Uma série que mistura fé, aceitação, morte, culpa, vício e também crenças. A trama da Missa da Meia Noite começa apresentando o Riley que é um cara que no passado matou uma adolescente em um acidente de carro enquanto estava bêbado, e recentemente ele saiu da prisão e voltou para a casa dele na ilha Crockett, e os habitantes dessa ilha onde ele vive são pessoas muito religiosas e isso tem muito a ver com a temática da série...e falando em religião, um certo dia o padre que era idoso e que trabalhava na ilha acaba adoecendo e o Padre Paul acaba chegando na ilha e tomando o lugar dele...e mesmo que o Riley não goste muito de ir na igreja (porque depois que ele foi preso ele se tornou ateu), ele ainda assim é meio que obrigado a ir, já que ele vive na ilha com os pais dele e acaba recebendo o conselho dos pais para ele ir no AA coordenado pelo Padre Paul, já que ele tem um problema com bebidas alcóolicas, então ele precisa de um acompanhamento para conseguir se libertar, e a única pessoa que ele sente um conforto em estar perto é a Erin, que é uma ex namorada dele que acabou fugindo no passado para se livrar da mãe que era alcóolatra e agora ela está de volta na ilha, só que dessa vez ela está grávida e está fugindo do casamento abusivo que ela estava vivendo. E a série tem um ponta pé muito bom, a partir do momento que a gente vê que as coisas estranhas começam a acontecer na ilha depois da chegada do Padre Paul, e uma dessas coisas estranhas é uma criatura que vai e vem ali na ilha e acaba fazendo algumas vítimas, e percebemos também que alguns milagres acontecem e quanto mais os episódios progridem, mais a gente percebe que a doideira da série vai aumentando, e quando se trata de doideira a doutora da ilha que é a Sara ela tenta encontrar uma solução lógica para o que está acontecendo, mas um grande problema que ela enfrenta é que algumas coisas que estão acontecendo ali naquela ilha não tem solução lógica, principalmente porque as coisas que estão acontecendo naquela ilha tem ali uma pitada de terror sobrenatural. O roteiro é impecável, a trama consegue ser ácida nos momentos certos e sempre joga questionamentos relevantes, além disso a gente vê também alguns debates que contrapõe algumas convicções dos personagens, como por exemplo o xerife Hassan, ele é muçulmano e ele tem as próprias crenças dele , mas a Bev que é uma acólita muito extremista, ela acaba meio que tentando mudar as pessoas, ela acaba tentando transferir essa fé dela para os outros, só que ela faz isso de uma forma tão exacerbada, tão exagerada que acaba prejudicando muitas pessoas durante toda essa temporada, basicamente ela é uma intolerante religiosa que passa dos limites para conseguir por a idéia que ela tem na cabeça dela na cabeça dos outros, então se as pessoas não seguem o que ela quer que as pessoas sigam, a pessoa está ferrada, então eu gostei de como essa personagem foi trabalhada. Essa minissérie é uma produção nada comum, não é uma produção habitual, ela sai muito fora da caixinha de outras produções desse gênero, até mesmo das próprias produções do Mike Flanagan, a gente percebe que essa série se sobressai em alguns momentos porque ela consegue ser um pouco diferente, ela soube dosar uma quantidade boa de drama, de crítica social, crítica religiosa, e também juntando o terror percebemos que isso não é constante em algumas produções principalmente em séries. Missa da meia noite uma minissérie intrigante, envolvente, com uma fotografia perfeita, com atuações atenuantes e também com uma direção muito perspicaz.
Depois de 4 episódios recheados de mistérios os episódios 5,6 e 7 foram recheados de resoluções, e um dos grandes acontecimentos do meio da temporada foi a transformação do Riley em vampiro, onde a gente percebeu ali que ele começou a descobrir um pouco mais sobre o que era o Padre Paul, depois ele acabou contando tudo isso para a Erin sobre o seu vampirismo e em seguida ele acabou demonstrando para ela que ele poderia morrer queimado ao sol, então vemos aquela cena do Riley pegando fogo e a Erin gritando, e foi um momento muito impactante principalmente porque é o estopim para o final da temporada, já que a gente percebe que a Erin já sabe de tudo, então ela vai procurar um pouco mais de resposta e a gente também percebe que a Bev e o Padre Paul vão fazer a última missa na igreja St. Patrick já que a Bev e o Padre Paul preparam uma noite de conversão para todos os membros daquela igreja onde transformariam todos eles em vampiros, mas antes de falar desse final, eu acho interessante mencionar o que era aquele tal vinho que o Padre Paul vivia bebendo durante a temporada, quando a gente conhece o Padre Paul logo quando ele chega na ilha a gente percebe que ele é um Padre bem misterioso, ele chega na igreja todo bonzinho, ele até convence todos os devotos que eles deveriam tomar um pouco de vinho sacramental e a gente descobre um pouco depois que na verdade esse vinho é uma mistura feita com sangue de anjo, um anjo que na verdade parece um Nosferatu, um vampiro, eu durante a temporada fiquei me questionando, será que eles vão revelar que isso não é um anjo? Porque não parece um anjo, aliás esse tal anjo foi responsável por ajudar o Padre Paul a rejuvenescer e a se tornar quase que imortal, então ele vivia dando o sangue dele para o Padre Paul se manter jovem, e o plano do Padre Paul era dar pequenas doses daquele sangue "angelical" para os devotos da igreja para assim acostumá-los com esse tal sangue e também para fazer com que aqueles moradores da ilha tenham um impacto, porque quando eles descobrem que ele está fazendo milagres, que ele faz a Leeza começar a andar novamente, então é um milagre que acontece, todo mundo fica impactado, depois a gente vê a mãe da Sara rejuvenescida, isso foi considerado outro milagre na ilha e esses dois milagres fez com que o Padre Paul fosse reverenciado, fizeram ali com que a cidade baixassem aos pés dele, então realmente o plano dele começou nesse ponto. Chegamos ao último episódio da minissérie com aquela vigília de páscoa onde o Padre Paul e a Bev decidiram transformar todo mundo da congregação em anjos e esse ponto tivemos aquela cena bizarra de todo mundo aceitando morrer e a gente vê as pessoas tomando veneno de rato e morrendo horrivelmente no chão só para logo em seguida renascerem como sanguinários destrutivos, a crença desse povo foi longe demais, eles acreditaram que tomando veneno de rato eles estariam fazendo uma coisa boa para o mundo? Foi uma coisa muito irreal, eu acredito que tem crentes que fazem coisas assim. E depois de toda essa morte, de todo esse momento sanguinário na igreja o final dessa cena caótica mostrou que os únicos sobreviventes foram a Sara, Erin, Xerife, Warren e a Leeza, sendo que o Warren e a Leeza pegaram um barco, foram até o meio do mar para fugir dos vampiros e ficaram vendo toda a destruição da ilha. E quem estava coordenando toda essa rebelião na ilha era a Bev, e no meio de toda essa confusão a gente percebe que a Erin foi atacada por aquele tal "anjo" e ele começou a tomar o sangue dela, e enquanto ele a matava aos poucos ela cortou as asas dele para impedir que ele saísse da ilha, e durante essa cena da morte dela nós tivemos um monólogo dela explicando o que acontece na pós vida. Já em outro ponto da ilha a gente vê que os outros sobreviventes estavam tentando impedir que os vampiros saíssem da ilha , então eles queimaram todos os barcos para manter esses vampiros isolados e a Sara depois disso foi até a igreja para tentar queimar o local e o Xerife Hassan foi tentar queimar o centro de recreação, mas os dois acabaram sendo baleados e impedidos pelo Sturge e a Bev, e o único local que restava para esses vampiros se esconderem do sol era o centro de recreação que a Bev até chamava de Arca que salvaria os escolhidos, na visão dela, porém o filho do xerife Hassan mesmo tendo tomado algumas decisões erradas e tomado veneno algumas cenas antes, ele meio que acabou mudando as virtudes dele e decidindo ajudar o pai a queimar o centro de recreação. Depois disso a Bev e todos os outros vampiros tiveram que aceitar a morte iminente, todos iriam morrer carbonizados e a gente percebe que a Bev tenta correr até a praia, ela até para no meio da areia enquanto os outros cantam uma música, e o sol nasce e mata todos eles, e os únicos sobreviventes são os dois jovens que estão no barco, e a cena final da série mostra a Leeza falando para o Warren que ela não consegue mais sentir as pernas e o próprio Mike Flanagan acabou explicando o que significa essa tal cena, ele disse que a concentração de sangue angelical dentro do corpo dela estava diminuindo, fazendo assim ela voltar ao estado físico de antes, então ficaria paraplégica novamente. A fé as vezes cega as pessoas e o extremismo religioso pode ser mortal, percebemos que a Bev era um exemplo de personagem extremista que no final das contas ela acabou provando do próprio veneno, ela queria transformar a cabeça de todo mundo, ela queria ser a líder, ela queria ser a maioral, ela queria impor o que ela achava certo na cabeça dos outros.
Como a Flora falou no final da série, no último episódio da Maldição da mansão Bly, não é uma história sobre assombração, espíritos, é uma história de amor.
