"Contatos Imediatos do Terceiro Grau", 1977. Dir. Steven Spielberg. (assistido em 16/12/2019)
Nós percebemos a grandiosidade do cinema, e como ele é uma arte encantadora, quando você se impressiona, se emociona e até chora com um filme. Tudo bem que no meu caso, isso já nem é mais segredo, pois se conseguir me emocionar de verdade eu não tenho vergonha: choro mesmo. Mas eu fico demorando a ver certos filmes e quando finalmente assisto, fico me perguntando "por que demorei tanto tempo para ver um filme perfeito desses?".
Quando se fala em filmes blockbusters (os famosos "arrasa-quarteirões") um nome importante vem à mente: Steven Spielberg. Ninguém foi melhor e mais feliz do que ele, quando o assunto foi levar multidões aos cinemas, para embarcar em suas aventuras, sonhar e se emocionar (isso é com ele mesmo. Vem daí a fama de 'sentimental' que ele tem em Hollywood). Os seus filmes têm sim uma dose extra de sentimentalismo, porém, não é barato, não é banal. É verdadeiro, bonito. Eu costumo dizer que, ao assistir um filme do Spielberg, você se sente como uma criança ao ganhar um brinquedo novo. Porque, ele próprio tem esse espírito de 'moleque', não à toa, criou "E.T.", "Jurassic Park", "Jogador N° 1", entre outros, todos sucessos de público e crítica. E, em 1977, dois anos após o seu estrondoso e ótimo "Tubarão", ele nos brindou com outro filme que se tornou o segundo maior sucesso da sua gloriosa carreira: "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".
O filme conta a história de Roy, feito pelo ator Richard Dreyfuss (que havia trabalhado com Spielberg em "Tubarão"), um pacato morador de Indiana, que vive com a mulher e três filhos pequenos, e numa insólita noite, acaba tendo um contato de terceiro grau com extraterrestres. Sendo que nesta mesma noite, todos os outros moradores da região, principalmente uma vizinha de Roy, que tem o filho abduzido por uma nave depois, também passam pela mesma experiência que deixa marcas profundas em cada um deles, afetando a vida de todos. Posto isso, o que se segue em pouco mais de 2h de filme, é uma série de acontecimentos e situações, algumas delas envolvendo o personagem Claude Lacombe, uma espécie de pesquisador/físico/engenheiro, interpretado pelo diretor francês François Truffaut, numa participação de peso e que depois se junta aos personagens de Roy e sua vizinha, que são muito bem trabalhadas pela direção competente do Spielberg e um roteiro, escrito pelo próprio, bem amarrado, que culmina num final apoteótico, de deixar qualquer um boquiaberto.
Eu fico imaginando quando estreou nos cinemas, lá em 77, até então a temática de extraterrestres, OVNIs, nunca tinha sido tão bem abordada no cinema. E Spielberg viu que deu certo, tanto que repetiu a dose anos depois com outro sucesso "E.T.". No que diz respeito a parte técnica, os efeitos visuais são um show à parte. Spielberg se vale de tal artifício do início ao fim, e consegue nos deixar ainda mais embasbacados com todas aquelas naves espaciais luminosas (a do final, a que seria a 'nave-mãe', vista numa tela de cinema, deve ser incrível). A gente realmente acredita em tudo aquilo. Não tem como não acreditar, por mais que seja ficção, mas principalmente porquê o filme deixa claro que as autoridades competentes sabem de muita coisa acerca desse assunto, porém, escondem a verdade das pessoas a todo custo.
O show dos efeitos visuais, estão aliados à fotografia de Vilmos Zsigmond e a trilha sonora do maestro John Williams, se tornou colaborador dos filmes do Spielberg, que tem uma sintonia perfeita nos momentos importantes do filme e completam o trabalho do diretor de maneira satisfatória. De um apuro técnico e visual impressionante e uma direção irretocável do Spielberg, esse filme trata-se de mais um acerto em sua gloriosa carreira. Vale muito a pena conferir.
"A Espera", 2015. Dir. Piero Messina. (assistido em 15/12/2019)
Assisti a esse drama, com ar sobrenatural (mas não é terror! Não se engane!), já tardiamente. Confesso que adiei umas duas vezes e acabei por dar prioridade a outros filmes, pois achava que não ia gostar, que seria chato, porém, para a minha grata surpresa, me enganei. Nunca tinha ouvido falar nesse diretor italiano, mas acabei gostando do trabalho dele nesse filme.
A história é inspirada num livro, que agora me falha a memória (o título é em italiano! Rs), e é basicamente o seguinte: uma mãe, Anna, papel feito incrivelmente por uma Juliette Binoche, a francesa que aqui manda ver no italiano e faz bonito, de aparência sofrida, cansada, mas mesmo assim sem perder a beleza, que acaba de perder o filho, Giuseppe.
O filme inicia com o velório do rapaz, não se sabe como e do quê ele morreu (o que dá margem para interpretações, principalmente na parte final), depois segue com a rotina da mãe enlutada, a sofrer a perda do único filho, tendo que ficar trancada em sua residência (tem todo o ritual de cobrir os espelhos da casa com lençóis pretos, como parte do luto), grande, modesta, que fica na região da Sicília, e na qual vive ainda Pietro, um senhor de cara fechada que é uma espécie de empregado 'faz tudo' da tal mulher. É quando, repentinamente, ela recebe um telefonema e fica sabendo da chegada da namorada do filho. Até que no dia seguinte, surge Jeanne, uma moça bonita, papel da atriz francesa Lou de Laâge, ainda não conhecia o trabalho dela, mas se saiu bem em cena, que havia combinado de encontrar com o namorado na casa da mãe dele. Porém, o que a jovem não sabe é que ele acabou de falecer e, no que depender da sua sogra, que vai deixando as coisas irem acontecendo, se apegando mais e mais à moça, se acostumando com a presença dela naquela casa imensa, tudo isso para aplacar a solidão e sendo repreendida pelos mais próximos, pois eles acham que ela deveria contar a verdade, Jeanne não saberá nunca, mesmo vendo de perto a aflição desta que manda recados para o celular do namorado e ele nunca responde. A moça, assustada com toda aquela situação, fica então com a palavra da sogra que afirma que o filho virá para a Páscoa, dias depois.
O filme vai se desenrolando e você começa a imaginar coisas, através do que vai sendo mostrado, a relação de cumplicidade das duas mulheres, uma jovem, a outra madura, uma de espírito alegre, a outra sofrendo, porém, tendo que sufocar a dor da perda para parecer que está tudo bem, até que surgem dois belos ragazzos e quando você pensa que já sabe o que vai acontecer, acaba por se enganar. Talvez tenha sido esse o propósito do diretor: ir mostrando as coisas, para o público interpretar ao seu gosto, pensar que descobriu tudo, e depois ele revelar que não era nada daquilo. Parece confuso, mas só na parte final vocês descobrem do que estou falando. Se bem que, o filme termina com um final meio subentendido, você ainda fica um tempo tentando entender.
