Muito além da brutalidade com a qual encenava o plano de derrocada dos cartéis de drogas entre a fronteira do México com os Estados Unidos, “Sicario: Terra de Ninguém” encontrou na protagonista de Emily Blunt os olhos da plateia e o centro moral de todos os dilemas. Era em Kate Macer, uma agente do FBI, que se concentrava a ponta final de um ciclo de desolação permanente.
Em “Sicario: Dia do Soldado”, não há mesmo razão para o retorno de Kate. A sua jornada se encerrou em “Terra de Ninguém”, sem perspectiva positiva de resolução. Mas talvez falte nesta continuação também escrita por Taylor Sheridan uma nova adição de personagem que se corrompa no processo.
Trata-se de um filme não apenas oportuno em um tempo em que os autos de resistência atingem números recordes, como também para contribuir aos debates sobre a violência policial com a falta de resolução quanto a execução em 14 de março deste ano de Marielle Franco.
Verdade que Allan Fiterman, com base no texto de Flávia Guimarães e José Carvalho, não é um Guilherme de Almeida Prado ao assumir as rédeas de um thriller, pois não há muitos personagens para se apontar os dedos em “Berenice Procura” e a vocação detetivesca da protagonista toma um tempo muito breve na narrativa. Incomoda também a inserção de Russo, personagem que Emilio Dantas vive com todos os trejeitos de seu Rubinho da novela “A Força do Querer”.
Por outro lado, é a evolução surpreendente de um cineasta cujo filme anterior foi a comédia “Embarque Imediato”, com domínio perceptível da mise-en-scène (há um jogo de luzes que reparte a tela como se fosse um split-screen) e o entendimento das consequências dos crimes passionais, principalmente no contexto do universo LGBT – diretor de “Tatuagem”, Hilton Lacerda supervisionou o roteiro. Está quase tudo no lugar em “Berenice Procura” e a sua conclusão, mesmo previsível para alguns, é particularmente impactante.
A péssima ideia envolvendo “Baronesa” é a opção por um cinema híbrido, em que a veracidade da vida se mistura com cenas ficcionais. É um vício que anda predominando mais do que deveria a cinematografia brasileira independente, que apresenta uma defesa de protagonismo de uma minoria invisível/marginalizada para ressaltar discursos.
É um trabalho de observação quase desonesto, pois a encenação parece existir porque não se consegue com a espera alguma ocorrência de risco, a exemplo de uma em que se brinca com uma arma.
“Vingança” não vai muito além da variação do conceito do clássico “Aniversário Macabro”, de Wes Craven. O que definitivamente não é um problema, especialmente pelo modo bem particular como Fargeat tem na construção da tensão, bem como a violência explícita que faz explodir o neon na tela.
Muito além de apresentar uma trajetória quase completa dessa figura irreverente, o documentário é certeiro ao abandonar a formalidade da coleta de depoimentos, em que os entrevistados sentam diante de uma câmera para falas benevolentes. Aqui, o clima é o mesmo de uma boa conversa de bar, com amigos, colegas de trabalho e familiares relembrando com afetuosidade e sem meias palavras de um homem que partiu cedo demais e que seria decisivo para o jornalismo hoje praticado.
Da promessa de dramalhão, “Réquiem Para Sra. J” vai assim fazendo jus a esse notável cinema sérvio que tão pouco temos acesso. Com première no Festival de Berlim em 2017 e candidato de seu país para tentar uma vaga como Melhor Filme Estrangeiro no último Oscar, esse belíssimo filme irradia uma dose de esperança que poucos são capazes de reproduzir (que final!) e obtém de Mirjana Karanovic uma das interpretações mais extraordinárias já vistas nos últimos tempos.
"Anna Karenina: A História de Vronsky" vai enveredando por raízes mais novelescas, fazendo com que Anna Karenina, uma vítima do conservadorismo da sociedade que habita, se revele uma de suas encarnações mais antipáticas que já se viu. Daí vem o peso de uma história que parece se alongar mais do que o necessário, nos fazendo ter o desejo secreto de que Anna encerre logo a sua existência.
Iván Granovsky não demonstra qualquer senso de sarcasmo. Enfurece a audiência porque não defende a figura de um sujeito oprimido pelo azar, pelas cobranças para ser alguém que não deseja ou até mesmo por executar tarefas em que não encontra um sentido, mas sim a de aborrecido e desinteressado em estabelecer algum vínculo com o espectador que o observa a esmo e que nada extrai dos contextos que transita.
