Milhem Cortaz é o cara desse seriado. Seu personagem, o segurança de boate, Raul é a melhor coisa de Rua Augusta já que sua protagonista, Mika, é uma personagem entediante, ainda mais com a performance marromenos de Fiorella Mattheis. A representação do baixo Augusta ficou interessante embora não muito explorada. A trama em si tem altos e baixos, principalmente com relação a protagonista, que fica num chove não molha até o último episódio.
Sem Killgrave não é mesma coisa. O vilão fez muita falta. Temporada apenas razoável. E a Marvel Television precisa urgentemente mudar esse formato de 13 episódios. Muita encheção de linguiça.
Eu vi os dois primeiros episódios e estou pensando seriamente em desistir. Tudo mais do mesmo. Tão mais do mesmo que a ambientação, direção de arte e os cenários são uma cópia descarada de Blade Runner.
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Terceira temporada: Novamente temos uma drástica mudança no seriado. Do Texas passamos à Austrália, numa espécie de roadie movie de peregrinação que culmina num dos melhores finais de seriado dos últimos anos. O final da terceira temporada de Leftovers é belo e honesto com quem acompanhou os vinte e oito episódios que compõem a obra, num monólogo emocionante - de um dos protagonistas para outro, e, ao mesmo tempo, para nós espectadores, numa atitude corajosa na busca de conquistar nossa confiança com aquelas palavras.
No geral, tecnicamente, Leftovers é muito bom, principalmente a partir da segunda temporada. O elenco é excepcional e traz atuações marcantes, com grande destaque para Carrie Coon (Nora Durst). Eu já conhecia o trabalho dela através da terceira temporada de Fargo, onde ela manda muito bem, todavia, aqui, em Leftovers, ela simplesmente destrói. Outra que chama muito a atenção é Ann Dowd (que também arrebentou esse ano em Handsmaid's Tale) - na pele Patti Levin, a líder dos Remanescentes. Até mesmo Liv Tyler consegue passar doçura e perigo de forma competente com sua Meg. Destaco também a trilha sonora de Max Richter. Principalmente a música principal.
Junto de The Americans, Leftovers é o melhor seriado não assistido - e comentado - dos últimos tempos. Uma tremenda injustiça, ainda mais se tratando da volta por cima de um dos criadores de um dos seriados mais influentes da década passada.
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Segunda temporada: Lindelof e Perrota surpreendem ao mudar completamente a dinâmica do seriado, realocando a trama no Texas e inserindo novos personagens. Aqui os criadores brincam com o messianismo e com como as pessoas deixam o juízo crítico para traz e embarcam em qualquer tipo de pirotecnia, supostamente sobrenatural, em busca de respostas, por mais absurdas que elas - as pirotecnias - sejam. O grande trunfo dessa temporada é a maneira esperta em que os roteiros misturam filosofia, ciência e o suposto sobrenatural. O seriado então atinge o telespectador de acordo com suas próprias crenças, dando oportunidade para cada um interpretar a sua maneira, sem que passe por cima da visão de mundo do outro.
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Primeira temporada: O seriado inicia-se em Mapleton e tem como protagonista o chefe de polícia Kevin, sua ex-esposa Laurie e uma mulher que "perdeu" seus dois filhos e esposo, no fatídico dia, chamada Nora. Depois do "sumiço" de cento e quarenta milhões de indivíduos, a susceptibilidade das maioria das pessoas chega as alturas e daí surgem mais seitas, mais xamãs e todo tipo de coisas do gênero. Na série, a mais notória é a interessante seita dos Remanescentes Culpados, que se vestem de branco, não falam e fumam sem parar. A presença dos Remanescentes em Mapleton é o grande mote da temporada já que o objetivo dos mesmos é não deixar que o dia 14/10 seja esquecido. Sem ter uma explicação para o ocorrido, quem "perdeu" um ente querido sofre de um luto eterno e sem resposta. E é disso que a primeira temporada trata. Os três primeiros episódios são bastante arrastados e, sinceramente, eu cheguei a pensar em desistir da série, no entanto a partir do quarto, a coisa engrena, culminando numa ótima - e explosiva - season finale.
Começo promisso do seriado de Donald Glover. Seus textos são bem ácidos e as críticas sobre racismo e o papel do negro nos EUA de hoje pontuais. Destaques para o episódio do Justin Bieber negro e aquele em que se passa por inteiro durante um programa de debates destinados ao público afro-descendente.
Uma grata surpresa proporcionada pelo catálogo do Netflix, The End of the F***ing World traz muito da estética de outros seriado ingleses recentes na maneira ágil de sua narrativa e cortes e nos diálogos espertos com que a trama é conduzida (o exemplo mais notório é a finada Utopia). A dramédia foca-se na história de um casal de adolescentes disfuncionais que resolvem sair em fuga pelo país. Até aí nada de novo. Entretanto, ambos são bem desenvolvidos e cimentados em ótima atuação dos protagonistas. Além disso, o seriado é muito bem planejado. Suas narrações em off entrecortadas nos dão uma dimensão do que esperar - ou não - de cada personagem, mesmo que de forma subjetiva. Outro trunfo (que muitos podem considerar um defeito) é a duração curta do episódios, em média vinte minutos. Você assiste os oito disponíveis, encerra a temporada e fica com gosto de quero mais.
Sobre James e Alyssa, a identificação, pelo menos no meu caso, é imediata. Ambos tem personalidades distintas - e isso é o que os atrai - e na sociedade moderna acabam não passando de párias. E eles sabem muito bem disso. E o melhor, em nenhum momento buscam aceitação social ou algo que o valha. Ponto para a série que soube celebrar e cativar os outsiders.
Desde seu primeiro episódio, Black Mirror se mostrou um seriado corajoso que nos deixava perturbados com suas tramas sobre como a tecnologia pode ser nociva num futuro próximo. Até então, o clima do seriado era soturno, bastante pessimista e com críticas pontuais ao nosso modo de vida em sociedade (tecnológica).
Depois que a produção inglesa migrou (foi salva na verdade) para o Netflix ano passado, esse "peso" meio que se perdeu, todavia a terceira temporada ainda rendeu alguns ótimos episódios. Entretanto, não podemos dizer o mesmo dessa quarta.
Há, nitidamente, uma perda considerável de criatividade. Nessa temporada, algumas ideias passadas foram resgatadas, dando impressão de que a fonte secou. Está na hora do criador, Charlie Brooker, delegar os roteiros dos episódios à outros escritores. Gente com boas ideias é o que não falta por aí. Sua insistência em escrever todos os episódios acabou sendo o calcanhar de aquiles dessa temporada, que não chega a ser ruim, porém está longe do brilhantismo da primeira, por exemplo.
Dos seis episódios, apenas dois, de fato, falam sobre o impacto tecnológico no comportamento da sociedade: Arkangel (sobre o controle dos pais sobre seus filhos através da tecnologia) e Hang The D.J - alusão a música Panic dos Smiths - (sobre o amor em tempos de Tinder). De resto, os outros episódios estão mais para colagem de gêneros, como Metalhead ou Black Museum - que até prendem a atenção e são bem filmados, mas logo você acaba por esquecer. E o que não dizer de U.S.S Callister, que começa promissor para logo cair num amontoado de clichês e exageros de roteiro (peraí, clonar alguém digitalmente através de seu DNA e todas as suas memórias virem junto!?). Para finalizar, também tivemos Crocodile, uma trama policial que requer uma boa dose de falta de crença da audiência.
Enfim, ou Charlie Brooker acerta os ponteiros dos roteiros ou periga Black Mirror se transformar num seriado medíocre, coisa que, afinal, ninguém quer.
Ótimo seriado. Pena que é pouco visto. Muito bacana a maneira como os personagens transitam de um episódio para o outro nessa crônica sobre o cotidiano da vida moderna.
O seriado prende a atenção e tem boas atuações. No entanto, as falhas no roteiro dos últimos dois episódios foram imperdoáveis. É o velho nadou e morreu na praia.
Boa temporada, todavia ficou aquém das duas anteriores. Senti falta de uma maior participação dos coadjuvantes, como os roommates da Ilana e da Abbi e do próprio Lincoln.
