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24 years Santa Maria - (BRA)
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Últimas opiniões enviadas

  • Anderson Lima

    Anatomia de uma Queda é, superficialmente, um filme de investigação criminal. Nele, Samuel cai do terceiro andar de seu chalé nos Alpes franceses e recai sobre sua esposa, Sandra, a suspeita de assassinato. Foi um suicídio, um homicídio, um acidente? Para a diretora Justine Triet pouco importa. Aqui ela pretende discutir a busca pela verdade e o que é a verdade.
    Qual o conceito de verdade? É só uma versão melhor contada? Verdade é aquilo que vemos, aquilo que ouvimos ou aquilo que vemos e ouvimos? Uma mentira crível se torna verdade?
    Em virtude de os primeiros laudos apontarem à possibilidade de um golpe na cabeça antecedendo a queda, Sandra é vista como homicida e a partir de então a direção de Justine Triet e a excelente edição de Laurent Sénéchal busca elucidar a relatividade das imagens e a fragilidade da verdade. A edição muda de uma perspectiva para outra com precisão e disposição, mas pouco serve para “atestar” uma teoria e “buscar a verdade” e sim para confundir o espectador naquilo que é apenas um “jogo de narrativas”. Quando os planos se alongam, quando os flashbacks se alongam são apenas para que uma imagem, que uma ideia se fixe ao espectador. A edição trabalha para minar nossas certezas sobre a veracidade das imagens que vemos ou esconde elementos cruciais para a compreensão do todo.
    As imagens têm um poder enorme. No cinema, o uso de flashbacks tende a ser encarado como verdade, pois é uma reprodução do passado por meio daquilo que se testemunhou visualmente, mas essas reproduções podem ser falsas, representações de mentiras contadas de uma pessoa para outra. E essa dúvida se mantém fixa até o fim do filme, mesmo que a diretora tenha optado por nos entregar um veredito (o que, na minha opinião, foi um equívoco).
    O momento mais emblemático do filme se dá quando ouvimos um áudio gravado por Samuel de uma briga entre o casal no dia anterior ao acidente. É apenas um áudio, mas Triet opta por nos ilustrar o que se ouve por um flashback, porém, em um determinado momento, quando a discussão se acalora e há sons que remetem a um embate físico, a diretora nos priva da visão, nos priva da “verdade” e nos questiona novamente sobre o que é a verdade. É aquilo que ouvimos e interpretamos ou é aquela ilustração que nos foi mostrada inicialmente? Se terminássemos o flashback vendo que Samuel foi agressivo, acreditaríamos na inocência de Sandra ou se apenas ouvíssemos ela dizendo no áudio que era agressiva acreditaríamos que ela é culpada?
    Ficamos então entre duas versões: a versão do acusado e a versão da acusação. Todo ponto de vista é apenas a visão de um ponto. Em um determinado momento do filme, o filho do casal, Daniel, questiona se é preciso “fingir ter certeza” e lhe é respondido que não, deve-se apenas “escolher”, isto é, deve-se escolher em qual verdade acreditar. E ele assim o faz, porém, o seu depoimento é verdade ou apenas uma escolha da verdade?
    O fato curioso durante seu depoimento é que nos é mostrado mais um flashback, mas dessa vez não baseada em um registro factual dos acontecimentos como no caso do áudio, mas com base em um relato de Daniel, porém, diferentemente do anterior, nesse não ouvimos a voz de Samuel, mas sim a de Daniel contando a história que comprovaria a tendência suicida do pai. Esse detalhe põe mais uma dúvida sobre a narrativa: o menino “escolheu” acreditar na mãe e teria mentido para inocentá-la?
    Em Anatomia de uma Queda, Justine Triet não nos oferece fundamentos para a respostas que nos dá. O filme inteiro nos opõe versões, oferece perspectivas distintas ou nos dá apenas recortes da realidade (ou de impressões). Dito isso, mesmo com um final fechado, carrega-se de incertezas, não permitindo que o espectador conheça a “verdade” dos personagens.

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  • Anderson Lima

    O último duelo trata-se do último duelo mortal ocorrido na França oficialmente. Tal duelo ocorre com a justificativa de "deixar na mão de Deus" quem está mentindo.
    O filme é dividido em 3 partes ou capítulos, os quais apresentam 3 versões de uma história: a versão do estuprador (Jacques LeGris), a versão do marido da vítima (Jean de Carrouges) e a versão da vítima (Marguerite de Carrouges). A ideia de mostrar 3 versões é muito interessante e engrandece a versão real. Contudo, muitas cenas das versões são completamente desnecessárias, uma vez que apenas repetem a mesma cena, os mesmos diálogos ditos da mesma forma. O contraste entre as versões é muito interessante pois mostra a qualidade do roteiro onde em algumas cenas consegue utilizar os mesmos diálogos, mas com entonações diferentes, gerando uma interpretação completamente diferente do ocorrido.
    A duas primeiras versões poucam acrescentam à história, servindo apenas para apresentar características dos personagens e motivações, logo ambas as versões poderiam ser condensadas em uma única.
    Já a versão de Marguerite é excelente e somente a parte já é suficiente para manter o filme. Na versão discute -se principalmente o papel da mulher e do homem na sociedade da época. Com diálogos simples, mas muito bem aplicados, a verdade da vítima Magritte é posta em dúvida até mesmo pelo seu próprio marido. Ainda, seu marido ao saber do ocorrido preocupa-se apenas com sua "honra", como se ele fosse a vítima.
    Enfim, o filme é longo desnecessariamente, mas que ao chegar na versão real o filme cresce exponencialmente.

