O documentário é bom, traz vários documentos, imagens de época e declarações pouco conhecidas sobre o posicionamento do Einstein com relação à guerra. Mas o título pode decepcionar aqueles que pensavam que o cientista pudesse ter uma participação mais direta no desenvolvimento da bomba atômica.
Na realidade o envolvimento dele no projeto da bomba é até bem discreto, se limitando a uma carta que ele escreveu ao presidente Roosevelt alertando que a Alemanha poderia estar prestes a produzir uma bomba nuclear e que por isso os EUA deveriam que apressar seu programa atômico para se anteciparem aos nazistas.
Einstein sempre foi um pacifista, hoje pode até parecer incoerente mas na época ele acreditava que um artefato de destruição em massa pudesse ser usado para a manutenção duradoura da paz. E era raciocínio parecia lógico, afinal a possibilidade de destruição mútua acabaria desencorajando o uso da bomba pelos países que a tivessem.
Mas ele se enganou, pois a bomba acabou sendo usada arbitrariamente pelos EUA no final da guerra, apenas como uma demonstração exibicionista de força.
Mesmo com seus deslizes e parecendo incompleto ainda é um épico respeitável de Ridley Scott.
A maioria dos principais eventos da trajetória do Napoleão estão lá, mas faltou mais foco no detalhamento do contexto político da época. Tudo é tratado de forma muito apressada (talvez a futura "versão de diretor" com 4 horas atenue isso) e quem não tiver um conhecimento prévio sobre os fatos daquele período se sentirá perdido ao assistir .
É claro que abordar com detalhes toda a parte histórica estenderia demais a duração e tiraria o dinamismo da trama. Mas por outro lado se Scott tivesse optado em perder menos tempo com o dispensável e tosco casamento com a Josephine (que nem de longe é um dos pontos mais interessantes da biografia do personagem), sem dúvidas sobraria mais tempo para retratar outros aspectos mais relevantes sobre a vida do Napoleão.
Mesmo com esses problemas não dá pra negar que é um filme tecnicamente muito bem produzido, com excelente ambientação, fotografia, figurinos e cenografia, além da ótima atuação tanto de Joaquin Phoenix quanto do elenco em geral.
As sequências épicas são brilhantes com uma encenação perfeita tanto das batalhas como das estratégias militares usadas. Os efeitos gráficos também impressionam pelo realismo e dão uma noção bastante aproximada da brutalidade das batalhas onde soldados eram vistos como peças tão descartáveis que o uso de canhões contra infantaria fazia parte da rotina.
Retratar um personagem tão icônico e cheio de camadas como Napoleão Bonaparte (indo de corno a herói) não é tarefa pra qualquer diretor. Ridley Scott deu conta do recado, mas infelizmente algumas escolhas equivocadas sobre quais fatos deveriam merecer mais ênfase dentro do enredo deixaram uma sensação de que o resultado poderia ter sido melhor.
A mudança de cenário para a Europa saindo do ambiente do apartamento e o acréscimo de mais animais ao enredo foram positivos, dando um rumo inusitado para a sequência. Existe também uma referência interessante com a "Revolução dos Bichos", mostrando os bichos se organizando para defender a fazenda contra um vilão mercenário.
A computação gráfica segue o padrão visto no primeiro filme, não é nada que se destaque mas cumpre o objetivo e deve agradar ao público infantil.
Pra quem gosta do Garfield ele agora aparece "duplicado" no filme, então a participação dos humanos é reduzida o que é sempre interessante para esse tipo de live-action.
O filme é uma grata surpresa e apesar de não ser tão reconhecido foi uma das mais adoráveis e bem sucedidas comédias românticas da carreira da Sandra Bullock, arrecadando mais de US$ 180 milhões em bilheteria.
A ideia do acidente inesperado para conduzir a trama é instigante e ideal para esse tipo de comédia romântica, ainda mais com a presença da Sandra Bullock que mais uma vez prova que nasceu pra esse ofício.
Uma das mensagens principais do filme é mostrar como idealizar alguém é um caminho certeiro para a decepção. Relacionamentos que surgem espontaneamente e que até contrariam as expectativas são os melhores justamente por existir tanta pressão para dar certo.
Então mesmo com algumas conveniências do roteiro como a bobagem da "amnésia seletiva" e o desfecho ser previsível desde o início, tudo flui de maneira simpática e leve rumo ao inevitável final feliz.
E o final ainda reserva o momento mais comovente da história, onde Lucy diz que de certa forma ela também foi salva, por ter sido acolhida por uma família que ela já não tinha mais.
E para fechar em grande estilo temos ainda a última frase do filme ainda justifica perfeitamente o título.
Um excelente blockbuster de ação que infelizmente não recebeu o devido reconhecimento. Além do bom enredo e ótimos efeitos visuais o filme ainda traz a dupla George Clooney e Nicole Kidman no auge de suas carreiras, tendo que salvar NY de um desastre nuclear.
Apesar de alguns buracos na trama, conveniências de roteiro e um excesso de personagens descartáveis, de forma geral o filme é bem amarrado e a conspiração nuclear pós guerra fria faz bastante sentido.
A parte investigativa faz o filme perder algum ritmo ao longo de mais de 2 horas de duração, mas em compensação o último trecho com a perseguição pelas ruas de Nova York é eletrizante e muito bem conduzida. Trazendo até uma nostalgia pelos clássicos filmes de ação dos anos 90 com suas perseguições frenéticas, carros virando sucata, hackers e bombas desarmadas no último segundo.
Além de tudo o filme tem um clima profético por antecipar a possibilidade de atentados terroristas rolando no centro de Nova York apenas 5 anos antes do famoso 11 de Setembro!
A intenção principal da distopia retratada no filme é apenas despertar uma reflexão sobre a dependência da sociedade atual com relação à tecnologia e serviços online. E neste ponto o filme consegue atingir seu objetivo, pois é impossível alguém assistir e não se sentir desconfortável em algum momento ao se imaginar perdendo acesso definitivo à internet (por qualquer motivo que seja) e pensar em que impactos um evento desses traria para nossa rotina.
Por outro lado as explicações sobre o que teria causado ou qual objetivo do colapso geral nos sistemas de tecnologia ficam em aberto. Não existe uma preocupação por parte da produção em justificar esses pontos pois o interesse desde o início era apenas usar esses eventos para despertar uma reflexão sobre a dependência da sociedade pela tecnologia. E a própria Netflix é satirizada quando sugere a volta dos velhos DVDs como único método possível para assistir séries offline...
Para alguns as ausências de explicações podem incomodar, parecendo falta de inspiração, competência ou até preguiça da direção em concluir a ideia. Mas para outros o filme pode cumprir seu objetivo de simplesmente servir para despertar essa discussão social que foi sugerida desde o início.
Então essa experiência pode agradar ou decepcionar, dependendo de como cada pessoa vai assimilar o que o filme realmente tenta passar. Mas uma continuação esclarecedora seria bem vinda...
O documentário traz algumas informações curiosas e até pouco conhecidas da trajetória do Michael Jackson. Como por exemplo o boicote inicial da MTV ao seu trabalho, o envolvimento do John Landis na produção do clipe de Thriller e até a treta com a Pepsi.