Apesar da atriz que faz Jeanne estar bem no papel, quem rouba a cena mesmo é Juliette. O filme, a personagem, foram feitos para ela, sob medida. É o que se vê, através da interpretação humana e sensível dela. "A Espera" é um filme adulto, sobre o luto, a perda, a dor e a solidão. Com uma fotografia bonita; uma trilha sonora bacana que casa perfeitamente com a história; uma Sicília antiga, apesar do filme ser atual, com lindos cenários, seus costumes e tradições; a presença marcante de Juliette Binoche em cena; e a boa direção do italiano Piero Messina, certamente vale a pena conferir.
"Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba", 1964. Dir. Stanley Kubrick. (assistido em 15/12/2019)
Foi com esse nome tão portentoso, que Kubrick nos brindou com mais um ótimo filme, dessa vez uma... Comédia! "Comédia? Kubrick?", você deve se perguntar e eu respondo: sim! Porém, por se tratar do "pai" de "Laranja Mecânica" e "2001 - Uma Odisseia No Espaço", esta é uma comédia de humor negro, numa trama política que fala sobre um assunto que ainda é capaz de causar medo em pessoas de todo o mundo: a guerra.
Mas não é só disso que trata o filme. É também uma forte crítica ao abuso de poder, a ambição desmedida e a falta de escrúpulos de homens que se julgam acima do bem e do mau, e que por isso, acham que podem fazer o que quiser. São homens que estão por aí, no comando das instituições/organizações, que passam uma imagem confiável de "salvadores da Pátria" ("tudo em nome de Deus!", o filme tem uma fala ótima sobre. E isso em 60! rs), quando na verdade, se comportam como cópias baratas de ditadores ou simpatizantes destes, disfarçados de "Homens de bem". Qualquer semelhança com a atualidade (principalmente no Brasil), não é mera coincidência, pois o filme é muito atual.
Um general completamente insano, feito por um Sterling Hayden (de outro filme do Kubrick) inspirado, que dá um show de atuação, acredita que os EUA será atacado por um 'comando comunista' (vão vendo... rs) e determina que os seus soldados ataquem a União Soviética, bombardeando os russos com uma bomba nuclear. Com isso, o presidente do país, feito pelo ator Peter Sellers, sabendo de tal ato de loucura do general, se reúne no Pentágono com outros membros, numa reunião de emergência, para tentarem parar o ataque. Um dos membros, outro general, papel do ator George C. Scott, que adora se divertir com a secretária, é contra o presidente e a favor do ataque, ficando visível em suas falas com teor político e um discurso de ódio aos comunistas. Porém, o que eles não sabem, é que o outro lado também possui uma 'surpresinha' nada agradável: uma bomba/máquina tão poderosa, chamada de "Juízo final", que uma vez ativada, acabará por dizimar toda a população do planeta, como explica um dos membros da reunião, o russo 'Dr. Fantástico' do título, uma figura exótica, preso à uma cadeira de rodas, com um braço mecânico que fala entredentes, com pouco tempo na tela, mas que no final surpreende. Enquanto eles se desdobram em discussões acaloradas e inflamadas na reunião, o general insano, agora mais ainda, com mania de perseguição dos comunistas, continua em seu gabinete e tenta se proteger usando uma arma potente, com o capitão Mandrake, visivelmente abalado, da guerra que acontece lá fora, quando começam a serem alvejados pelos tiros. Esse é o clima: o verdadeiro caos generalizado.
Trata-se de um filme com um realismo incrível para a época, ao mostrar o avanço da tecnologia com telefones, computadores e etc, com um final apoteótico, quase que, pragmático, eu diria. É recheado de diálogos fortes, personagens duros e situações tensas, porém, tudo retratado de forma bem humorada, por um Kubrick no auge da sua carreira que usa de todo o seu potencial artístico, para entregar um filme bonito estética e tecnicamente falando. Tudo isso aliado às incríveis interpretações do trio principal Hayden, Sellers e Scott, engraçado que o filme tem apenas uma figura feminina e quando ela aparece, é só de calcinha e sutiã... (Kubrick danado, rs); a fotografia em preto e branco, que dá o tom sombrio ao filme; e uma trilha sonora bem peculiar, vide as últimas imagens ao som de uma música romântica.
Kubrick era um homem de gênio difícil (como reza a lenda), porém, era também um diretor versátil, que conseguiu passear por vários gêneros cinematográficos (acredito que o outro diretor seja o De Palma), criando obras incríveis. Era um visionário e se divertiu ao mostrar a guerra fria de forma satírica, além de zombar dos homens que se julgam os "salvadores da Pátria". E nós, também, ao apreciarmos a perfeição do seu trabalho.
"O Desprezo", 1963. Dir. Jean-Luc Godard. (assistido em 14/12/2019)
Não me lembro da última vez na qual assisti a um filme tão belo como esse. Parece uma obra de arte... Uma pintura. É impressionante como a beleza, não só das belas curvas do corpo da francesa com ar blasé Brigitte Bardot, mas também dos figurinos e dos cenários idílicos de uma Roma sessentista, saltam aos olhos de quem assiste, fazendo com que a pessoa fique extasiada diante da beleza daquele lugar, que nem mesmo a sordidez e amargura dos personagens, conseguem macular.
O filme (que para a minha surpresa, logo no início, tem uma citação de Andre Bazin, rs) conta a história de um casal, ele escritor, ela sua companheira. Paul e Camille. Michael Piccolo e Brigitte Bardot, no auge da beleza, que se deixa filmar seminua, na maioria das cenas, porém, nada vulgar. Prova disso, é a primeira cena do casal, na cama, e também uma das mais bonitas do filme, na minha opinião: Godard filma os dois em plano fechado, depois faz um movimento suave com a câmera e a aproxima do corpo de Bardot, que é explorado com perfeição e de maneira elegante. (Ah, o cinema!!!) Mas nem tudo são flores. O casal entra em crise, após ele aceitar trabalhar para um produtor arrogante, papel de Jack Palance, no roteiro do filme que está em produção na Cineccità em Roma, "A Odisseia", dirigido por ninguém menos que Fritz Lang (diretor de "Metrópolis", e aqui interpreta ele próprio, numa participação para lá de especial.), tal produtor, passa a flertar com Camille, o que abala ainda mais o seu casamento com Paul, que de início não percebe, mas "empurra" ainda que involuntariamente, a mulher para o outro, pois ela acaba por se envolver com o mesmo.
Logo que o conflito é apresentado, o filme se desenrola entre as discussões do casal principal, Camille agora despreza Paul (e por isso, muitos podem achar "lento", apesar de ter 1h45min, porém, trata-se de um 'puro' Godard, acredito que muitos não curtam o cinema dele. Eu mesmo não tenho muita "intimidade", mas gosto do que já vi até agora.), e a produção do filme "A Odisseia", filme dentro do filme, e como a história grega do mesmo influencia todos os personagens de forma significativa, principalmente o casal.