Pra um seriado criado pelo Bryan Fuller (Hannibal) e o Alex Kurtzman (Fringe) está deixando a desejar. Não chega a ser ruim, no entanto eu esperava muito mais. O maior ponto fraco é o elenco. Sem carisma nenhum.
Depois da fraca Defensores, a Marvel/Netflix acerta e entrega uma ótima primeira temporada da série do Justiceiro.
Depois dos acontecimentos da segunda temporada do Demolidor, o passado e os traumas de Castle tem muita lenha para queimar numa trama sobre uma grande conspiração envolvendo agências do governo. Ou seja, pelo menos nesse primeiro ano não esperem Castle distribuindo pipocos na bandidagem da rua. Aqui, acertadamente, os roteiristas colocam Castle para acertar contas com o seu passado, tendo o auxílio de bons coadjuvantes, com destaque para Micro, uma espécie de Edward Snowden, que descobre uma tremenda sujeirada da CIA durante a guerra do Afeganistão - que envolve o passado de Frank.
Mesmo com treze episódios - e com eles alguns momentos de enrolação - o ritmo do seriado é bom e consegue envolver. Sobre temas polêmicos, o seriado aborda, mesmo que timidamente (e um tanto sem foco), a questão do porte de armas e a maneira como os veteranos de guerra são tratados pelo Tio Sam quando voltam para casa (junto com seus traumas). Essa segunda questão é representada pelo personagem Lewis Walcott, um jovem veterano atormentado que não consegue se encaixar na sociedade após retornar para casa. O personagem é claramente inspirado em Travis Bickle (de Taxi Driver) e seu pequeno arco, apesar de ser uma subtrama sem qualquer relação direta ao plot de Castle, é interessante.
Jon Bernthal manda muito bem, mais uma vez, na pele do Justiceiro e as cenas de ação estão bem acima da média, porém não chegam a serem tão boas quanto as das duas temporadas de Demolidor. De todo modo, é bom ver que voltaram a tomar cuidado com essa questão - essencial quando se trata de produtos que adaptam o universo dos quadrinhos da Marvel/DC. Os dois vilões da temporada também agradam, sendo um deles alguém que se tornará um dos nemesis clássicos dos quadrinhos. Enfim, agora que o passado de Castle foi passado a limpo, é hora do seriado, na sua segunda temporada, se voltar às histórias envolvendo o Justiceiro e alto escalão do crime nova iorquino, como a Máfia (Wilson Fisk manda lembranças). Inspiração é o que não falta, basta uma olhada nas histórias de Garth Ennis e Jason Aaron, só para citar dois.
O primeiro ano de True Detective nos uma história policial psicológica, labiríntica, com influências do horror literário do final do século XIX (no caso O Rei Amarelo), excelentes atuações e direção impecável. O resultado final foi magnífico, uma obra-prima televisiva ganhadora de inúmeros prêmios e prestigio entre os fãs de seriados. Eis então que no ano seguinte, o criador Nic Pizzolato - também autor do ótimo romance policial Galveston -, entrega uma segunda temporada da antologia que é, de imediato, massacrada tanto pela crítica tanto pelo público que a acusam de falta de qualidade, principalmente nos roteiros que não são tão intrincados como os da temporada anterior.
Concordo que o segundo ano de True Detective tenha sido inferior ao primeiro. Isso é inegável. Porém, está longe de ser ruim. Muito pelo contrário. Nesse segundo ano, Pizzolato optou por uma abordagem noir a sua antologia com clara influência da obra do escritor James Ellroy. Assim que terminei de assistir ao primeiro episódio, de imediato pensei: isso aí é James Ellroy. Mais precisamente, a obra O Grande Deserto. As similaridades são enormes. Três policiais - de locais vizinhos a Los Angeles - se deparam com um cadáver de um figurão de um desses locais. O presunto não tem os olhos. Os órgãos foram dissolvidos por ácido ou algo do gênero - idêntico ao livro de Ellroy, onde há também um cadáver onde os olhos são removidos. No campo dos personagens, as familiaridades também são gritantes. Velcoro (personagem de Colin Farrell) é nitidamente uma junção de Buzz Meeks e Mal Considine (protagonistas do romance de Ellroy) sendo que até mesmo seu background familiar é quase que idêntico ao do segundo. O personagem de Taylor Kitsch também traz inúmeras semelhanças a Danny Upshaw (o terceiro protagonista de Ellroy). Mesmo a policial feminina - interpretada pela Rachel McAdams - tem características dos personagens ellroyanos. Não acredito que tenha sido plágio por parte de Pizzolatto, entretanto não há como negar que dessa fonte ele bebeu, e muito! Inclusive, pesquisando pela internet, encontrei um site onde fãs de Ellroy expõe as semelhanças entre o Quarteto de L.A e a segunda temporada de True Detective.
Mesmo com sua trama complexa, inundada de personagens e outras subtramas, esse segundo ano de True Detective me cativou justamente pelo seu apelo noir, onde temos esses três policiais atormentados envoltos em algo que é maior do que eles, que envolve os poderosos da região. Até mesmo o personagem de Vince Vaughn - um ator de que não tenho lá grande simpatia - me deixou satisfeito, o típico gângster que tenta se afastar da bandidagem, todavia o sempre "puxam de volta" (citanto Michael Corleone em O Poderoso Chefão 3). Pena que Cary Fukunaga - o diretor da primeira temporada - não tenha retornado. Com o seriado agora sendo conduzido por diretores diferentes, em alguns momentos, ele acaba perdendo sua identidade visual.
Para mim, a segunda temporada de True Detective terminou com saldo positivo. As porradas que levou em 2015 foram injustas e até mesmo ingratas com Pizzolato, um ótimo roteirista de verve policial. Seu maior erro nessa temporada, com certeza, foi a cena final. Péssima. Um epílogo idiota que destoou completamente com o restante da temporada. De resto, estarei sempre acompanhando seu trabalho, seja na televisão ou literatura, com entusiasmo.
David Simon - criador de The Wire - junta-se a George Pelecanos (autor de romances policiais) nessa ótima produção da HBO que narra o nascimento da industria pornô estadunidense, num microcosmo da própria sociedade da época, passada em praticamente um quarteirão da Nova York do começo dos anos setenta chamado Deuce.
Assim como em The Wire, somos apresentados a uma gama de personagens que convivem nesse ambiente de forma orgânica, sejam as prostitutas, os cafetões, os mafiosos, os policiais, todos interagem e tem seu momento de brilho graças ao sempre bom texto do seriado. A caracterização da suja Nova York da época é um show à parte, com destaque para a excelente direção de Michelle MacLaren (Breaking Bad) no episódio piloto e na season finale. Sem contar com o elenco de primeira, mistura de rostos conhecidos com novatos, todas as atuações são muito boas, com destaque para Maggie Gyllenhaal, que faz uma prostituta - oriunda da classe média - que se arrisca nas ruas de Manhattan sem nenhum cafetão para garantir sua segurança física. A entrega da atriz é enorme, tanto nas cenas de nudez e sexo quanto na caracterização e psicologia da personagem. Não ser indicada - ou até mesmo ganhar - aos prêmios televisivos do ano que vem seria de uma injustiça tremenda. Até o meio canastrão James Franco manda bem, aqui interpretando dois personagens irmãos gêmeos.
Voltando ao texto, é notória a preocupação de Simon com a construção desse mundo plausível onde a exploração seja dos cafetões com suas "garotas" ou da máfia ou da polícia é o grande mote. A adição de Pelecanos como co-criador (em The Wire ele produzia e escrevia alguns episódios) foi muito bem vinda, pois o romancista também é um especialista em dissecar questões sociais em suas obras literárias. Ou seja, The Deuce é o tipo de seriado de desenvolvimento lento, porém mostra-se bem sólido e gratificante. Pena que tenha passado batido, quase sem marketing. Talvez o boca a boca, assim como The Wire, ajude essa pequena gema televisiva. Pelo menos a HBO já garantiu a segunda temporada, obviamente mais pelo prestígio de Simon do que pela audiência.
Apesar de sempre ser indicada para premiações, infelizmente, The Americans, não caiu no gosto do público em geral. Talvez o tema (Guerra Fria) não seja tão atrativo assim para a maioria das pessoas. A cada temporada The Americans só melhora. A terceira já tinha sido ótima. A quarta é praticamente impecável.