Mas o foco principal é exibir os detalhes sobre a produção do disco e clipe de Thriller, que foi o trabalho mais icônico e rentável da discografia do cantor. Dentro deste cenário também é mostrado como ele conseguiu revolucionar o jeito de se produzir clipes.
No final a produção foi um pouco além de Thriller, aproveitando para fazer apanhado geral sobre aquela que foi a fase mais brilhante da vida e carreira do Michael Jackson, durante os anos 80. Neste período ele realmente mostrou ao mundo como era um artista diferenciado e digno de receber a coroa de "Rei do Pop".
Apesar do enredo totalmente fictício a história é interessante e coerente, retratando com certo realismo a brutalidade das batalhas submarinas. As sequências tanto no interior do submarino quanto os combates são muito bem realizadas, com efeitos visuais sendo usados de forma bastante eficiente. E o elenco também consegue entregar a tensão esperada nos momentos mais críticos.
Mas não dá pra negar que a trama perde um pouco do impacto quando se descobre que o filme não se refere a nenhum acontecimento histórico real. Na realidade a Marinha Real Britânica capturou a primeira máquina Enigma em maio de 1941, bem antes de os EUA entrarem na guerra. Inclusive muitos militares e até políticos viram a produção como um desrespeito aos marinheiros britânicos que perderam a vida heroicamente nestas missões. Pra piorar a situação, em nenhum momento durante o filme é devidamente esclarecido que os eventos são fantasiosos.
Em 2006, o roteirista David Ayer admitiu que o filme distorceu a história por razões "mercenárias" e disse que jamais faria isso novamente.
Mesmo com todo o enfoque cômico esse é um dos retratos mais honestos sobre como se misturam as relações de rivalidade, inveja e amizade dentro do universo feminino.
O time de atrizes comediantes é muito bem escalado. A sintonia entre elas é nítida e dá pra sentir que elas se divertem em cada cena, com isso até as piadas mais grotescas fluem de maneira espontânea e com direito até a improvisos. A variedade de subtramas e personagens permite também que as piadas não se concentrarem apenas na protagonista e isso dá um ritmo mais dinâmico e não deixa o filme cair na monotonia durante suas 2 horas de duração.
Essa pode ser considerada a versão feminina que mais aproxima da qualidade de "Se Beber, Não Case!", lançado dois anos antes. Apesar do grande sucesso que esse tipo de comédia de humilhação sempre teve junto ao público, hoje em dia infelizmente elas foram praticamente extintas pelo falso moralismo que tomou conta da indústria de entretenimento...
Bom trabalho do Danny DeVito. Através desta cinebiografia ele mostra sua visão sobre a tortuosa trajetória de Jimmy Hoffa, que entre 1957 e 1971 foi presidente da Irmandade Internacional de Caminhoneiros, conhecida como Teamster. Para se ter uma ideia de sua relevância e de seu poder, seu sindicato chegou a ter mais de 2 milhões de trabalhadores filiados.
Durante o filme dá pra perceber o dilema enfrentado pela direção entre tentar homenagear Hoffa como um herói da classe trabalhadora e ao mesmo tempo não se isentar de retratá-lo também como um gangster, pelo seu envolvimento descarado com o crime organizado.
O elenco de forma geral entrega atuações convincentes. Com destaque obviamente para DeVito e Jack Nicholson, que surpreende pela transformação física alcançada através de um primoroso trabalho maquiagem, incluindo uso de prótese no nariz. Como resultado o filme foi indicado aos Oscars de melhor figurino e melhor maquiagem.
De negativo podemos citar o desfecho trazendo uma versão especulativa de como foi planejada a execução de Hoffa. O resultado acabou parecendo fantasioso demais, pois ao contrário do que é mostrado no filme o local do assassinato é desconhecido. É improvável que o crime tenha acontecido no estacionamento pois isso teria chamado a atenção de possíveis testemunhas e deixado evidências que poderiam ter sido utilizadas pela polícia. O carro também não foi levado, tendo sido encontrado abandonado no restaurante após o desaparecimento de Hoffa.
Tantas especulações mostram como este caso intriga os Estados Unidos há mais de 50 anos. Inúmeras teorias e linhas de investigação fracassaram, nunca chegando nem perto de desvendar o mistério sobre esse complexo personagem americano.
O filme é boa opção de diversão descompromissada. A história é bem estruturada, o ritmo é frenético e ainda oferece algumas boas reviravoltas pelo caminho, principalmente sobre a revelação do esquema envolvendo o navio.
Os efeitos não são espetaculares mas estão dentro do aceitável para 1998, existem alguns efeitos práticos e de maquiagem que realmente chamam a atenção. Pena que a criatura em si só dá as caras mesmo com quase 1 hora de filme.
No final é sugerida uma possível sequência, que aconteceria na ilha onde os náufragos desembarcaram. O lugar abrigaria algum outro monstro que poderia render outro filme divertido, nos mesmos moldes do que foi visto. Mas as críticas negativas que fizeram com que o filme naufragasse nas bilheterias, destruíram qualquer esperança de sequência.
Merece elogios o título em português, que é bem mais inspirado e intrigante do que a versão genérica original.
Curiosidade: A campanha de marketing do filme na época foi: "Pior do que colidir com um iceberg é você colidir com algo que não conhece". A intenção nitidamente foi dar uma cutucada e também pegar carona no hype do blockbuster "Titanic", que foi lançado na mesma época.
Caso bizarro, tem mais plot twists que livro da Agatha Christie.
No início dá até vontade de criticar a incompetência da polícia, mas merecem um desconto neste caso. Se a coisa é enrolada até quem tá assistindo, imagina pra quem está tendo que quebrar a cabeça com tanta loucura e pistas falsas.
Poderia render até uma excelente releitura pro cinema do clássico "Atração Fatal", agora com o diferencial de ser baseado em fatos reais.
Sorte que no final, como nos bons thrillers de mistério e suspense, sempre tem um nerd pronto pra salvar o dia!
Apesar da complexidade do personagem o drama histórico do Oppenheimer é muito bem contado, com todos seus dilemas morais e perseguições ideológicas sofridas sendo detalhadamente retratados. Todos os principais fatos e figuras históricas que foram essenciais para o êxito do Projeto Manhattan estão presentes no filme, permitindo um entendimento mais amplo sobre o todo contexto histórico.
Interessante perceber que desde o início do projeto ele realmente acreditava que criar a arma mais destrutiva do mundo serviria para estabelecer uma paz duradoura. Com a justificativa de que se várias potências tivessem posse deste artefato a paz seria mantida pelo medo da destruição mútua imediata em caso de uso por algum país. Pode parecer um pensamento contraditório mas se mostrou pragmaticamente eficiente até os dias de hoje.
Os efeitos visuais são econômicos, com destaque para a sequência impressionante do teste atômico batizado de Trinity no deserto do Novo México. Mas não dá pra negar que a ausência dos bombardeios históricos em Hiroshima e Nagasaki são frustrantes...