Além disso, temos a beleza dos cenários, o principal é a própria Cineccità com cartazes de filmes como "Psicose", produzido três anos antes, em 1960; citações a Griffith, Chaplin, Lumière e alguns personagens da Grécia antiga, presentes na história do filme "A Odisseia"; a belíssima fotografia de Raoul Coutard, as cores são vibrantes, em especial o vermelho nos cenários e figurinos (no final, vocês podem ver que essa cor forte, serve como um prelúdio para o desfecho trágico de personagens, que é na verdade um "soco no estômago".); a música composta por Georges Delerue, que pontua todo o filme de forma tão marcante, que mesmo depois de terminar, você ainda está com ela na cabeça; e uma ponta do próprio Godard, já na parte final do filme, fazendo o assistente de direção do Fritz Lang.
"O Desprezo", não é um filme para todos os gostos. Assim como todo o resto do cinema de Godard, também não é. Trata-se de um filme conceitual, com personagens a falar diálogos inteligentes em cenas longas, o que muitos chamam de "filme de arte", talvez por isso, tenha ganhado o status de cult. E para quem gosta de apreciar um bom cinema, eu recomendo!
"Network - Rede de Intrigas", 1976. Dir. Sidney Lumet. (assistido em 14/12/2019)
"Eu enlouqueci e não vou mais aguentar isso!", diz o personagem do Peter Finch (interpretação incrível!), completamente fora de si, num discurso recheado de verdades, o qual revela a podridão dos bastidores da TV e o quanto ela nos corrompe e aliena.
O filme de Sidney Lumet é poderoso e atual. Ele era um diretor que sabia das coisas. E o quanto elas precisavam ser ditas. Destaque para Wiliam Holden (de "Crepúsculo dos Deuses"), aqui já velho, porém, com o mesmo talento de antes; Robert Duvall (do "Poderoso Chefão") como um executivo inescrupuloso; e Faye Dunaway (de "Chinatown"), no auge da beleza, como uma executiva ambiciosa e sem caráter, querendo audiência a todo custo e que se não me engano, por este papel, ganhou o Oscar de melhor atriz.
É um filme que fala muito sobre o que as emissoras de TV's fazem para ter a audiência a todo custo e como isso afeta tanto quem trabalha nelas, quanto quem as assiste. Direção incrível do já falecido Lumet. Vale a pena conferir.
"O Pagamento Final", 1993. Dir. Brian De Palma. (assistido em 13/12/2019)
A história já começa assim: um Al Pacino barbado, leva três tiros, à queima roupa, numa estação de trem. Isso mesmo, o filme tem início exatamente com o final. "Ah, mas aí a brincadeira não tem graça!", eu garanto que tem. Porque, é no desenrolar dos fatos, até chegar naquele final, que você vai se surpreender com a história.
Trata-se da magia do cinema de Brian De Palma, senhores! Que diretor! Quanta técnica, quanta sofisticação ao filmar com maestria, esse filme que marcou o seu reencontro na "tela grande" com Al Pacino, dez anos depois do sucesso "Scarface" (1983), e no qual o próprio Pacino fez um dos maiores papéis da sua carreira: o mafioso Tony Montana. Aqui, ele interpreta Carlito Brigante, um ex-narcotraficante que sai da cadeia, decidido a cair fora da vida criminosa e em busca da redenção com a sua loira, grande amor do passado, que aceita fugir para o paraíso com o amado. Porém, as coisas não saem como planejado. Não muito diferente de Tony Montana, louco ensandecido a aspirar pó pelo nariz, do início ao fim de "Scarface". Uma coisa é certa: nos dois filmes que fez com o De Palma, Al Pacino só se deu mal no final.
Destaque para a fotografia, pouco sombria, que ajuda a dar o tom de suspense/thriller do filme; a trilha sonora que é muito bacana; a interpretação de Al Pacino, com cara de "invocado", e que sabe como ninguém fazer papel de mafioso; e dois jovens atores que depois fizeram sucesso: Sean Penn, como o advogado malandro e "amigo" de Al Pacino, e Viggo Mortensen, como um mafioso. Com a direção perfeita do De Palma e um ótimo roteiro, "O Pagamento Final" é mais um ótimo trabalho na carreira do diretor. Vale muito a pena conferir.
"Um Dia de Chuva em Nova York", 2019. Dir. Woody Allen. (assistido em 04/12/2019)
Novo (que na verdade, chegou 'atrasado') filme do octogenário Woody Allen, na verdade, não traz nada de novo. O diretor repete fórmulas - que até deram certo - de seus filmes anteriores, porém, ainda assim, consegue fazer um trabalho que fica acima da média. Eu acho uma dádiva, além de muito bonito, um sr. da idade de Allen continuar filmando (ele é o único diretor vivo, que tem a façanha de lançar um filme por ano!), ainda que seus últimos trabalhos não tenham sido muito bem recebidos pela crítica e pelo público. Acho que, dos recentes, só mesmo "Café Society" é que foi bem elogiado. Mas, sem sombra de dúvida, seu último ótimo trabalho foi mesmo "Blue Jasmine", 2013.
Nesse novo filme, que graças a fuleragem da Amazon, quase não sai da gaveta, por conta de problemas que não vale a pena comentar, Allen repete a mesma fórmula de alguns trabalhos antigos, "Manhattan" (vi no cinema, na Sessão "Clássicos do Cinemark"), "Café Society", "Meia-noite em Paris" e "Para Roma Com Amor", o jovem (que na verdade, é um protótipo do próprio Allen) feito pelo Thymotée Chalamet, o "arroz de festa", ultimamente tem estado em tudo quanto é filme, vai com a namorada, a lindinha Elle Faning (a cara da irmã Dakota, e também mais talentosa, em minha opinião) para Nova York, para que ela entreviste um diretor de cinema, papel do ator Liev Schreiber, às voltas com seu novo filme, porém, mergulhado numa crise existencial, achando seu trabalho uma merda. Tanto ele, quanto o roteirista e o ator canastrão do filme, querem levar a garota para cama. Mas, como estamos num filme do Woody Allen, e assim como em seus últimos trabalhos, o jovem casal passa por uma série de idas e vindas, encontros, desencontros, mal entendidos e situações cômicas, em meio à chuva que cai na cidade, os levando à um final totalmente previsível.
O filme começa e você já sabe como terminará, porém, tem pequenas surpresas. Destaque para a fotografia, mais uma parceria do Allen com Vittorio Storaro (a fotografia dele é belíssima); a trilha sonora, o delicioso e tradicional jazz; Jude Law, como o roteirista do filme do Liev, e que acaba descobrindo a traição da esposa; e Selena Gomez, que apesar de não ser boa atriz, se esforça, tem uma boa química com o Thymotée, mas mesmo assim, fica no meio termo. Woody Allen está à vontade, pois mais uma vez declara seu amor por Nova York, apesar da América ter lhe virado as costas, num filme menor, porém, com os ingredientes que já lhe são caros: seu ótimo humor ácido, mas divertido, o jazz, sua cultura, intelectualidade, além dos personagens carismáticos, que ainda conseguem deixar você em estado de graça. Vale conferir. E que venha o próximo filme dele, que parece já está em produção! Ele não para!!! Rs
Filme assistido em 2019, em uma das aulas da disciplina Ciclo de Filmes, do curso de Cinema e Audiovisual. A fotografia é belíssima e a forma como foi filmado é realmente incrível, porém, a história não me prendeu muito. Confesso que fiquei indiferente.
