Em 2018, o YouTube lançou Cobra Kai, uma sequência em formato de série de TV para a saga Karatê Kid, dos anos 80, Devido ao sucesso, logo no ano seguinte foi lançada a segunda temporada. Há um traço em comum entre as duas: elas conseguem tornar um universo que começou com Karatê Kid – A hora da verdade, de John G. Avildsen, em algo vibrante, explorando os dois personagens que rivalizavam naquele filme: Daniel LaRusso, o jovem feito por Ralph Macchio, que recebia ensinamentos de karatê de Myiagi (Noriyuki “Pat” Morita), e Johnny Lawrence, o vilão feito por William Zabka. No entanto, a série tornou mais nublada a separação entre esses personagens. Devido a algumas atitudes, não se tinha tanta certeza se um – LaRusso – era plenamente bom, e se outro, Johnny, era verdadeiramente ruim. Foi isso que tornou a série ainda mais interessante.
A série Star Wars ganhou uma nova trilogia na década passada, com uma reinicialização nas mãos de J.J. Abrams, em O despertar da força, que também a encerrou, com A ascensão Skywalker. No meio do caminho, foram feitos dois spin-offs, Rogue One e Han Solo, ambos tentando desenvolver histórias paralelas à central, com destaque para o primeiro, uma grande realização de Gareth Edwards, recuperando elementos do filme original dos anos 70. Já no final dos anos 2010, a Disney colocou no ar, por seu canal Disney+, a série The Mandalorian. O intuito era usar esse universo criado por George Lucas focando na linhagem dos mandalorianos, da qual fazia parte o caçador de recompensas Boba Fett, da primeira e segunda trilogias.
"O cristal encantado - A era da resistência" é um triunfo da Netflix, uma série cinematográfica como "Twin Peaks - O retorno". Ela se passa antes dos acontecimentos de "O cristal encantado" de 1982 e prova para a Disney que é possível fazer fantasia sem excesso de CGI e à Warner Bros que é possível retomar "O senhor dos anéis" e "O hobbit" em novos projetos. É muito bem conduzida, com montagem ágil e personagens com empatia (os Gelflings e os Podlings), tirando os temíveis vilões, os Skeksis com uma parte técnica extraordinária, mostrando o universo de Thra. Cria uma mitologia para o universo de Frank Oz e Jim Henson, que expande o filme dos anos 80 e atinge por vezes uma grandiosidade à la Tolkien. Também muito violento, lembrando por vezes "Game of thrones", ele pode assustar o público infantil. Das séries lançadas este ano é uma das obras-primas, ao lado do thriller "Mindhunter".
Este "Zodíaco - Parte II" é uma obra-prima como o filme de 2007. Com seu universo de investigações, David Fincher comprova ser um dos maiores criadores dos últimos 30 anos. Grandes atuações, especialmente de Holt McCallany.
No ano passado, o YouTube lançou Cobra Kai, dando continuidade à série Karatê Kid, dos anos 80, ampliando um universo que conecta Ocidente e Oriente. Tudo teve início em Karatê Kid – A hora da verdade, de John G. Avildsen, que ganhou um Oscar surpreendente por Rocky – Um lutador. Como o filme de Stallone dos anos 70, a obra de 1984 tinha uma mensagem válida, cenas de luta interessantes e personagens acessíveis, assim como os dois episódios seguintes e ainda um quarto, com Hilary Swank.
Um dos grandes sucessos dos anos 80, que deu origem a três continuações (uma inclusive com Hilary Swank), um remake e uma série lançada este ano pelo YouTube Red - constituindo um universo amplo, em diferentes mídias, que lembra os de Arquivo X e Twin Peaks –, Karatê Kid - A hora da verdade é uma das obras que representam o imaginário infantojuvenil de uma época fundada por filmes de fantasia. É preciso, antes de tudo, gostar de histórias simples, ou seja, que coloquem os personagens de maneira humana, como já havia feito o mesmo diretor John G. Avildsen em Rocky – O lutador, pelo qual recebeu um surpreendente Oscar, para gostar da narrativa. Como o filme de Stallone, esse tem uma mensagem válida, cenas de luta interessantes e personagens acessíveis.
