A lista de artistas mirins que saem do anonimato para brilhar não pára de crescer. O filme O contador de histórias – que levará às telas a difícil saga do ex-menino de rua mineiro Roberto Carlos Ramos – representa uma oportunidade para vários garotos da periferia de Belo Horizonte. Depois de testes com cerca de 1 mil crianças, a equipe comandada pelo cineasta Luiz Villela encontrou 10 meninos em projetos da periferia. Além dos protagonistas Paulo Henrique Cândido Mendes, de 13 anos, e Marco Antônio Ribeiro dos Santos, de 6, Victor Augusto da Silva, de 16, chamou a atenção. Escolhido em audições no projeto Valores de Minas, ele interpretará Cabelinho de Fogo, personagem inspirado no jovem assaltante que, nos anos 1970, aterrorizou a capital.
Morador do Barreiro, Victor Augusto diz ter sido escolhido porque é “mais light com as coisas”. “Queriam que eu ficasse à vontade. Tirei meu tênis, comecei a conversar e não tive problema de ficar nervoso. Há oito meses, fui escolhido”, lembra o jovem. Sua vida tem semelhanças com a do personagem. “Ele é um menino que passou por problemas e se revoltou. Era para eu ser assim. Graças a Deus, não sou. Mas minha situação de carência é parecida.” Para Victor, o que o salvou do destino trágico foi a aparência e a maneira peculiar de encarar as dificuldades. “Sempre fui o bonitinho da casa”, diz.

Até essa oportunidade de brilhar no cinema, ele fez de tudo um pouco para sobreviver. “Fui servente, pintor, garçom e, nos últimos tempos, me dedico ao circo.” Trabalhar num filme era algo impensável até bem pouco tempo atrás. “Nunca fui a um cinema na vida. Tudo o que acontece comigo é cabuloso”, conclui.