A série tem várias metáforas ao redor dela, só que tudo pode ser resumido pelo amor, pela conexão entre as pessoas, por você entender que não está sozinho ou que você não precisa ficar sozinho, são sobre pessoas quebradas e desajustadas se encontrando e escolhendo formar uma família,
lá nos primeiros episódios da série a Dani confidencia para o Miles, para consolar o menino de que ela também perdeu o pai muito cedo e ela nunca teve uma mãe presente, apesar da mãe dela existir, ela era alcoólatra, ela tinha muitos problemas, que ela foi criada sozinha na vida, só que ao longo da vida dela ela foi encontrando pessoas e foi formando a família dela, ela foi percebendo ao longo da vida que ela podia contar com alguns outros adultos para fazer esse papel materno e paterno que ela não tinha antes, era muito a posição que a mãe do noivo dela tinha antes, ela tinha um carinho muito grande pela Dani, como se fosse a própria filha e era recíproco, a família do noivo a recebeu de braços abertos, eu acho que por isso foi tão difícil pra ela se assumir homossexual para ele, ela queria muito ser hetero, ela queria constituir uma família porque ela não queria decepcionar as pessoas dessa nova família que ela constituiu, e o que eu acho muito bonito nesse conselho que a Dani deu para o Miles é que no decorrer da série a Jamie acaba lembrando a própria Dani desse conselho dela porque a Dani está muito assustada, ela está enxergando o espírito do noivo, ela está traumatizada com isso, então ela vê ele em todos os lugares e aí a Jamie fala pra ela: "você está precisando de companhia nessa escuridão porque você não precisa encarar tudo isso sozinha, dê abertura para que as outras pessoas da sua vida que te amam e que estão super dispostas a encarar essa escuridão com você façam parte desse momento",
e essa é uma mensagem muito importante, quantas vezes a gente tenta dar uma de durona e decide afastar as pessoas para não passar pra elas os nossos problemas, mas na verdade quem ama a gente vai querer ajudar, vai querer fazer parte tanto dos seus momentos bons quanto estar presente nos momentos ruins, então mais uma vez a Maldição da Mansão Bly ela é uma obra de terror que lembra pra gente que nada é mais assustador do que a vida real, do que os fantasmas reais que assombram a gente e esse fantasma pode ser qualquer coisa, pode ser uma doença, pode ser o rompimento de um relacionamento, um trauma do passado que não necessariamente aquele espírito é real, mas você sente a presença e o peso daquela situação,
a Maldição da Mansão Bly é uma história de terror que tem espíritos nessa história que está sendo contada, então todo mundo que morreu seja nas mãos da Viola (mulher do lago), quanto nas mãos do Peter Quint, todo mundo que morreu em Bly acaba virando um espírito, mas o noivo por exemplo que morreu e a Dani se sente culpada por essa morte não fica claro pra gente na série que ele é um espírito, na verdade e o que é mais provável, que ele não seja, a Dani não estava sendo assombrada pelo espírito do noivo, ela estava sendo assombrada pela lembrança de algo terrível que ela se culpava de ter feito, quando na verdade é lógico que ela não tinha culpa de nada, eles tiveram uma briga, ela acabou se revelando homossexual para ele, que era algo que ela sempre soube, mas ela tinha muito medo de magoar, decepcionar ele, então ela queria muito ser essa mulher hetero que vai casar com o melhor amigo, mas a partir do momento que ela decide confessar pra ele que ela é homossexual eles tem uma grande discussão e quando ele vai sair do carro é atropelado por um caminhão, ela não teve culpa de nada, só que como o X da questão, como o início de toda discussão que fez ele sair do carro foi a confissão dela, ela se culpa pelo resultado morte. É muito interessante porque a Dani sente medo, pavor, ela sente um trauma muito grande dessa situação a ponto de ficar visualizando a presença dele nos lugares, reforçando novamente a idéia de que o verdadeiro terror da nossa vida não é a possibilidade de espíritos, são os nossos próprios demônios, aquilo que a gente carrega com a gente e que está na nossa cabeça, para mim a série é muito sobre você seguir em frente, é sobre se ater aquelas memórias felizes para que isso te dê forças para que você continue, porque as vezes é realmente muito pesado, então a gente pode se utilizar das memórias boas para levar a gente para aquele lugar feliz da nossa cabeça, uma época em que tudo era mais fácil, em que as coisas eram mais bonitas, que é muito aquela cena final da personagem Jamie lá no quarto de hotel depois do casamento deixando a porta meio aberta esperando a Dani voltar, mesmo ela tendo total consciência de que a Dani não voltaria, ela ainda deixa a porta aberta como um símbolo de que ela ainda lembra da história das duas e que ela ainda tem esperanças de um dia rever a Dani.
A mensagem da série também pra mim falou muito sobre isso, sobre esperança, sobre transtornos mentais, sobre doenças degenerativas que acabam afetando a nossa capacidade cognitiva, porque a série bate muito nessa tecla, a mulher do lago (Viola), ela viveu tanto tempo apenas com as suas memórias como um espírito vagante, procurando a sua filha perdida que ao longo dos séculos ela foi esquecendo de quem ela era e conforme ela ia se esquecendo o rosto dela também desaparecia, pouco a pouco ela deixava de ser quem ela era porque a gente sem as nossas memórias, sem as nossas lembranças, sem a nossa essência a gente é uma casca e é isso que ela e todos os outros mortos de Bly eles representavam, eles eram meramente cascas, sem nada dentro, seres errantes que nem estavam sabendo mais qual era o objetivo deles e porque eles estavam ali, dá para fazer um paralelo muito grande entre esses espíritos e a personagem da mãe do Owen que possuía demência e ele fala muito sobre isso, ele conversa muito com a Hannah de que a mãe dele ela acha as vezes que ele é o avô dele, que ele era o pai dele, as vezes ela achava que estava em 1967, e tem uma cena muito bonita que o Owen conversa com a Hannah e ele fica tentando se consolar para ela sobre a doença da mãe e aí ele fala que existe um monge chamado Thomas Merton e esse monge ele acreditava que quando a gente perpassava a nossa consciência, a nossa identidade e todas aquelas coisas que fazem da gente a gente, quando a gente abria mão de tudo isso a gente transcendia e passava a fazer parte de algo maior, uma fonte abundante e infinita como se a gente se fundisse ao universo, essa é uma mensagem muito bonita de esperança para pessoas que possuem parentes e entes queridos no geral que estão passando por uma doença degenerativa que é muito triste, é como se você não tivesse vivido, se você no final da sua vida você esquecesse tudo o que já viveu, porque você viveu, então ter essa mentalidade, essa mensagem ela passa uma certa esperança para pessoas que estão passando por essa situação, eu achei muito interessante o paralelo que a série travou entre a mulher do lago e os outros personagens de Bly e a figura da mãe do Owen e uma outra metáfora que a série faz é sobre relacionamentos tóxicos e sobre o sacrifício que a gente faz as vezes para sair daquela situação em prol da outra pessoa porque a gente ama a outra pessoa, porque tem vezes que duas pessoas, mesmo que elas sejam incríveis individualmente, juntas elas acabam magoando mutualmente uma a outra, não é por babaquice, mal caráter, é porque simplesmente aquelas pessoas se machucam mutualmente, e você saber deixar a outra pessoa ir você sair dessa situação justamente porque você ama aquela outra pessoa, pode ser muito um gesto de amor e o gesto de amor mais altruísta que pode existir, porque se você tivesse sendo egoísta, você só permaneceria com aquela pessoa, e essa é uma metáfora presente na série, na figura da Dani porque quando ela percebe que a figura da Viola está dentro dela, está tomando o controle, quando ela se vê no meio da noite quase esganando, enforcando a Jamie, ela percebe que é a hora de partir porque ela fica com medo de realmente machucar a Jamie e ela não quer isso, ela ama a Jamie, então a Dani faz o sacrifício máximo, ela vai embora da situação, como ela está possuída e para não machucar a Jamie e não machucar nunca mais ninguém ela comete o sacrifício de se matar no lago para acabar para sempre com a maldição da Viola, porque o que ela quer é silenciar a Viola de uma vez por todas, mas lógico que a gente pode ficar com essa metáfora, é você saber ir embora, você saber partir ou deixar o outro partir para um bem maior, que as vezes a felicidade infelizmente ela está em duas pessoas separadas, ainda que elas se amem muito. Ainda sobre a mensagem da série, uma coisa que ela fala o tempo inteiro pra gente, viver o presente porque já que a gente não tem nenhum controle sobre o futuro, a gente tem que se ater ao que podemos controlar e viver intensamente esses momentos. Existe um diálogo muito poderoso entre o Owen e a Hannah, onde ele está um pouco bêbado e fala justamente, ele percebe com a mãe dele que o passado é falho porque você pode um dia ter uma doença degenerativa que acabe com as suas lembranças ou nem precisa chegar a tanto, você pode simplesmente se esquecer do que você viveu, então a nossa memória humana é falha porque nós humanos somos falhos, então a gente não pode confiar no passado porque as nossas memórias são falhas, a gente pode esquecer das coisas, a gente também não pode confiar no nosso futuro porque não sabemos se teremos um futuro, não sabemos o que vai acontecer com a gente amanhã, então tudo o que a gente tem é o nosso presente, então temos que viver o presente, o nome é presente por causa disso, porque é literalmente uma dádiva que a gente recebeu e temos que saber aproveitar. Eu fiquei muito triste no episódio que é um grande flashback da Hannah que ela descobre que está morta porque é nesse episódio que acontece esse diálogo e ele fala isso pra ela, que eles precisam viver intensamente, ele fala para ela fugir com ele para Paris, agora que a mãe morreu não tem mais nada me prendendo aqui e ele fala isso para ela na esperança dela ouvir porque secretamente os dois se amam, um é apaixonado pelo outro e ninguém faz nada e o que é muito triste é que no final desse episódio ele vai indo para o horizonte , ele fala isso pra ela e a Jamie o chama para ir embora, os dois saem andando e ela fala: "Owen eu vou com você, volta aqui" mais é tarde demais e ele já foi embora e aí na sequência ela descobre que ela morreu. E esse conceito do viver intensamente ele aparece também em vários diálogos da Jamie com a Dani, lá no último episódio para salvar a Flora a Dani convida a Viola para dentro dela, ela se deixa ser possuída, então ficam convivendo dentro da consciência da Dani, tanto a Dani quanto a Viola e ela fala que sente em algum momento que ela vai acabar cedendo completamente a Viola e vai se tornar a Viola e ela fala que não sabe quando isso vai acontecer, mas vai acontecer, e aí novamente elas tem aquele diálogo da Jamie falando: "Você quer companhia, eu sei que você está muito atormentada, mas você está precisando de companhia nessa dor porque eu topo ir nesse barco com você", e aí as duas vivem uma vida juntas e uma coisa que a Jamie sempre fala para a Dani é um dia de cada vez...a gente só tem certeza do que a gente está vivendo agora mesmo, então para que ficar tão preocupado sempre com o nosso futuro, vamos com calma, vamos viver um dia de cada vez. Então essa é a maior mensagem: UM DIA DE CADA VEZ. Vamos fazer o que a gente está com vontade, o que a gente quer mesmo fazer, vamos fazer agora, não vamos deixar para depois, porque o depois pode não existir. E no fim a narradora da série é a Jamie mais velha e ela está na verdade no casamento da Flora e lá ela encontra uma versão mais velha do Owen e estão presentes nesse casamento também o Miles que é o irmão da Flora e o tio que na verdade é o pai da Flora e na última cena nós vemos a Jamie pegando a cadeira e colocando de frente para a porta e deixando a fresta aberta na esperança da Dani voltar.