Fugindo de todos os esteriótipos de tramas de espionagem comuns na tv e no cinema, The Americans apresenta, na minha opinião, uma das melhores histórias do gênero já contada seja em qualquer mídia. Calcada no drama e nos dilemas morais e pessoais, o seriado, nessa temporada, fecha alguns plots em aberto e decide o destino de personagens chave.
Como sempre, os protagonistas, Phillip e Elizabeth, são o grande destaque. Muito bem construídos, o casal de agentes da KGB "infiltrados" em território estadunidense, há mais de vinte anos, enfrentam diversos dilemas morais enquanto se arriscam nas mais diversas missões, missões essas que consistem, na sua maioria, em grandes manipulações envolvendo o mais diverso número de pessoas, levando até mesmo a destruição de famílias. Por mais que os agentes sejam profissionais, tal envolvimento acaba os afetando psicologicamente. Além disso, ambos residem há duas décadas nos EUA, tem dois filhos nascidos no país e são bem sucedidos profissionalmente. Ou seja, estão vivendo o "american dream" enquanto lutam pela vantagem de sua terra natal na Guerra Fria. A grande questão é: eles deixariam para trás tudo que construíram para voltar a URSS?
Outro ponto a se destacar, é o cuidado dos roteiros para que não caiam no maniqueísmo. O seriado é bem racional nessa área, apenas relatando os fatos e deixando o julgamento moral/político na mão do telespectador. Imperdível é pouco.
Broad City foi uma grata surpresa. Esperava mais uma série sobre garotas em busca de ascensão e um grande amor na Grande Maçã e no entanto encontrei algo anárquico - socialmente falando - e feminista sem ser panfletário.
As duas protagonistas - as garotas Abbi e Ilana - são facilmente empáticas pois são gente como a gente, com empregos de merda e contas para pagar, estão longe de serem perfeitas, muito pelo contrário, e exibem uma amizade inabalável que é o fio condutor do seriado.
Longe de ingênuo, o humor de Broad City brinca com os mais diversos temas quase sem pudor, ainda mais tratando de um seriado protagonizado por garotas. E é ai que entra o feminismo natural. Ambas são bem resolvidas sexualmente e, mesmo que, lascadas financeiramente, em nenhum momento as vemos buscando qualquer tipo de ascensão social ou aceitação, ainda mais através de alguma figura masculina. Elas são o que são e durmam com essa.
Os personagens coadjuvantes não fogem a regra e todos são bastante engraçados, com destaque para o namorado da colega de quarto de Abbi - detalhe: a colega nunca aparece em cena - um sujeitinho folgado e porco mas que nem por isso deixa de ser interessante. Outro que merece destaque é o dentista Lincoln - ficante da Ilana - que é aquele tipo de personagem que parece estar alheio ao que acontece a sua volta entretanto é justamente aí que está a sua graça. De resto, a Nova York é retratada de forma bem surreal onde desfilam os tipos mais bizarros de uma forma tão orgânica que eu logo me lembrei do saudoso Seinfeld, uma clara influência.
Sem a futilidade de Sex and The City ou as questões dramáticas de Girls, Broad City é uma ótima pedida para quem quer um seriado bacana protagonizado por garotas e ao mesmo tempo fugir do marasmo cômico da televisão estadunidense atual.
Comecei a primeira temporada desse seriado, por acaso, no Netflix. Não tinha nada melhor para fazer no dia e resolvi assistir ao piloto sem nem mesmo saber do que se tratava. Me surpreendi pela qualidade dos efeitos especiais e pela envolvente trama. Mais surpreso ainda fiquei quando soube que era produzida pelo canal SyFy (conhecido por suas séries porcas).
Com saldo positivo ao final do primeiro ano, assim que a Netflix disponibilizou a segunda temporada, comecei a assistir. O saldo continua positivo. Os efeitos são excelentes e passam longe de lembrar uma produção televisiva. É coisa de cinema mesmo. A trama ainda instigante mistura ficção cientifica (principalmente na questão da protomolécula) e questões políticas.
Passada duzentos anos no futuro, vemos uma Marte colonizada pelos humanos e independente da Terra, totalmente militarizada e com diferenças culturais e fisiológicas tremendas (por exemplo, um humano nascido em Marte, ao vir para a Terra vai sentir os efeitos da diferença de gravidade, luz, etc). A Terra, nesse período, tem a ONU como sua principal força, ao que parece, de governo e controle de tudo que envolve as questões espaciais.
Além de Marte e Terra, os Belters (humanos nascidos no cinturão e em sua maioria trabalhadores braçais) lutam para fazer valer sua voz, mesmo que para isso tenham que apelar para luta armada.
Os episódios dessa temporada são muito bons - com exceção do último - e a trama envolvendo a descoberta da protomolécula é acertada, deixando o seriado ainda mais sci-fi do que na primeira temporada. Pena que ela ainda tenha problemas com relação ao elenco: um dos protagonistas, Jim Holden, é interpretado por um ator muito ruim. Isso acaba comprometendo o seriado pois por conta dessa fraca atuação temos pouca empatia pelo sujeito diferentemente do resto da tripulação da Rocinante, onde os atores são melhores. Outro fator que me descontentou foi o último episódio da temporada. Extremamente corrido e um pouco sem nexo. Até os efeitos e as cenas de ação ficaram ruins. Ai sim, de fato, parecia uma produção padrão do Sy Fy. No entanto, entre acertos e erros, o saldo ainda é positivo e vou continuar acompanhando a serie.
Comecei a assistir a terceira temporada sem esperar muito. Até esse momento, eu acreditava que a grande força de Narcos estava em Pablo Escobar. E, de fato, a presença do traficante era um dos seus grandes trunfos nas duas primeiras temporadas,
Entretanto, depois de finalizada a terceira temporada, percebi que, na verdade, a grande qualidade de Narcos encontra-se na sua estética narrativa iniciada, graças a excelente direção de José Padilha no primeiro episódio da primeira temporada. Dito isso, posso afirmar que o terceiro ano da serie é quase tão bom quanto os dois anteriores.
Embora não tenhamos Pablo, o Cartel de Cali apresenta tipos bastante interessantes e que conseguiram manter o nível da serie no quesito personagens. Finalmente promovido a protagonista, o agente Peña agora é o narrador (em off) e o cabeça do DEA em Cali. Dificilmente alguém sentiu falta do insosso agente Holbrook. Minha única ressalva são os dois novos agentes que eles introduziram nessa temporada, dois tipinhos sem o menor carisma que ao longo dos episódios vão ganhando certo destaque mas sem nunca, de fato, empolgar. Todavia, o seriado nos reserva um trunfo: o personagem Jorge Salcedo. Bem desenvolvido e com ótima atuação de Matias Valera, o agente duplo é a melhor coisa do lado dos "mocinhos", ao lado de Peña.
Com relação a trama, o cartel de Cali, embora extremamente violento, age com mais discrição do que o pessoal de Pablo, inclusive utilizam de tecnologia tão boa - ou melhor - quanto a do DEA (inclusive são chamados de KGB de Cali), trazendo uma bem-vinda aura de filme de espionagem ao seriado. Além disso, os episódios são cheios de tensão, praticamente obrigando o espectador a assistir um na sequência do outro para saber o que a trama nos reserva. E, como é de praxe, esse ano de Narcos também apresenta críticas pontuais à famigerada guerra as drogas fomentada pelo Tio Sam, onde, fica claro, que o combate ao narcotráfico não passa de eufemismo para: controle geopolítico do continente Sul Americano.
Quatro anos de espera. Quatro anos e a Marvel/Netflix consegue entregar um produto meia-boca como esse. Que decepção.
É nítida a pressa com que esse seriado foi produzido, sem um décimo do cuidado que foi, por exemplo, a primeira temporada de Demolidor. Temporada essa cuja excelência colocou a expectativa para as próximas series da Marvel pela Netflix nas alturas.
O seriado até que começa bem, situando os quatro heróis e o momento em que vivem, até que um estranho evento na cidade de Nova York os une. A pretensa vilã, interpretada pela sempre competente Sigourney Weaver, também parece interessante. Entretanto, daí por diante é só ladeira abaixo.