Não conhecia a obra do diretor Abbas Kiarostami, de quem já tinha ouvido falar muito bem, portanto, este filme foi minha primeira imersão na obra dele. E confesso que gostei muito da fita. Imagens belíssimas da Toscana, além da presença marcante da talentosíssima Juliette Binoche - impressionante como ela nunca decepciona - em mais uma atuação incrível da sua carreira. Não vou me debruçar sobre a história/roteiro, pois não quero ter que revelar pontos importantes do filme. Só posso dizer que o saldo do filme é positivo. Vale a pena conferir.
Apesar de ser um filme extremamente forte, pesado, por vezes depressivo e que pode deixar você mal ao seu término, ainda assim, é um ótimo trabalho do diretor Alejandro Gonzalez Iñárritu. Com boas atuações do elenco. Vale a pena conferir, porém, não recomendo se você não estiver bem mentalmente.
Filme triste, porém, forte e impecável do Vittorio De Sica, em pleno movimento do neorrealismo italiano, que mostra, da maneira mais realista possível, a situação da Itália no pós guerra. Incrível como, em vários momentos, o garoto demonstrou ter mais juízo, sensatez e responsabilidade - ser mais 'adulto' - do que o próprio pai. Vale a pena conferir.
Filme forte, arrebatador, com as atuações soberbas, sensíveis e tocantes da Liv Ullmann, musa do Bergman, e da Ingrid Bergman, em seu 'canto do cisne'. Ambas como mãe e filha numa relação cheia de conflitos, amarguras e ressentimentos. É o único encontro dos Bergman na tela grande. Fotografia belíssima, roteiro bem escrito e a direção primorosa do Ingmar Bergman que, não decepciona e mais uma vez nos brindou com uma fita de altíssima qualidade. Era mesmo um grande diretor. Um gênio. Vale muito a pena conferir.
Para mim, continua sendo a melhor comédia de todos os tempos. O trio principal Tony Curtis, Jack Lemmon e Marilyn Monroe está incrível. A direção do Billy Wilder é perfeita, o que contribui para fazer deste, um filme de qualidade, além de mais uma grande obra na sua gloriosa filmografia. Incrível como Billy Wilder - tal qual Hitchcock - tinha a capacidade de criar grandes filmes, a partir de premissas simples, tudo isso graças ao seu talento e genialidade. Vale muito a pena conferir.
Jack Nicholson completamente insano, fazendo caras e bocas, em mais uma interpretação incrível da sua carreira, numa fita de terror da mais alta qualidade, que junto com a parte técnica primorosa, e a direção cirúrgica do Kubrick, se tornou mais uma grande obra de sua gloriosa filmografia.
Ótimo filme, adaptado da peça do escritor Tennessee Williams, que já teve várias obras de sua autoria, adaptadas para o cinema. O ponto alto da fita, são as atuações perfeitas dos atores principais: Elizabeth Taylor e Paul Newman, como um casal em crise. Vale a pena conferir.
Para mim, indiscutivelmente, é o melhor filme da carreira do Shyamalan o "rei" do plot twist - e aqui, ele se supera, positivamente, claro. A fita é um suspense de qualidade, tanto que fez sucesso de público e crítica, tornando-se um dos melhores filmes da década de 90, e serviu para catapultar o Shyamalan ao estrelato, ainda que, infelizmente, ele não tenha conseguido êxito em seus trabalhos futuros, voltando à forma só em "Fragmentado". As atuações, além da direção competente do Shyamalan, são o ponto alto do filme, Toni Collette e até mesmo o Bruce Willis está muito bem, porém, o destaque maior vai mesmo para o garoto Haley Joel Osment. E por mais que você já saiba qual é a grande sacada do filme, mesmo assim, ainda vale muito a pena conferir.
Esteticamente belíssimo, bem dirigido, boa atuação da atriz que interpreta a personagem principal Anna. Porém, trata-se de uma fita triste, com um final que é na verdade um soco no estômago. Acho até que é marca do Pawlikowski, pois seu último filme, o ótimo "Guerra Fria", também trata-se de uma história triste, ainda que mostre o romance de um casal, ou seja fale de um amor que tenta sobreviver em meio aos conflitos.
A história é sórdida, suja, vulgar, controversa, polêmica, por vezes indigesta, os personagens são do mesmo jeito - por isso, acredito que não seja para todos os gostos - além das atuações inspiradas do Marlon Brando e da Elizabeth Taylor, bem como a fotografia e a boa direção do John Huston, tudo isso serve para deixar a fita ainda mais interessante. Vale a pena conferir os embates entre o casal Taylor, com a sua fogosa, voluptuosa e indomável Leonora; e Brando, com o seu Major decadente, secretamente dado aos homens, porém, fazendo de tudo para manter a pose de macho inveterado, enganando a todos, menos a sua mulher e a si mesmo.
Mais um bom suspense, com a técnica sofisticada de um "artesão" chamado De Palma. Apesar de não ser o melhor trabalho do diretor, a fita tem seus momentos, com boas reviravoltas que te prende do início ao fim, bem ao estilo 'depalmiano', além do trabalho primoroso de um diretor que dá aula quando o assunto é técnica. De Palma é gênio!
Vale somente pela Julia Roberts, que é sempre uma graça atuando, bem como a parte do "comer", com a belíssima Itália, e ainda toca a música marcante do Gato Barbieri, tema do filme "Último Tango em Paris", do Bertolucci.
Um clássico do Pasolini. Acredito que "Teorema" - extremamente forte, arrebatador, perturbador - não é um filme para todos os gostos, e a princípio pode causar estranheza, pois a história versa com o surrealismo e o faz de forma perfeita, ao apresentar todos esses personagens tão complexos e cheios de nuances, porém, vale a pena conferir.
Contatos Imediatos do Terceiro Grau
3.7 577 Assista Agora"Contatos Imediatos do Terceiro Grau", 1977. Dir. Steven Spielberg. (assistido em 16/12/2019)
Nós percebemos a grandiosidade do cinema, e como ele é uma arte encantadora, quando você se impressiona, se emociona e até chora com um filme. Tudo bem que no meu caso, isso já nem é mais segredo, pois se conseguir me emocionar de verdade eu não tenho vergonha: choro mesmo. Mas eu fico demorando a ver certos filmes e quando finalmente assisto, fico me perguntando "por que demorei tanto tempo para ver um filme perfeito desses?".