Seguimos uma família no início da década de 90 que muda para uma casa enorme, a Residência Hill, e eles começam, principalmente as crianças, a presenciar efeitos sobrenaturais, criaturas bizarras, barulhos estranhos que não deixam a família dormir, claro que a série não deixa de ter aquelas convenções relativamente clichês das histórias de terror, mas que podemos levar isso numa boa que é sempre as crianças avisando aos pais que tem alguma coisa muito estranha acontecendo e os pais muitas vezes pelo menos no início da história acham que é imaginação das crianças. O elenco dessa série é muito bom, a maioria dos atores e atrizes dão um show, temos alguns nomes mais conhecidos como a Carla Gugino, Kate Siegel, Michiel Huisman e até os atores e atrizes que eu nunca tinha visto inclusive as crianças que também estão muito bem, e é um núcleo que as vezes por serem mais inexperientes se não são bons atores ficam até meio chatos, no filme eles sabem levar muito bem a história, sabem ser fofinho, sabem ficar tristes, sabem passar aquela sensação de medo, não só as crianças, mas os adultos também, você vê a agonia nos personagens através dos olhares, das expressões ou da falta de diálogo, da comunicação também, você sabe que aqueles personagens estão muito aflitos por dentro. Essa série também sabe trabalhar muito bem dois elementos comuns em histórias de terror que é o terror psicológico e o terror sobrenatural, inclusive os primeiros 3 ou 4 episódios da série ficamos em dúvida se o que aqueles personagens estavam presenciando era da cabeça deles porque eles estavam traumatizados, estavam com o psicológico afetado ou se era realmente espíritos, coisas sobrenaturais e aí aos poucos a série vai te decifrando isso. A série tem 10 episódios, existe alguma barriguinha ou outra ali na história, em alguns momentos fica talvez um pouco lenta demais, nada que estrague o desenvolvimento da história, eu acho que a forma com que eles escolheram contar essa história que é de uma forma mais calma, detalhista, inclusive o 6 episódio em termos técnicos é excelente porque é um episódio feito basicamente de transições de plano de sequência. A Maldição da Residencia Hill é uma das melhores produções de série da netflix, eles fizeram com cuidado, com carinho, não é uma produção como muitas outras da netflix que eles simplesmente lançam e não tem aquele aspecto de produção caprichado, aqui temos um filme que vai agradar a quem gosta de terror, suspense e quem gosta de drama também, porque é no drama dessa série que a gente tem essa relação, a simpatia e preocupação com os personagens, não vai esperando que você vai ver terror em todos os cantos porque se você for com essa expectativa você pode se decepcionar, então assista a série e saiba admirar os aspectos de produção visual e as interpretações.
O lance do terror psicológico e o terror sobrenatural da série que é muito bem balanceado e o que acontece é que os dois existem, tanto aqueles personagens, todos eles, os filhos, o pai, a mãe, eles tinham uma fragilidade psicológica, não se sabe muito bem e eu acredito que seja uma questão hereditária vinda da mãe porque existem alguns diálogos que a mãe fala inclusive: "Ah! Meu marido é o meu pé no chão, ele me ajuda a trazer para a realidade", então fica claro que a mãe tem uma fragilidade psicológica, as crianças e o pai depois dos eventos da residência hill, depois de terem perdido a mãe, mesmo com o passar dos anos eles ficaram impactados com aqueles eventos, principalmente os filhos mais novos que são os gêmeos, você vê que quanto mais novinhos são os filhos mais eles têm problemas, a Nell tinha o problema da mulher do pescoço torto, ela via muitas assombrações, ela era uma personagem bastante depressiva, depois que ela casou e que o marido dela acabou morrendo aí é que estourou tudo, o Luke é um personagem muito problemático, a dependência química dele e isso automaticamente faz com que ele fique bem fragilizado psicologicamente, também tinha problemas ao enxergar algumas coisas sobrenaturais, a Theo que tem o dom com as mãos, aquela sensibilidade que ela toca e sente e ela sabe muito bem lidar com isso apesar de também ser uma personagem que até certo momento se mostra meio fria no relacionamento que ela tem com outra mulher. O Steven que é o escritor, um cara egoísta até certas vezes arrogante, mas é um cara que presencia algumas coisas e ele mesmo não aceita, ele não acredita que aquilo é sobrenatural, então ele também tem vários sentimentos retratados e achou que a mais velha que aí sim é uma personagem extremamente fechada, você vê que ela é essa personagem tão fria que foi ela que ficou responsável pelo cadáver da própria irmã, por mais que seja o trabalho dela, sinceramente precisa ter uma frieza para lidar com isso. Então você vê que tem aspectos psicológicos, eles estão fragilizados, mas a casa tem elementos sobrenaturais, não é uma maldição que eles não falam muito sobre como isso surgiu na casa, não era algo necessário de se explicar, talvez a origem da casa, mas é uma residência, é um ambiente que quando as pessoas morrem ali, o espírito delas fica ali, eles ficam até de certa forma materializados e lá no finalzinho, no último capítulo a gente vê quantos e quantos espíritos ainda vivem naquela casa, por isso que a gente tem esse ambiente tão pesado e que as pessoas que moram lá acabam ficando tão perturbadas. O quarto vermelho que é um dos principais mistérios da série que por vários capítulos eles param até de mencionar esse quarto vermelho, mas que no final a gente vê que tem um conceito bem interessante, que o quarto ele é uma espécie de refúgio para cada um dos filhos, para cada um dos personagens que moravam na casa, então cada um enxergava o quarto vermelho de uma forma diferente, a Theo usava o ambiente para fazer exercício, o Luke usava como se fosse uma casa da árvore.
NÃO É APENAS UMA SÉRIE SOBRE ZUMBIS!!! ;) Na série o país abriga o surto de um vírus que transforma pessoas em zumbis começando em uma escola de ensino médio na cidade de Hyosan e que se não controlado pode infectar o mundo todo, para ir além dos clichês do gênero dentre várias questões levantadas no filme o problema do bullying e traumas recentes na história da Coréia do Sul refletem uma preocupação que encontra a vida real, afinal de contas nem só de gore e decisões estúpidas de personagens se faz uma série de zumbis.