"Everything sucks!" tem alguns problemas de roteiro, principalmente nos três primeiros episódios, mas funciona muito bem em sua maior parte, além de destacar ótimos atores: Jahi Di'Allo Winston, Peyton Kennedy, Sydney Sweeney e, sobretudo, o ótimo Patch Darragh. Os anos 90 são bem homenageados pelo estilo de filmagem da série, além de termos uma trilha sonora excelente (incluindo Tori Amos e Oasis). Embora não esteja à altura da qualidade, nesta temporada, das melhores séries da Netflix, espero que haja uma segunda, com o desenvolvimento desses personagens, que já mostraram ter potencial para desenvolver uma série autêntica.
O único problema claro desta série é o número de episódios por temporada. Assim como a primeira, esta segunda não cansa em nenhum momento, seguindo uma linha de sequências bem conduzidas pelos irmãos Duffer e por Shawn Levy, principalmente. Mas aqui ainda temos dois episódios dirigidos por Andrew Stanton, responsável pelo subestimado "John Carter", único filme com atores que ele dirigiu, já que se dedica mais a animações. Seu trabalho nos episódios 5 e 6 é muito bom, tanto na direção quanto no desenvolvimento dos personagens.
A história continua seguindo os passos da turma composta por Mike Wheeler (Finn Wolfhard), Lucas Sinclair (Caleb McLaughlin), Dustin Henderson (Gaten Matarazzo) e Will Byers (Noah Schnapp), agora com a companhia de Maxine "Max" Hargrove / "Madmax" (Sadie Sink). Eles não sabem onde está Eleven (Millie Bobby Brown). Enquanto Will passa por alguns problemas, ajudado pela mãe Joyce (Winona Ryder), o xerife Jim Hopper (David Harbour) precisa tentar descobrir novos mistérios relacionados ao Mundo Invertido. No núcleo mais jovem, Jonathan Byers (Charlie Heaton) continua interessado por Nancy Wheeler (Natalia Dyer). Já Steve Harrington (John Keery) precisa enfrentar novos conflitos.
O elenco, como na primeira temporada, possui grande química, com um desenvolvimento adequado de novos interesses, e o trabalho de fotografia de Tod Campbell e Tim Ivens, de "Mr. Robot", se destaca pela composição de cores e na iluminação do ano de 1984, quando se passa essa temporada. A referência a "Os caça-fantasmas" é clara, mas temos também diálogos com "Os Goonies" (também pela presença de Sean Astin), "Aliens - O resgate" (também pela participação de Paul Reiser), "Super 8" e "Evil dead" (de Sam Raimi), o que fornece não apenas uma nostalgia, como boas soluções para a trama. Também lembrei um pouco da série "Surface", de boa qualidade, mas que durou apenas uma temporada. O episódio 7, de Rebecca Thomas, talvez seja o que mais foge ao restante da trama, embora seja complementar e tenha bons momentos, mas é quando os irmãos Duffer voltam nos episódios finais que há uma grande escala de momentos.Talvez tenha me incomodado um pouco a sequência de flashbacks, tornando a trama em certos pontos um tanto expositiva, o que não prejudica o resultado excelente.