Quando se fala em filmes blockbusters (os famosos "arrasa-quarteirões") um nome importante vem à mente: Steven Spielberg. Ninguém foi melhor e mais feliz do que ele, quando o assunto foi levar multidões aos cinemas, para embarcar em suas aventuras, sonhar e se emocionar (isso é com ele mesmo. Vem daí a fama de 'sentimental' que ele tem em Hollywood). Os seus filmes têm sim uma dose extra de sentimentalismo, porém, não é barato, não é banal. É verdadeiro, bonito. Eu costumo dizer que, ao assistir um filme do Spielberg, você se sente como uma criança ao ganhar um brinquedo novo. Porque, ele próprio tem esse espírito de 'moleque', não à toa, criou "E.T.", "Jurassic Park", "Jogador N° 1", entre outros, todos sucessos de público e crítica. E, em 1977, dois anos após o seu estrondoso e ótimo "Tubarão", ele nos brindou com outro filme que se tornou o segundo maior sucesso da sua gloriosa carreira: "Contatos Imediatos do Terceiro Grau".
O filme conta a história de Roy, feito pelo ator Richard Dreyfuss (que havia trabalhado com Spielberg em "Tubarão"), um pacato morador de Indiana, que vive com a mulher e três filhos pequenos, e numa insólita noite, acaba tendo um contato de terceiro grau com extraterrestres. Sendo que nesta mesma noite, todos os outros moradores da região, principalmente uma vizinha de Roy, que tem o filho abduzido por uma nave depois, também passam pela mesma experiência que deixa marcas profundas em cada um deles, afetando a vida de todos.
Posto isso, o que se segue em pouco mais de 2h de filme, é uma série de acontecimentos e situações, algumas delas envolvendo o personagem Claude Lacombe, uma espécie de pesquisador/físico/engenheiro, interpretado pelo diretor francês François Truffaut, numa participação de peso e que depois se junta aos personagens de Roy e sua vizinha, que são muito bem trabalhadas pela direção competente do Spielberg e um roteiro, escrito pelo próprio, bem amarrado, que culmina num final apoteótico, de deixar qualquer um boquiaberto.
Eu fico imaginando quando estreou nos cinemas, lá em 77, até então a temática de extraterrestres, OVNIs, nunca tinha sido tão bem abordada no cinema. E Spielberg viu que deu certo, tanto que repetiu a dose anos depois com outro sucesso "E.T.". No que diz respeito a parte técnica, os efeitos visuais são um show à parte. Spielberg se vale de tal artifício do início ao fim, e consegue nos deixar ainda mais embasbacados com todas aquelas naves espaciais luminosas (a do final, a que seria a 'nave-mãe', vista numa tela de cinema, deve ser incrível). A gente realmente acredita em tudo aquilo. Não tem como não acreditar, por mais que seja ficção, mas principalmente porquê o filme deixa claro que as autoridades competentes sabem de muita coisa acerca desse assunto, porém, escondem a verdade das pessoas a todo custo.
O show dos efeitos visuais, estão aliados à fotografia de Vilmos Zsigmond e a trilha sonora do maestro John Williams, se tornou colaborador dos filmes do Spielberg, que tem uma sintonia perfeita nos momentos importantes do filme e completam o trabalho do diretor de maneira satisfatória.
De um apuro técnico e visual impressionante e uma direção irretocável do Spielberg, esse filme trata-se de mais um acerto em sua gloriosa carreira. Vale muito a pena conferir.
Nota: 5/5.
A Espera
3.7 59"A Espera", 2015. Dir. Piero Messina. (assistido em 15/12/2019)
Assisti a esse drama, com ar sobrenatural (mas não é terror! Não se engane!), já tardiamente. Confesso que adiei umas duas vezes e acabei por dar prioridade a outros filmes, pois achava que não ia gostar, que seria chato, porém, para a minha grata surpresa, me enganei. Nunca tinha ouvido falar nesse diretor italiano, mas acabei gostando do trabalho dele nesse filme.
A história é inspirada num livro, que agora me falha a memória (o título é em italiano! Rs), e é basicamente o seguinte: uma mãe, Anna, papel feito incrivelmente por uma Juliette Binoche, a francesa que aqui manda ver no italiano e faz bonito, de aparência sofrida, cansada, mas mesmo assim sem perder a beleza, que acaba de perder o filho, Giuseppe.
O filme inicia com o velório do rapaz, não se sabe como e do quê ele morreu (o que dá margem para interpretações, principalmente na parte final), depois segue com a rotina da mãe enlutada, a sofrer a perda do único filho, tendo que ficar trancada em sua residência (tem todo o ritual de cobrir os espelhos da casa com lençóis pretos, como parte do luto), grande, modesta, que fica na região da Sicília, e na qual vive ainda Pietro, um senhor de cara fechada que é uma espécie de empregado 'faz tudo' da tal mulher. É quando, repentinamente, ela recebe um telefonema e fica sabendo da chegada da namorada do filho.
Até que no dia seguinte, surge Jeanne, uma moça bonita, papel da atriz francesa Lou de Laâge, ainda não conhecia o trabalho dela, mas se saiu bem em cena, que havia combinado de encontrar com o namorado na casa da mãe dele. Porém, o que a jovem não sabe é que ele acabou de falecer e, no que depender da sua sogra, que vai deixando as coisas irem acontecendo, se apegando mais e mais à moça, se acostumando com a presença dela naquela casa imensa, tudo isso para aplacar a solidão e sendo repreendida pelos mais próximos, pois eles acham que ela deveria contar a verdade, Jeanne não saberá nunca, mesmo vendo de perto a aflição desta que manda recados para o celular do namorado e ele nunca responde. A moça, assustada com toda aquela situação, fica então com a palavra da sogra que afirma que o filho virá para a Páscoa, dias depois.
O filme vai se desenrolando e você começa a imaginar coisas, através do que vai sendo mostrado, a relação de cumplicidade das duas mulheres, uma jovem, a outra madura, uma de espírito alegre, a outra sofrendo, porém, tendo que sufocar a dor da perda para parecer que está tudo bem, até que surgem dois belos ragazzos e quando você pensa que já sabe o que vai acontecer, acaba por se enganar. Talvez tenha sido esse o propósito do diretor: ir mostrando as coisas, para o público interpretar ao seu gosto, pensar que descobriu tudo, e depois ele revelar que não era nada daquilo. Parece confuso, mas só na parte final vocês descobrem do que estou falando. Se bem que, o filme termina com um final meio subentendido, você ainda fica um tempo tentando entender.
Apesar da atriz que faz Jeanne estar bem no papel, quem rouba a cena mesmo é Juliette. O filme, a personagem, foram feitos para ela, sob medida. É o que se vê, através da interpretação humana e sensível dela.
"A Espera" é um filme adulto, sobre o luto, a perda, a dor e a solidão. Com uma fotografia bonita; uma trilha sonora bacana que casa perfeitamente com a história; uma Sicília antiga, apesar do filme ser atual, com lindos cenários, seus costumes e tradições; a presença marcante de Juliette Binoche em cena; e a boa direção do italiano Piero Messina, certamente vale a pena conferir.
Nota: 3,5/5.