No mundo virtual de “Selfie Para o Inferno”, os usuários acessam salas secretas usando fontes parecidas com a Comic Sans, o terror dos publicitários e que só comprova que a pesquisa de Ceylan foi feita nas coxas. Até a foto usada da atriz Meelah Adams é a mesma presente na sua ficha do IMDb. Já Alyson Walker é vista sempre impecavelmente vestida e maquiada, ainda que sua personagem passe a maior parte do tempo presa dentro de casa. São pequenos detalhes que já antecipam o que se pode esperar na hora em que “Selfie Para o Inferno” tenta risivelmente tacar o terror.
Aqui, o terror é mais frontal, pois investe menos nas "prendas" dos assassinos e mais nos ataques que executam. É também mais amplo o espaço, logo abandonando as dependências de um parque de trailers para explorar as ruas, o matagal e os comércios abandonados.
Por fim, adota uma prática comum dos cineastas em ascensão, nos confundindo com uma narrativa contemporânea dotada de elementos antiquados, do estilo de direção à trilha sonora composta por baladas como "Total Eclipse of the Heart", de Bonnie Tyler (tocada naquela que já é uma das melhores cenas do ano), e "Making Love Out Of Nothing At All", do Air Supply. Há até uma citação escancarada de Tobe Hooper, a mente por trás de "O Massacre da Serra Elétrica" falecido em agosto de 2017.
O diferencial é encontrado na contenção do sentimentalismo, buscando não intervir com a música e com as lágrimas de pais por vezes desolados as saídas para conscientizar sobre a necessidade do respeito a uma minoria que se percebe na vida de uma maneira diferente da nossa. E não há nada mais reconfortante do que testemunhar ao final os grandes progressos dessas pessoas ao serem abraçados como são.
Se é imperfeito, ao menos o rumo não sabota a chegada ao destino pretendido de desenvolver uma história sobre os sacrifícios indissociáveis do instinto de proteção de uma mulher que toma para si o papel de mãe. E não há maior exemplo de clareza dessa intenção do que a belíssima conclusão de um filme que dá as mãos a um folclore para elevá-lo a algo mais substancial.
A hipnose provocada pela boa exploração do ambiente e a sua potencialidade para obter uma iluminação particular logo se desfaz, graças a um roteiro que investe na aparição pontual de figuras que relembram ou profetizam acontecimentos que não costuram ao final uma boa resolução. Pouco ajuda a caracterização incompreensível de Tony, com um look à lá Nicolas Cage em “Coração Selvagem”, bem como a trilha instrumental absolutamente inadequada de Paulinho Supekovia. Uma decepção dupla para a conta de Paulo Nascimento, que agora prova não saber fazer suspense a um mês do lançamento do igualmente insípido “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”.
São belos números banhados com aquela luz neon típica, mas que nem sempre ganham correspondência com a história que está sendo contada, funcionando muitas vezes mais como um toque estilístico do que necessariamente complementar. O mais desapontador, no entanto, é forçar um caminho utópico, em que as diferenças se abraçam literalmente em um carrossel. A resolução mesmo só deve convencer os menos céticos dos espectadores.
Seria injusto não pontuar que ao menos há algo terno reservado para a meia hora final, ainda que o plot lésbico soe preconceituoso. Isso porque a história fermenta para os momentos derradeiros uma virada surpreendente, autorizando inclusive que Hassum flerte finalmente com o drama e apresentando um empenho satisfatório. Entretanto, tal mérito deve ser depositado mais na conta de Derbez e menos em um esforço quase inexistente de Moraes em agregar alguma novidade a uma história já adaptada pelos franceses, turcos e, logo mais, pelos americanos.
Com diálogos compostos mais por palavras chulas do que por alguma linha de raciocínio, “Motorrad” se arrasta por 92 minutos intermináveis amparados por uma estética que se pretende rebuscada, da concepção de personagens pensada pelo quadrinista Danilo Beyruth até a defesa de uma tonalidade particular de cores da fotografia de Gustavo Hadba que mais parece um filtro do Instagram. Um horror no pior sentido.
Ainda que o documentário seja válido principalmente como uma homenagem a esses artistas, há certa desordem no modo como a narrativa vai se construindo. Talvez seja as divergências inevitáveis em um projeto com tantos nomes assinando a sua condução, evidentes na mudança abrupta de temas debatidos ou mesmo em autorias visuais (há sequências completas de ensaios fotografadas sem foco). Admiradores ou não de Domingos Montagner devem se emocionar com o seu maravilhoso monólogo que fecha “Pagliacci”.
