É um filme sobre homens que querem ser maiores que a história, homens que fizeram parte da história e histórias maiores que os homens. Há um subtexto que discute a questão do ego, fama e prepotência, que se revela através do cinismo de alguns personagens. O tom assumido pelo filme é coerente ao que se propõe e só poderia ser pensado por um diretor que se leva tão a sério quanto Nolan. No mais, excelente fotografia e atuações, com exceção das cenas da personagem de Florence Pugh que são um show de sexismo e mau gosto a parte. Ao final, o filme supreende por ser algum tipo de metalinguagem: diante de toda a comoção de sua estreia, de todo o movimento rivalizando com filme da Barbie e do que o filme se propõe a ser, a única conclusão possível é parafrasear um trecho do próprio filme: talvez devêssemos falar sobre coisas mais importantes.
Ao se utilizar o título "Blonde", o espectador já está sendo avisado: não é uma cinebiografia de Marilyn Monroe ou de Norma Jeane Mortenson. É sobre o que o arquétipo da loira fatal, criada brilhantemente pela atriz Norma Jeane Mortenson e eternizado na persona de Marilyn Monroe representa e pode provocar, em uma sociedade que insiste em enxergar a mulher jovem como objeto de desejo e tão somente isso. O filme é fortemente carregado de simbolismo e impressionismo, que permite ao espectador identificar como a protagonista se sente em cada etapa e em cada momento de sua vida. Os abortos realizados denunciam a realidade da mulher que deve escolher entre ser mãe ou ser uma estrela de cinema, pois a sociedade não tolera que seja ambas as coisas: a mãe deve ser recatada e do lar, enquanto a estrela deve ser ousada e sedutora. A protagonista então sofre com a mutilação forçada de sua persona, que deve ser apenas uma única coisa: objeto de desejo. Seguindo pela lógica do simbolismo, as cenas em que a protagonista aparecem despida alerta ao expectador: esta é Norma Dean, não Marilyn, como se, despida de vestimenta, ela também se despisse do personagem Marilyn, ainda que implorasse para que essa surgisse, como na cena do camarim. A cena em que se encontra lendo no quarto evidencia: sem a personagem, essa mulher é culta, inteligente e reflexiva. Mas a sociedade não permite que seja assim, o que fica claro quando seu sossego é interrompido pela agressão do marido que responde com violência ao fato de sua esposa ser talentosa, desejada e ter uma carreira. O filme caminha sempre no sentido de deixar claro os abusos naturalizados por uma sociedade que se negava a humanizar uma mulher talentosa e bonita, tornando-a monotemática; a mulher bela cabe tão somente o papel de ser sedutora, uma violência contra sua essência que cobra um preço: a saúde mental deteriorada é revelada em alucinações e comportamentos que denunciam a sua vulnerabilidade. Já caminhando para o fim de sua vida, o filme se propõe a revelar a morte e a morte de Norma Jeane Mortenson: após o clima tenso na qual a protagonista encara homens misteriosos que atentam contra sua vida, a personagem acordo na exata posição da foto que estampava a notícia da morte de Marilyn Monroe na vida real, sugerindo a morte da personagem que a atriz criou. Após acordar a atriz revela ter tido um sonho estranho: esta é Norma Jeane Mortenson e, dessa forma, o filme se encerra com os laços de afeto que Norma Jeane possuia com os amigos e o enigma do pai desconhecido, que o final deixa claro: não havia um "choroso pai" que escrevia as cartas, demonstrando que na vida da protagonista tudo era dolorosamente inventado, assim como a personagem que lhe rendeu sucesso é fama. É um filme doloroso, com uma protagonista brilhantemente defendida por Ana de Armas que revela angustia do machismo e provoca reflexões.