Defensores continua as tramas em aberto de Demolidor e Punho de Ferro tendo o Tentáculo como grande ameaça. Desde Demolidor, eu tinha ressalvas a essa organização, porém até aquele momento, o Tentáculo ainda era um mistério. Em Defensores finalmente todos os elementos da trupe dão as caras só que não... Qual o objetivo do Tentáculo? Não sabemos. Em cada episódio é uma coisa diferente. Decidam-se, oras! A trama que os envolve é muito mal desenvolvida, até mesmo besta em alguns momentos. Sem falar no papel ridículo que deram a Elektra na coisa toda. Que desperdício!
Sobre os heróis, nem sei por onde começar... Punho de Ferro é um porre. Caracterizado de maneira errada, não passa de um mimado que dá uns golpes por aí. Longe do carismático Danny Rand dos quadrinhos. Luke Cage continua o herói relutante - também uma caracterização que destoa demais do personagem das Hqs. O cara é a prova de balas, tem super-força e vive num lugar barra pesada, onde há pobreza, violência e corrupção. Se assuma herói de uma vez! Matt Murdock está irreconhecível aqui. Chato, chorão e vacilante. Seu papel no clímax é tão ruim que não vou nem perder tempo comentando. Estragaram o personagem. A única que se salvou foi Jessica Jones. Justamente por ser uma personagem ácida e blasé, ela cumpre seu papel aqui que é: ser ácida e blasé. De resto, produção pobre, roteiros medíocres e falta de respeito com o material fonte. Só vale mesmo por vê-los finalmente reunidos e um ou outro momento. Uma pena.
Em tempo: Há, atualmente, alguma treta entre a divisão da Marvel do cinema com a divisão da TV? Pois em nenhum momento dessa série há qualquer menção ao que vem acontecendo no universo Marvel como um todo. Na primeira temporada de Demolidor e Jessica Jones, eles fizeram algumas ótimas referências pontuais. Em Defensores nem parece que eles dividem a mesma cidade que Os Vingadores. No mínimo, alguma coisa sobre vigilantismo e o Tratado de Sokovia deveria ter sido mencionado...
Desde a primeira cena do primeiro episódio da primeira temporada eu sabia que ia acontecer: mais cedo ou mais tarde Os Outros e seu Exército de White Walkers iriam ganhar o protagonismo de Game Of Thrones. Eu sempre temi por isso. E nessa sétima temporada, meu medo foi justificado.
Game Of Thrones sempre foi um seriado de tons cinza. Um marco no gênero fantasia onde, quase sempre, temos a velha rixa do bem contra o mal. Os personagens sempre foram bem elaborados, protagonistas morriam sem aviso prévio e havia um sub-texto sobre libertação, não só de povos oprimidos como da figura feminina, no caso de Daenerys Targaryen.
As tramas até então vinham sendo desenvolvidas de forma lenta, proposital, com diversos núcleos em suas próprias jornadas para que, obviamente, todos se encontrassem ao final para combater uma ameaça maior do que as picuinhas entre reinos e os conflitos pessoais entre os personagens. Todo mundo sabia que o Inverno estava chegando e com ele a batalha contra o mal absoluto iria começar.
Além de ter que abrir mão dos conflitos mundanos - mesmo que num universo fantástico - para se focar na luta contra seres sem motivação alguma além de destruir tudo que veem pela frente, Game of Thrones também abriu mão de sua coerência narrativa. Essa temporada foi excessivamente corrida, com episódios muitas vezes mal desenvolvidos, sendo o ápice o penúltimo da temporada: Beyond The Wall. Depois de um penúltimo episódio da temporada passada, A Batalha dos Bastardos, que foi praticamente uma obra-prima televisiva, é triste nos depararmos com uma trama idiota, onde personagens agem como se não fossem os próprios e o Deus Ex Machina opera a torto e a direito.
Daenerys Targaryen se rende a paixão. Deixa de ser a libertadora para se transformar numa pessoa que ache sem o mínimo de racionalidade por causa de um cara. Ah, dai-me um tempo!
O último episódio ainda colocou alguns conflitos que vinham sendo alimentados há anos na mesa. Porém, longe de ser suficiente para não considerar essa a pior temporada do seriado, que ainda não é algo ruim, entretanto periga a morrer na praia.
Grata surpresa da Netflix num anos sem estreias interessantes. Tomara que com o boca a boca venha uma renovação, pois a temporada deixou muita coisa em aberto e a trama é promissora. Ótimo elenco, com destaque para a sempre ótima Laura Linney.
Os episódios são bem amarrados e mantém o suspense. Lembra, em alguns aspectos, Breaking Bad, porém, a transformação de Martin Byrde é bem diferente de Walter White. Byrde se apresenta desde o começo um sujeito de visão e muito esperto. Também destaco sua amoralidade e frieza para lidar com o turbilhão de tensão e violência que o cerca. De fato, um seriado bem acima da média.
A Ruth ter assassinado seus tios e aquele choro nos braços do Byrde. Esse comportamento não condiz com o que a personagem vinha apresentando até então.
Para um shonen, Death Note tem uma temática madura diferente do que nós nos acostumamos a ver em mangás/animes para adolescentes. Não é nenhum Evangelion ou Cowboy Bebop, mas dá um bom caldo.
Valendo-se do folclore japonês, com a questão do Shinigami, e do Death Note (caderno onde ao escrever o nome um indivíduo o mesmo morre), a história sobrenatural acaba sendo encarada com certa naturalidade pelo espectador. Pelo menos a mim não incomodou. Meu único porém foi que o autor deixou a questão moral em segundo plano em favor do jogo de gato e rato entre Kira (o estudante gênio que encontra o caderno e decide aplicar sua justiça aos criminosos) e L (o maior detetive do mundo encarregado de resolver o mistério em torno das mortes), embora tenha sido justamente o embate entre o dois o que mais me prendeu no anime.
O roteiro é muito expositivo. Talvez um pouco mais de sutileza teria sido melhor. Outra coisa que incomoda é papel dado as mulheres. A única entre os protagonistas é uma garota histérica, sexualizada e extremamente submissa. Entretanto, a narrativa e a qualidade da animação (da sempre ótima Mad House) são muito bons e não deixam a peteca cair.
No geral, o saldo é bastante positivo. Death Note é um anime que te prende com inúmeras reviravoltas, ótima trilha sonora e um final competente. Confesso que me surpreendeu.
Rua Augusta
3.2 53Milhem Cortaz é o cara desse seriado. Seu personagem, o segurança de boate, Raul é a melhor coisa de Rua Augusta já que sua protagonista, Mika, é uma personagem entediante, ainda mais com a performance marromenos de Fiorella Mattheis. A representação do baixo Augusta ficou interessante embora não muito explorada. A trama em si tem altos e baixos, principalmente com relação a protagonista, que fica num chove não molha até o último episódio.
Jessica Jones (2ª Temporada)
3.6 286 Assista AgoraSem Killgrave não é mesma coisa. O vilão fez muita falta. Temporada apenas razoável. E a Marvel Television precisa urgentemente mudar esse formato de 13 episódios. Muita encheção de linguiça.
Altered Carbon (1ª Temporada)
3.8 358 Assista AgoraEu vi os dois primeiros episódios e estou pensando seriamente em desistir. Tudo mais do mesmo. Tão mais do mesmo que a ambientação, direção de arte e os cenários são uma cópia descarada de Blade Runner.
The Leftovers (3ª Temporada)
4.5 427 Assista AgoraREDENÇÃO DE UM ROTEIRISTA
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Terceira temporada: Novamente temos uma drástica mudança no seriado. Do Texas passamos à Austrália, numa espécie de roadie movie de peregrinação que culmina num dos melhores finais de seriado dos últimos anos. O final da terceira temporada de Leftovers é belo e honesto com quem acompanhou os vinte e oito episódios que compõem a obra, num monólogo emocionante - de um dos protagonistas para outro, e, ao mesmo tempo, para nós espectadores, numa atitude corajosa na busca de conquistar nossa confiança com aquelas palavras.