O resultado devasta porque Carpignano é sábio ao se apropriar das bagagens que Pio e aqueles ao seu redor carregam para inserir autenticidade na encenação, preparando cada figura humana diante de sua câmera ao invés de meramente explorá-las. É como se o choro do protagonista – o único momento em que se permite fragilizar pela dureza de sua vida – e o trajeto que segue ao constatar que já não é mais puro fossem processados em forma de uma pancada ainda mais dolorosa.
Correto, o documentário contribui para o debate especialmente por duas decisões. A primeira é a de pedir que Raquel, Teresa e Rosa registrem em seus celulares os instantes em que são abordadas por desconhecidos. A segunda é em reunir em uma roda homens que discutem sobre os seus comportamentos em cantadas, trazendo uma falta de compreensão tão grande quanto paquera e consentimento que apenas reafirmam a importância de campanhas como a Chega de Fiu Fiu.
Em todos esses filmes, o humor surge como uma consequência natural para a melancolia da vida, mais associada a pequenas tragédias do destino do que necessariamente uma compensação para uma vida melhor. E talvez por trabalhar tanto com essa característica dramática, Sang-soo parece finalmente encontrar uma sofisticação na escolha canhestra do plano contínuo e os zooms ao invés do tradicional plano e contraplano para registrar as interações humanas. Excelentes opções para dobradinha, mas é preferível deixar “A Câmera de Claire” como segunda sessão do dia por sua conclusão mais otimista para equilibrar o amargo final de “O Dia Depois”.
+ O Dia Depois & A Câmera de Claire: www.goo.gl/BV9KJo
Em todos esses filmes, o humor surge como uma consequência natural para a melancolia da vida, mais associada a pequenas tragédias do destino do que necessariamente uma compensação para uma vida melhor. E talvez por trabalhar tanto com essa característica dramática, Sang-soo parece finalmente encontrar uma sofisticação na escolha canhestra do plano contínuo e os zooms ao invés do tradicional plano e contraplano para registrar as interações humanas. Excelentes opções para dobradinha, mas é preferível deixar “A Câmera de Claire” como segunda sessão do dia por sua conclusão mais otimista para equilibrar o amargo final de “O Dia Depois”.
+ A Câmera de Claire & O Dia Depois: www.goo.gl/BV9KJo
É muito sábia a escalação de Sven Schelker (que participou da quinta temporada de “Homeland”) para viver o protagonista. Com 26 anos na época das filmagens, o ator tem uma feição de garoto em puberdade e vai assumindo uma transformação surpreendente ao longo do filme. Uma peça essencial para fazer funcionar um drama que às vezes derrapa na elaboração de conflitos nem sempre consistentes e que se esquece de emperrar alguns departamentos pessoais da vida de David, que prossegue usufruindo de um invejável status social mesmo penalizado profissionalmente.
A autenticidade de Annarita Zambrano, que escreve o seu roteiro em parceria com Delphine Agut, está em encenar as consequências de um passado bárbaro que parecia esquecido de um modo mais pessoal, no sentido de a sua trama ser ditada muito mais pelas tensões familiares do que as externas. Além disso, acertou na escalação do elenco, especialmente de Giuseppe Battiston, ator com um histórico cômico na cinematografia italiana exemplar em um papel denso.
Sicario: Dia do Soldado
3.5 234 Assista AgoraMuito além da brutalidade com a qual encenava o plano de derrocada dos cartéis de drogas entre a fronteira do México com os Estados Unidos, “Sicario: Terra de Ninguém” encontrou na protagonista de Emily Blunt os olhos da plateia e o centro moral de todos os dilemas. Era em Kate Macer, uma agente do FBI, que se concentrava a ponta final de um ciclo de desolação permanente.
Em “Sicario: Dia do Soldado”, não há mesmo razão para o retorno de Kate. A sua jornada se encerrou em “Terra de Ninguém”, sem perspectiva positiva de resolução. Mas talvez falte nesta continuação também escrita por Taylor Sheridan uma nova adição de personagem que se corrompa no processo.
+ www.goo.gl/SFMTjN
Auto de Resistência
4.5 26Trata-se de um filme não apenas oportuno em um tempo em que os autos de resistência atingem números recordes, como também para contribuir aos debates sobre a violência policial com a falta de resolução quanto a execução em 14 de março deste ano de Marielle Franco.