Dr. Fantástico
4.2 665 Assista Agora"Dr. Fantástico ou Como Aprendi a Parar de me Preocupar e Amar a Bomba", 1964. Dir. Stanley Kubrick. (assistido em 15/12/2019)
Foi com esse nome tão portentoso, que Kubrick nos brindou com mais um ótimo filme, dessa vez uma... Comédia! "Comédia? Kubrick?", você deve se perguntar e eu respondo: sim! Porém, por se tratar do "pai" de "Laranja Mecânica" e "2001 - Uma Odisseia No Espaço", esta é uma comédia de humor negro, numa trama política que fala sobre um assunto que ainda é capaz de causar medo em pessoas de todo o mundo: a guerra.
Mas não é só disso que trata o filme. É também uma forte crítica ao abuso de poder, a ambição desmedida e a falta de escrúpulos de homens que se julgam acima do bem e do mau, e que por isso, acham que podem fazer o que quiser. São homens que estão por aí, no comando das instituições/organizações, que passam uma imagem confiável de "salvadores da Pátria" ("tudo em nome de Deus!", o filme tem uma fala ótima sobre. E isso em 60! rs), quando na verdade, se comportam como cópias baratas de ditadores ou simpatizantes destes, disfarçados de "Homens de bem". Qualquer semelhança com a atualidade (principalmente no Brasil), não é mera coincidência, pois o filme é muito atual.
Um general completamente insano, feito por um Sterling Hayden (de outro filme do Kubrick) inspirado, que dá um show de atuação, acredita que os EUA será atacado por um 'comando comunista' (vão vendo... rs) e determina que os seus soldados ataquem a União Soviética, bombardeando os russos com uma bomba nuclear. Com isso, o presidente do país, feito pelo ator Peter Sellers, sabendo de tal ato de loucura do general, se reúne no Pentágono com outros membros, numa reunião de emergência, para tentarem parar o ataque. Um dos membros, outro general, papel do ator George C. Scott, que adora se divertir com a secretária, é contra o presidente e a favor do ataque, ficando visível em suas falas com teor político e um discurso de ódio aos comunistas. Porém, o que eles não sabem, é que o outro lado também possui uma 'surpresinha' nada agradável: uma bomba/máquina tão poderosa, chamada de "Juízo final", que uma vez ativada, acabará por dizimar toda a população do planeta, como explica um dos membros da reunião, o russo 'Dr. Fantástico' do título, uma figura exótica, preso à uma cadeira de rodas, com um braço mecânico que fala entredentes, com pouco tempo na tela, mas que no final surpreende. Enquanto eles se desdobram em discussões acaloradas e inflamadas na reunião, o general insano, agora mais ainda, com mania de perseguição dos comunistas, continua em seu gabinete e tenta se proteger usando uma arma potente, com o capitão Mandrake, visivelmente abalado, da guerra que acontece lá fora, quando começam a serem alvejados pelos tiros. Esse é o clima: o verdadeiro caos generalizado.
Trata-se de um filme com um realismo incrível para a época, ao mostrar o avanço da tecnologia com telefones, computadores e etc, com um final apoteótico, quase que, pragmático, eu diria. É recheado de diálogos fortes, personagens duros e situações tensas, porém, tudo retratado de forma bem humorada, por um Kubrick no auge da sua carreira que usa de todo o seu potencial artístico, para entregar um filme bonito estética e tecnicamente falando. Tudo isso aliado às incríveis interpretações do trio principal Hayden, Sellers e Scott, engraçado que o filme tem apenas uma figura feminina e quando ela aparece, é só de calcinha e sutiã... (Kubrick danado, rs); a fotografia em preto e branco, que dá o tom sombrio ao filme; e uma trilha sonora bem peculiar, vide as últimas imagens ao som de uma música romântica.
Kubrick era um homem de gênio difícil (como reza a lenda), porém, era também um diretor versátil, que conseguiu passear por vários gêneros cinematográficos (acredito que o outro diretor seja o De Palma), criando obras incríveis. Era um visionário e se divertiu ao mostrar a guerra fria de forma satírica, além de zombar dos homens que se julgam os "salvadores da Pátria". E nós, também, ao apreciarmos a perfeição do seu trabalho.
Nota: 4,5/5.
O Desprezo
4.0 266"O Desprezo", 1963. Dir. Jean-Luc Godard. (assistido em 14/12/2019)
Não me lembro da última vez na qual assisti a um filme tão belo como esse. Parece uma obra de arte... Uma pintura. É impressionante como a beleza, não só das belas curvas do corpo da francesa com ar blasé Brigitte Bardot, mas também dos figurinos e dos cenários idílicos de uma Roma sessentista, saltam aos olhos de quem assiste, fazendo com que a pessoa fique extasiada diante da beleza daquele lugar, que nem mesmo a sordidez e amargura dos personagens, conseguem macular.
O filme (que para a minha surpresa, logo no início, tem uma citação de Andre Bazin, rs) conta a história de um casal, ele escritor, ela sua companheira. Paul e Camille. Michael Piccolo e Brigitte Bardot, no auge da beleza, que se deixa filmar seminua, na maioria das cenas, porém, nada vulgar. Prova disso, é a primeira cena do casal, na cama, e também uma das mais bonitas do filme, na minha opinião: Godard filma os dois em plano fechado, depois faz um movimento suave com a câmera e a aproxima do corpo de Bardot, que é explorado com perfeição e de maneira elegante. (Ah, o cinema!!!)
Mas nem tudo são flores. O casal entra em crise, após ele aceitar trabalhar para um produtor arrogante, papel de Jack Palance, no roteiro do filme que está em produção na Cineccità em Roma, "A Odisseia", dirigido por ninguém menos que Fritz Lang (diretor de "Metrópolis", e aqui interpreta ele próprio, numa participação para lá de especial.), tal produtor, passa a flertar com Camille, o que abala ainda mais o seu casamento com Paul, que de início não percebe, mas "empurra" ainda que involuntariamente, a mulher para o outro, pois ela acaba por se envolver com o mesmo.
Logo que o conflito é apresentado, o filme se desenrola entre as discussões do casal principal, Camille agora despreza Paul (e por isso, muitos podem achar "lento", apesar de ter 1h45min, porém, trata-se de um 'puro' Godard, acredito que muitos não curtam o cinema dele. Eu mesmo não tenho muita "intimidade", mas gosto do que já vi até agora.), e a produção do filme "A Odisseia", filme dentro do filme, e como a história grega do mesmo influencia todos os personagens de forma significativa, principalmente o casal.
Além disso, temos a beleza dos cenários, o principal é a própria Cineccità com cartazes de filmes como "Psicose", produzido três anos antes, em 1960; citações a Griffith, Chaplin, Lumière e alguns personagens da Grécia antiga, presentes na história do filme "A Odisseia"; a belíssima fotografia de Raoul Coutard, as cores são vibrantes, em especial o vermelho nos cenários e figurinos (no final, vocês podem ver que essa cor forte, serve como um prelúdio para o desfecho trágico de personagens, que é na verdade um "soco no estômago".); a música composta por Georges Delerue, que pontua todo o filme de forma tão marcante, que mesmo depois de terminar, você ainda está com ela na cabeça; e uma ponta do próprio Godard, já na parte final do filme, fazendo o assistente de direção do Fritz Lang.