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  • Anderson Lima

    Não basta falar apenas sobre “Sem Tempo para Morrer”, mas também sobre o legado da saga de filmes interpretados por Daniel Craig. Em “Cassino Royale”, primeiro filme da saga, vemos uma ruptura com o que era o James Bond das sagas anteriores, apresentando o que seria essa nova saga: Uma saga mais realista, humana, concisa e sentimental, com pitadas de tradicionalismo. Até então James Bond era um agente secreto imbatível, que sequer tomava tiros ou sofria lesões graves, além de suas missões sempre estarem relacionadas à conjuntura da época, a Guerra Fria entre Capitalismo e Socialismo. Com Daniel Craig não veio um James Bond apenas com cenas de ação mais realistas, mas também uma reformulação profunda do íntimo do personagem. Agora James Bond era tratado como um humano, que erra, se machuca, se decepciona, que desiste. Agora os filmes de 007 tinham ligação, não eram apenas filmes episódicos. Havia uma linha que conectava todos, personagens e organizações que retornavam, traumas que o personagem carregava até os próximos filmes.

    Em “Sem Tempo para Morrer” não seria diferente. É o filme mais sentimental e dramático de toda a franquia, e o filme aposta nisso, não só pelo fato de ser a despedida de Daniel Craig no papel clássico, mas também pelo encerramento do arco criado em “Cassino Royale”. Frequentemente, os filmes de 007 iniciam com uma cena de ação de James Bond nos preparando para a música original, feita para o filme. Aqui, James Bond está aposentado, devido aos acontecimentos do seu filme anterior “Spectre”, então o filme começa com James curtindo a vida de aposentado com sua amada Madeleine, quebrando mais um paradigma da franquia. O 007 de Daniel Craig sempre carregou um trauma que foi a morte de Vesper Lynd (Eva Green) em “Cassino Royale” porque foi a primeira vez que ele se apaixonou, se abriu pra alguém, mas esse alguém o traiu. No entanto, em “Sem Tempo para Morrer” ele novamente se apaixona, se abre para alguém, mas novamente esse alguém o trai. Então, o filme se fixa no ressentimento de James para construir sua motivação. A canção original de Billie Eilish e a trilha sonora de Hans Zimmer contribuem muito para o tom do filme e para o engajamento do expectador. O filme valeu a pena esperar, tem belos visuais, ação excelente e o filme mais emocionante de Bond de todos os tempos. Em alguns momentos é desnecessariamente complexo, o que faz parecer o filme longo, mas o tempo extra e a história dão ao seu ato final a gravidade necessária para separá-lo do resto e consolidar o legado de Daniel Craig como o James Bond mais pé no chão de todos.

    (Spoiler a partir daqui)
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    Pela primeira vez em toda a história de James Bond ele não é o 007 (mesmo que por pouco tempo). Pela primeira vez ele tem uma família (fato que, inclusive, é dito de forma humorada pelo personagem durante o filme), embora em “A Serviço Secreto de Sua Majestade”, de 1969, o personagem tenha se casado. Pela primeira vez ele desiste. Pela primeira vez ele morre. Exatamente, ele morre. O vilão, patético, diga-se de passagem, o qual é interpretado por Rami Malek, desenvolve uma tecnologia capaz de matar pessoas baseado em seu código genético. De certa forma, um vilão muito inteligente, mas que não tem espaço pra mostrar essa inteligência nem explicar qual a real motivação (que na minha opinião não existe nenhuma plausível). Por algum motivo, o vilão resolve fazer James Bond sofrer da mesma forma que ele sofreu, privando-o da sua família. Entretanto, o vilão não mata a família de Bond, mas atua de forma mais cruel, desenvolve a tecnologia para que o próprio James Bond seja a arma que matará a própria família, por meio dessa nanotecnologia, se entrar em contato com ela. Então, aqui o legado da era Craig fala mais alto. Em “Skyfall”, ele se apresenta um personagem saudosista, que é capaz de formar vínculos afetivos e que é passional. Logo, em “Sem Tempo para Morrer”, ele chega à conclusão de que seu tempo acabou. Ele já perdeu tudo o que tinha e todas as pessoas que amava, uma vez que embora sua família esteja viva, ele nunca mais poderá vê-la. Sendo assim, ele desiste e apenas espera os mísseis destruírem a ilha, onde se passa o fim do filme, destruindo a tecnologia maligna, inclusive ele.

    Muitos não irão gostar do final devido ao personagem ter morrido ou ter escolhido morrer, mas, na minha opinião, foi apenas a conclusão do que foi iniciado. Desde o primeiro filme, o personagem foi passional, consequentemente, no último filme não poderia ser diferente. Para quem é fã da franquia, acredito que nunca houve um medo súbito pela vida de James Bond. Aqui se tem, aqui se sofre, aqui se arrepende, aqui se desiste. Em suma, “Sem Tempo para Morrer” é um filme sentimental, com conexões com outros filmes, mas que sua ação se basta, então, se você não acompanhou os outros filmes ou não é fã da franquia, esse também é um filme para você, pois tem personagens carismáticos e uma ação glamourosa nível 007 que te deixa na ponta da poltrona.

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