Mas o ponto que mais incomoda ao longo das 3 horas de filme é o fetiche do Nolan em querer fugir do convencional e tentar a todo custo dar uma "embalagem" sofisticada a um simples filme biográfico. Nesse desespero temos uma montagem cheia de cheia de idas e vindas, mudanças de cores e flashbacks infinitos. Ao final tudo isso mostra uma utilidade bastante questionável, só servindo de fato para deixar a narrativa desnecessariamente fragmentada e confusa.
Mesmo com alguns tropeços é um bom filme, por toda sua riqueza de detalhes e qualidade técnica ele pode se estabelecer talvez como a cinebiografia definitiva sobre o "Pai da bomba atômica".
Não é um dos melhores trabalhos do Tony Scott, justamente por fugir do padrão que o consagrou. O filme não é tão "explosivo" nem movimentado quanto se esperava.
O roteiro é fragmentado e confuso, com um excesso de idas e vindas que prejudicam a dinâmica do filme. Por abordar a rede de intrigas envolvendo o mundo da espionagem a trama é mais monótona, com muita falação e flashbacks mas pouca ação.
O elenco não compromete, Robert Redford e Brad Pitt fazem o melhor possível com o que recebem e não são os responsáveis diretos pelo resultado medíocre do filme.
O desfecho também é morno. A forma como a tal "Operação Jantar Fora" é arquitetada pelo Muir e colocada em prática a partir de meia dúzia de telefonemas é inverossímil demais para ser levada a sério.
Já prevendo que o filme seria um desastre e que o fracasso de bilheteria era certeiro, os produtores decidiram pelo lançamento diretamente em DVD pra minimizar o prejuízo. Filme esquecível.
Continuação meia boca. Com uma trama que se passa cerca de treze anos após o original, o filme traz boa parte dos principais personagens vistos anteriormente. Incluindo Jack Nicholson que deu show no no filme de 1983 e agora volta apenas para cumprir tabela numa participação mais apagada.
O filme não pode ser considerado uma sequência desnecessária pois traz o encerramento do ciclo de alguns personagens que mereciam realmente serem revisitados. Como por exemplo a redenção do revoltado Tommy que foi talvez o ponto mais relevante da trama, por concluir o conflito mais mal resolvido do primeiro filme.
Mas tirando isso o filme não consegue gerar novos elementos interessantes, se limitando a relembrar situações e personagens já vistos antes, simbolizado pelo livro de memórias da Aurora.
E essa falta de inspiração fica nítida pelo fato de que mesmo com tantas mortes na história, todas são mornas. Nenhuma delas chega nem próximo de gerar a mesma carga dramática da morte da Emma no filme anterior.
O ponto mais interessante do filme é como a conexão intelectual dos dois é abordada através da troca de cartas. E só quem já se correspondeu com alguém sabe como realmente é possível conhecer a personalidade e os sentimentos de alguém apenas por simples correspondências.
Mas a falta de iniciativa dos correspondentes chega a ser irritante, é muita falação e pouca atitude. Não dá pra entender a dificuldade que haveria em algum deles pegar um telefone pra conversar ou que Helene, que dizia ganhar 250 dólares por cada trabalho, não tivesse a força de vontade necessária para juntar apenas 350 dólares e fazer a tal viagem, sem aqueles 20 anos de enrolação.
As referências literárias no início são curiosas e até instigantes mas com o decorrer do tempo quebram o ritmo da história e se tornam um tanto excessivas e até cansativas. Porém para quem já leu os livros citados pode se identificar mais com esse aspecto do filme e não se incomodar tanto.
O filme serve também para nos deixar uma lição de que não devemos adiar indefinidamente nossos planos, pois o amanhã pode nem chegar. E que os personagens dos livros podem ser eternos mas as pessoas da vida real não, então atitudes são sempre mais válidas do que simples palavras ao vento.
E por fim o alerta mais importante, cuide dos dentes para depois não ir à falência num dentista...
Ps. O título do filme em português pode ser mais poético do que a opção original mas soa um tanto oportunista, por não haver um interesse romântico na história.
Filme baseado nos fatos reais que retratam a misteriosa série de assassinatos que vitimou membros da tribo Osage depois que petróleo foi descoberto por acaso em suas terras.
A premissa é muito interessante, permitindo mesclar "faroeste" e "gangsters" num mesmo contexto investigativo, com um resultado bastante satisfatório. Tecnicamente o filme entrega o esperado para um orçamento de US$ 200 milhões. Locações, fotografia e figurinos são primorosos, garantindo uma ambientação perfeita da Oklahoma dos anos 20.
Com relação ao desempenho do elenco, Leonardo Di Caprio está excelente tanto na atuação quanto na caracterização de seu personagem enigmático e com várias camadas. Robert De Niro em sua 10ª parceria com Scorsese também não decepciona, apesar de ter um personagem menos complexo nas mãos.
Por outro lado temos a protagonista indígena deixada por conta da inexpressiva Lily Gladstone, numa atuação apagada e totalmente sem carisma. Fruto da pressão atual da indústria, que vem forçando diretores a priorizar questões étnicas ao invés do talento na escolha de seus atores, mas ideal pra ganhar Oscar hoje em dia...
Apesar da boa condução da trama, que nunca cai na monotonia, é inegável que a duração do filme é excessiva. Muitas questões sobre os assassinatos poderiam ser tratadas com mais objetividade, sem se repetirem tanto. Assim como a parte das investigações que se arrastam em vários momentos, dando a sensação que não havia enredo suficiente para preencher 3 horas e meia de filme...
Ao final temos mais um bom trabalho do Scorsese. Pode não ser extraordinário como o hype inicial fazia parecer, mas mostra que o velho diretor (com seus 81 anos) ainda tem lenha pra queimar e boas histórias para contar.
Bom melodrama protagonizado pelo multifacetado Eddie Murphy.
O filme inspirado em fatos reais se dedica a abordar questões relacionadas à lealdade e amizade. Neste contexto percebemos que geralmente um gesto de caridade produz efeitos não apenas em que recebe mas principalmente em quem o faz. O filme trabalha muito bem esses conceitos quando mostra inicialmente Mr. Church se dedicando a apoiar desconhecidos e recebendo a retribuição pelos seus atos ao fim de sua vida.
A ideia é boa, mas talvez por ser baseado em fatos reais a produção não tenha tido tanta liberdade para aprimorar a história. Assim alguns aspectos do filme não geram o impacto que se esperava, principalmente na parte final. O ponto que mais incomoda é a revelação tal "segredo" que Mr. Church quis manter em sigilo durante toda a vida, era de se esperar algo mais chocante que justificasse esse mistério. Não tem muita lógica que alguém se esforçasse tanto apenas para esconder que era um simples pianista de bar...
Destaque também para o Eddie Murphy mostrando mais um vez que é muito mais que apenas um ator careteiro. Seu personagem é muito bem construído e de poucas palavras, passando emoção mais pelos seus gestos do que pelos diálogos.
Não é um filme extraordinário, mas tem seus bons momentos e vai comover quem conseguir se identificar de alguma forma com a história.
A premissa inicial sobre a busca por uma ilha misteriosa e paradisíaca parecia interessante mas o desenvolvimento confuso da história deixou bastante a desejar.