(Ps: o comentário é uma livre interpretação da usuária do perfil, se analisarmos os estudos sobre ciclo arturiano e literatura medieval, as análises dão conta de interpretações distintas) Inicialmente o filme parece mais um conto épico, uma história de origem do homem que, em sua jornada se torna cavaleiro. Depois, a trama parece propor a subversão de tropos já conhecidos das histórias arturianas na medida em que apresenta momentos e situações na qual o protagonista não apenas nega ser um cavaleiro como não age como tal. Em determinado momento da trama, a substituição do cavalo por uma raposa, sugere a ideia de que a honra buscada, parece o tempo todo tentada por uma esperteza que hora protege, hora encoraja ao caminho mais fácil. Em uma linguagem cheia de simbologia que ganha força com uma fotografia estonteante, que ajuda a ambientar o clima do filme a um tempo no qual o próprio tempo parece passar diferente, o filme propõe uma experiência sensorial e única, enquanto faz com que o próprio telespectador, junto ao protagonista se veja em uma reflexão sobre valores que persistem e que perecem no imaginário cultural. É um filme reflexivo, que permite uma série de interpretações e, quando parece ter chegado ao seu fim, em uma digressão mundana do protagonista, é possível notar que é nesse momento que surge um cavaleiro e o filme se revela em seu aspecto essencial: uma fábula. A sequente subversão de expectativa parece guiada por uma ideia que aproxima o cavaleiro a um arquétipo purista.. deveria então o cavaleiro ser como um monge? E quantos não foram e viveram para contar a história? As reflexões chegam ao ponto da própria metalinguagem em diálogos que tentam definir o verde e a busca de um jovem que nem mesmo parece saber o que procura. Questiona os reis e a grandeza fabricada ao mesmo tempo que revela que as maiores virtudes parecem se dar de forma intimista e silenciosa. É um filme rico em significado, com boas atuações, belíssima fotografia e muito interessante para discutir o imaginário das histórias épicas como conhecemos.
Um filme criativo, atento e capaz de retratar questões filosóficas da condição humana no contexto da sociedade atual em que somos atingidos pelo excesso de informações sobre "tudo em todo lugar, ao mesmo tempo". A condução criativa da trama, com inspirações lindíssimas do cinema oriental e asiático, prende a atenção do expectador que, ainda assim, é surpreendido pelas reviravoltas que o filme dá. O começo da trama, que parece revelar um filme sagaz de ficção científica, subverte a expectativa e entrega uma bela alegoria sobre o ser humano e a (pós) modernidade. Em tempos em que tudo acontece ao mesmo tempo, o que faz sentido são as conexões genuínas. Só o que salva o ser humano do desespero do excesso de vivências e opções são as histórias que escolhemos contar e os afetos que escolhemos sentir e isso só é possível olhando uns para os outros com gentileza. A trama, que parece caótica em um primeiro momento, organiza situações e esclarece as dúvidas de uma maneira surpreendente. Diante do caos, a única forma de lutar contra a angústia é reconhecer o valor das relações interpessoais e escolher viver o presente. O afeto é o que permite estar em um único lugar aproveitando um único momento.
A fidelidade com que se reproduz a estética dos quadrinhos junto com a trilha sonora faz com que esse seja um filme de animação com um tom único e inédito. O carisma dos personagens e o roteiro garantem o resto. Filme incrível, bem resolvido e a altura das histórias e do arco narrativo do cabeça de teia !
Um filme urgente para se pensar os paradigmas da atualidade. É perturbador, uma vez que utiliza alegorias com interpretações viscerais, escolhas de câmera que trazem o espectador para dentro de uma experiencia sensorial e impressionista junto com a protagonista. Porém, constrói, assim,de forma até didática, questionamentos de muitos dogmas e valores estabelecidos hoje em dia. Pode ser interpretado do ponto de vista religiosa, político, ético, moral, mas, sem dúvida, é um filme necessário para os dias de hoje.
Um filme apolínio sobre a temática dionisíaca, barroco sobre o ponto de vista moderno e, acima de tudo, um elogio a arte, a vida e a poesia.Que traz toda a beleza e sensibilidade do cinema italiano. Leve, tocante e, Inspirador acima de tudo.