+ www.goo.gl/x6nPEy
Berenice Procura
3.2 43Verdade que Allan Fiterman, com base no texto de Flávia Guimarães e José Carvalho, não é um Guilherme de Almeida Prado ao assumir as rédeas de um thriller, pois não há muitos personagens para se apontar os dedos em “Berenice Procura” e a vocação detetivesca da protagonista toma um tempo muito breve na narrativa. Incomoda também a inserção de Russo, personagem que Emilio Dantas vive com todos os trejeitos de seu Rubinho da novela “A Força do Querer”.
Por outro lado, é a evolução surpreendente de um cineasta cujo filme anterior foi a comédia “Embarque Imediato”, com domínio perceptível da mise-en-scène (há um jogo de luzes que reparte a tela como se fosse um split-screen) e o entendimento das consequências dos crimes passionais, principalmente no contexto do universo LGBT – diretor de “Tatuagem”, Hilton Lacerda supervisionou o roteiro. Está quase tudo no lugar em “Berenice Procura” e a sua conclusão, mesmo previsível para alguns, é particularmente impactante.
+ www.goo.gl/ZzWupa
Baronesa
4.2 58 Assista AgoraA péssima ideia envolvendo “Baronesa” é a opção por um cinema híbrido, em que a veracidade da vida se mistura com cenas ficcionais. É um vício que anda predominando mais do que deveria a cinematografia brasileira independente, que apresenta uma defesa de protagonismo de uma minoria invisível/marginalizada para ressaltar discursos.
É um trabalho de observação quase desonesto, pois a encenação parece existir porque não se consegue com a espera alguma ocorrência de risco, a exemplo de uma em que se brinca com uma arma.
+ www.goo.gl/in6yEh
Vingança
3.2 582 Assista Agora“Vingança” não vai muito além da variação do conceito do clássico “Aniversário Macabro”, de Wes Craven. O que definitivamente não é um problema, especialmente pelo modo bem particular como Fargeat tem na construção da tensão, bem como a violência explícita que faz explodir o neon na tela.
+ www.goo.gl/R9Qqb9
A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro
3.8 7Muito além de apresentar uma trajetória quase completa dessa figura irreverente, o documentário é certeiro ao abandonar a formalidade da coleta de depoimentos, em que os entrevistados sentam diante de uma câmera para falas benevolentes. Aqui, o clima é o mesmo de uma boa conversa de bar, com amigos, colegas de trabalho e familiares relembrando com afetuosidade e sem meias palavras de um homem que partiu cedo demais e que seria decisivo para o jornalismo hoje praticado.
+ www.goo.gl/9Zj5AK
Réquiem para Sra. J
3.7 9 Assista AgoraDa promessa de dramalhão, “Réquiem Para Sra. J” vai assim fazendo jus a esse notável cinema sérvio que tão pouco temos acesso. Com première no Festival de Berlim em 2017 e candidato de seu país para tentar uma vaga como Melhor Filme Estrangeiro no último Oscar, esse belíssimo filme irradia uma dose de esperança que poucos são capazes de reproduzir (que final!) e obtém de Mirjana Karanovic uma das interpretações mais extraordinárias já vistas nos últimos tempos.
+ www.goo.gl/Nst32Y
Anna Karenina - A História de Vronsky
3.1 16"Anna Karenina: A História de Vronsky" vai enveredando por raízes mais novelescas, fazendo com que Anna Karenina, uma vítima do conservadorismo da sociedade que habita, se revele uma de suas encarnações mais antipáticas que já se viu. Daí vem o peso de uma história que parece se alongar mais do que o necessário, nos fazendo ter o desejo secreto de que Anna encerre logo a sua existência.
+ www.goo.gl/iH1siH
Los Territorios
2.4 5Iván Granovsky não demonstra qualquer senso de sarcasmo. Enfurece a audiência porque não defende a figura de um sujeito oprimido pelo azar, pelas cobranças para ser alguém que não deseja ou até mesmo por executar tarefas em que não encontra um sentido, mas sim a de aborrecido e desinteressado em estabelecer algum vínculo com o espectador que o observa a esmo e que nada extrai dos contextos que transita.