Incomoda a falta de coesão para várias situações que durante o filme vão sendo jogadas na tela sem maiores justificativas, como por exemplo a mal explicada situação do Patolino que logo no início comete um suicídio aleatório, deixando para Richard um mapa da ilha.
O péssimo desfecho também é esquisito e inverossímil, com a repentina desistência dos membros da comunidade em permanecer na ilha diante da possibilidade do assassinato do Richard. Demonstrando uma atitude hipócrita do grupo, já que vários outros membros já tinham sido deixados para morrer pela comunidade sem maiores incômodos ou remorsos.
Por tudo isso é um filme extremamente superestimado, com exceção das cenas realistas de ataques de tubarão e das belas locações tailandesas que proporcionaram uma fotografia diferenciada, no geral é um filme bastante medíocre. E se não tivesse a sorte de contar com participação do Leonardo DiCaprio no auge da fama, provavelmente já teria caído no esquecimento.
Curiosidades: Contribuíram para a fama do filme as controvérsias surgidas durante a gravação, como acusações de que a produção teria modificado o cenário natural da praia para torná-la mais paradisíaca. Mais tarde ações judiciais foram movidas por ambientalistas que acreditavam que os danos ao ecossistema eram permanentes e que as tentativas de restauração falharam.
O grande aumento no tráfego de turistas para a praia de Ko Phi Phi também resultou em danos ambientais à baía e aos recifes de coral que são sentidos até os dias atuais.
O filme pode ter seus méritos na parte técnica, justificando a maioria dos prêmios que ganhou, mas não levou o Oscar de melhor filme justamente pela mediocridade do conteúdo. Pra quem curte musical pode ser até que preste em algum aspecto mas para o restante do público servirá apenas como um bom sonífero.
Mesmo que tecnicamente a parte musical seja bem executada, a conexão entre eles com o restante do enredo é fraca e na maior parte das vezes pouco acrescenta de útil para a narrativa. Apesar do desempenho satisfatório da Liza Minnelli atuando dentro da sua zona de conforto, o excesso de números musicais também incomoda por quebrar o ritmo do filme de forma dispensável.
Existe um tipo esquisito de triângulo amoroso que fracassa completamente em estabelecer qualquer conexão emocional com quem assiste. Os personagens secundários também são descartáveis e pouco acrescentam. E pra piorar o contexto da segunda guerra, citando o domínio nazista na República de Weimar, pouco contribui por ser abordado de forma extremamente superficial dentro do roteiro.
Ao contrário do estilo alegre e otimista trazido pela maioria dos musicais, "Cabaret" é depressivo do início ao fim. A única alegria que esse filme é capaz de proporcionar é pela sensação de alívio quando os créditos começam a subir.
A premissa é simples mas deixa o espectador intrigado desde o início sobre como aquela loucura vai terminar.
Ben Stiller e Drew Barrymore sempre mandam bem juntos e formam uma dupla perfeita para esse tipo de comédia absurda. E todos que já tiveram algum vizinho perturbado ou tem que conviver com idosos cheio de manias vão se identificar ainda mais com as situações que o casal passa. A cena em que a velha fica contando moedas no caixa chega a ser desesperadora e capaz de despertar instintos assassinos na vida real...
O plot twist é inusitado e surpreendente mostrando que a velha tinha um esquema com o filho corretor e o policial para afugentar os compradores do imóvel e faturarem em cima das comissões de compra e venda da casa.
É uma pena que esse tipo de filme baseado em humor negro e situações politicamente incorretas estejam cada vez mais em extinção nos tempos atuais. Então sempre que nos deparamos com um filme desses bate uma nostalgia boa, daqueles tempos onde a principal função das comédias era apenas fazer rir sem preocupações com a moral da história ou passar mensagens no final.
Comédia simpática que tenta fugir do convencional apresentando um estilo que em alguns momentos lembra até o famoso "O Diabo Veste Prada".
A história não é focada diretamente no romance dos protagonistas mas na construção de uma aliança entre eles para se livrarem dos chefes, com isso a relação vai se estreitando e pontos de afinidades surgem ao longo do caminho. A trama começa meio devagar mas na medida que o plano dos estagiários pra unir os chefes vai se desenrolando o filme ganha mais ritmo e melhora.
Esse estilo pode incomodar alguns que estejam mais acostumados com uma comédia romântica que vá mais direto ao ponto, mas é uma proposta interessante por fugir do padrão e fazer o público torcer para o casal de formas alternativas.
Assim as partes mais engraçadas ficam mais relacionadas aos momentos de bullying no ambiente de trabalho e nos perrengues que passam os protagonistas em busca da sonhada promoção. A parte romântica fica em segundo plano e no fim nem faz tanta falta...
Sequência lamentável que nem de longe consegue se aproximar da essência do primeiro filme.
Colocar estudantes da fraternidade como antagonistas é muito menos interessante do que os antigos rivais de infância do filme anterior. A ausência de Rob Schneider (por não concordar com o cachê) também é sentida, já que ele tinha sido responsável por alguns dos melhores momentos no filme de 2010.
O único momento que se salva é a cena do pneu (que está no poster), que é tecnicamente muito bem realizada e com certo esforço consegue arrancar algumas risadas.
Mas ao contrário do bom primeiro filme, desta vez não há inspiração, as ideias são preguiçosas e as mensagens requentadas. Fica na cara que a única intenção de produzir essa sequência foi apenas tentar ganhar uns trocados a mais.
Tentando oferecer novidades, desta vez a produção troca as locações europeias por um cenário americano em Las Vegas, onde as caçadas e execuções são vinculadas a um sistema macabro de apostas ao vivo.
Já prevendo críticas sobre a falta de originalidade, a saída agora foi lançar várias pistas falsas desde o início do filme para tentar fugir ao máximo do previsível, principalmente na parte dos sequestros. Esse recurso até que funciona bem, deixando o espectador em alerta com relação às novas dinâmicas do jogo e sobre em quem se pode ou não confiar.
As mortes continuam criativas e sangrentas, mantendo o padrão visto anteriormente. Com a cena das baratas sendo a mais memorável e "indigesta" do filme. A fuga final com a explosão do prédio não é das melhores, mas pelo menos resulta num último plot twist decente, com o mesmo tipo de sarcasmo e humor negro visto nos filmes anteriores.
Mesmo com seus problemas e mostrando desgaste da fórmula é um filme que cumpre seu objetivo dando um encerramento digno para a franquia. E não vai decepcionar tanto quem curtiu os primeiros.
Einstein e a Bomba
3.2 14 Assista AgoraO documentário é bom, traz vários documentos, imagens de época e declarações pouco conhecidas sobre o posicionamento do Einstein com relação à guerra. Mas o título pode decepcionar aqueles que pensavam que o cientista pudesse ter uma participação mais direta no desenvolvimento da bomba atômica.
Na realidade o envolvimento dele no projeto da bomba é até bem discreto, se limitando a uma carta que ele escreveu ao presidente Roosevelt alertando que a Alemanha poderia estar prestes a produzir uma bomba nuclear e que por isso os EUA deveriam que apressar seu programa atômico para se anteciparem aos nazistas.