Como alguém que esperou 26 anos pelo retorno da série, David Lynch resolveu seguir um caminho totalmente imprevisto, com alguns episódios irretocáveis (destaco do 1º ao 6º, o 8º, antológico, o 9º e o 12º). No entanto, ao apostar na figura de Dougie Jones (ótima), e deixar o agente Cooper apenas como figura a ser procurada, ele desgasta a trama em algumas repetições desnecessárias. E ainda: coloca Gordon Cole como o agente Cooper da temporada, com falas e situações bem-humoradas. Isso diz muito do que Lynch é também como grande artista: querer substituir sua grande criação. O episódio 13 mostra que não estamos mais falando de originalidade aqui; se trata de um caminho que já indica repetição. E isso não está à altura de um artista como Lynch. A meu ver, ele deveria ter solucionado essa trama envolvendo Dougie até o 7º capítulo no máximo, e retomar Twin Peaks como base para desenvolver novas histórias. Mas se percebe que ele não tem mais muito interesse pelos personagens que moram em "Twin Peaks". A série funciona mais como parte de um projeto maior de Lynch e Mark Frost do que exatamente como continuação das duas primeiras temporadas. Daí, indicar que quem não gosta desta temporada não é fã do universo em si não confere; conheço quem adora a série original e não gostou desta temporada. Eu acho esses capítulos a que me referi irretocáveis, mas ela não é sem falhas e muitos caminhos repetitivos, além de problemas evidentes de montagem, o que atribuo à ausência de Mary Sweeney, que era esposa de Lynch e editou vários filmes dele. Alguns que julgam quem pede a volta do agente Cooper e a atmosfera das temporadas originais apenas fan service ou nostalgia normalmente nem assistiram a elas nem conhecem a obra de Lynch, na qual há tudo, menos histórias repetitivas.
A adaptação para a TV da série de sucesso cinematográfico se deu da melhor maneira possível. Não apenas porque os atores que fazem Riggs (Clayne Crawford) e Murtaugh (Damon Wayans) são ótimos e possuem excelente química juntos, não ficando a dever para Gibson e Glover, como há participação maior de todo o departamento de polícia de Los Angeles para a investigação de crimes. Isso inclui uma presença efetiva do chefe de polícia Brooks Avery (Kevin Rahm), como também da psicóloga Maureen Cahill (a ótima Jordana Brewster), que trata de Riggs e suas questões, do legista Scorsese (Johnathan Fernandez) e dos investigadores Sonya Bailey (Michelle Mitchenor) e Alejandro Cruz (Richard Cabral).
Wayans consegue dosar os elementos de humor que trouxe de outros projetos seus e sua relação com a esposa, Trish (Keesha Sharp, excelente), e com o casal de filhos, Riana (Chandler Kinney) e Roger (Dante Brown), consegue ser verdadeira e ao mesmo tempo um alívio cômico. A direção dos episódios é muito ágil e consegue focar tanto no lado dramático (os embates com os bandidos) quanto nessa relação entre os colegas e os familiares. Há um certo exagero nas cenas de ação como já havia na série de cinema, mas nada que prejudique, acompanhado por uma fotografia que registra locações de Los Angeles tornando-as próximas do espectador.
Os conflitos entre Riggs e Murtaugh dialogam bastante com os do cinema, com o diferencial de que aqui Wayans é mais engraçado do que Glover, e Crawford é mais dramático do que Gibson.
Um dos produtores executivos da série e diretor de dois episódios (inclusive do ótimo piloto) é McG, que fez os filmes de "As panteras" no início da década passada, mas ele evoluiu como diretor e produz/produziu várias séries de TV. O que se percebe, a cada episódio, é que há uma evolução dos personagens e se espera que a série consiga manter a qualidade em sua próxima temporada.
Nunca imaginei que uma pretensa mistura de vários filmes dos anos 80 resultasse numa série tão boa como "Stranger things". Uma produção impecável, digna de cinema, como "Mr. Robot". Aliás, com os mesmos diretores de fotografia. E o elenco está muito bem, com destaque para Winona Ryder e Millie Bobby Brown. Passadas as primeiras impressões, o espectador vai esquecendo de algumas referências mais imediatas, como "Super 8" e "E.T. - O extraterrestre", e o que chama atenção é tanto a direção dos irmãos Duffer quanto do próprio Shawn Levy, mais conhecido por filmes como "Os estagiários". Há um cuidados especial nos enquadramentos e na maneira como os personagens interagem, deixando suspense de episódio para episódio, sem se exceder em nenhum momento. Destaque também para a trilha sonora de Kyle Dixon e Michael Stein, com acordes que vão do Ennio Morricone de "O enigma de outro mundo" a Wendy Carlos de "Tron". Esta é uma das melhores séries já lançadas, e dentro do universo a que se propõe uma das mais surpreendentes.