+ www.goo.gl/dfjoSU
Selfie Para o Inferno
1.3 53No mundo virtual de “Selfie Para o Inferno”, os usuários acessam salas secretas usando fontes parecidas com a Comic Sans, o terror dos publicitários e que só comprova que a pesquisa de Ceylan foi feita nas coxas. Até a foto usada da atriz Meelah Adams é a mesma presente na sua ficha do IMDb. Já Alyson Walker é vista sempre impecavelmente vestida e maquiada, ainda que sua personagem passe a maior parte do tempo presa dentro de casa. São pequenos detalhes que já antecipam o que se pode esperar na hora em que “Selfie Para o Inferno” tenta risivelmente tacar o terror.
+ www.goo.gl/t8DqZn
Os Estranhos: Caçada Noturna
2.6 528 Assista AgoraAqui, o terror é mais frontal, pois investe menos nas "prendas" dos assassinos e mais nos ataques que executam. É também mais amplo o espaço, logo abandonando as dependências de um parque de trailers para explorar as ruas, o matagal e os comércios abandonados.
Por fim, adota uma prática comum dos cineastas em ascensão, nos confundindo com uma narrativa contemporânea dotada de elementos antiquados, do estilo de direção à trilha sonora composta por baladas como "Total Eclipse of the Heart", de Bonnie Tyler (tocada naquela que já é uma das melhores cenas do ano), e "Making Love Out Of Nothing At All", do Air Supply. Há até uma citação escancarada de Tobe Hooper, a mente por trás de "O Massacre da Serra Elétrica" falecido em agosto de 2017.
+ www.goo.gl/6qF4sy
Em um Mundo Interior
3.9 4O diferencial é encontrado na contenção do sentimentalismo, buscando não intervir com a música e com as lágrimas de pais por vezes desolados as saídas para conscientizar sobre a necessidade do respeito a uma minoria que se percebe na vida de uma maneira diferente da nossa. E não há nada mais reconfortante do que testemunhar ao final os grandes progressos dessas pessoas ao serem abraçados como são.
+ www.goo.gl/zu4Yfh
As Boas Maneiras
3.5 648 Assista AgoraSe é imperfeito, ao menos o rumo não sabota a chegada ao destino pretendido de desenvolver uma história sobre os sacrifícios indissociáveis do instinto de proteção de uma mulher que toma para si o papel de mãe. E não há maior exemplo de clareza dessa intenção do que a belíssima conclusão de um filme que dá as mãos a um folclore para elevá-lo a algo mais substancial.
+ www.goo.gl/C6mC3a
A Superfície da Sombra
1.9 2 Assista AgoraA hipnose provocada pela boa exploração do ambiente e a sua potencialidade para obter uma iluminação particular logo se desfaz, graças a um roteiro que investe na aparição pontual de figuras que relembram ou profetizam acontecimentos que não costuram ao final uma boa resolução. Pouco ajuda a caracterização incompreensível de Tony, com um look à lá Nicolas Cage em “Coração Selvagem”, bem como a trilha instrumental absolutamente inadequada de Paulinho Supekovia. Uma decepção dupla para a conta de Paulo Nascimento, que agora prova não saber fazer suspense a um mês do lançamento do igualmente insípido “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”.
+ www.goo.gl/PnkToK
Paraíso Perdido
3.8 266São belos números banhados com aquela luz neon típica, mas que nem sempre ganham correspondência com a história que está sendo contada, funcionando muitas vezes mais como um toque estilístico do que necessariamente complementar. O mais desapontador, no entanto, é forçar um caminho utópico, em que as diferenças se abraçam literalmente em um carrossel. A resolução mesmo só deve convencer os menos céticos dos espectadores.
+ www.goo.gl/QP6gW5
Não Se Aceitam Devoluções
2.6 54Seria injusto não pontuar que ao menos há algo terno reservado para a meia hora final, ainda que o plot lésbico soe preconceituoso. Isso porque a história fermenta para os momentos derradeiros uma virada surpreendente, autorizando inclusive que Hassum flerte finalmente com o drama e apresentando um empenho satisfatório. Entretanto, tal mérito deve ser depositado mais na conta de Derbez e menos em um esforço quase inexistente de Moraes em agregar alguma novidade a uma história já adaptada pelos franceses, turcos e, logo mais, pelos americanos.
+ www.goo.gl/rzkVMj
Motorrad: A Trilha da Morte
2.2 77 Assista AgoraCom diálogos compostos mais por palavras chulas do que por alguma linha de raciocínio, “Motorrad” se arrasta por 92 minutos intermináveis amparados por uma estética que se pretende rebuscada, da concepção de personagens pensada pelo quadrinista Danilo Beyruth até a defesa de uma tonalidade particular de cores da fotografia de Gustavo Hadba que mais parece um filtro do Instagram. Um horror no pior sentido.
