venusdemilo

Com toques de ironia e humor este filme faz uma crítica extrema a corrosão da ética no capitalismo neoliberal, em que a competitividade e eficiência parecem ser os únicos imperativos a nortearem as ações dos indivíduos. O protagonista do filme é um desempregado de classe média que, com dificuldades de reinserção no mercado de trabalho, adota uma conduta nada trivial: sem remorsos ele literalmente aniquila seus "adversários" na busca por um emprego. Ainda que apresentado de forma caricata e hiperbólica - acredito que de maneira intencional justamente para causar desconforto - a falta de empatia e hipocrisia do protagonista podem ser encontradas em doses homeopáticas - ou não - no nosso cotidiano.

Neste filme o diretor Gus Van Sant parece se preocupar mais com os aspectos técnicos e visuais do que propriamente nos brindar com um filme consistente. Um enredo arrastado, além de um roteiro fraco, que trata basicamente do isolamento e das peculiaridades do universo infanto-juvenil e suas indefinições éticas e morais. Esses aspectos somados as pretensões estéticas do autor, soam demasiadamente pedantes, e no fim entrega apenas um entretenimento ruim.

Um ótimo filme de terror que nos leva a sensação de horror e aflição por meio de técnicas que fogem ao padrão do estilo, como os famigerados: monstros, violências ou apelos sobrenaturais... ainda que esses elementos estejam presentes no filme, eles são bem pontuais. É um filme que pode ser interpretado por diversas óticas, dada a riqueza de referências diretas e indiretas ali presentes (podemos identificar mais diretamente a influência do escritor Lovercraft até elementos mais indiretos que remetem a claustrofobia kafkiana), o que demonstra um nível de erudição do diretor que também é incomum ao estilo. Vale destacar também a atuação magistral de Robert Pattinson e de William Defoe que definitivamente me parece ser o ponto alto do filme. Vale a pena assistir, sobretudo, pela experiência estética.