O filme tem como diferencial um apocalipse zumbi sendo iniciado em uma escola de ensino médio focando em um núcleo de alunos que passam a batalhar por sua sobrevivência procurando uma saída para aquele caos todo. Tudo começou quando o professor de ciências buscou uma alternativa para o bullying que o seu filho sofria pelos colegas e que em decorrência disso até tentou o suicídio, após recorrer a soluções formais num conselho de pais e professores e isso não dá em nada, o professor fez experimentos no filho com hormônios de ratos coletados no momento em que se sentiam ameaçados e reagiam contra seus predadores tendo como objetivo que o filho também reagisse contra seus agressores ao invés de na visão dele ficar acuado e com medo, o que já levanta um dos temas centrais na série, toca num tópico sensível para os pais que é o bullying acompanhado da pressão social e psicológica dos estudantes nas escolas coreanas, não é só o filho do professor que é atormentado por esse mal, o mesmo grupo que o maltrata agride, assedia e abusa de outros colegas. Min Eun-Ji também é uma das vítimas do grupo porque está prestes a se jogar do terraço da escola para dar fim a sua vida após ter sido abusada e filmada pelos alunos delinquentes, outra aluna Hee-Su decide abandonar o colégio pouco antes do início do surto do vírus enquanto começa a sentir as contrações da sua escondida gravidez, ela até vai à enfermaria do colégio solicitar ajuda, mas acaba desistindo no meio por vergonha ou medo da retaliação, vemos toda essa temática se repetindo em outras obras asiáticas como animes japoneses que retratam um contexto parecido. A maioria das escolas na Coréia do Sul são de turno integral, os alunos passam quase o dia todo no ambiente escolar o que torna as relações, a convivência e o arranjo social muito mais intenso, além da hostilidade entre os próprios estudantes soma-se a pressão do próprio sistema educacional em si, onde os pais exigem dos filhos nada menos do que serem os melhores nas suas turmas e os professores que abusam psicologicamente dos jovens para que suas notas representem a reputação da escola o que já estejam decidido sobre seu futuro, o problema é recorrente em vários personagens da série, o que representa muito bem a realidade da Coréia que tem como consequência disso um dos maiores índices de suicídio no mundo. Aqui o próprio título da série é uma forma de protesto: All Of Us Are Dead (Todos nós estamos mortos), esse é o grito dos jovens do país alertando sobre essa situação, os dados e as mortes impactam toda uma geração mesmo naqueles que não chegam a tentar o suicídio, saber que são obrigados a fazerem parte de um sistema que os oprime, que já tirou a vida de muitos, consome a todos, comprometendo vidas, sonhos, relações de amizade e familiares. O título e a crítica da série cabe muito bem a nossa realidade e deve nos trazer uma reflexão contextualizada, e a partir disso a ação de pais, professores e estudantes a iniciativas governamentais e civis, temos todos a responsabilidade de nos movermos contra a injustiça, violência e conscientizarmos constantemente sobre esse outro vírus que tira tantas vidas, alguém vai dizer e você já deve ter escutado: "O ser humano não nasce odiando. Ele aprende a odiar.", pois essa frase já perde o sentido quando pensamos que nessa equação alguém precisou ser o primeiro. Yoon Gwi-Nam que agora consciente usa da força e poder de regeneração adquirida pelo vírus para continuar perpetuando mais violência e morte e a sua principal vítima depois do filho do professor, a menina que aparece no início e que estava prestes a se jogar do terraço assim que começou o caos na escola, diferente de Choi Nam Ra, Min Eun-Ji não segue o caminho do domínio próprio e é contaminada por um desejo de vingança contra tudo que sofreu, atacando outros colegas e iniciando um incêndio no colégio, para ela todos ali deveriam morrer e estavam pagando pelos seus erros, seu único amigo por assim dizer que também sofria bullying pelo mesmo grupo não é mordido e na única oportunidade de resgate omite que há outros sobreviventes na escola para também fazer cumprir a vingança de Min Eun-Ji e a sua própria às custas de vidas inocentes. O sofrimento não é um laudo para a capacidade de se fazer justiça o oprimido nas circunstâncias favoráveis pode sim se tornar um opressor obviamente que isso não é uma regra, mas é interessante a quebra de paradigma que a série traz com essas nuances mostrando que o ser humano é muito mais complexo e mal do que pensamos, isso não exclui que o mal sofrido continua sendo terrível e condenável e por mais que as reações do oprimido sejam desproporcionais a ética bíblica continua nos empurrando a nos posicionarmos contra toda a forma de opressão, tudo isso nos leva a chamar por uma justiça exterior a nós e que não dependa das nossas limitações e vieses corrompidos, deve haver um salvador, deve haver algum justo, perfeito que nos resgate de nós mesmos. Nas entrelinhas a série também está remoendo um grande trauma nacional sofrido em anos anteriores, na manhã do dia 16 de abril de 2014 o naufrágio da embarcação Sewol no mar da Coréia fez 304 vítimas dentre estes 250 estudantes de ensino médio que faziam uma excursão, na época o país era presidido pela Park Geun-Hye já envolvida em vários escândalos que ascendeu ao poder pela apatia dos jovens nas eleições e a nostalgia da geração mais velha com relação ao governo ditatorial do seu pai décadas atrás, período em que o país passou por anos sob a lei marcial, essa mesma evocada após o surto da cidade de Hyosan na série da Netflix. A apatia do governo na vida real na qual a presidente Park só foi se pronunciar 7 horas depois do naufrágio onde ela pedia pelo resgate quando na verdade a informação era de que o barco estava completamente afundado e sem mais sobreviventes, indignou a população, a série retrata as dinâmicas de poder e privilégio de governantes enquanto o vírus se espalha na cidade e o cinismo de se aproveitar de situações assim para se promover politicamente representado na personagem que é uma parlamentar chamada Park Eun-Hye, a similaridade com o nome da presidente coreana deposta em 2017 não é coincidência, ainda na escola logo que o surto começou o diretor fazendo pouco caso da situação pede que os professores ordenem que os alunos voltem às salas de aula e encarem as coisas como se fosse mera rebeldia dos adolescentes, essa é uma clara referência ao que tornou o acidente de Sewol ainda mais trágico, fora os motivos que fizeram o barco afundar por irregularidades e quebra de protocolos a orientação equivocada dada aos passageiros enquanto o barco afundava rapidamente era que ficassem dentro das cabines até o resgate, resgate este que nunca chegou com a devida urgência nem com o porte necessário, nos vídeos gravados nos celulares recuperados os adolescentes são vistos com coletes e ajuntados nas cabines, alguns estão tão confiantes que levam a situação com leveza. O menino diz: "Não posso morrer agora. Tenho muitos animes ainda para assistir". O tom de brincadeira diante de algo tão grave é tão bem visto na série quando a enfermeira da escola esta passando pela transformação de zumbi e 2 meninos sem saber o que estava acontecendo começam a gravá-la, rindo do seu comportamento até que ela os ataca e eles percebem a gravidade, essa reação em cultura de hierarquias e ordem bem estabelecidas é fruto de uma suposta confiança de que alguém no comando sempre estará tomando a melhor decisão em benefício de todos e nada fugirá do controle, novamente voltamos a complexidade, fragilidade humana, não somos máquinas, não somos infalíveis, muito menos aqueles que deveriam cuidar de nós, voltando a referência do diretor na série em que comanda os professores a fazerem os alunos a retornarem as salas de aulas o que seria a decisão mais estúpida, conectamos diretamente com a orientação dada aos passageiros de Sewol que ficaram parados nas cabines, uma menina em um dos vídeos recuperados conversa com outras dizendo: "Isso é uma loucura!" Alguém responde: "Não é esse um daqueles casos em que dizem: Fiquem parados e tudo vai ficar bem, como aconteceu num acidente de metro, mas somente as pessoas que não seguiram as ordens sobreviveram?" Foi exatamente o que aconteceu, os passageiros que conseguiram subir e sair do barco sobreviveram, a maioria que obedeceu a ordem irresponsável, morreu. Antes que alguém faça uma comparação sem noção com a atual pandemia e as orientações de segurança e saúde a tragédia de Sewol foi resultado de orientações infundadas, nada técnicas e irresponsáveis, diferente do trabalho conjunto da comunidade científica em relação aos cuidados com o Coronavírus, na verdade foi exatamente pela falta dos cuidados emergenciais e a falta de reação proporcional a gravidade da situação que o acidente se tornou uma grande tragédia e um grande trauma que é sentido até hoje no país. All Of Us Are Dead é a resposta para a negligência daqueles que deveriam ter a responsabilidade de proteger e cuidar da geração mais nova e dos vulneráveis. Estamos todos mortos. Os estudantes, vítimas da tragédia real de Sewol estão todos mortos. Decisões infundadas são agravantes para o surto do vírus na série, a comunicação por internet e telefone é totalmente cortada na cidade de Hyosan sobre o pretexto de evitar fake news, na verdade apenas para não alarmar o mundo, em seguida as fronteiras são bloqueadas, nem mesmo pessoas saudáveis podem atravessar e sair da cidade, após isso a decisão final militar foi de bombardear a cidade dos maiores focos de infestação lançando a cidade a própria sorte e matando sobreviventes. A série retrata uma geração desacreditada com as autoridades pelo abandono, não só o estado de todos aqueles que deveriam zelar por eles, decisões insensíveis permeiam toda a história, desde um pai que submete o filho a experimentos irresponsáveis que o torna num monstro as relações de opressão na família, na escola e no governo, após se salvarem o núcleo de estudantes que sobreviveu é inquerido pelas autoridades para relatarem a sua história e ajudar nas investigações, as respostas dos adolescentes poderia ser a resposta de qualquer aluno, vítima da tragédia de Sewol.
