da existência desse filme e que era escrito pelo Charlie Kaufman eu fiquei maluco e fui assistir de cara num primeiro impulso com uma empolgação que poucos cineastas e realizadores conseguem me inspirar.
E aqui tem tudo que é recorrente na filmografia do homem, mesmo sendo uma adaptação de uma obra pré existente é um prato cheio pra um fã. Tem surrealismo, subversão da narrativa, metalinguagem, reflexão sobre a vida e até uma leve pitada do recorrente humor ácido peculiar com
piadas envolvendo travesseiros, marretas e clorofórmio.
O visual é super criativo e imaginativo mas a animação é pobre pros padrões de 2024, com um pouco mais de ousadia e originalidade eu teria gostado mais.
Apesar disso, depois de um pouco mais de meia hora de projeção eu já sabia que independente da nota que eu viesse a dar esse filme já tinha ganhado meu coração.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 609 Assista AgoraSe eu não tivesse me convencido da grandeza desse filme ao longo das três horas que se passaram eu teria me convencido pela genialidade e inventividade da sequência final e pela forma como o Scorsese encerra colocando cada gota de humanidade, solidariedade e respeito possível.
É lindo.
John Wick 4: Baba Yaga
3.9 691 Assista AgoraFui cheio de preguiça com a expectativa lá no chão pensando "porque mais um filme do Johh Wick?", "porque 2 horas e 40?"...
E antes que eu pudesse notar o filme tava acabando como se tivesse sido 20 minutos.
Eu nem gosto muito de filme de ação mas isso aqui não tem como, isso aqui é perfeição, isso aqui é arte, isso aqui é cinema.
Eu nunca imaginei que depois de 10 anos e 3 filmes o melhor de John Wick ainda não tinha acontecido, nunca imaginei que a essa altura do campeonato ia vim um quarto filme que ia colocar os filmes anteriores no chinelo, superar eles e se tornar o melhor da franquia.
Eu tô completamente extasiado, completamente apaixonado.
Deixo essa carta de amor junto do meu agradecimento ao Chad Stahelski, a toda equipe e a todo mundo que tornou possível a realização dessa estupenda peça de arte audiovisual.
LOL: Se Rir, Já Era! (3ª Temporada)
3.3 30 Assista AgoraSó queria deixar registrado aqui que eu amo muito a Suzy, ela é fácil top 5 melhores comediantes do Brasil, quiçá do mundo.
Sou muito fã desde quando a vi pela primeira vez no programa do Porchat.