Excelente elenco (Bobby Cannavale no seu melhor, Ray Romano, Olivia Wilde, Juno Temple) e grande reconstituição de época dos anos 70, o episódio de estreia de "Vinyl", dirigido por Martin Scorsese, é uma espécie de "Os bons companheiros" e "O lobo de Wall Street" filmado nos cenários de "Quase famosos" e "The Runaways". Uma das séries com mais atmosfera cinematográfica desde "Twin Peaks", de Lynch, "Vinyl" lida com uma trama ao gosto do diretor, com vários personagens e tramas entrecruzadas. A trilha sonora é muito bem selecionada e, particularmente, o final do piloto impressiona pela qualidade.
Difícil avaliar se esta nova temporada ficou tanto a dever para as antigas, pois David Duchovny e Gillian Anderson estão novamente muito bem e o roteiro, apesar dos problemas, apresenta boas reviravoltas. Gostei especialmente dos episódios 1, 3 e 6, com destaque para o terceiro, em que há mais humor e há um diálogo aberto com o humor surreal da segunda temporada de "Twin Peaks". Senti que o final do episódio 5, com um clima de "O lado bom da vida", foi o mais bem resolvido, e, apesar do episódio 6 ter uma trama muito ligeira, com excesso de cenas cortadas (ele deveria ter duas horas), tem bom ritmo. Destaque para a excepcional fotografia, tornando esta temporada uma das mais cinematográficas.
Cobra Kai (3ª Temporada)
4.1 296 Assista AgoraEm 2018, o YouTube lançou Cobra Kai, uma sequência em formato de série de TV para a saga Karatê Kid, dos anos 80, Devido ao sucesso, logo no ano seguinte foi lançada a segunda temporada. Há um traço em comum entre as duas: elas conseguem tornar um universo que começou com Karatê Kid – A hora da verdade, de John G. Avildsen, em algo vibrante, explorando os dois personagens que rivalizavam naquele filme: Daniel LaRusso, o jovem feito por Ralph Macchio, que recebia ensinamentos de karatê de Myiagi (Noriyuki “Pat” Morita), e Johnny Lawrence, o vilão feito por William Zabka. No entanto, a série tornou mais nublada a separação entre esses personagens. Devido a algumas atitudes, não se tinha tanta certeza se um – LaRusso – era plenamente bom, e se outro, Johnny, era verdadeiramente ruim. Foi isso que tornou a série ainda mais interessante.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-alL
O Mandaloriano: Star Wars (2ª Temporada)
4.5 445 Assista AgoraA série Star Wars ganhou uma nova trilogia na década passada, com uma reinicialização nas mãos de J.J. Abrams, em O despertar da força, que também a encerrou, com A ascensão Skywalker. No meio do caminho, foram feitos dois spin-offs, Rogue One e Han Solo, ambos tentando desenvolver histórias paralelas à central, com destaque para o primeiro, uma grande realização de Gareth Edwards, recuperando elementos do filme original dos anos 70. Já no final dos anos 2010, a Disney colocou no ar, por seu canal Disney+, a série The Mandalorian. O intuito era usar esse universo criado por George Lucas focando na linhagem dos mandalorianos, da qual fazia parte o caçador de recompensas Boba Fett, da primeira e segunda trilogias.
Crítica completa: wp.me/p2lvhr-aoo
O Cristal Encantado: A Era da Resistência
4.5 67 Assista Agora"O cristal encantado - A era da resistência" é um triunfo da Netflix, uma série cinematográfica como "Twin Peaks - O retorno". Ela se passa antes dos acontecimentos de "O cristal encantado" de 1982 e prova para a Disney que é possível fazer fantasia sem excesso de CGI e à Warner Bros que é possível retomar "O senhor dos anéis" e "O hobbit" em novos projetos. É muito bem conduzida, com montagem ágil e personagens com empatia (os Gelflings e os Podlings), tirando os temíveis vilões, os Skeksis com uma parte técnica extraordinária, mostrando o universo de Thra. Cria uma mitologia para o universo de Frank Oz e Jim Henson, que expande o filme dos anos 80 e atinge por vezes uma grandiosidade à la Tolkien. Também muito violento, lembrando por vezes "Game of thrones", ele pode assustar o público infantil. Das séries lançadas este ano é uma das obras-primas, ao lado do thriller "Mindhunter".
