Caio V. Brito

Se você tem qualquer desgosto pelos antigos trabalhos do Dolan, por algum motivo específico, esqueça-os completamente quando começar a assistir a esse filme.

É incrível como o roteiro de Mommy é completamente imprevisível e completo, principalmente completo. Os recursos diferenciados utilizados vão além de uma fotografia na maior parte do tempo enquadrada em uma pequena parte da tela, e diálogos realmente fortes e intensos, com grandes doses de um humor politicamente incorreto e de muita gritaria, que juntos em nada ficam enfadonhos.
Mas a grande emoção do filme fica toda guardadinha para o final.

Mas esse não é um filme de superação, esse é um filme que te faz abrir bem os olhos e perceber que a brincadeira de Dolan não é nada de mau gosto. É crua, real, e está acontecendo agora mesmo.

Muitos dos filmes de suspense atuais que eu assisti não me fizeram sentir nem metade da angústia que esse filme foi capaz de proporcionar. Finalmente eu entendi o conceito de um real "suspense".

Para mim, independente da grande carga de romantismo que rege o filme do começo ao fim, o destaque maior ficou com a mensagem acima da linha tênue que separa a fantasia da realidade. Como um jovem que rege sua vida da maneira como ele opta a enxergar, ainda que esta seja considerada por algumas pessoas um delírio de sua mente, consegue devolver o simples ato de "viver" a um senhor que já estava desgastado pela vida, que lhe havia retirado toda a capacidade de sonhar.
Encerro com uma das frases mais célebres de todo o filme: "A verdade está nos olhos de cada um."