Einstein sempre foi um pacifista, hoje pode até parecer incoerente mas na época ele acreditava que um artefato de destruição em massa pudesse ser usado para a manutenção duradoura da paz. E era raciocínio parecia lógico, afinal a possibilidade de destruição mútua acabaria desencorajando o uso da bomba pelos países que a tivessem.
Mas ele se enganou, pois a bomba acabou sendo usada arbitrariamente pelos EUA no final da guerra, apenas como uma demonstração exibicionista de força.
Napoleão
3.1 323 Assista AgoraMesmo com seus deslizes e parecendo incompleto ainda é um épico respeitável de Ridley Scott.
A maioria dos principais eventos da trajetória do Napoleão estão lá, mas faltou mais foco no detalhamento do contexto político da época. Tudo é tratado de forma muito apressada (talvez a futura "versão de diretor" com 4 horas atenue isso) e quem não tiver um conhecimento prévio sobre os fatos daquele período se sentirá perdido ao assistir .
É claro que abordar com detalhes toda a parte histórica estenderia demais a duração e tiraria o dinamismo da trama. Mas por outro lado se Scott tivesse optado em perder menos tempo com o dispensável e tosco casamento com a Josephine (que nem de longe é um dos pontos mais interessantes da biografia do personagem), sem dúvidas sobraria mais tempo para retratar outros aspectos mais relevantes sobre a vida do Napoleão.
Mesmo com esses problemas não dá pra negar que é um filme tecnicamente muito bem produzido, com excelente ambientação, fotografia, figurinos e cenografia, além da ótima atuação tanto de Joaquin Phoenix quanto do elenco em geral.
As sequências épicas são brilhantes com uma encenação perfeita tanto das batalhas como das estratégias militares usadas. Os efeitos gráficos também impressionam pelo realismo e dão uma noção bastante aproximada da brutalidade das batalhas onde soldados eram vistos como peças tão descartáveis que o uso de canhões contra infantaria fazia parte da rotina.
Retratar um personagem tão icônico e cheio de camadas como Napoleão Bonaparte (indo de corno a herói) não é tarefa pra qualquer diretor. Ridley Scott deu conta do recado, mas infelizmente algumas escolhas equivocadas sobre quais fatos deveriam merecer mais ênfase dentro do enredo deixaram uma sensação de que o resultado poderia ter sido melhor.
Garfield 2
2.7 308A mudança de cenário para a Europa saindo do ambiente do apartamento e o acréscimo de mais animais ao enredo foram positivos, dando um rumo inusitado para a sequência. Existe também uma referência interessante com a "Revolução dos Bichos", mostrando os bichos se organizando para defender a fazenda contra um vilão mercenário.
A computação gráfica segue o padrão visto no primeiro filme, não é nada que se destaque mas cumpre o objetivo e deve agradar ao público infantil.
Pra quem gosta do Garfield ele agora aparece "duplicado" no filme, então a participação dos humanos é reduzida o que é sempre interessante para esse tipo de live-action.
Enquanto Você Dormia
3.5 504 Assista AgoraO filme é uma grata surpresa e apesar de não ser tão reconhecido foi uma das mais adoráveis e bem sucedidas comédias românticas da carreira da Sandra Bullock, arrecadando mais de US$ 180 milhões em bilheteria.
A ideia do acidente inesperado para conduzir a trama é instigante e ideal para esse tipo de comédia romântica, ainda mais com a presença da Sandra Bullock que mais uma vez prova que nasceu pra esse ofício.
Uma das mensagens principais do filme é mostrar como idealizar alguém é um caminho certeiro para a decepção. Relacionamentos que surgem espontaneamente e que até contrariam as expectativas são os melhores justamente por existir tanta pressão para dar certo.
Então mesmo com algumas conveniências do roteiro como a bobagem da "amnésia seletiva" e o desfecho ser previsível desde o início, tudo flui de maneira simpática e leve rumo ao inevitável final feliz.
E o final ainda reserva o momento mais comovente da história, onde Lucy diz que de certa forma ela também foi salva, por ter sido acolhida por uma família que ela já não tinha mais.
E para fechar em grande estilo temos ainda a última frase do filme ainda justifica perfeitamente o título.
O Pacificador
3.0 109 Assista AgoraUm excelente blockbuster de ação que infelizmente não recebeu o devido reconhecimento. Além do bom enredo e ótimos efeitos visuais o filme ainda traz a dupla George Clooney e Nicole Kidman no auge de suas carreiras, tendo que salvar NY de um desastre nuclear.
Apesar de alguns buracos na trama, conveniências de roteiro e um excesso de personagens descartáveis, de forma geral o filme é bem amarrado e a conspiração nuclear pós guerra fria faz bastante sentido.
A parte investigativa faz o filme perder algum ritmo ao longo de mais de 2 horas de duração, mas em compensação o último trecho com a perseguição pelas ruas de Nova York é eletrizante e muito bem conduzida. Trazendo até uma nostalgia pelos clássicos filmes de ação dos anos 90 com suas perseguições frenéticas, carros virando sucata, hackers e bombas desarmadas no último segundo.
Além de tudo o filme tem um clima profético por antecipar a possibilidade de atentados terroristas rolando no centro de Nova York apenas 5 anos antes do famoso 11 de Setembro!
O Mundo Depois de Nós
3.2 891 Assista AgoraA intenção principal da distopia retratada no filme é apenas despertar uma reflexão sobre a dependência da sociedade atual com relação à tecnologia e serviços online. E neste ponto o filme consegue atingir seu objetivo, pois é impossível alguém assistir e não se sentir desconfortável em algum momento ao se imaginar perdendo acesso definitivo à internet (por qualquer motivo que seja) e pensar em que impactos um evento desses traria para nossa rotina.
Por outro lado as explicações sobre o que teria causado ou qual objetivo do colapso geral nos sistemas de tecnologia ficam em aberto. Não existe uma preocupação por parte da produção em justificar esses pontos pois o interesse desde o início era apenas usar esses eventos para despertar uma reflexão sobre a dependência da sociedade pela tecnologia. E a própria Netflix é satirizada quando sugere a volta dos velhos DVDs como único método possível para assistir séries offline...
Para alguns as ausências de explicações podem incomodar, parecendo falta de inspiração, competência ou até preguiça da direção em concluir a ideia. Mas para outros o filme pode cumprir seu objetivo de simplesmente servir para despertar essa discussão social que foi sugerida desde o início.
Então essa experiência pode agradar ou decepcionar, dependendo de como cada pessoa vai assimilar o que o filme realmente tenta passar. Mas uma continuação esclarecedora seria bem vinda...
Thriller 40
4.2 22 Assista AgoraO documentário traz algumas informações curiosas e até pouco conhecidas da trajetória do Michael Jackson. Como por exemplo o boicote inicial da MTV ao seu trabalho, o envolvimento do John Landis na produção do clipe de Thriller e até a treta com a Pepsi.
Mas o foco principal é exibir os detalhes sobre a produção do disco e clipe de Thriller, que foi o trabalho mais icônico e rentável da discografia do cantor. Dentro deste cenário também é mostrado como ele conseguiu revolucionar o jeito de se produzir clipes.