"Porque abandonaram a gente? Vocês abandonaram a gente!" "Eu nunca mais vou conseguir contar com nenhum adulto. Dito isso, não peça a minha colaboração, por favor." No fim das contas, eles só puderam contar uns com os outros. Dentre tantos temas que poderíamos abordar e há muito a se falar, afinal são 12 episódios de 50 minutos cada. All Of Us Are Dead é essencialmente sobre em quem depositamos nossa confiança, traumas são resultados de decepção e decepção é a frustração de contar com algo ou alguém que não lhe corresponde.
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Missa da Meia-Noite
3.9 730Uma série que mistura fé, aceitação, morte, culpa, vício e também crenças. A trama da Missa da Meia Noite começa apresentando o Riley que é um cara que no passado matou uma adolescente em um acidente de carro enquanto estava bêbado, e recentemente ele saiu da prisão e voltou para a casa dele na ilha Crockett, e os habitantes dessa ilha onde ele vive são pessoas muito religiosas e isso tem muito a ver com a temática da série...e falando em religião, um certo dia o padre que era idoso e que trabalhava na ilha acaba adoecendo e o Padre Paul acaba chegando na ilha e tomando o lugar dele...e mesmo que o Riley não goste muito de ir na igreja (porque depois que ele foi preso ele se tornou ateu), ele ainda assim é meio que obrigado a ir, já que ele vive na ilha com os pais dele e acaba recebendo o conselho dos pais para ele ir no AA coordenado pelo Padre Paul, já que ele tem um problema com bebidas alcóolicas, então ele precisa de um acompanhamento para conseguir se libertar, e a única pessoa que ele sente um conforto em estar perto é a Erin, que é uma ex namorada dele que acabou fugindo no passado para se livrar da mãe que era alcóolatra e agora ela está de volta na ilha, só que dessa vez ela está grávida e está fugindo do casamento abusivo que ela estava vivendo. E a série tem um ponta pé muito bom, a partir do momento que a gente vê que as coisas estranhas começam a acontecer na ilha depois da chegada do Padre Paul, e uma dessas coisas estranhas é uma criatura que vai e vem ali na ilha e acaba fazendo algumas vítimas, e percebemos também que alguns milagres acontecem e quanto mais os episódios progridem, mais a gente percebe que a doideira da série vai aumentando, e quando se trata de doideira a doutora da ilha que é a Sara ela tenta encontrar uma solução lógica para o que está acontecendo, mas um grande problema que ela enfrenta é que algumas coisas que estão acontecendo ali naquela ilha não tem solução lógica, principalmente porque as coisas que estão acontecendo naquela ilha tem ali uma pitada de terror sobrenatural. O roteiro é impecável, a trama consegue ser ácida nos momentos certos e sempre joga questionamentos relevantes, além disso a gente vê também alguns debates que contrapõe algumas convicções dos personagens, como por exemplo o xerife Hassan, ele é muçulmano e ele tem as próprias crenças dele , mas a Bev que é uma acólita muito extremista, ela acaba meio que tentando mudar as pessoas, ela acaba tentando transferir essa fé dela para os outros, só que ela faz isso de uma forma tão exacerbada, tão exagerada que acaba prejudicando muitas pessoas durante toda essa temporada, basicamente ela é uma intolerante religiosa que passa dos limites para conseguir por a idéia que ela tem na cabeça dela na cabeça dos outros, então se as pessoas não seguem o que ela quer que as pessoas sigam, a pessoa está ferrada, então eu gostei de como essa personagem foi trabalhada. Essa minissérie é uma produção nada comum, não é uma produção habitual, ela sai muito fora da caixinha de outras produções desse gênero, até mesmo das próprias produções do Mike Flanagan, a gente percebe que essa série se sobressai em alguns momentos porque ela consegue ser um pouco diferente, ela soube dosar uma quantidade boa de drama, de crítica social, crítica religiosa, e também juntando o terror percebemos que isso não é constante em algumas produções principalmente em séries. Missa da meia noite uma minissérie intrigante, envolvente, com uma fotografia perfeita, com atuações atenuantes e também com uma direção muito perspicaz.
Depois de 4 episódios recheados de mistérios os episódios 5,6 e 7 foram recheados de resoluções, e um dos grandes acontecimentos do meio da temporada foi a transformação do Riley em vampiro, onde a gente percebeu ali que ele começou a descobrir um pouco mais sobre o que era o Padre Paul, depois ele acabou contando tudo isso para a Erin sobre o seu vampirismo e em seguida ele acabou demonstrando para ela que ele poderia morrer queimado ao sol, então vemos aquela cena do Riley pegando fogo e a Erin gritando, e foi um momento muito impactante principalmente porque é o estopim para o final da temporada, já que a gente percebe que a Erin já sabe de tudo, então ela vai procurar um pouco mais de resposta e a gente também percebe que a Bev e o Padre Paul vão fazer a última missa na igreja St. Patrick já que a Bev e o Padre Paul preparam uma noite de conversão para todos os membros daquela igreja onde transformariam todos eles em vampiros, mas antes de falar desse final, eu acho interessante mencionar o que era aquele tal vinho que o Padre Paul vivia bebendo durante a temporada, quando a gente conhece o Padre Paul logo quando ele chega na ilha a gente percebe que ele é um Padre bem misterioso, ele chega na igreja todo bonzinho, ele até convence todos os devotos que eles deveriam tomar um pouco de vinho sacramental e a gente descobre um pouco depois que na verdade esse vinho é uma mistura feita com sangue de anjo, um anjo que na verdade parece um Nosferatu, um vampiro, eu durante a temporada fiquei me questionando, será que eles vão revelar que isso não é um anjo? Porque não parece um anjo, aliás esse tal anjo foi responsável por ajudar o Padre Paul a rejuvenescer e a se tornar quase que imortal, então ele vivia dando o sangue dele para o Padre Paul se manter jovem, e o plano do Padre Paul era dar pequenas doses daquele sangue "angelical" para os devotos da igreja para assim acostumá-los com esse tal sangue e também para fazer com que aqueles moradores da ilha tenham um impacto, porque quando eles descobrem que ele está fazendo milagres, que ele faz a Leeza começar a andar novamente, então é um milagre que acontece, todo mundo fica impactado, depois a gente vê a mãe da Sara rejuvenescida, isso foi considerado outro milagre na ilha e esses dois milagres fez com que o Padre Paul fosse reverenciado, fizeram ali com que a cidade baixassem aos pés dele, então realmente o plano dele começou nesse ponto. Chegamos ao último episódio da minissérie com aquela vigília de páscoa onde o Padre Paul e a Bev decidiram transformar todo mundo da congregação em anjos e esse ponto tivemos aquela cena bizarra de todo mundo aceitando morrer e a gente vê as pessoas tomando veneno de rato e morrendo horrivelmente no chão só para logo em seguida renascerem como sanguinários destrutivos, a crença desse povo foi longe demais, eles acreditaram que tomando veneno de rato eles estariam fazendo uma coisa boa para o mundo? Foi uma coisa muito irreal, eu acredito que tem crentes que fazem coisas assim. E depois de toda essa morte, de todo esse momento sanguinário na igreja o final dessa cena caótica mostrou que os únicos sobreviventes foram a Sara, Erin, Xerife, Warren e a Leeza, sendo que o Warren e a Leeza pegaram um barco, foram até o meio do mar para fugir dos vampiros e ficaram vendo toda a destruição da ilha. E quem estava coordenando toda essa rebelião na ilha era a Bev, e no meio de toda essa confusão a gente percebe que a Erin foi atacada por aquele tal "anjo" e ele começou a tomar o sangue dela, e enquanto ele a matava aos poucos ela cortou as asas dele para impedir que ele saísse da ilha, e durante essa cena da morte dela nós tivemos um monólogo dela explicando o que acontece na pós vida. Já em outro ponto da ilha a gente vê que os outros sobreviventes estavam tentando impedir que os vampiros saíssem da ilha , então eles queimaram todos os barcos para manter esses vampiros isolados e a Sara depois disso foi até a igreja para tentar queimar o local e o Xerife Hassan foi tentar queimar o centro de recreação, mas os dois acabaram sendo baleados e impedidos pelo Sturge e a Bev, e o único local que restava para esses vampiros se esconderem do sol era o centro de recreação que a Bev até chamava de Arca que salvaria os escolhidos, na visão dela, porém o filho do xerife Hassan mesmo tendo tomado algumas decisões erradas e tomado veneno algumas cenas antes, ele meio que acabou mudando as virtudes dele e decidindo ajudar o pai a queimar o centro de recreação. Depois disso a Bev e todos os outros vampiros tiveram que aceitar a morte iminente, todos iriam morrer carbonizados e a gente percebe que a Bev tenta correr até a praia, ela até para no meio da areia enquanto os outros cantam uma música, e o sol nasce e mata todos eles, e os únicos sobreviventes são os dois jovens que estão no barco, e a cena final da série mostra a Leeza falando para o Warren que ela não consegue mais sentir as pernas e o próprio Mike Flanagan acabou explicando o que significa essa tal cena, ele disse que a concentração de sangue angelical dentro do corpo dela estava diminuindo, fazendo assim ela voltar ao estado físico de antes, então ficaria paraplégica novamente. A fé as vezes cega as pessoas e o extremismo religioso pode ser mortal, percebemos que a Bev era um exemplo de personagem extremista que no final das contas ela acabou provando do próprio veneno, ela queria transformar a cabeça de todo mundo, ela queria ser a líder, ela queria ser a maioral, ela queria impor o que ela achava certo na cabeça dos outros.