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Oppenheimer
4.0 1,1KÉ um filme sobre homens que querem ser maiores que a história, homens que fizeram parte da história e histórias maiores que os homens. Há um subtexto que discute a questão do ego, fama e prepotência, que se revela através do cinismo de alguns personagens. O tom assumido pelo filme é coerente ao que se propõe e só poderia ser pensado por um diretor que se leva tão a sério quanto Nolan. No mais, excelente fotografia e atuações, com exceção das cenas da personagem de Florence Pugh que são um show de sexismo e mau gosto a parte. Ao final, o filme supreende por ser algum tipo de metalinguagem: diante de toda a comoção de sua estreia, de todo o movimento rivalizando com filme da Barbie e do que o filme se propõe a ser, a única conclusão possível é parafrasear um trecho do próprio filme: talvez devêssemos falar sobre coisas mais importantes.
Blonde
2.6 443 Assista AgoraAo se utilizar o título "Blonde", o espectador já está sendo avisado: não é uma cinebiografia de Marilyn Monroe ou de Norma Jeane Mortenson. É sobre o que o arquétipo da loira fatal, criada brilhantemente pela atriz Norma Jeane Mortenson e eternizado na persona de Marilyn Monroe representa e pode provocar, em uma sociedade que insiste em enxergar a mulher jovem como objeto de desejo e tão somente isso. O filme é fortemente carregado de simbolismo e impressionismo, que permite ao espectador identificar como a protagonista se sente em cada etapa e em cada momento de sua vida. Os abortos realizados denunciam a realidade da mulher que deve escolher entre ser mãe ou ser uma estrela de cinema, pois a sociedade não tolera que seja ambas as coisas: a mãe deve ser recatada e do lar, enquanto a estrela deve ser ousada e sedutora. A protagonista então sofre com a mutilação forçada de sua persona, que deve ser apenas uma única coisa: objeto de desejo. Seguindo pela lógica do simbolismo, as cenas em que a protagonista aparecem despida alerta ao expectador: esta é Norma Dean, não Marilyn, como se, despida de vestimenta, ela também se despisse do personagem Marilyn, ainda que implorasse para que essa surgisse, como na cena do camarim. A cena em que se encontra lendo no quarto evidencia: sem a personagem, essa mulher é culta, inteligente e reflexiva. Mas a sociedade não permite que seja assim, o que fica claro quando seu sossego é interrompido pela agressão do marido que responde com violência ao fato de sua esposa ser talentosa, desejada e ter uma carreira. O filme caminha sempre no sentido de deixar claro os abusos naturalizados por uma sociedade que se negava a humanizar uma mulher talentosa e bonita, tornando-a monotemática; a mulher bela cabe tão somente o papel de ser sedutora, uma violência contra sua essência que cobra um preço: a saúde mental deteriorada é revelada em alucinações e comportamentos que denunciam a sua vulnerabilidade. Já caminhando para o fim de sua vida, o filme se propõe a revelar a morte e a morte de Norma Jeane Mortenson: após o clima tenso na qual a protagonista encara homens misteriosos que atentam contra sua vida, a personagem acordo na exata posição da foto que estampava a notícia da morte de Marilyn Monroe na vida real, sugerindo a morte da personagem que a atriz criou. Após acordar a atriz revela ter tido um sonho estranho: esta é Norma Jeane Mortenson e, dessa forma, o filme se encerra com os laços de afeto que Norma Jeane possuia com os amigos e o enigma do pai desconhecido, que o final deixa claro: não havia um "choroso pai" que escrevia as cartas, demonstrando que na vida da protagonista tudo era dolorosamente inventado, assim como a personagem que lhe rendeu sucesso é fama. É um filme doloroso, com uma protagonista brilhantemente defendida por Ana de Armas que revela angustia do machismo e provoca reflexões.