No geral, tecnicamente, Leftovers é muito bom, principalmente a partir da segunda temporada. O elenco é excepcional e traz atuações marcantes, com grande destaque para Carrie Coon (Nora Durst). Eu já conhecia o trabalho dela através da terceira temporada de Fargo, onde ela manda muito bem, todavia, aqui, em Leftovers, ela simplesmente destrói. Outra que chama muito a atenção é Ann Dowd (que também arrebentou esse ano em Handsmaid's Tale) - na pele Patti Levin, a líder dos Remanescentes. Até mesmo Liv Tyler consegue passar doçura e perigo de forma competente com sua Meg. Destaco também a trilha sonora de Max Richter. Principalmente a música principal.
Junto de The Americans, Leftovers é o melhor seriado não assistido - e comentado - dos últimos tempos. Uma tremenda injustiça, ainda mais se tratando da volta por cima de um dos criadores de um dos seriados mais influentes da década passada.
The Leftovers (2ª Temporada)
4.5 422 Assista AgoraREDENÇÃO DE UM ROTEIRISTA
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Segunda temporada: Lindelof e Perrota surpreendem ao mudar completamente a dinâmica do seriado, realocando a trama no Texas e inserindo novos personagens. Aqui os criadores brincam com o messianismo e com como as pessoas deixam o juízo crítico para traz e embarcam em qualquer tipo de pirotecnia, supostamente sobrenatural, em busca de respostas, por mais absurdas que elas - as pirotecnias - sejam. O grande trunfo dessa temporada é a maneira esperta em que os roteiros misturam filosofia, ciência e o suposto sobrenatural. O seriado então atinge o telespectador de acordo com suas próprias crenças, dando oportunidade para cada um interpretar a sua maneira, sem que passe por cima da visão de mundo do outro.
The Leftovers (1ª Temporada)
4.2 583 Assista AgoraREDENÇÃO DE UM ROTEIRISTA
Quando o seriado Lost terminou em 2010, eu fiquei furioso com Damon Lindelof. Seis anos acompanhando aquela trama cheia de mistérios para no final ser entregue algo absurdamente idiota pautado num sobrenatural pseudo-filosófico de dar vontade de socar a parede. Enfim, o tempo passou e Lindelof retornou à Tv. Agora, na HBO, e, ao lado de Tom Perrota, criou Leftovers, seriado baseado no romance do último.
Quando Leftovers estreou, apesar da premissa interessante, não dei a mínima, justamente por tudo que destaquei acima sobre Lost. Somente agora que o seriado encerrou, em sua terceira temporada, resolvi dar uma chance ao show, e ainda assim depois de ler excelentes críticas sobre a derradeira temporada. Enfim, agora posso dizer que Lindelof se redimiu. Leftovers é ótima. Produção caprichada e cuidadosa em seus roteiros, onde há um baita mistério, todavia, acertadamente, não há urgência para sua explicação.
No dia 14/10 de 2011, 2% da população mundial desaparece sem deixar vestígios. Tal fato, de imediato, nos remete ao "arrebatamento" bíblico, onde, segundo o calhamaço, os "escolhidos" por Deus partiriam, deixando na Terra as "sobras" para sofrerem no apocalipse. Porém - e ainda bem! - Leftovers está longe de ser uma obra gospel.
Leftovers trata de perda e luto. O acontecimento do dia 14/10 causa um tremendo impacto na humanidade e o telespectador acompanha tal fato do ponto de vista de personagens alocados numa pequena cidade estadunidense chamada Mapleton.
Primeira temporada: O seriado inicia-se em Mapleton e tem como protagonista o chefe de polícia Kevin, sua ex-esposa Laurie e uma mulher que "perdeu" seus dois filhos e esposo, no fatídico dia, chamada Nora. Depois do "sumiço" de cento e quarenta milhões de indivíduos, a susceptibilidade das maioria das pessoas chega as alturas e daí surgem mais seitas, mais xamãs e todo tipo de coisas do gênero. Na série, a mais notória é a interessante seita dos Remanescentes Culpados, que se vestem de branco, não falam e fumam sem parar. A presença dos Remanescentes em Mapleton é o grande mote da temporada já que o objetivo dos mesmos é não deixar que o dia 14/10 seja esquecido. Sem ter uma explicação para o ocorrido, quem "perdeu" um ente querido sofre de um luto eterno e sem resposta. E é disso que a primeira temporada trata. Os três primeiros episódios são bastante arrastados e, sinceramente, eu cheguei a pensar em desistir da série, no entanto a partir do quarto, a coisa engrena, culminando numa ótima - e explosiva - season finale.
Atlanta (1ª Temporada)
4.5 294 Assista AgoraComeço promisso do seriado de Donald Glover. Seus textos são bem ácidos e as críticas sobre racismo e o papel do negro nos EUA de hoje pontuais. Destaques para o episódio do Justin Bieber negro e aquele em que se passa por inteiro durante um programa de debates destinados ao público afro-descendente.
The End of the F***ing World (1ª Temporada)
3.8 817 Assista AgoraUma grata surpresa proporcionada pelo catálogo do Netflix, The End of the F***ing World traz muito da estética de outros seriado ingleses recentes na maneira ágil de sua narrativa e cortes e nos diálogos espertos com que a trama é conduzida (o exemplo mais notório é a finada Utopia). A dramédia foca-se na história de um casal de adolescentes disfuncionais que resolvem sair em fuga pelo país. Até aí nada de novo. Entretanto, ambos são bem desenvolvidos e cimentados em ótima atuação dos protagonistas. Além disso, o seriado é muito bem planejado. Suas narrações em off entrecortadas nos dão uma dimensão do que esperar - ou não - de cada personagem, mesmo que de forma subjetiva. Outro trunfo (que muitos podem considerar um defeito) é a duração curta do episódios, em média vinte minutos. Você assiste os oito disponíveis, encerra a temporada e fica com gosto de quero mais.
Sobre James e Alyssa, a identificação, pelo menos no meu caso, é imediata. Ambos tem personalidades distintas - e isso é o que os atrai - e na sociedade moderna acabam não passando de párias. E eles sabem muito bem disso. E o melhor, em nenhum momento buscam aceitação social ou algo que o valha. Ponto para a série que soube celebrar e cativar os outsiders.
Em tempo: a trilha sonora é sensacional.
Black Mirror (4ª Temporada)
3.8 1,3K Assista AgoraDesde seu primeiro episódio, Black Mirror se mostrou um seriado corajoso que nos deixava perturbados com suas tramas sobre como a tecnologia pode ser nociva num futuro próximo. Até então, o clima do seriado era soturno, bastante pessimista e com críticas pontuais ao nosso modo de vida em sociedade (tecnológica).
Depois que a produção inglesa migrou (foi salva na verdade) para o Netflix ano passado, esse "peso" meio que se perdeu, todavia a terceira temporada ainda rendeu alguns ótimos episódios. Entretanto, não podemos dizer o mesmo dessa quarta.
Há, nitidamente, uma perda considerável de criatividade. Nessa temporada, algumas ideias passadas foram resgatadas, dando impressão de que a fonte secou. Está na hora do criador, Charlie Brooker, delegar os roteiros dos episódios à outros escritores. Gente com boas ideias é o que não falta por aí. Sua insistência em escrever todos os episódios acabou sendo o calcanhar de aquiles dessa temporada, que não chega a ser ruim, porém está longe do brilhantismo da primeira, por exemplo.
Dos seis episódios, apenas dois, de fato, falam sobre o impacto tecnológico no comportamento da sociedade: Arkangel (sobre o controle dos pais sobre seus filhos através da tecnologia) e Hang The D.J - alusão a música Panic dos Smiths - (sobre o amor em tempos de Tinder). De resto, os outros episódios estão mais para colagem de gêneros, como Metalhead ou Black Museum - que até prendem a atenção e são bem filmados, mas logo você acaba por esquecer. E o que não dizer de U.S.S Callister, que começa promissor para logo cair num amontoado de clichês e exageros de roteiro (peraí, clonar alguém digitalmente através de seu DNA e todas as suas memórias virem junto!?). Para finalizar, também tivemos Crocodile, uma trama policial que requer uma boa dose de falta de crença da audiência.