+ www.goo.gl/gx6iFi
Pagliacci
3.2 3Ainda que o documentário seja válido principalmente como uma homenagem a esses artistas, há certa desordem no modo como a narrativa vai se construindo. Talvez seja as divergências inevitáveis em um projeto com tantos nomes assinando a sua condução, evidentes na mudança abrupta de temas debatidos ou mesmo em autorias visuais (há sequências completas de ensaios fotografadas sem foco). Admiradores ou não de Domingos Montagner devem se emocionar com o seu maravilhoso monólogo que fecha “Pagliacci”.
+ www.goo.gl/U5acYW
Ciganos da Ciambra
3.8 21 Assista AgoraO resultado devasta porque Carpignano é sábio ao se apropriar das bagagens que Pio e aqueles ao seu redor carregam para inserir autenticidade na encenação, preparando cada figura humana diante de sua câmera ao invés de meramente explorá-las. É como se o choro do protagonista – o único momento em que se permite fragilizar pela dureza de sua vida – e o trajeto que segue ao constatar que já não é mais puro fossem processados em forma de uma pancada ainda mais dolorosa.
+ www.goo.gl/Uso19P
Chega de Fiu Fiu
4.3 16Correto, o documentário contribui para o debate especialmente por duas decisões. A primeira é a de pedir que Raquel, Teresa e Rosa registrem em seus celulares os instantes em que são abordadas por desconhecidos. A segunda é em reunir em uma roda homens que discutem sobre os seus comportamentos em cantadas, trazendo uma falta de compreensão tão grande quanto paquera e consentimento que apenas reafirmam a importância de campanhas como a Chega de Fiu Fiu.
+ www.goo.gl/cHHVeq
O Dia Depois
3.5 40 Assista AgoraEm todos esses filmes, o humor surge como uma consequência natural para a melancolia da vida, mais associada a pequenas tragédias do destino do que necessariamente uma compensação para uma vida melhor. E talvez por trabalhar tanto com essa característica dramática, Sang-soo parece finalmente encontrar uma sofisticação na escolha canhestra do plano contínuo e os zooms ao invés do tradicional plano e contraplano para registrar as interações humanas. Excelentes opções para dobradinha, mas é preferível deixar “A Câmera de Claire” como segunda sessão do dia por sua conclusão mais otimista para equilibrar o amargo final de “O Dia Depois”.
+ O Dia Depois & A Câmera de Claire: www.goo.gl/BV9KJo
A Câmera de Claire
3.4 73 Assista AgoraEm todos esses filmes, o humor surge como uma consequência natural para a melancolia da vida, mais associada a pequenas tragédias do destino do que necessariamente uma compensação para uma vida melhor. E talvez por trabalhar tanto com essa característica dramática, Sang-soo parece finalmente encontrar uma sofisticação na escolha canhestra do plano contínuo e os zooms ao invés do tradicional plano e contraplano para registrar as interações humanas. Excelentes opções para dobradinha, mas é preferível deixar “A Câmera de Claire” como segunda sessão do dia por sua conclusão mais otimista para equilibrar o amargo final de “O Dia Depois”.
+ A Câmera de Claire & O Dia Depois: www.goo.gl/BV9KJo
Golias
3.6 2É muito sábia a escalação de Sven Schelker (que participou da quinta temporada de “Homeland”) para viver o protagonista. Com 26 anos na época das filmagens, o ator tem uma feição de garoto em puberdade e vai assumindo uma transformação surpreendente ao longo do filme. Uma peça essencial para fazer funcionar um drama que às vezes derrapa na elaboração de conflitos nem sempre consistentes e que se esquece de emperrar alguns departamentos pessoais da vida de David, que prossegue usufruindo de um invejável status social mesmo penalizado profissionalmente.
+ www.goo.gl/aUwc6K
Depois da Guerra
3.2 3A autenticidade de Annarita Zambrano, que escreve o seu roteiro em parceria com Delphine Agut, está em encenar as consequências de um passado bárbaro que parecia esquecido de um modo mais pessoal, no sentido de a sua trama ser ditada muito mais pelas tensões familiares do que as externas. Além disso, acertou na escalação do elenco, especialmente de Giuseppe Battiston, ator com um histórico cômico na cinematografia italiana exemplar em um papel denso.
+ www.goo.gl/DFymCJ