Mindhunter (2ª Temporada)
4.3 412 Assista AgoraEste "Zodíaco - Parte II" é uma obra-prima como o filme de 2007. Com seu universo de investigações, David Fincher comprova ser um dos maiores criadores dos últimos 30 anos. Grandes atuações, especialmente de Holt McCallany.
Cobra Kai (2ª Temporada)
4.2 303 Assista AgoraNo ano passado, o YouTube lançou Cobra Kai, dando continuidade à série Karatê Kid, dos anos 80, ampliando um universo que conecta Ocidente e Oriente. Tudo teve início em Karatê Kid – A hora da verdade, de John G. Avildsen, que ganhou um Oscar surpreendente por Rocky – Um lutador. Como o filme de Stallone dos anos 70, a obra de 1984 tinha uma mensagem válida, cenas de luta interessantes e personagens acessíveis, assim como os dois episódios seguintes e ainda um quarto, com Hilary Swank.
Resenha completa (com possíveis spoilers): wp.me/p2lvhr-8QA
Cobra Kai (1ª Temporada)
4.3 467 Assista AgoraUm dos grandes sucessos dos anos 80, que deu origem a três continuações (uma inclusive com Hilary Swank), um remake e uma série lançada este ano pelo YouTube Red - constituindo um universo amplo, em diferentes mídias, que lembra os de Arquivo X e Twin Peaks –, Karatê Kid - A hora da verdade é uma das obras que representam o imaginário infantojuvenil de uma época fundada por filmes de fantasia. É preciso, antes de tudo, gostar de histórias simples, ou seja, que coloquem os personagens de maneira humana, como já havia feito o mesmo diretor John G. Avildsen em Rocky – O lutador, pelo qual recebeu um surpreendente Oscar, para gostar da narrativa. Como o filme de Stallone, esse tem uma mensagem válida, cenas de luta interessantes e personagens acessíveis.
Resenha completa: wp.me/p2lvhr-7Pa
Everything Sucks! (1ª Temporada)
3.9 353 Assista Agora"Everything sucks!" tem alguns problemas de roteiro, principalmente nos três primeiros episódios, mas funciona muito bem em sua maior parte, além de destacar ótimos atores: Jahi Di'Allo Winston, Peyton Kennedy, Sydney Sweeney e, sobretudo, o ótimo Patch Darragh. Os anos 90 são bem homenageados pelo estilo de filmagem da série, além de termos uma trilha sonora excelente (incluindo Tori Amos e Oasis). Embora não esteja à altura da qualidade, nesta temporada, das melhores séries da Netflix, espero que haja uma segunda, com o desenvolvimento desses personagens, que já mostraram ter potencial para desenvolver uma série autêntica.
Stranger Things (2ª Temporada)
4.3 1,6KO único problema claro desta série é o número de episódios por temporada. Assim como a primeira, esta segunda não cansa em nenhum momento, seguindo uma linha de sequências bem conduzidas pelos irmãos Duffer e por Shawn Levy, principalmente. Mas aqui ainda temos dois episódios dirigidos por Andrew Stanton, responsável pelo subestimado "John Carter", único filme com atores que ele dirigiu, já que se dedica mais a animações. Seu trabalho nos episódios 5 e 6 é muito bom, tanto na direção quanto no desenvolvimento dos personagens.
A história continua seguindo os passos da turma composta por Mike Wheeler (Finn Wolfhard), Lucas Sinclair (Caleb McLaughlin), Dustin Henderson (Gaten Matarazzo) e Will Byers (Noah Schnapp), agora com a companhia de Maxine "Max" Hargrove / "Madmax" (Sadie Sink). Eles não sabem onde está Eleven (Millie Bobby Brown). Enquanto Will passa por alguns problemas, ajudado pela mãe Joyce (Winona Ryder), o xerife Jim Hopper (David Harbour) precisa tentar descobrir novos mistérios relacionados ao Mundo Invertido. No núcleo mais jovem, Jonathan Byers (Charlie Heaton) continua interessado por Nancy Wheeler (Natalia Dyer). Já Steve Harrington (John Keery) precisa enfrentar novos conflitos.