A Maldição da Mansão Bly
3.9 923 Assista AgoraComo a Flora falou no final da série, no último episódio da Maldição da mansão Bly, não é uma história sobre assombração, espíritos, é uma história de amor.
lá nos primeiros episódios da série a Dani confidencia para o Miles, para consolar o menino de que ela também perdeu o pai muito cedo e ela nunca teve uma mãe presente, apesar da mãe dela existir, ela era alcoólatra, ela tinha muitos problemas, que ela foi criada sozinha na vida, só que ao longo da vida dela ela foi encontrando pessoas e foi formando a família dela, ela foi percebendo ao longo da vida que ela podia contar com alguns outros adultos para fazer esse papel materno e paterno que ela não tinha antes, era muito a posição que a mãe do noivo dela tinha antes, ela tinha um carinho muito grande pela Dani, como se fosse a própria filha e era recíproco, a família do noivo a recebeu de braços abertos, eu acho que por isso foi tão difícil pra ela se assumir homossexual para ele, ela queria muito ser hetero, ela queria constituir uma família porque ela não queria decepcionar as pessoas dessa nova família que ela constituiu, e o que eu acho muito bonito nesse conselho que a Dani deu para o Miles é que no decorrer da série a Jamie acaba lembrando a própria Dani desse conselho dela porque a Dani está muito assustada, ela está enxergando o espírito do noivo, ela está traumatizada com isso, então ela vê ele em todos os lugares e aí a Jamie fala pra ela: "você está precisando de companhia nessa escuridão porque você não precisa encarar tudo isso sozinha, dê abertura para que as outras pessoas da sua vida que te amam e que estão super dispostas a encarar essa escuridão com você façam parte desse momento",
a Maldição da Mansão Bly é uma história de terror que tem espíritos nessa história que está sendo contada, então todo mundo que morreu seja nas mãos da Viola (mulher do lago), quanto nas mãos do Peter Quint, todo mundo que morreu em Bly acaba virando um espírito, mas o noivo por exemplo que morreu e a Dani se sente culpada por essa morte não fica claro pra gente na série que ele é um espírito, na verdade e o que é mais provável, que ele não seja, a Dani não estava sendo assombrada pelo espírito do noivo, ela estava sendo assombrada pela lembrança de algo terrível que ela se culpava de ter feito, quando na verdade é lógico que ela não tinha culpa de nada, eles tiveram uma briga, ela acabou se revelando homossexual para ele, que era algo que ela sempre soube, mas ela tinha muito medo de magoar, decepcionar ele, então ela queria muito ser essa mulher hetero que vai casar com o melhor amigo, mas a partir do momento que ela decide confessar pra ele que ela é homossexual eles tem uma grande discussão e quando ele vai sair do carro é atropelado por um caminhão, ela não teve culpa de nada, só que como o X da questão, como o início de toda discussão que fez ele sair do carro foi a confissão dela, ela se culpa pelo resultado morte. É muito interessante porque a Dani sente medo, pavor, ela sente um trauma muito grande dessa situação a ponto de ficar visualizando a presença dele nos lugares, reforçando novamente a idéia de que o verdadeiro terror da nossa vida não é a possibilidade de espíritos, são os nossos próprios demônios, aquilo que a gente carrega com a gente e que está na nossa cabeça, para mim a série é muito sobre você seguir em frente, é sobre se ater aquelas memórias felizes para que isso te dê forças para que você continue, porque as vezes é realmente muito pesado, então a gente pode se utilizar das memórias boas para levar a gente para aquele lugar feliz da nossa cabeça, uma época em que tudo era mais fácil, em que as coisas eram mais bonitas, que é muito aquela cena final da personagem Jamie lá no quarto de hotel depois do casamento deixando a porta meio aberta esperando a Dani voltar, mesmo ela tendo total consciência de que a Dani não voltaria, ela ainda deixa a porta aberta como um símbolo de que ela ainda lembra da história das duas e que ela ainda tem esperanças de um dia rever a Dani.
A mensagem da série também pra mim falou muito sobre isso, sobre esperança, sobre transtornos mentais, sobre doenças degenerativas que acabam afetando a nossa capacidade cognitiva, porque a série bate muito nessa tecla, a mulher do lago (Viola), ela viveu tanto tempo apenas com as suas memórias como um espírito vagante, procurando a sua filha perdida que ao longo dos séculos ela foi esquecendo de quem ela era e conforme ela ia se esquecendo o rosto dela também desaparecia, pouco a pouco ela deixava de ser quem ela era porque a gente sem as nossas memórias, sem as nossas lembranças, sem a nossa essência a gente é uma casca e é isso que ela e todos os outros mortos de Bly eles representavam, eles eram meramente cascas, sem nada dentro, seres errantes que nem estavam sabendo mais qual era o objetivo deles e porque eles estavam ali, dá para fazer um paralelo muito grande entre esses espíritos e a personagem da mãe do Owen que possuía demência e ele fala muito sobre isso, ele conversa muito com a Hannah de que a mãe dele ela acha as vezes que ele é o avô dele, que ele era o pai dele, as vezes ela achava que estava em 1967, e tem uma cena muito bonita que o Owen conversa com a Hannah e ele fica tentando se consolar para ela sobre a doença da mãe e aí ele fala que existe um monge chamado Thomas Merton e esse monge ele acreditava que quando a gente perpassava a nossa consciência, a nossa identidade e todas aquelas coisas que fazem da gente a gente, quando a gente abria mão de tudo isso a gente transcendia e passava a fazer parte de algo maior, uma fonte abundante e infinita como se a gente se fundisse ao universo, essa é uma mensagem muito bonita de esperança para pessoas que possuem parentes e entes queridos no geral que estão passando por uma doença degenerativa que é muito triste, é como se você não tivesse vivido, se você no final da sua vida você esquecesse tudo o que já viveu, porque você viveu, então ter essa mentalidade, essa mensagem ela passa uma certa esperança para pessoas que estão passando por essa situação, eu achei muito interessante o paralelo que a série travou entre a mulher do lago e os outros personagens de Bly e a figura da mãe do Owen e uma outra metáfora que a série faz é sobre relacionamentos tóxicos e sobre o sacrifício que a gente faz as vezes para sair daquela situação em prol da outra pessoa porque a gente ama a outra pessoa, porque tem vezes que duas pessoas, mesmo que elas sejam incríveis individualmente, juntas elas acabam magoando mutualmente uma a outra, não é por babaquice, mal caráter, é porque simplesmente aquelas pessoas se machucam mutualmente, e você saber deixar a outra pessoa ir você sair dessa situação justamente porque você ama aquela outra pessoa, pode ser muito um gesto de amor e o gesto de amor mais altruísta que pode existir, porque se você tivesse sendo egoísta, você só permaneceria com aquela pessoa, e essa é uma metáfora presente na série, na figura da Dani porque quando ela percebe que a figura da Viola está dentro dela, está tomando o controle, quando ela se vê no meio da noite quase esganando, enforcando a Jamie, ela percebe que é a hora de partir porque ela fica com medo de realmente machucar a Jamie e ela não quer isso, ela ama a Jamie, então a Dani faz o sacrifício máximo, ela vai embora da situação, como ela está possuída e para não machucar a Jamie e não machucar nunca mais ninguém ela comete o sacrifício de se matar no lago para acabar para sempre com a maldição da Viola, porque o que ela quer é silenciar a Viola de uma vez por todas, mas lógico que a gente pode ficar com essa metáfora, é você saber ir embora, você saber partir ou deixar o outro partir para um bem maior, que as vezes a felicidade infelizmente ela está em duas pessoas separadas, ainda que elas se amem muito. Ainda sobre a mensagem da série, uma coisa que ela fala o tempo inteiro pra gente, viver o presente porque já que a gente não tem nenhum controle sobre o futuro, a gente tem que se ater ao que podemos controlar e viver intensamente esses momentos. Existe um diálogo muito poderoso entre o Owen e a Hannah, onde ele está um pouco bêbado e fala justamente, ele percebe com a mãe dele que o passado é falho porque você pode um dia ter uma doença degenerativa que acabe com as suas lembranças ou nem precisa chegar a tanto, você pode simplesmente se esquecer do que você viveu, então a nossa memória humana é falha porque nós humanos somos falhos, então a gente não pode confiar no passado porque as nossas memórias são falhas, a gente pode esquecer das coisas, a gente também não pode confiar no nosso futuro porque não sabemos se teremos um futuro, não sabemos o que vai acontecer com a gente amanhã, então tudo o que a gente tem é o nosso presente, então temos que viver o presente, o nome é presente por causa disso, porque é literalmente uma dádiva que a gente recebeu e temos que saber aproveitar. Eu fiquei muito triste no episódio que é um grande flashback da Hannah que ela descobre que está morta porque é nesse episódio que acontece esse diálogo e ele fala isso pra ela, que eles precisam viver intensamente, ele fala para ela fugir com ele para Paris, agora que a mãe morreu não tem mais nada me prendendo aqui e ele fala isso para ela na esperança dela ouvir porque secretamente os dois se amam, um é apaixonado pelo outro e ninguém faz nada e o que é muito triste é que no final desse episódio ele vai indo para o horizonte , ele fala isso pra ela e a Jamie o chama para ir embora, os dois saem andando e ela fala: "Owen eu vou com você, volta aqui" mais é tarde demais e ele já foi embora e aí na sequência ela descobre que ela morreu. E esse conceito do viver intensamente ele aparece também em vários diálogos da Jamie com a Dani, lá no último episódio para salvar a Flora a Dani convida a Viola para dentro dela, ela se deixa ser possuída, então ficam convivendo dentro da consciência da Dani, tanto a Dani quanto a Viola e ela fala que sente em algum momento que ela vai acabar cedendo completamente a Viola e vai se tornar a Viola e ela fala que não sabe quando isso vai acontecer, mas vai acontecer, e aí novamente elas tem aquele diálogo da Jamie falando: "Você quer companhia, eu sei que você está muito atormentada, mas você está precisando de companhia nessa dor porque eu topo ir nesse barco com você", e aí as duas vivem uma vida juntas e uma coisa que a Jamie sempre fala para a Dani é um dia de cada vez...a gente só tem certeza do que a gente está vivendo agora mesmo, então para que ficar tão preocupado sempre com o nosso futuro, vamos com calma, vamos viver um dia de cada vez. Então essa é a maior mensagem: UM DIA DE CADA VEZ. Vamos fazer o que a gente está com vontade, o que a gente quer mesmo fazer, vamos fazer agora, não vamos deixar para depois, porque o depois pode não existir. E no fim a narradora da série é a Jamie mais velha e ela está na verdade no casamento da Flora e lá ela encontra uma versão mais velha do Owen e estão presentes nesse casamento também o Miles que é o irmão da Flora e o tio que na verdade é o pai da Flora e na última cena nós vemos a Jamie pegando a cadeira e colocando de frente para a porta e deixando a fresta aberta na esperança da Dani voltar.