No final a produção foi um pouco além de Thriller, aproveitando para fazer apanhado geral sobre aquela que foi a fase mais brilhante da vida e carreira do Michael Jackson, durante os anos 80. Neste período ele realmente mostrou ao mundo como era um artista diferenciado e digno de receber a coroa de "Rei do Pop".
U-571: A Batalha do Atlântico
3.4 71Apesar do enredo totalmente fictício a história é interessante e coerente, retratando com certo realismo a brutalidade das batalhas submarinas. As sequências tanto no interior do submarino quanto os combates são muito bem realizadas, com efeitos visuais sendo usados de forma bastante eficiente. E o elenco também consegue entregar a tensão esperada nos momentos mais críticos.
Mas não dá pra negar que a trama perde um pouco do impacto quando se descobre que o filme não se refere a nenhum acontecimento histórico real. Na realidade a Marinha Real Britânica capturou a primeira máquina Enigma em maio de 1941, bem antes de os EUA entrarem na guerra. Inclusive muitos militares e até políticos viram a produção como um desrespeito aos marinheiros britânicos que perderam a vida heroicamente nestas missões. Pra piorar a situação, em nenhum momento durante o filme é devidamente esclarecido que os eventos são fantasiosos.
Em 2006, o roteirista David Ayer admitiu que o filme distorceu a história por razões "mercenárias" e disse que jamais faria isso novamente.
Missão Madrinha de Casamento
3.2 1,7K Assista AgoraMesmo com todo o enfoque cômico esse é um dos retratos mais honestos sobre como se misturam as relações de rivalidade, inveja e amizade dentro do universo feminino.
O time de atrizes comediantes é muito bem escalado. A sintonia entre elas é nítida e dá pra sentir que elas se divertem em cada cena, com isso até as piadas mais grotescas fluem de maneira espontânea e com direito até a improvisos. A variedade de subtramas e personagens permite também que as piadas não se concentrarem apenas na protagonista e isso dá um ritmo mais dinâmico e não deixa o filme cair na monotonia durante suas 2 horas de duração.
Essa pode ser considerada a versão feminina que mais aproxima da qualidade de "Se Beber, Não Case!", lançado dois anos antes. Apesar do grande sucesso que esse tipo de comédia de humilhação sempre teve junto ao público, hoje em dia infelizmente elas foram praticamente extintas pelo falso moralismo que tomou conta da indústria de entretenimento...
Hoffa - Um Homem, Uma Lenda
3.2 17 Assista AgoraBom trabalho do Danny DeVito. Através desta cinebiografia ele mostra sua visão sobre a tortuosa trajetória de Jimmy Hoffa, que entre 1957 e 1971 foi presidente da Irmandade Internacional de Caminhoneiros, conhecida como Teamster. Para se ter uma ideia de sua relevância e de seu poder, seu sindicato chegou a ter mais de 2 milhões de trabalhadores filiados.
Durante o filme dá pra perceber o dilema enfrentado pela direção entre tentar homenagear Hoffa como um herói da classe trabalhadora e ao mesmo tempo não se isentar de retratá-lo também como um gangster, pelo seu envolvimento descarado com o crime organizado.
O elenco de forma geral entrega atuações convincentes. Com destaque obviamente para DeVito e Jack Nicholson, que surpreende pela transformação física alcançada através de um primoroso trabalho maquiagem, incluindo uso de prótese no nariz. Como resultado o filme foi indicado aos Oscars de melhor figurino e melhor maquiagem.
De negativo podemos citar o desfecho trazendo uma versão especulativa de como foi planejada a execução de Hoffa. O resultado acabou parecendo fantasioso demais, pois ao contrário do que é mostrado no filme o local do assassinato é desconhecido. É improvável que o crime tenha acontecido no estacionamento pois isso teria chamado a atenção de possíveis testemunhas e deixado evidências que poderiam ter sido utilizadas pela polícia. O carro também não foi levado, tendo sido encontrado abandonado no restaurante após o desaparecimento de Hoffa.
Tantas especulações mostram como este caso intriga os Estados Unidos há mais de 50 anos. Inúmeras teorias e linhas de investigação fracassaram, nunca chegando nem perto de desvendar o mistério sobre esse complexo personagem americano.
Tentáculos
2.6 119 Assista AgoraO filme é boa opção de diversão descompromissada. A história é bem estruturada, o ritmo é frenético e ainda oferece algumas boas reviravoltas pelo caminho, principalmente sobre a revelação do esquema envolvendo o navio.
Os efeitos não são espetaculares mas estão dentro do aceitável para 1998, existem alguns efeitos práticos e de maquiagem que realmente chamam a atenção. Pena que a criatura em si só dá as caras mesmo com quase 1 hora de filme.
No final é sugerida uma possível sequência, que aconteceria na ilha onde os náufragos desembarcaram. O lugar abrigaria algum outro monstro que poderia render outro filme divertido, nos mesmos moldes do que foi visto. Mas as críticas negativas que fizeram com que o filme naufragasse nas bilheterias, destruíram qualquer esperança de sequência.
Merece elogios o título em português, que é bem mais inspirado e intrigante do que a versão genérica original.
Curiosidade: A campanha de marketing do filme na época foi: "Pior do que colidir com um iceberg é você colidir com algo que não conhece". A intenção nitidamente foi dar uma cutucada e também pegar carona no hype do blockbuster "Titanic", que foi lançado na mesma época.
Amante, Stalker e Mortal
3.5 66 Assista AgoraCaso bizarro, tem mais plot twists que livro da Agatha Christie.
No início dá até vontade de criticar a incompetência da polícia, mas merecem um desconto neste caso. Se a coisa é enrolada até quem tá assistindo, imagina pra quem está tendo que quebrar a cabeça com tanta loucura e pistas falsas.
Poderia render até uma excelente releitura pro cinema do clássico "Atração Fatal", agora com o diferencial de ser baseado em fatos reais.
Sorte que no final, como nos bons thrillers de mistério e suspense, sempre tem um nerd pronto pra salvar o dia!
Oppenheimer
4.0 1,1KApesar da complexidade do personagem o drama histórico do Oppenheimer é muito bem contado, com todos seus dilemas morais e perseguições ideológicas sofridas sendo detalhadamente retratados. Todos os principais fatos e figuras históricas que foram essenciais para o êxito do Projeto Manhattan estão presentes no filme, permitindo um entendimento mais amplo sobre o todo contexto histórico.
Interessante perceber que desde o início do projeto ele realmente acreditava que criar a arma mais destrutiva do mundo serviria para estabelecer uma paz duradoura. Com a justificativa de que se várias potências tivessem posse deste artefato a paz seria mantida pelo medo da destruição mútua imediata em caso de uso por algum país. Pode parecer um pensamento contraditório mas se mostrou pragmaticamente eficiente até os dias de hoje.
Os efeitos visuais são econômicos, com destaque para a sequência impressionante do teste atômico batizado de Trinity no deserto do Novo México. Mas não dá pra negar que a ausência dos bombardeios históricos em Hiroshima e Nagasaki são frustrantes...