O elenco, como na primeira temporada, possui grande química, com um desenvolvimento adequado de novos interesses, e o trabalho de fotografia de Tod Campbell e Tim Ivens, de "Mr. Robot", se destaca pela composição de cores e na iluminação do ano de 1984, quando se passa essa temporada. A referência a "Os caça-fantasmas" é clara, mas temos também diálogos com "Os Goonies" (também pela presença de Sean Astin), "Aliens - O resgate" (também pela participação de Paul Reiser), "Super 8" e "Evil dead" (de Sam Raimi), o que fornece não apenas uma nostalgia, como boas soluções para a trama. Também lembrei um pouco da série "Surface", de boa qualidade, mas que durou apenas uma temporada. O episódio 7, de Rebecca Thomas, talvez seja o que mais foge ao restante da trama, embora seja complementar e tenha bons momentos, mas é quando os irmãos Duffer voltam nos episódios finais que há uma grande escala de momentos.Talvez tenha me incomodado um pouco a sequência de flashbacks, tornando a trama em certos pontos um tanto expositiva, o que não prejudica o resultado excelente.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraCrítica sobre a terceira temporada: wp.me/p2lvhr-6XZ
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 621 Assista AgoraComo alguém que esperou 26 anos pelo retorno da série, David Lynch resolveu seguir um caminho totalmente imprevisto, com alguns episódios irretocáveis (destaco do 1º ao 6º, o 8º, antológico, o 9º e o 12º). No entanto, ao apostar na figura de Dougie Jones (ótima), e deixar o agente Cooper apenas como figura a ser procurada, ele desgasta a trama em algumas repetições desnecessárias. E ainda: coloca Gordon Cole como o agente Cooper da temporada, com falas e situações bem-humoradas. Isso diz muito do que Lynch é também como grande artista: querer substituir sua grande criação. O episódio 13 mostra que não estamos mais falando de originalidade aqui; se trata de um caminho que já indica repetição. E isso não está à altura de um artista como Lynch. A meu ver, ele deveria ter solucionado essa trama envolvendo Dougie até o 7º capítulo no máximo, e retomar Twin Peaks como base para desenvolver novas histórias. Mas se percebe que ele não tem mais muito interesse pelos personagens que moram em "Twin Peaks". A série funciona mais como parte de um projeto maior de Lynch e Mark Frost do que exatamente como continuação das duas primeiras temporadas. Daí, indicar que quem não gosta desta temporada não é fã do universo em si não confere; conheço quem adora a série original e não gostou desta temporada. Eu acho esses capítulos a que me referi irretocáveis, mas ela não é sem falhas e muitos caminhos repetitivos, além de problemas evidentes de montagem, o que atribuo à ausência de Mary Sweeney, que era esposa de Lynch e editou vários filmes dele. Alguns que julgam quem pede a volta do agente Cooper e a atmosfera das temporadas originais apenas fan service ou nostalgia normalmente nem assistiram a elas nem conhecem a obra de Lynch, na qual há tudo, menos histórias repetitivas.
Máquina Mortífera (1ª Temporada)
4.1 61 Assista AgoraA adaptação para a TV da série de sucesso cinematográfico se deu da melhor maneira possível. Não apenas porque os atores que fazem Riggs (Clayne Crawford) e Murtaugh (Damon Wayans) são ótimos e possuem excelente química juntos, não ficando a dever para Gibson e Glover, como há participação maior de todo o departamento de polícia de Los Angeles para a investigação de crimes. Isso inclui uma presença efetiva do chefe de polícia Brooks Avery (Kevin Rahm), como também da psicóloga Maureen Cahill (a ótima Jordana Brewster), que trata de Riggs e suas questões, do legista Scorsese (Johnathan Fernandez) e dos investigadores Sonya Bailey (Michelle Mitchenor) e Alejandro Cruz (Richard Cabral).