Enfim, ou Charlie Brooker acerta os ponteiros dos roteiros ou periga Black Mirror se transformar num seriado medíocre, coisa que, afinal, ninguém quer.
Easy (2ª Temporada)
3.6 63 Assista AgoraÓtimo seriado. Pena que é pouco visto. Muito bacana a maneira como os personagens transitam de um episódio para o outro nessa crônica sobre o cotidiano da vida moderna.
The Sinner (1ª Temporada)
4.2 716 Assista AgoraO seriado prende a atenção e tem boas atuações. No entanto, as falhas no roteiro dos últimos dois episódios foram imperdoáveis. É o velho nadou e morreu na praia.
Broad City (3ª Temporada)
4.4 31Boa temporada, todavia ficou aquém das duas anteriores. Senti falta de uma maior participação dos coadjuvantes, como os roommates da Ilana e da Abbi e do próprio Lincoln.
Star Trek: Discovery (1ª Temporada)
4.0 136 Assista AgoraPra um seriado criado pelo Bryan Fuller (Hannibal) e o Alex Kurtzman (Fringe) está deixando a desejar. Não chega a ser ruim, no entanto eu esperava muito mais. O maior ponto fraco é o elenco. Sem carisma nenhum.
O Justiceiro (1ª Temporada)
4.2 569Depois da fraca Defensores, a Marvel/Netflix acerta e entrega uma ótima primeira temporada da série do Justiceiro.
Depois dos acontecimentos da segunda temporada do Demolidor, o passado e os traumas de Castle tem muita lenha para queimar numa trama sobre uma grande conspiração envolvendo agências do governo. Ou seja, pelo menos nesse primeiro ano não esperem Castle distribuindo pipocos na bandidagem da rua. Aqui, acertadamente, os roteiristas colocam Castle para acertar contas com o seu passado, tendo o auxílio de bons coadjuvantes, com destaque para Micro, uma espécie de Edward Snowden, que descobre uma tremenda sujeirada da CIA durante a guerra do Afeganistão - que envolve o passado de Frank.
Mesmo com treze episódios - e com eles alguns momentos de enrolação - o ritmo do seriado é bom e consegue envolver. Sobre temas polêmicos, o seriado aborda, mesmo que timidamente (e um tanto sem foco), a questão do porte de armas e a maneira como os veteranos de guerra são tratados pelo Tio Sam quando voltam para casa (junto com seus traumas). Essa segunda questão é representada pelo personagem Lewis Walcott, um jovem veterano atormentado que não consegue se encaixar na sociedade após retornar para casa. O personagem é claramente inspirado em Travis Bickle (de Taxi Driver) e seu pequeno arco, apesar de ser uma subtrama sem qualquer relação direta ao plot de Castle, é interessante.
Jon Bernthal manda muito bem, mais uma vez, na pele do Justiceiro e as cenas de ação estão bem acima da média, porém não chegam a serem tão boas quanto as das duas temporadas de Demolidor. De todo modo, é bom ver que voltaram a tomar cuidado com essa questão - essencial quando se trata de produtos que adaptam o universo dos quadrinhos da Marvel/DC. Os dois vilões da temporada também agradam, sendo um deles alguém que se tornará um dos nemesis clássicos dos quadrinhos. Enfim, agora que o passado de Castle foi passado a limpo, é hora do seriado, na sua segunda temporada, se voltar às histórias envolvendo o Justiceiro e alto escalão do crime nova iorquino, como a Máfia (Wilson Fisk manda lembranças). Inspiração é o que não falta, basta uma olhada nas histórias de Garth Ennis e Jason Aaron, só para citar dois.
True Detective (2ª Temporada)
3.6 773TEMPORADA INJUSTIÇADA
O primeiro ano de True Detective nos uma história policial psicológica, labiríntica, com influências do horror literário do final do século XIX (no caso O Rei Amarelo), excelentes atuações e direção impecável. O resultado final foi magnífico, uma obra-prima televisiva ganhadora de inúmeros prêmios e prestigio entre os fãs de seriados. Eis então que no ano seguinte, o criador Nic Pizzolato - também autor do ótimo romance policial Galveston -, entrega uma segunda temporada da antologia que é, de imediato, massacrada tanto pela crítica tanto pelo público que a acusam de falta de qualidade, principalmente nos roteiros que não são tão intrincados como os da temporada anterior.
Concordo que o segundo ano de True Detective tenha sido inferior ao primeiro. Isso é inegável. Porém, está longe de ser ruim. Muito pelo contrário. Nesse segundo ano, Pizzolato optou por uma abordagem noir a sua antologia com clara influência da obra do escritor James Ellroy. Assim que terminei de assistir ao primeiro episódio, de imediato pensei: isso aí é James Ellroy. Mais precisamente, a obra O Grande Deserto. As similaridades são enormes. Três policiais - de locais vizinhos a Los Angeles - se deparam com um cadáver de um figurão de um desses locais. O presunto não tem os olhos. Os órgãos foram dissolvidos por ácido ou algo do gênero - idêntico ao livro de Ellroy, onde há também um cadáver onde os olhos são removidos. No campo dos personagens, as familiaridades também são gritantes. Velcoro (personagem de Colin Farrell) é nitidamente uma junção de Buzz Meeks e Mal Considine (protagonistas do romance de Ellroy) sendo que até mesmo seu background familiar é quase que idêntico ao do segundo. O personagem de Taylor Kitsch também traz inúmeras semelhanças a Danny Upshaw (o terceiro protagonista de Ellroy). Mesmo a policial feminina - interpretada pela Rachel McAdams - tem características dos personagens ellroyanos. Não acredito que tenha sido plágio por parte de Pizzolatto, entretanto não há como negar que dessa fonte ele bebeu, e muito! Inclusive, pesquisando pela internet, encontrei um site onde fãs de Ellroy expõe as semelhanças entre o Quarteto de L.A e a segunda temporada de True Detective.
Mesmo com sua trama complexa, inundada de personagens e outras subtramas, esse segundo ano de True Detective me cativou justamente pelo seu apelo noir, onde temos esses três policiais atormentados envoltos em algo que é maior do que eles, que envolve os poderosos da região. Até mesmo o personagem de Vince Vaughn - um ator de que não tenho lá grande simpatia - me deixou satisfeito, o típico gângster que tenta se afastar da bandidagem, todavia o sempre "puxam de volta" (citanto Michael Corleone em O Poderoso Chefão 3). Pena que Cary Fukunaga - o diretor da primeira temporada - não tenha retornado. Com o seriado agora sendo conduzido por diretores diferentes, em alguns momentos, ele acaba perdendo sua identidade visual.
Para mim, a segunda temporada de True Detective terminou com saldo positivo. As porradas que levou em 2015 foram injustas e até mesmo ingratas com Pizzolato, um ótimo roteirista de verve policial. Seu maior erro nessa temporada, com certeza, foi a cena final. Péssima. Um epílogo idiota que destoou completamente com o restante da temporada. De resto, estarei sempre acompanhando seu trabalho, seja na televisão ou literatura, com entusiasmo.
The Deuce (1ª Temporada)
4.2 72David Simon - criador de The Wire - junta-se a George Pelecanos (autor de romances policiais) nessa ótima produção da HBO que narra o nascimento da industria pornô estadunidense, num microcosmo da própria sociedade da época, passada em praticamente um quarteirão da Nova York do começo dos anos setenta chamado Deuce.
Assim como em The Wire, somos apresentados a uma gama de personagens que convivem nesse ambiente de forma orgânica, sejam as prostitutas, os cafetões, os mafiosos, os policiais, todos interagem e tem seu momento de brilho graças ao sempre bom texto do seriado. A caracterização da suja Nova York da época é um show à parte, com destaque para a excelente direção de Michelle MacLaren (Breaking Bad) no episódio piloto e na season finale. Sem contar com o elenco de primeira, mistura de rostos conhecidos com novatos, todas as atuações são muito boas, com destaque para Maggie Gyllenhaal, que faz uma prostituta - oriunda da classe média - que se arrisca nas ruas de Manhattan sem nenhum cafetão para garantir sua segurança física. A entrega da atriz é enorme, tanto nas cenas de nudez e sexo quanto na caracterização e psicologia da personagem. Não ser indicada - ou até mesmo ganhar - aos prêmios televisivos do ano que vem seria de uma injustiça tremenda. Até o meio canastrão James Franco manda bem, aqui interpretando dois personagens irmãos gêmeos.