Mas o ponto que mais incomoda ao longo das 3 horas de filme é o fetiche do Nolan em querer fugir do convencional e tentar a todo custo dar uma "embalagem" sofisticada a um simples filme biográfico. Nesse desespero temos uma montagem cheia de cheia de idas e vindas, mudanças de cores e flashbacks infinitos. Ao final tudo isso mostra uma utilidade bastante questionável, só servindo de fato para deixar a narrativa desnecessariamente fragmentada e confusa.
Mesmo com alguns tropeços é um bom filme, por toda sua riqueza de detalhes e qualidade técnica ele pode se estabelecer talvez como a cinebiografia definitiva sobre o "Pai da bomba atômica".
Jogo de Espiões
3.5 125 Assista AgoraNão é um dos melhores trabalhos do Tony Scott, justamente por fugir do padrão que o consagrou. O filme não é tão "explosivo" nem movimentado quanto se esperava.
O roteiro é fragmentado e confuso, com um excesso de idas e vindas que prejudicam a dinâmica do filme. Por abordar a rede de intrigas envolvendo o mundo da espionagem a trama é mais monótona, com muita falação e flashbacks mas pouca ação.
O elenco não compromete, Robert Redford e Brad Pitt fazem o melhor possível com o que recebem e não são os responsáveis diretos pelo resultado medíocre do filme.
O desfecho também é morno. A forma como a tal "Operação Jantar Fora" é arquitetada pelo Muir e colocada em prática a partir de meia dúzia de telefonemas é inverossímil demais para ser levada a sério.
Já prevendo que o filme seria um desastre e que o fracasso de bilheteria era certeiro, os produtores decidiram pelo lançamento diretamente em DVD pra minimizar o prejuízo. Filme esquecível.
O Entardecer de uma Estrela
3.7 42Continuação meia boca. Com uma trama que se passa cerca de treze anos após o original, o filme traz boa parte dos principais personagens vistos anteriormente. Incluindo Jack Nicholson que deu show no no filme de 1983 e agora volta apenas para cumprir tabela numa participação mais apagada.
O filme não pode ser considerado uma sequência desnecessária pois traz o encerramento do ciclo de alguns personagens que mereciam realmente serem revisitados. Como por exemplo a redenção do revoltado Tommy que foi talvez o ponto mais relevante da trama, por concluir o conflito mais mal resolvido do primeiro filme.
Mas tirando isso o filme não consegue gerar novos elementos interessantes, se limitando a relembrar situações e personagens já vistos antes, simbolizado pelo livro de memórias da Aurora.
E essa falta de inspiração fica nítida pelo fato de que mesmo com tantas mortes na história, todas são mornas. Nenhuma delas chega nem próximo de gerar a mesma carga dramática da morte da Emma no filme anterior.
Nunca Te Vi, Sempre Te Amei
4.2 172 Assista AgoraO ponto mais interessante do filme é como a conexão intelectual dos dois é abordada através da troca de cartas. E só quem já se correspondeu com alguém sabe como realmente é possível conhecer a personalidade e os sentimentos de alguém apenas por simples correspondências.
Mas a falta de iniciativa dos correspondentes chega a ser irritante, é muita falação e pouca atitude. Não dá pra entender a dificuldade que haveria em algum deles pegar um telefone pra conversar ou que Helene, que dizia ganhar 250 dólares por cada trabalho, não tivesse a força de vontade necessária para juntar apenas 350 dólares e fazer a tal viagem, sem aqueles 20 anos de enrolação.
As referências literárias no início são curiosas e até instigantes mas com o decorrer do tempo quebram o ritmo da história e se tornam um tanto excessivas e até cansativas. Porém para quem já leu os livros citados pode se identificar mais com esse aspecto do filme e não se incomodar tanto.
O filme serve também para nos deixar uma lição de que não devemos adiar indefinidamente nossos planos, pois o amanhã pode nem chegar. E que os personagens dos livros podem ser eternos mas as pessoas da vida real não, então atitudes são sempre mais válidas do que simples palavras ao vento.
E por fim o alerta mais importante, cuide dos dentes para depois não ir à falência num dentista...
Ps. O título do filme em português pode ser mais poético do que a opção original mas soa um tanto oportunista, por não haver um interesse romântico na história.
Assassinos da Lua das Flores
4.1 612 Assista AgoraFilme baseado nos fatos reais que retratam a misteriosa série de assassinatos que vitimou membros da tribo Osage depois que petróleo foi descoberto por acaso em suas terras.
A premissa é muito interessante, permitindo mesclar "faroeste" e "gangsters" num mesmo contexto investigativo, com um resultado bastante satisfatório. Tecnicamente o filme entrega o esperado para um orçamento de US$ 200 milhões. Locações, fotografia e figurinos são primorosos, garantindo uma ambientação perfeita da Oklahoma dos anos 20.
Com relação ao desempenho do elenco, Leonardo Di Caprio está excelente tanto na atuação quanto na caracterização de seu personagem enigmático e com várias camadas. Robert De Niro em sua 10ª parceria com Scorsese também não decepciona, apesar de ter um personagem menos complexo nas mãos.
Por outro lado temos a protagonista indígena deixada por conta da inexpressiva Lily Gladstone, numa atuação apagada e totalmente sem carisma. Fruto da pressão atual da indústria, que vem forçando diretores a priorizar questões étnicas ao invés do talento na escolha de seus atores, mas ideal pra ganhar Oscar hoje em dia...
Apesar da boa condução da trama, que nunca cai na monotonia, é inegável que a duração do filme é excessiva. Muitas questões sobre os assassinatos poderiam ser tratadas com mais objetividade, sem se repetirem tanto. Assim como a parte das investigações que se arrastam em vários momentos, dando a sensação que não havia enredo suficiente para preencher 3 horas e meia de filme...
Ao final temos mais um bom trabalho do Scorsese. Pode não ser extraordinário como o hype inicial fazia parecer, mas mostra que o velho diretor (com seus 81 anos) ainda tem lenha pra queimar e boas histórias para contar.
Mr. Church
4.0 62Bom melodrama protagonizado pelo multifacetado Eddie Murphy.
O filme inspirado em fatos reais se dedica a abordar questões relacionadas à lealdade e amizade. Neste contexto percebemos que geralmente um gesto de caridade produz efeitos não apenas em que recebe mas principalmente em quem o faz. O filme trabalha muito bem esses conceitos quando mostra inicialmente Mr. Church se dedicando a apoiar desconhecidos e recebendo a retribuição pelos seus atos ao fim de sua vida.
A ideia é boa, mas talvez por ser baseado em fatos reais a produção não tenha tido tanta liberdade para aprimorar a história. Assim alguns aspectos do filme não geram o impacto que se esperava, principalmente na parte final. O ponto que mais incomoda é a revelação tal "segredo" que Mr. Church quis manter em sigilo durante toda a vida, era de se esperar algo mais chocante que justificasse esse mistério. Não tem muita lógica que alguém se esforçasse tanto apenas para esconder que era um simples pianista de bar...
Destaque também para o Eddie Murphy mostrando mais um vez que é muito mais que apenas um ator careteiro. Seu personagem é muito bem construído e de poucas palavras, passando emoção mais pelos seus gestos do que pelos diálogos.