Wayans consegue dosar os elementos de humor que trouxe de outros projetos seus e sua relação com a esposa, Trish (Keesha Sharp, excelente), e com o casal de filhos, Riana (Chandler Kinney) e Roger (Dante Brown), consegue ser verdadeira e ao mesmo tempo um alívio cômico. A direção dos episódios é muito ágil e consegue focar tanto no lado dramático (os embates com os bandidos) quanto nessa relação entre os colegas e os familiares. Há um certo exagero nas cenas de ação como já havia na série de cinema, mas nada que prejudique, acompanhado por uma fotografia que registra locações de Los Angeles tornando-as próximas do espectador.
Os conflitos entre Riggs e Murtaugh dialogam bastante com os do cinema, com o diferencial de que aqui Wayans é mais engraçado do que Glover, e Crawford é mais dramático do que Gibson.
Um dos produtores executivos da série e diretor de dois episódios (inclusive do ótimo piloto) é McG, que fez os filmes de "As panteras" no início da década passada, mas ele evoluiu como diretor e produz/produziu várias séries de TV. O que se percebe, a cada episódio, é que há uma evolução dos personagens e se espera que a série consiga manter a qualidade em sua próxima temporada.
Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraNunca imaginei que uma pretensa mistura de vários filmes dos anos 80 resultasse numa série tão boa como "Stranger things". Uma produção impecável, digna de cinema, como "Mr. Robot". Aliás, com os mesmos diretores de fotografia. E o elenco está muito bem, com destaque para Winona Ryder e Millie Bobby Brown. Passadas as primeiras impressões, o espectador vai esquecendo de algumas referências mais imediatas, como "Super 8" e "E.T. - O extraterrestre", e o que chama atenção é tanto a direção dos irmãos Duffer quanto do próprio Shawn Levy, mais conhecido por filmes como "Os estagiários". Há um cuidados especial nos enquadramentos e na maneira como os personagens interagem, deixando suspense de episódio para episódio, sem se exceder em nenhum momento. Destaque também para a trilha sonora de Kyle Dixon e Michael Stein, com acordes que vão do Ennio Morricone de "O enigma de outro mundo" a Wendy Carlos de "Tron". Esta é uma das melhores séries já lançadas, e dentro do universo a que se propõe uma das mais surpreendentes.
Vinyl (1ª Temporada)
4.1 145Excelente elenco (Bobby Cannavale no seu melhor, Ray Romano, Olivia Wilde, Juno Temple) e grande reconstituição de época dos anos 70, o episódio de estreia de "Vinyl", dirigido por Martin Scorsese, é uma espécie de "Os bons companheiros" e "O lobo de Wall Street" filmado nos cenários de "Quase famosos" e "The Runaways". Uma das séries com mais atmosfera cinematográfica desde "Twin Peaks", de Lynch, "Vinyl" lida com uma trama ao gosto do diretor, com vários personagens e tramas entrecruzadas. A trilha sonora é muito bem selecionada e, particularmente, o final do piloto impressiona pela qualidade.
Arquivo X (10ª Temporada)
3.8 192 Assista AgoraDifícil avaliar se esta nova temporada ficou tanto a dever para as antigas, pois David Duchovny e Gillian Anderson estão novamente muito bem e o roteiro, apesar dos problemas, apresenta boas reviravoltas. Gostei especialmente dos episódios 1, 3 e 6, com destaque para o terceiro, em que há mais humor e há um diálogo aberto com o humor surreal da segunda temporada de "Twin Peaks". Senti que o final do episódio 5, com um clima de "O lado bom da vida", foi o mais bem resolvido, e, apesar do episódio 6 ter uma trama muito ligeira, com excesso de cenas cortadas (ele deveria ter duas horas), tem bom ritmo. Destaque para a excepcional fotografia, tornando esta temporada uma das mais cinematográficas.