"O Desprezo", não é um filme para todos os gostos. Assim como todo o resto do cinema de Godard, também não é. Trata-se de um filme conceitual, com personagens a falar diálogos inteligentes em cenas longas, o que muitos chamam de "filme de arte", talvez por isso, tenha ganhado o status de cult. E para quem gosta de apreciar um bom cinema, eu recomendo!
Nota: 5/5.
Rede de Intrigas
4.2 360 Assista Agora"Network - Rede de Intrigas", 1976. Dir. Sidney Lumet. (assistido em 14/12/2019)
"Eu enlouqueci e não vou mais aguentar isso!", diz o personagem do Peter Finch (interpretação incrível!), completamente fora de si, num discurso recheado de verdades, o qual revela a podridão dos bastidores da TV e o quanto ela nos corrompe e aliena.
O filme de Sidney Lumet é poderoso e atual. Ele era um diretor que sabia das coisas. E o quanto elas precisavam ser ditas. Destaque para Wiliam Holden (de "Crepúsculo dos Deuses"), aqui já velho, porém, com o mesmo talento de antes; Robert Duvall (do "Poderoso Chefão") como um executivo inescrupuloso; e Faye Dunaway (de "Chinatown"), no auge da beleza, como uma executiva ambiciosa e sem caráter, querendo audiência a todo custo e que se não me engano, por este papel, ganhou o Oscar de melhor atriz.
É um filme que fala muito sobre o que as emissoras de TV's fazem para ter a audiência a todo custo e como isso afeta tanto quem trabalha nelas, quanto quem as assiste. Direção incrível do já falecido Lumet. Vale a pena conferir.
Nota: 4,5/5.
O Pagamento Final
4.2 375 Assista Agora"O Pagamento Final", 1993. Dir. Brian De Palma. (assistido em 13/12/2019)
A história já começa assim: um Al Pacino barbado, leva três tiros, à queima roupa, numa estação de trem. Isso mesmo, o filme tem início exatamente com o final. "Ah, mas aí a brincadeira não tem graça!", eu garanto que tem. Porque, é no desenrolar dos fatos, até chegar naquele final, que você vai se surpreender com a história.
Trata-se da magia do cinema de Brian De Palma, senhores! Que diretor! Quanta técnica, quanta sofisticação ao filmar com maestria, esse filme que marcou o seu reencontro na "tela grande" com Al Pacino, dez anos depois do sucesso "Scarface" (1983), e no qual o próprio Pacino fez um dos maiores papéis da sua carreira: o mafioso Tony Montana. Aqui, ele interpreta Carlito Brigante, um ex-narcotraficante que sai da cadeia, decidido a cair fora da vida criminosa e em busca da redenção com a sua loira, grande amor do passado, que aceita fugir para o paraíso com o amado. Porém, as coisas não saem como planejado. Não muito diferente de Tony Montana, louco ensandecido a aspirar pó pelo nariz, do início ao fim de "Scarface". Uma coisa é certa: nos dois filmes que fez com o De Palma, Al Pacino só se deu mal no final.
Destaque para a fotografia, pouco sombria, que ajuda a dar o tom de suspense/thriller do filme; a trilha sonora que é muito bacana; a interpretação de Al Pacino, com cara de "invocado", e que sabe como ninguém fazer papel de mafioso; e dois jovens atores que depois fizeram sucesso: Sean Penn, como o advogado malandro e "amigo" de Al Pacino, e Viggo Mortensen, como um mafioso. Com a direção perfeita do De Palma e um ótimo roteiro, "O Pagamento Final" é mais um ótimo trabalho na carreira do diretor. Vale muito a pena conferir.
Nota: 4/5.
Um Dia de Chuva em Nova York
3.2 293 Assista Agora"Um Dia de Chuva em Nova York", 2019. Dir. Woody Allen. (assistido em 04/12/2019)
Novo (que na verdade, chegou 'atrasado') filme do octogenário Woody Allen, na verdade, não traz nada de novo. O diretor repete fórmulas - que até deram certo - de seus filmes anteriores, porém, ainda assim, consegue fazer um trabalho que fica acima da média. Eu acho uma dádiva, além de muito bonito, um sr. da idade de Allen continuar filmando (ele é o único diretor vivo, que tem a façanha de lançar um filme por ano!), ainda que seus últimos trabalhos não tenham sido muito bem recebidos pela crítica e pelo público. Acho que, dos recentes, só mesmo "Café Society" é que foi bem elogiado. Mas, sem sombra de dúvida, seu último ótimo trabalho foi mesmo "Blue Jasmine", 2013.
Nesse novo filme, que graças a fuleragem da Amazon, quase não sai da gaveta, por conta de problemas que não vale a pena comentar, Allen repete a mesma fórmula de alguns trabalhos antigos, "Manhattan" (vi no cinema, na Sessão "Clássicos do Cinemark"), "Café Society", "Meia-noite em Paris" e "Para Roma Com Amor", o jovem (que na verdade, é um protótipo do próprio Allen) feito pelo Thymotée Chalamet, o "arroz de festa", ultimamente tem estado em tudo quanto é filme, vai com a namorada, a lindinha Elle Faning (a cara da irmã Dakota, e também mais talentosa, em minha opinião) para Nova York, para que ela entreviste um diretor de cinema, papel do ator Liev Schreiber, às voltas com seu novo filme, porém, mergulhado numa crise existencial, achando seu trabalho uma merda. Tanto ele, quanto o roteirista e o ator canastrão do filme, querem levar a garota para cama.
Mas, como estamos num filme do Woody Allen, e assim como em seus últimos trabalhos, o jovem casal passa por uma série de idas e vindas, encontros, desencontros, mal entendidos e situações cômicas, em meio à chuva que cai na cidade, os levando à um final totalmente previsível.
O filme começa e você já sabe como terminará, porém, tem pequenas surpresas. Destaque para a fotografia, mais uma parceria do Allen com Vittorio Storaro (a fotografia dele é belíssima); a trilha sonora, o delicioso e tradicional jazz; Jude Law, como o roteirista do filme do Liev, e que acaba descobrindo a traição da esposa; e Selena Gomez, que apesar de não ser boa atriz, se esforça, tem uma boa química com o Thymotée, mas mesmo assim, fica no meio termo.
Woody Allen está à vontade, pois mais uma vez declara seu amor por Nova York, apesar da América ter lhe virado as costas, num filme menor, porém, com os ingredientes que já lhe são caros: seu ótimo humor ácido, mas divertido, o jazz, sua cultura, intelectualidade, além dos personagens carismáticos, que ainda conseguem deixar você em estado de graça. Vale conferir. E que venha o próximo filme dele, que parece já está em produção! Ele não para!!! Rs
Nota: 3,5/5.