Não é um filme extraordinário, mas tem seus bons momentos e vai comover quem conseguir se identificar de alguma forma com a história.
A Praia
3.2 694 Assista AgoraA premissa inicial sobre a busca por uma ilha misteriosa e paradisíaca parecia interessante mas o desenvolvimento confuso da história deixou bastante a desejar.
Incomoda a falta de coesão para várias situações que durante o filme vão sendo jogadas na tela sem maiores justificativas, como por exemplo a mal explicada situação do Patolino que logo no início comete um suicídio aleatório, deixando para Richard um mapa da ilha.
O péssimo desfecho também é esquisito e inverossímil, com a repentina desistência dos membros da comunidade em permanecer na ilha diante da possibilidade do assassinato do Richard. Demonstrando uma atitude hipócrita do grupo, já que vários outros membros já tinham sido deixados para morrer pela comunidade sem maiores incômodos ou remorsos.
Por tudo isso é um filme extremamente superestimado, com exceção das cenas realistas de ataques de tubarão e das belas locações tailandesas que proporcionaram uma fotografia diferenciada, no geral é um filme bastante medíocre. E se não tivesse a sorte de contar com participação do Leonardo DiCaprio no auge da fama, provavelmente já teria caído no esquecimento.
Curiosidades: Contribuíram para a fama do filme as controvérsias surgidas durante a gravação, como acusações de que a produção teria modificado o cenário natural da praia para torná-la mais paradisíaca. Mais tarde ações judiciais foram movidas por ambientalistas que acreditavam que os danos ao ecossistema eram permanentes e que as tentativas de restauração falharam.
O grande aumento no tráfego de turistas para a praia de Ko Phi Phi também resultou em danos ambientais à baía e aos recifes de coral que são sentidos até os dias atuais.
Cabaret
4.2 253O filme pode ter seus méritos na parte técnica, justificando a maioria dos prêmios que ganhou, mas não levou o Oscar de melhor filme justamente pela mediocridade do conteúdo. Pra quem curte musical pode ser até que preste em algum aspecto mas para o restante do público servirá apenas como um bom sonífero.
Mesmo que tecnicamente a parte musical seja bem executada, a conexão entre eles com o restante do enredo é fraca e na maior parte das vezes pouco acrescenta de útil para a narrativa. Apesar do desempenho satisfatório da Liza Minnelli atuando dentro da sua zona de conforto, o excesso de números musicais também incomoda por quebrar o ritmo do filme de forma dispensável.
Existe um tipo esquisito de triângulo amoroso que fracassa completamente em estabelecer qualquer conexão emocional com quem assiste. Os personagens secundários também são descartáveis e pouco acrescentam. E pra piorar o contexto da segunda guerra, citando o domínio nazista na República de Weimar, pouco contribui por ser abordado de forma extremamente superficial dentro do roteiro.
Ao contrário do estilo alegre e otimista trazido pela maioria dos musicais, "Cabaret" é depressivo do início ao fim. A única alegria que esse filme é capaz de proporcionar é pela sensação de alívio quando os créditos começam a subir.
Duplex
3.2 806 Assista AgoraA premissa é simples mas deixa o espectador intrigado desde o início sobre como aquela loucura vai terminar.
Ben Stiller e Drew Barrymore sempre mandam bem juntos e formam uma dupla perfeita para esse tipo de comédia absurda. E todos que já tiveram algum vizinho perturbado ou tem que conviver com idosos cheio de manias vão se identificar ainda mais com as situações que o casal passa. A cena em que a velha fica contando moedas no caixa chega a ser desesperadora e capaz de despertar instintos assassinos na vida real...
O plot twist é inusitado e surpreendente mostrando que a velha tinha um esquema com o filho corretor e o policial para afugentar os compradores do imóvel e faturarem em cima das comissões de compra e venda da casa.
É uma pena que esse tipo de filme baseado em humor negro e situações politicamente incorretas estejam cada vez mais em extinção nos tempos atuais. Então sempre que nos deparamos com um filme desses bate uma nostalgia boa, daqueles tempos onde a principal função das comédias era apenas fazer rir sem preocupações com a moral da história ou passar mensagens no final.
O Plano Imperfeito
3.4 419 Assista AgoraComédia simpática que tenta fugir do convencional apresentando um estilo que em alguns momentos lembra até o famoso "O Diabo Veste Prada".
A história não é focada diretamente no romance dos protagonistas mas na construção de uma aliança entre eles para se livrarem dos chefes, com isso a relação vai se estreitando e pontos de afinidades surgem ao longo do caminho. A trama começa meio devagar mas na medida que o plano dos estagiários pra unir os chefes vai se desenrolando o filme ganha mais ritmo e melhora.
Esse estilo pode incomodar alguns que estejam mais acostumados com uma comédia romântica que vá mais direto ao ponto, mas é uma proposta interessante por fugir do padrão e fazer o público torcer para o casal de formas alternativas.
Assim as partes mais engraçadas ficam mais relacionadas aos momentos de bullying no ambiente de trabalho e nos perrengues que passam os protagonistas em busca da sonhada promoção. A parte romântica fica em segundo plano e no fim nem faz tanta falta...
Gente Grande 2
3.0 690 Assista AgoraSequência lamentável que nem de longe consegue se aproximar da essência do primeiro filme.
Colocar estudantes da fraternidade como antagonistas é muito menos interessante do que os antigos rivais de infância do filme anterior. A ausência de Rob Schneider (por não concordar com o cachê) também é sentida, já que ele tinha sido responsável por alguns dos melhores momentos no filme de 2010.
O único momento que se salva é a cena do pneu (que está no poster), que é tecnicamente muito bem realizada e com certo esforço consegue arrancar algumas risadas.
Mas ao contrário do bom primeiro filme, desta vez não há inspiração, as ideias são preguiçosas e as mensagens requentadas. Fica na cara que a única intenção de produzir essa sequência foi apenas tentar ganhar uns trocados a mais.
O Albergue 3
2.4 617 Assista AgoraTentando oferecer novidades, desta vez a produção troca as locações europeias por um cenário americano em Las Vegas, onde as caçadas e execuções são vinculadas a um sistema macabro de apostas ao vivo.
Já prevendo críticas sobre a falta de originalidade, a saída agora foi lançar várias pistas falsas desde o início do filme para tentar fugir ao máximo do previsível, principalmente na parte dos sequestros. Esse recurso até que funciona bem, deixando o espectador em alerta com relação às novas dinâmicas do jogo e sobre em quem se pode ou não confiar.
As mortes continuam criativas e sangrentas, mantendo o padrão visto anteriormente. Com a cena das baratas sendo a mais memorável e "indigesta" do filme. A fuga final com a explosão do prédio não é das melhores, mas pelo menos resulta num último plot twist decente, com o mesmo tipo de sarcasmo e humor negro visto nos filmes anteriores.
Mesmo com seus problemas e mostrando desgaste da fórmula é um filme que cumpre seu objetivo dando um encerramento digno para a franquia. E não vai decepcionar tanto quem curtiu os primeiros.