A Lenda do Cavaleiro Verde
3.6 475 Assista Agora(Ps: o comentário é uma livre interpretação da usuária do perfil, se analisarmos os estudos sobre ciclo arturiano e literatura medieval, as análises dão conta de interpretações distintas) Inicialmente o filme parece mais um conto épico, uma história de origem do homem que, em sua jornada se torna cavaleiro. Depois, a trama parece propor a subversão de tropos já conhecidos das histórias arturianas na medida em que apresenta momentos e situações na qual o protagonista não apenas nega ser um cavaleiro como não age como tal. Em determinado momento da trama, a substituição do cavalo por uma raposa, sugere a ideia de que a honra buscada, parece o tempo todo tentada por uma esperteza que hora protege, hora encoraja ao caminho mais fácil. Em uma linguagem cheia de simbologia que ganha força com uma fotografia estonteante, que ajuda a ambientar o clima do filme a um tempo no qual o próprio tempo parece passar diferente, o filme propõe uma experiência sensorial e única, enquanto faz com que o próprio telespectador, junto ao protagonista se veja em uma reflexão sobre valores que persistem e que perecem no imaginário cultural. É um filme reflexivo, que permite uma série de interpretações e, quando parece ter chegado ao seu fim, em uma digressão mundana do protagonista, é possível notar que é nesse momento que surge um cavaleiro e o filme se revela em seu aspecto essencial: uma fábula. A sequente subversão de expectativa parece guiada por uma ideia que aproxima o cavaleiro a um arquétipo purista.. deveria então o cavaleiro ser como um monge? E quantos não foram e viveram para contar a história? As reflexões chegam ao ponto da própria metalinguagem em diálogos que tentam definir o verde e a busca de um jovem que nem mesmo parece saber o que procura. Questiona os reis e a grandeza fabricada ao mesmo tempo que revela que as maiores virtudes parecem se dar de forma intimista e silenciosa. É um filme rico em significado, com boas atuações, belíssima fotografia e muito interessante para discutir o imaginário das histórias épicas como conhecemos.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraUm filme criativo, atento e capaz de retratar questões filosóficas da condição humana no contexto da sociedade atual em que somos atingidos pelo excesso de informações sobre "tudo em todo lugar, ao mesmo tempo". A condução criativa da trama, com inspirações lindíssimas do cinema oriental e asiático, prende a atenção do expectador que, ainda assim, é surpreendido pelas reviravoltas que o filme dá. O começo da trama, que parece revelar um filme sagaz de ficção científica, subverte a expectativa e entrega uma bela alegoria sobre o ser humano e a (pós) modernidade. Em tempos em que tudo acontece ao mesmo tempo, o que faz sentido são as conexões genuínas. Só o que salva o ser humano do desespero do excesso de vivências e opções são as histórias que escolhemos contar e os afetos que escolhemos sentir e isso só é possível olhando uns para os outros com gentileza. A trama, que parece caótica em um primeiro momento, organiza situações e esclarece as dúvidas de uma maneira surpreendente. Diante do caos, a única forma de lutar contra a angústia é reconhecer o valor das relações interpessoais e escolher viver o presente. O afeto é o que permite estar em um único lugar aproveitando um único momento.
Homem-Aranha: No Aranhaverso
4.4 1,5K Assista AgoraA fidelidade com que se reproduz a estética dos quadrinhos junto com a trilha sonora faz com que esse seja um filme de animação com um tom único e inédito. O carisma dos personagens e o roteiro garantem o resto. Filme incrível, bem resolvido e a altura das histórias e do arco narrativo do cabeça de teia !
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraUm filme urgente para se pensar os paradigmas da atualidade. É perturbador, uma vez que utiliza alegorias com interpretações viscerais, escolhas de câmera que trazem o espectador para dentro de uma experiencia sensorial e impressionista junto com a protagonista. Porém, constrói, assim,de forma até didática, questionamentos de muitos dogmas e valores estabelecidos hoje em dia. Pode ser interpretado do ponto de vista religiosa, político, ético, moral, mas, sem dúvida, é um filme necessário para os dias de hoje.
Flores Raras
3.8 567 Assista AgoraPoesia em forma de película. Carregado de doçura tamanha delicadeza.
Belas atuações e uma trilha sonora excelente.
A Grande Beleza
3.9 463 Assista AgoraUm filme apolínio sobre a temática dionisíaca, barroco sobre o ponto de vista moderno e, acima de tudo, um elogio a arte, a vida e a poesia.Que traz toda a beleza e sensibilidade do cinema italiano. Leve, tocante e, Inspirador acima de tudo.