Voltando ao texto, é notória a preocupação de Simon com a construção desse mundo plausível onde a exploração seja dos cafetões com suas "garotas" ou da máfia ou da polícia é o grande mote. A adição de Pelecanos como co-criador (em The Wire ele produzia e escrevia alguns episódios) foi muito bem vinda, pois o romancista também é um especialista em dissecar questões sociais em suas obras literárias. Ou seja, The Deuce é o tipo de seriado de desenvolvimento lento, porém mostra-se bem sólido e gratificante. Pena que tenha passado batido, quase sem marketing. Talvez o boca a boca, assim como The Wire, ajude essa pequena gema televisiva. Pelo menos a HBO já garantiu a segunda temporada, obviamente mais pelo prestígio de Simon do que pela audiência.
The Americans (4ª Temporada)
4.5 49Apesar de sempre ser indicada para premiações, infelizmente, The Americans, não caiu no gosto do público em geral. Talvez o tema (Guerra Fria) não seja tão atrativo assim para a maioria das pessoas. A cada temporada The Americans só melhora. A terceira já tinha sido ótima. A quarta é praticamente impecável.
Fugindo de todos os esteriótipos de tramas de espionagem comuns na tv e no cinema, The Americans apresenta, na minha opinião, uma das melhores histórias do gênero já contada seja em qualquer mídia. Calcada no drama e nos dilemas morais e pessoais, o seriado, nessa temporada, fecha alguns plots em aberto e decide o destino de personagens chave.
Como sempre, os protagonistas, Phillip e Elizabeth, são o grande destaque. Muito bem construídos, o casal de agentes da KGB "infiltrados" em território estadunidense, há mais de vinte anos, enfrentam diversos dilemas morais enquanto se arriscam nas mais diversas missões, missões essas que consistem, na sua maioria, em grandes manipulações envolvendo o mais diverso número de pessoas, levando até mesmo a destruição de famílias. Por mais que os agentes sejam profissionais, tal envolvimento acaba os afetando psicologicamente. Além disso, ambos residem há duas décadas nos EUA, tem dois filhos nascidos no país e são bem sucedidos profissionalmente. Ou seja, estão vivendo o "american dream" enquanto lutam pela vantagem de sua terra natal na Guerra Fria. A grande questão é: eles deixariam para trás tudo que construíram para voltar a URSS?
Outro ponto a se destacar, é o cuidado dos roteiros para que não caiam no maniqueísmo. O seriado é bem racional nessa área, apenas relatando os fatos e deixando o julgamento moral/político na mão do telespectador. Imperdível é pouco.
Broad City (1ª Temporada)
4.4 63Broad City foi uma grata surpresa. Esperava mais uma série sobre garotas em busca de ascensão e um grande amor na Grande Maçã e no entanto encontrei algo anárquico - socialmente falando - e feminista sem ser panfletário.
As duas protagonistas - as garotas Abbi e Ilana - são facilmente empáticas pois são gente como a gente, com empregos de merda e contas para pagar, estão longe de serem perfeitas, muito pelo contrário, e exibem uma amizade inabalável que é o fio condutor do seriado.
Longe de ingênuo, o humor de Broad City brinca com os mais diversos temas quase sem pudor, ainda mais tratando de um seriado protagonizado por garotas. E é ai que entra o feminismo natural. Ambas são bem resolvidas sexualmente e, mesmo que, lascadas financeiramente, em nenhum momento as vemos buscando qualquer tipo de ascensão social ou aceitação, ainda mais através de alguma figura masculina. Elas são o que são e durmam com essa.
Os personagens coadjuvantes não fogem a regra e todos são bastante engraçados, com destaque para o namorado da colega de quarto de Abbi - detalhe: a colega nunca aparece em cena - um sujeitinho folgado e porco mas que nem por isso deixa de ser interessante. Outro que merece destaque é o dentista Lincoln - ficante da Ilana - que é aquele tipo de personagem que parece estar alheio ao que acontece a sua volta entretanto é justamente aí que está a sua graça. De resto, a Nova York é retratada de forma bem surreal onde desfilam os tipos mais bizarros de uma forma tão orgânica que eu logo me lembrei do saudoso Seinfeld, uma clara influência.
Sem a futilidade de Sex and The City ou as questões dramáticas de Girls, Broad City é uma ótima pedida para quem quer um seriado bacana protagonizado por garotas e ao mesmo tempo fugir do marasmo cômico da televisão estadunidense atual.
The Expanse (2ª Temporada)
4.2 63Comecei a primeira temporada desse seriado, por acaso, no Netflix. Não tinha nada melhor para fazer no dia e resolvi assistir ao piloto sem nem mesmo saber do que se tratava. Me surpreendi pela qualidade dos efeitos especiais e pela envolvente trama. Mais surpreso ainda fiquei quando soube que era produzida pelo canal SyFy (conhecido por suas séries porcas).
Com saldo positivo ao final do primeiro ano, assim que a Netflix disponibilizou a segunda temporada, comecei a assistir. O saldo continua positivo. Os efeitos são excelentes e passam longe de lembrar uma produção televisiva. É coisa de cinema mesmo. A trama ainda instigante mistura ficção cientifica (principalmente na questão da protomolécula) e questões políticas.
Passada duzentos anos no futuro, vemos uma Marte colonizada pelos humanos e independente da Terra, totalmente militarizada e com diferenças culturais e fisiológicas tremendas (por exemplo, um humano nascido em Marte, ao vir para a Terra vai sentir os efeitos da diferença de gravidade, luz, etc). A Terra, nesse período, tem a ONU como sua principal força, ao que parece, de governo e controle de tudo que envolve as questões espaciais.
Além de Marte e Terra, os Belters (humanos nascidos no cinturão e em sua maioria trabalhadores braçais) lutam para fazer valer sua voz, mesmo que para isso tenham que apelar para luta armada.
Os episódios dessa temporada são muito bons - com exceção do último - e a trama envolvendo a descoberta da protomolécula é acertada, deixando o seriado ainda mais sci-fi do que na primeira temporada. Pena que ela ainda tenha problemas com relação ao elenco: um dos protagonistas, Jim Holden, é interpretado por um ator muito ruim. Isso acaba comprometendo o seriado pois por conta dessa fraca atuação temos pouca empatia pelo sujeito diferentemente do resto da tripulação da Rocinante, onde os atores são melhores. Outro fator que me descontentou foi o último episódio da temporada. Extremamente corrido e um pouco sem nexo. Até os efeitos e as cenas de ação ficaram ruins. Ai sim, de fato, parecia uma produção padrão do Sy Fy. No entanto, entre acertos e erros, o saldo ainda é positivo e vou continuar acompanhando a serie.
Narcos (3ª Temporada)
4.4 297 Assista AgoraFIRME E FORTE MESMO SEM ESCOBAR
Comecei a assistir a terceira temporada sem esperar muito. Até esse momento, eu acreditava que a grande força de Narcos estava em Pablo Escobar. E, de fato, a presença do traficante era um dos seus grandes trunfos nas duas primeiras temporadas,
Entretanto, depois de finalizada a terceira temporada, percebi que, na verdade, a grande qualidade de Narcos encontra-se na sua estética narrativa iniciada, graças a excelente direção de José Padilha no primeiro episódio da primeira temporada. Dito isso, posso afirmar que o terceiro ano da serie é quase tão bom quanto os dois anteriores.
Embora não tenhamos Pablo, o Cartel de Cali apresenta tipos bastante interessantes e que conseguiram manter o nível da serie no quesito personagens. Finalmente promovido a protagonista, o agente Peña agora é o narrador (em off) e o cabeça do DEA em Cali. Dificilmente alguém sentiu falta do insosso agente Holbrook. Minha única ressalva são os dois novos agentes que eles introduziram nessa temporada, dois tipinhos sem o menor carisma que ao longo dos episódios vão ganhando certo destaque mas sem nunca, de fato, empolgar. Todavia, o seriado nos reserva um trunfo: o personagem Jorge Salcedo. Bem desenvolvido e com ótima atuação de Matias Valera, o agente duplo é a melhor coisa do lado dos "mocinhos", ao lado de Peña.