Eu Não Sou Madame Bovary
3.8 10Filme assistido em 2019, em uma das aulas da disciplina Ciclo de Filmes, do curso de Cinema e Audiovisual. A fotografia é belíssima e a forma como foi filmado é realmente incrível, porém, a história não me prendeu muito. Confesso que fiquei indiferente.
Cópia Fiel
3.9 452 Assista AgoraNão conhecia a obra do diretor Abbas Kiarostami, de quem já tinha ouvido falar muito bem, portanto, este filme foi minha primeira imersão na obra dele. E confesso que gostei muito da fita. Imagens belíssimas da Toscana, além da presença marcante da talentosíssima Juliette Binoche - impressionante como ela nunca decepciona - em mais uma atuação incrível da sua carreira. Não vou me debruçar sobre a história/roteiro, pois não quero ter que revelar pontos importantes do filme. Só posso dizer que o saldo do filme é positivo. Vale a pena conferir.
O Show de Truman
4.2 2,6K Assista AgoraÉ interessante e bacana ver Jim Carrey numa boa atuação, mostrando versatilidade, longe das típicas caretas de seus filmes de "comédia" questionáveis.
21 Gramas
4.0 888 Assista AgoraApesar de ser um filme extremamente forte, pesado, por vezes depressivo e que pode deixar você mal ao seu término, ainda assim, é um ótimo trabalho do diretor Alejandro Gonzalez Iñárritu. Com boas atuações do elenco. Vale a pena conferir, porém, não recomendo se você não estiver bem mentalmente.
Ladrões de Bicicleta
4.4 534 Assista AgoraFilme triste, porém, forte e impecável do Vittorio De Sica, em pleno movimento do neorrealismo italiano, que mostra, da maneira mais realista possível, a situação da Itália no pós guerra. Incrível como, em vários momentos, o garoto demonstrou ter mais juízo, sensatez e responsabilidade - ser mais 'adulto' - do que o próprio pai. Vale a pena conferir.
Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraSigourney Weaver colocando alienígena pra correr! Ótimo!
Monstros
4.3 509 Assista AgoraÓtimo filme, com uma belíssima crítica. Serve muitíssimo bem para nos mostrar que, os verdadeiros monstros, são aqueles ditos "normais".
Sonata de Outono
4.5 491Filme forte, arrebatador, com as atuações soberbas, sensíveis e tocantes da Liv Ullmann, musa do Bergman, e da Ingrid Bergman, em seu 'canto do cisne'. Ambas como mãe e filha numa relação cheia de conflitos, amarguras e ressentimentos. É o único encontro dos Bergman na tela grande. Fotografia belíssima, roteiro bem escrito e a direção primorosa do Ingmar Bergman que, não decepciona e mais uma vez nos brindou com uma fita de altíssima qualidade. Era mesmo um grande diretor. Um gênio. Vale muito a pena conferir.
Quanto Mais Quente Melhor
4.3 853 Assista AgoraPara mim, continua sendo a melhor comédia de todos os tempos. O trio principal Tony Curtis, Jack Lemmon e Marilyn Monroe está incrível. A direção do Billy Wilder é perfeita, o que contribui para fazer deste, um filme de qualidade, além de mais uma grande obra na sua gloriosa filmografia. Incrível como Billy Wilder - tal qual Hitchcock - tinha a capacidade de criar grandes filmes, a partir de premissas simples, tudo isso graças ao seu talento e genialidade. Vale muito a pena conferir.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraJack Nicholson completamente insano, fazendo caras e bocas, em mais uma interpretação incrível da sua carreira, numa fita de terror da mais alta qualidade, que junto com a parte técnica primorosa, e a direção cirúrgica do Kubrick, se tornou mais uma grande obra de sua gloriosa filmografia.
Gata em Teto de Zinco Quente
4.1 207 Assista AgoraÓtimo filme, adaptado da peça do escritor Tennessee Williams, que já teve várias obras de sua autoria, adaptadas para o cinema. O ponto alto da fita, são as atuações perfeitas dos atores principais: Elizabeth Taylor e Paul Newman, como um casal em crise. Vale a pena conferir.
O Sexto Sentido
4.2 2,4K Assista AgoraPara mim, indiscutivelmente, é o melhor filme da carreira do Shyamalan o "rei" do plot twist - e aqui, ele se supera, positivamente, claro. A fita é um suspense de qualidade, tanto que fez sucesso de público e crítica, tornando-se um dos melhores filmes da década de 90, e serviu para catapultar o Shyamalan ao estrelato, ainda que, infelizmente, ele não tenha conseguido êxito em seus trabalhos futuros, voltando à forma só em "Fragmentado". As atuações, além da direção competente do Shyamalan, são o ponto alto do filme, Toni Collette e até mesmo o Bruce Willis está muito bem, porém, o destaque maior vai mesmo para o garoto Haley Joel Osment. E por mais que você já saiba qual é a grande sacada do filme, mesmo assim, ainda vale muito a pena conferir.
Ida
3.7 439Esteticamente belíssimo, bem dirigido, boa atuação da atriz que interpreta a personagem principal Anna. Porém, trata-se de uma fita triste, com um final que é na verdade um soco no estômago. Acho até que é marca do Pawlikowski, pois seu último filme, o ótimo "Guerra Fria", também trata-se de uma história triste, ainda que mostre o romance de um casal, ou seja fale de um amor que tenta sobreviver em meio aos conflitos.
O Pecado de Todos Nós
3.9 59 Assista AgoraA história é sórdida, suja, vulgar, controversa, polêmica, por vezes indigesta, os personagens são do mesmo jeito - por isso, acredito que não seja para todos os gostos - além das atuações inspiradas do Marlon Brando e da Elizabeth Taylor, bem como a fotografia e a boa direção do John Huston, tudo isso serve para deixar a fita ainda mais interessante. Vale a pena conferir os embates entre o casal Taylor, com a sua fogosa, voluptuosa e indomável Leonora; e Brando, com o seu Major decadente, secretamente dado aos homens, porém, fazendo de tudo para manter a pose de macho inveterado, enganando a todos, menos a sua mulher e a si mesmo.
Femme Fatale
3.1 193 Assista AgoraMais um bom suspense, com a técnica sofisticada de um "artesão" chamado De Palma. Apesar de não ser o melhor trabalho do diretor, a fita tem seus momentos, com boas reviravoltas que te prende do início ao fim, bem ao estilo 'depalmiano', além do trabalho primoroso de um diretor que dá aula quando o assunto é técnica. De Palma é gênio!
Comer Rezar Amar
3.3 2,3K Assista AgoraVale somente pela Julia Roberts, que é sempre uma graça atuando, bem como a parte do "comer", com a belíssima Itália, e ainda toca a música marcante do Gato Barbieri, tema do filme "Último Tango em Paris", do Bertolucci.
Teorema
4.0 198Um clássico do Pasolini. Acredito que "Teorema" - extremamente forte, arrebatador, perturbador - não é um filme para todos os gostos, e a princípio pode causar estranheza, pois a história versa com o surrealismo e o faz de forma perfeita, ao apresentar todos esses personagens tão complexos e cheios de nuances, porém, vale a pena conferir.