A Maldição da Residência Hill
4.4 1,4K Assista AgoraSeguimos uma família no início da década de 90 que muda para uma casa enorme, a Residência Hill, e eles começam, principalmente as crianças, a presenciar efeitos sobrenaturais, criaturas bizarras, barulhos estranhos que não deixam a família dormir, claro que a série não deixa de ter aquelas convenções relativamente clichês das histórias de terror, mas que podemos levar isso numa boa que é sempre as crianças avisando aos pais que tem alguma coisa muito estranha acontecendo e os pais muitas vezes pelo menos no início da história acham que é imaginação das crianças. O elenco dessa série é muito bom, a maioria dos atores e atrizes dão um show, temos alguns nomes mais conhecidos como a Carla Gugino, Kate Siegel, Michiel Huisman e até os atores e atrizes que eu nunca tinha visto inclusive as crianças que também estão muito bem, e é um núcleo que as vezes por serem mais inexperientes se não são bons atores ficam até meio chatos, no filme eles sabem levar muito bem a história, sabem ser fofinho, sabem ficar tristes, sabem passar aquela sensação de medo, não só as crianças, mas os adultos também, você vê a agonia nos personagens através dos olhares, das expressões ou da falta de diálogo, da comunicação também, você sabe que aqueles personagens estão muito aflitos por dentro. Essa série também sabe trabalhar muito bem dois elementos comuns em histórias de terror que é o terror psicológico e o terror sobrenatural, inclusive os primeiros 3 ou 4 episódios da série ficamos em dúvida se o que aqueles personagens estavam presenciando era da cabeça deles porque eles estavam traumatizados, estavam com o psicológico afetado ou se era realmente espíritos, coisas sobrenaturais e aí aos poucos a série vai te decifrando isso. A série tem 10 episódios, existe alguma barriguinha ou outra ali na história, em alguns momentos fica talvez um pouco lenta demais, nada que estrague o desenvolvimento da história, eu acho que a forma com que eles escolheram contar essa história que é de uma forma mais calma, detalhista, inclusive o 6 episódio em termos técnicos é excelente porque é um episódio feito basicamente de transições de plano de sequência. A Maldição da Residencia Hill é uma das melhores produções de série da netflix, eles fizeram com cuidado, com carinho, não é uma produção como muitas outras da netflix que eles simplesmente lançam e não tem aquele aspecto de produção caprichado, aqui temos um filme que vai agradar a quem gosta de terror, suspense e quem gosta de drama também, porque é no drama dessa série que a gente tem essa relação, a simpatia e preocupação com os personagens, não vai esperando que você vai ver terror em todos os cantos porque se você for com essa expectativa você pode se decepcionar, então assista a série e saiba admirar os aspectos de produção visual e as interpretações.
O lance do terror psicológico e o terror sobrenatural da série que é muito bem balanceado e o que acontece é que os dois existem, tanto aqueles personagens, todos eles, os filhos, o pai, a mãe, eles tinham uma fragilidade psicológica, não se sabe muito bem e eu acredito que seja uma questão hereditária vinda da mãe porque existem alguns diálogos que a mãe fala inclusive: "Ah! Meu marido é o meu pé no chão, ele me ajuda a trazer para a realidade", então fica claro que a mãe tem uma fragilidade psicológica, as crianças e o pai depois dos eventos da residência hill, depois de terem perdido a mãe, mesmo com o passar dos anos eles ficaram impactados com aqueles eventos, principalmente os filhos mais novos que são os gêmeos, você vê que quanto mais novinhos são os filhos mais eles têm problemas, a Nell tinha o problema da mulher do pescoço torto, ela via muitas assombrações, ela era uma personagem bastante depressiva, depois que ela casou e que o marido dela acabou morrendo aí é que estourou tudo, o Luke é um personagem muito problemático, a dependência química dele e isso automaticamente faz com que ele fique bem fragilizado psicologicamente, também tinha problemas ao enxergar algumas coisas sobrenaturais, a Theo que tem o dom com as mãos, aquela sensibilidade que ela toca e sente e ela sabe muito bem lidar com isso apesar de também ser uma personagem que até certo momento se mostra meio fria no relacionamento que ela tem com outra mulher. O Steven que é o escritor, um cara egoísta até certas vezes arrogante, mas é um cara que presencia algumas coisas e ele mesmo não aceita, ele não acredita que aquilo é sobrenatural, então ele também tem vários sentimentos retratados e achou que a mais velha que aí sim é uma personagem extremamente fechada, você vê que ela é essa personagem tão fria que foi ela que ficou responsável pelo cadáver da própria irmã, por mais que seja o trabalho dela, sinceramente precisa ter uma frieza para lidar com isso. Então você vê que tem aspectos psicológicos, eles estão fragilizados, mas a casa tem elementos sobrenaturais, não é uma maldição que eles não falam muito sobre como isso surgiu na casa, não era algo necessário de se explicar, talvez a origem da casa, mas é uma residência, é um ambiente que quando as pessoas morrem ali, o espírito delas fica ali, eles ficam até de certa forma materializados e lá no finalzinho, no último capítulo a gente vê quantos e quantos espíritos ainda vivem naquela casa, por isso que a gente tem esse ambiente tão pesado e que as pessoas que moram lá acabam ficando tão perturbadas. O quarto vermelho que é um dos principais mistérios da série que por vários capítulos eles param até de mencionar esse quarto vermelho, mas que no final a gente vê que tem um conceito bem interessante, que o quarto ele é uma espécie de refúgio para cada um dos filhos, para cada um dos personagens que moravam na casa, então cada um enxergava o quarto vermelho de uma forma diferente, a Theo usava o ambiente para fazer exercício, o Luke usava como se fosse uma casa da árvore.
All Of Us Are Dead (1ª Temporada)
3.7 288 Assista AgoraNÃO É APENAS UMA SÉRIE SOBRE ZUMBIS!!! ;)
Na série o país abriga o surto de um vírus que transforma pessoas em zumbis começando em uma escola de ensino médio na cidade de Hyosan e que se não controlado pode infectar o mundo todo, para ir além dos clichês do gênero dentre várias questões levantadas no filme o problema do bullying e traumas recentes na história da Coréia do Sul refletem uma preocupação que encontra a vida real, afinal de contas nem só de gore e decisões estúpidas de personagens se faz uma série de zumbis.