Com relação a trama, o cartel de Cali, embora extremamente violento, age com mais discrição do que o pessoal de Pablo, inclusive utilizam de tecnologia tão boa - ou melhor -
quanto a do DEA (inclusive são chamados de KGB de Cali), trazendo uma bem-vinda aura de filme de espionagem ao seriado. Além disso, os episódios são cheios de tensão, praticamente obrigando o espectador a assistir um na sequência do outro para saber o que a trama nos reserva. E, como é de praxe, esse ano de Narcos também apresenta críticas pontuais à famigerada guerra as drogas fomentada pelo Tio Sam, onde, fica claro, que o combate ao narcotráfico não passa de eufemismo para: controle geopolítico do continente Sul Americano.
Os Defensores
3.5 501Quatro anos de espera. Quatro anos e a Marvel/Netflix consegue entregar um produto meia-boca como esse. Que decepção.
É nítida a pressa com que esse seriado foi produzido, sem um décimo do cuidado que foi, por exemplo, a primeira temporada de Demolidor. Temporada essa cuja excelência colocou a expectativa para as próximas series da Marvel pela Netflix nas alturas.
O seriado até que começa bem, situando os quatro heróis e o momento em que vivem, até que um estranho evento na cidade de Nova York os une. A pretensa vilã, interpretada pela sempre competente Sigourney Weaver, também parece interessante. Entretanto, daí por diante é só ladeira abaixo.
Defensores continua as tramas em aberto de Demolidor e Punho de Ferro tendo o Tentáculo como grande ameaça. Desde Demolidor, eu tinha ressalvas a essa organização, porém até aquele momento, o Tentáculo ainda era um mistério. Em Defensores finalmente todos os elementos da trupe dão as caras só que não... Qual o objetivo do Tentáculo? Não sabemos. Em cada episódio é uma coisa diferente. Decidam-se, oras! A trama que os envolve é muito mal desenvolvida, até mesmo besta em alguns momentos. Sem falar no papel ridículo que deram a Elektra na coisa toda. Que desperdício!
Sobre os heróis, nem sei por onde começar... Punho de Ferro é um porre. Caracterizado de maneira errada, não passa de um mimado que dá uns golpes por aí. Longe do carismático Danny Rand dos quadrinhos. Luke Cage continua o herói relutante - também uma caracterização que destoa demais do personagem das Hqs. O cara é a prova de balas, tem super-força e vive num lugar barra pesada, onde há pobreza, violência e corrupção. Se assuma herói de uma vez! Matt Murdock está irreconhecível aqui. Chato, chorão e vacilante. Seu papel no clímax é tão ruim que não vou nem perder tempo comentando. Estragaram o personagem. A única que se salvou foi Jessica Jones. Justamente por ser uma personagem ácida e blasé, ela cumpre seu papel aqui que é: ser ácida e blasé. De resto, produção pobre, roteiros medíocres e falta de respeito com o material fonte. Só vale mesmo por vê-los finalmente reunidos e um ou outro momento. Uma pena.
Em tempo: Há, atualmente, alguma treta entre a divisão da Marvel do cinema com a divisão da TV? Pois em nenhum momento dessa série há qualquer menção ao que vem acontecendo no universo Marvel como um todo. Na primeira temporada de Demolidor e Jessica Jones, eles fizeram algumas ótimas referências pontuais. Em Defensores nem parece que eles dividem a mesma cidade que Os Vingadores. No mínimo, alguma coisa sobre vigilantismo e o Tratado de Sokovia deveria ter sido mencionado...
Game of Thrones (7ª Temporada)
4.1 1,2K Assista AgoraDesde a primeira cena do primeiro episódio da primeira temporada eu sabia que ia acontecer: mais cedo ou mais tarde Os Outros e seu Exército de White Walkers iriam ganhar o protagonismo de Game Of Thrones. Eu sempre temi por isso. E nessa sétima temporada, meu medo foi justificado.
Game Of Thrones sempre foi um seriado de tons cinza. Um marco no gênero fantasia onde, quase sempre, temos a velha rixa do bem contra o mal. Os personagens sempre foram bem elaborados, protagonistas morriam sem aviso prévio e havia um sub-texto sobre libertação, não só de povos oprimidos como da figura feminina, no caso de Daenerys Targaryen.
As tramas até então vinham sendo desenvolvidas de forma lenta, proposital, com diversos núcleos em suas próprias jornadas para que, obviamente, todos se encontrassem ao final para combater uma ameaça maior do que as picuinhas entre reinos e os conflitos pessoais entre os personagens. Todo mundo sabia que o Inverno estava chegando e com ele a batalha contra o mal absoluto iria começar.
Além de ter que abrir mão dos conflitos mundanos - mesmo que num universo fantástico - para se focar na luta contra seres sem motivação alguma além de destruir tudo que veem pela frente, Game of Thrones também abriu mão de sua coerência narrativa. Essa temporada foi excessivamente corrida, com episódios muitas vezes mal desenvolvidos, sendo o ápice o penúltimo da temporada: Beyond The Wall. Depois de um penúltimo episódio da temporada passada, A Batalha dos Bastardos, que foi praticamente uma obra-prima televisiva, é triste nos depararmos com uma trama idiota, onde personagens agem como se não fossem os próprios e o Deus Ex Machina opera a torto e a direito.
Daenerys Targaryen se rende a paixão. Deixa de ser a libertadora para se transformar numa pessoa que ache sem o mínimo de racionalidade por causa de um cara. Ah, dai-me um tempo!
O último episódio ainda colocou alguns conflitos que vinham sendo alimentados há anos na mesa. Porém, longe de ser suficiente para não considerar essa a pior temporada do seriado, que ainda não é algo ruim, entretanto periga a morrer na praia.
Ozark (1ª Temporada)
4.1 394 Assista AgoraGrata surpresa da Netflix num anos sem estreias interessantes. Tomara que com o boca a boca venha uma renovação, pois a temporada deixou muita coisa em aberto e a trama é promissora. Ótimo elenco, com destaque para a sempre ótima Laura Linney.
Os episódios são bem amarrados e mantém o suspense. Lembra, em alguns aspectos, Breaking Bad, porém, a transformação de Martin Byrde é bem diferente de Walter White. Byrde se apresenta desde o começo um sujeito de visão e muito esperto. Também destaco sua amoralidade e frieza para lidar com o turbilhão de tensão e violência que o cerca. De fato, um seriado bem acima da média.
Única coisa que me incomodou foi
A Ruth ter assassinado seus tios e aquele choro nos braços do Byrde. Esse comportamento não condiz com o que a personagem vinha apresentando até então.
Death Note (1ª Temporada)
4.6 780 Assista AgoraPara um shonen, Death Note tem uma temática madura diferente do que nós nos acostumamos a ver em mangás/animes para adolescentes. Não é nenhum Evangelion ou Cowboy Bebop, mas dá um bom caldo.
Valendo-se do folclore japonês, com a questão do Shinigami, e do Death Note (caderno onde ao escrever o nome um indivíduo o mesmo morre), a história sobrenatural acaba sendo encarada com certa naturalidade pelo espectador. Pelo menos a mim não incomodou. Meu único porém foi que o autor deixou a questão moral em segundo plano em favor do jogo de gato e rato entre Kira (o estudante gênio que encontra o caderno e decide aplicar sua justiça aos criminosos) e L (o maior detetive do mundo encarregado de resolver o mistério em torno das mortes), embora tenha sido justamente o embate entre o dois o que mais me prendeu no anime.
O roteiro é muito expositivo. Talvez um pouco mais de sutileza teria sido melhor. Outra coisa que incomoda é papel dado as mulheres. A única entre os protagonistas é uma garota histérica, sexualizada e extremamente submissa. Entretanto, a narrativa e a qualidade da animação (da sempre ótima Mad House) são muito bons e não deixam a peteca cair.
No geral, o saldo é bastante positivo. Death Note é um anime que te prende com inúmeras reviravoltas, ótima trilha sonora e um final competente. Confesso que me surpreendeu.