O filme tem como diferencial um apocalipse zumbi sendo iniciado em uma escola de ensino médio focando em um núcleo de alunos que passam a batalhar por sua sobrevivência procurando uma saída para aquele caos todo. Tudo começou quando o professor de ciências buscou uma alternativa para o bullying que o seu filho sofria pelos colegas e que em decorrência disso até tentou o suicídio, após recorrer a soluções formais num conselho de pais e professores e isso não dá em nada, o professor fez experimentos no filho com hormônios de ratos coletados no momento em que se sentiam ameaçados e reagiam contra seus predadores tendo como objetivo que o filho também reagisse contra seus agressores ao invés de na visão dele ficar acuado e com medo, o que já levanta um dos temas centrais na série, toca num tópico sensível para os pais que é o bullying acompanhado da pressão social e psicológica dos estudantes nas escolas coreanas, não é só o filho do professor que é atormentado por esse mal, o mesmo grupo que o maltrata agride, assedia e abusa de outros colegas. Min Eun-Ji também é uma das vítimas do grupo porque está prestes a se jogar do terraço da escola para dar fim a sua vida após ter sido abusada e filmada pelos alunos delinquentes, outra aluna Hee-Su decide abandonar o colégio pouco antes do início do surto do vírus enquanto começa a sentir as contrações da sua escondida gravidez, ela até vai à enfermaria do colégio solicitar ajuda, mas acaba desistindo no meio por vergonha ou medo da retaliação, vemos toda essa temática se repetindo em outras obras asiáticas como animes japoneses que retratam um contexto parecido. A maioria das escolas na Coréia do Sul são de turno integral, os alunos passam quase o dia todo no ambiente escolar o que torna as relações, a convivência e o arranjo social muito mais intenso, além da hostilidade entre os próprios estudantes soma-se a pressão do próprio sistema educacional em si, onde os pais exigem dos filhos nada menos do que serem os melhores nas suas turmas e os professores que abusam psicologicamente dos jovens para que suas notas representem a reputação da escola o que já estejam decidido sobre seu futuro, o problema é recorrente em vários personagens da série, o que representa muito bem a realidade da Coréia que tem como consequência disso um dos maiores índices de suicídio no mundo. Aqui o próprio título da série é uma forma de protesto: All Of Us Are Dead (Todos nós estamos mortos), esse é o grito dos jovens do país alertando sobre essa situação, os dados e as mortes impactam toda uma geração mesmo naqueles que não chegam a tentar o suicídio, saber que são obrigados a fazerem parte de um sistema que os oprime, que já tirou a vida de muitos, consome a todos, comprometendo vidas, sonhos, relações de amizade e familiares. O título e a crítica da série cabe muito bem a nossa realidade e deve nos trazer uma reflexão contextualizada, e a partir disso a ação de pais, professores e estudantes a iniciativas governamentais e civis, temos todos a responsabilidade de nos movermos contra a injustiça, violência e conscientizarmos constantemente sobre esse outro vírus que tira tantas vidas, alguém vai dizer e você já deve ter escutado: "O ser humano não nasce odiando. Ele aprende a odiar.", pois essa frase já perde o sentido quando pensamos que nessa equação alguém precisou ser o primeiro. Yoon Gwi-Nam que agora consciente usa da força e poder de regeneração adquirida pelo vírus para continuar perpetuando mais violência e morte e a sua principal vítima depois do filho do professor, a menina que aparece no início e que estava prestes a se jogar do terraço assim que começou o caos na escola, diferente de Choi Nam Ra, Min Eun-Ji não segue o caminho do domínio próprio e é contaminada por um desejo de vingança contra tudo que sofreu, atacando outros colegas e iniciando um incêndio no colégio, para ela todos ali deveriam morrer e estavam pagando pelos seus erros, seu único amigo por assim dizer que também sofria bullying pelo mesmo grupo não é mordido e na única oportunidade de resgate omite que há outros sobreviventes na escola para também fazer cumprir a vingança de Min Eun-Ji e a sua própria às custas de vidas inocentes. O sofrimento não é um laudo para a capacidade de se fazer justiça o oprimido nas circunstâncias favoráveis pode sim se tornar um opressor obviamente que isso não é uma regra, mas é interessante a quebra de paradigma que a série traz com essas nuances mostrando que o ser humano é muito mais complexo e mal do que pensamos, isso não exclui que o mal sofrido continua sendo terrível e condenável e por mais que as reações do oprimido sejam desproporcionais a ética bíblica continua nos empurrando a nos posicionarmos contra toda a forma de opressão, tudo isso nos leva a chamar por uma justiça exterior a nós e que não dependa das nossas limitações e vieses corrompidos, deve haver um salvador, deve haver algum justo, perfeito que nos resgate de nós mesmos. Nas entrelinhas a série também está remoendo um grande trauma nacional sofrido em anos anteriores, na manhã do dia 16 de abril de 2014 o naufrágio da embarcação Sewol no mar da Coréia fez 304 vítimas dentre estes 250 estudantes de ensino médio que faziam uma excursão, na época o país era presidido pela Park Geun-Hye já envolvida em vários escândalos que ascendeu ao poder pela apatia dos jovens nas eleições e a nostalgia da geração mais velha com relação ao governo ditatorial do seu pai décadas atrás, período em que o país passou por anos sob a lei marcial, essa mesma evocada após o surto da cidade de Hyosan na série da Netflix. A apatia do governo na vida real na qual a presidente Park só foi se pronunciar 7 horas depois do naufrágio onde ela pedia pelo resgate quando na verdade a informação era de que o barco estava completamente afundado e sem mais sobreviventes, indignou a população, a série retrata as dinâmicas de poder e privilégio de governantes enquanto o vírus se espalha na cidade e o cinismo de se aproveitar de situações assim para se promover politicamente representado na personagem que é uma parlamentar chamada Park Eun-Hye, a similaridade com o nome da presidente coreana deposta em 2017 não é coincidência, ainda na escola logo que o surto começou o diretor fazendo pouco caso da situação pede que os professores ordenem que os alunos voltem às salas de aula e encarem as coisas como se fosse mera rebeldia dos adolescentes, essa é uma clara referência ao que tornou o acidente de Sewol ainda mais trágico, fora os motivos que fizeram o barco afundar por irregularidades e quebra de protocolos a orientação equivocada dada aos passageiros enquanto o barco afundava rapidamente era que ficassem dentro das cabines até o resgate, resgate este que nunca chegou com a devida urgência nem com o porte necessário, nos vídeos gravados nos celulares recuperados os adolescentes são vistos com coletes e ajuntados nas cabines, alguns estão tão confiantes que levam a situação com leveza. O menino diz: "Não posso morrer agora. Tenho muitos animes ainda para assistir". O tom de brincadeira diante de algo tão grave é tão bem visto na série quando a enfermeira da escola esta passando pela transformação de zumbi e 2 meninos sem saber o que estava acontecendo começam a gravá-la, rindo do seu comportamento até que ela os ataca e eles percebem a gravidade, essa reação em cultura de hierarquias e ordem bem estabelecidas é fruto de uma suposta confiança de que alguém no comando sempre estará tomando a melhor decisão em benefício de todos e nada fugirá do controle, novamente voltamos a complexidade, fragilidade humana, não somos máquinas, não somos infalíveis, muito menos aqueles que deveriam cuidar de nós, voltando a referência do diretor na série em que comanda os professores a fazerem os alunos a retornarem as salas de aulas o que seria a decisão mais estúpida, conectamos diretamente com a orientação dada aos passageiros de Sewol que ficaram parados nas cabines, uma menina em um dos vídeos recuperados conversa com outras dizendo: "Isso é uma loucura!" Alguém responde: "Não é esse um daqueles casos em que dizem: Fiquem parados e tudo vai ficar bem, como aconteceu num acidente de metro, mas somente as pessoas que não seguiram as ordens sobreviveram?" Foi exatamente o que aconteceu, os passageiros que conseguiram subir e sair do barco sobreviveram, a maioria que obedeceu a ordem irresponsável, morreu. Antes que alguém faça uma comparação sem noção com a atual pandemia e as orientações de segurança e saúde a tragédia de Sewol foi resultado de orientações infundadas, nada técnicas e irresponsáveis, diferente do trabalho conjunto da comunidade científica em relação aos cuidados com o Coronavírus, na verdade foi exatamente pela falta dos cuidados emergenciais e a falta de reação proporcional a gravidade da situação que o acidente se tornou uma grande tragédia e um grande trauma que é sentido até hoje no país. All Of Us Are Dead é a resposta para a negligência daqueles que deveriam ter a responsabilidade de proteger e cuidar da geração mais nova e dos vulneráveis. Estamos todos mortos. Os estudantes, vítimas da tragédia real de Sewol estão todos mortos. Decisões infundadas são agravantes para o surto do vírus na série, a comunicação por internet e telefone é totalmente cortada na cidade de Hyosan sobre o pretexto de evitar fake news, na verdade apenas para não alarmar o mundo, em seguida as fronteiras são bloqueadas, nem mesmo pessoas saudáveis podem atravessar e sair da cidade, após isso a decisão final militar foi de bombardear a cidade dos maiores focos de infestação lançando a cidade a própria sorte e matando sobreviventes. A série retrata uma geração desacreditada com as autoridades pelo abandono, não só o estado de todos aqueles que deveriam zelar por eles, decisões insensíveis permeiam toda a história, desde um pai que submete o filho a experimentos irresponsáveis que o torna num monstro as relações de opressão na família, na escola e no governo, após se salvarem o núcleo de estudantes que sobreviveu é inquerido pelas autoridades para relatarem a sua história e ajudar nas investigações, as respostas dos adolescentes poderia ser a resposta de qualquer aluno, vítima da tragédia de Sewol.
"Porque abandonaram a gente? Vocês abandonaram a gente!"
"Eu nunca mais vou conseguir contar com nenhum adulto. Dito isso, não peça a minha colaboração, por favor."
No fim das contas, eles só puderam contar uns com os outros.
Dentre tantos temas que poderíamos abordar e há muito a se falar, afinal são 12 episódios de 50 minutos cada. All Of Us Are Dead é essencialmente sobre em quem depositamos nossa confiança, traumas são resultados de decepção e decepção é a frustração de contar com algo ou alguém que não lhe corresponde.