Singelo, recreativo censor, agradável e desculpem pela expressão melosa frívola, muito gostoso de assistir. “Os Amores de Uma Loira” foi a obra que deixou conhecido no exterior o cineasta Milos Forman, autor do aclamado “Um Estranho no Ninho”, inclusive com esse seu aparente segundo longa-metragem, foi indicado a Oscar como Melhor Filme Estrangeiro em 1967. Os anteriores trabalhos do diretor são duvidosos, não pela qualidade, mas por serem desconhecidos, como "Lanterna magika II" e "Audition", bastante difíceis de serem encontrados em circulação, uma pena para quem aspira sondar a fundo o talento do Forman.
O bom de assistir fitas sem ler sinopse é que aumenta as chances de imprevisibilidade, passa a compreendê-las com alvura, avaliar como propriamente são, sem falsos julgamentos. Um filme que desde o começo e alguns minutos, nada promete, chegando a ser um tanto monótono e desencorajador, porventura pela música, que parecia ilustrar, talvez propositalmente, a candidez, fragilidade acolhedora e tédio da época. Entretanto, as coisas ganham rumo surpreendentemente agradável, cômico, crítico e envolvente, fazendo questão de tratar cada camada como complemento, que se desenvolve aos poucos, nos fazendo rir pela singeleza e familiaridade que cada uma delas apresenta, um sutil convite ao intercâmbio dos espectadores, cujo diálogo humorístico e inteligente nos mantêm descontraídos em todo o seu percurso. A premissa informal também serve como base para zombar, mesmo que levemente, o ritmo de vida das mulheres na República Tcheca, em Praga. Numa fase em que elas eram em quantidade enorme para cada homem e viviam aflitas pela busca do rapaz certo, como é bem patente, várias seguiam deprimidas por não terem sucesso no casamento. Alguns homens reconheciam essa situação e buscavam tirar proveito, principalmente das mais jovens e das mais carentes. Outro detalhe que me chamou a atenção foram as cenas de nudez, achei bastante expressivas para o tempo, inclusive nessas cenas criaram em mim um considerável desdém pela protagonista. Bom, assistam e vocês saberão.
“Os Amores de Uma Loira” vale a pena ser visto por todas essas razões citadas. O final é lindo e com uma trilha que com certeza todos vocês já ouviram em algum lugar, representando muito bem o lúgubre do estado da mulher em função de um homem, tediosamente oxigenado.
De uma quimera máscula, varonil, pela fátua e inocente ideia de honra influenciada pelos papos de exército, um soldado mais dedicado que os outros, camba em flagelo. A queda é irreversível.
O filme mostra isso de uma maneira emocionante, com poucos talhos de culminância e trilha sonora belíssima, pela mesclagem de agrura, delgadeza, alvura e candidez. Sem esquecer do lado sórdido e violento. A fusão de tudo isso com a personagem principal e uma outra também afetada pela tragédia, é desoladora e capaz de ser envolvente por tratar de sentimentos comuns e bojos, que vão de um extremo à outro, como inocência e perca, amor e ódio, sonho e decadência. Deixando manifesto que o filme não se sente obrigado a tratar todos esses assuntos com abissalidade, mas contar uma história com força maior no sentimento de culpa, algo que a obra teve a sabedoria de causar um interessante embate entre o cumprimento do dever de um soldado, o cataclismo do povo local e a reflexão de todas essas consequências direcionadas à ele (o herói causador). A fita mostra ainda mais que não saber administrar esses assuntos, não ser diretor de si mesmo, tem negativações celsas para o ser humano, caso o mesmo caia em desgraça.
Não considerei os civis propriamente vítimas, pois abusam e subestimam demais a força militar dessa península, por essa razão eles são os genuínos culpados, entretanto, o filme consegue provocar este dilema de interrogar as autoridades coreanas, como manter a vigia noturna contra os espiões (que ostensivelmente nem mais existem) e assassinar apenas para ser condecorado e licenciado, mesmo sabendo que são civis que invadiram a área; a partir daí a gente consegue ver um lado pusilânime e corrupto por parte da ordenança, dando margem à críticas, um bom equilíbrio entre ambos os lados. Seguindo uma rota simples e passando aos poucos à uma vereda cada vez mais complicada, causando até suspeita de um delírio coletivo surgido pelo trauma do acontecimento; nem vou me aventurar a resenhar essa parte porque viajei um pouco ou o filme deixa isso em aberto pela sofisticação do roteiro e direção. Ótimos empenhos também do ator Dong-Gun Jang e atriz Ji-a Park, os principais do longa.
Entendido como o mais fraco filme de Kim Ki-duk por alguns, classificação que, de fato, não compreendi e não concordo nem um pouco. Achei ótimo, envolvente e com um final muito sensível, adregando que dá para fazer belos dramas com histórias de exército, embora a beleza aqui seja nada esperançosa.
Acho que uma vez ou outra não pega mal, pode ser interessante um filme ocidental com um apurado olhar asiático do Park. Mas que ele continue fazendo mais filmes para o seu país e não seja seduzido por esses aproveitadores.
A estória parece ser contada pelos ares do lugar exótico e claustrofóbico onde tudo é sereno, instintivo. Os traumas das personagens principais compõem ritmo ao filme, encontrando-se e complementando-se, gerando conforto mútuo, só que mais tarde, todo esse início harmônico é rompido, tendência dos complexos amorosos. Uma dolorosa história de amor que vai além de isolamentos, de quebras e consertos, de idas e retornos; uma exibição do ser humano em circunstâncias extremistas.
Aliás, “história de amor” é só um clichê de argumentação, porque em nenhum momento a película assume isso, ambos mantêm contato para suas saciações carnais e como itinerário para libertar “a ilha” dentro de si. Embora em algumas situações a mulher revele paixão por um homem que lhe sensibilizou, viu nele a cura para sua moléstia, seu aval e descanso. Ela é a genuína ilha que se calou para o mundo por alguma razão não explicada na fita, cujo entendo como ponto forte do filme, nos possibilitando uma série de conclusões em todo esse clima estranho, metafórico,quintessencial, violento. Ela vislumbrava nele toda sua companhia “íntima-familiar” e estava disposta a tudo para mantê-lo ao seu lado, a carência e o ciúme transparecendo em formas mortalmente terríficas, utilizando-se de chantagens até mesmo autodestrutivas.
No elenco me chamou atenção o ator Jo Jae Hyeon, o mesmo de “Crocodilo”, “Wild Animals” e “Bad Guy”, um ótimo ator que infelizmente teve uma participação muito curta. “O Bordel do Lago”, outro título nacional desse mesmo filme, também é conhecido pela sua violência crua com os animais, que mesmo sendo normalmente comestíveis, em Cinema ganha uma proporção mais cruel e polêmica.
Assim como “Crocodilo”, “Animais Selvagens” é outro digno do título, pois a agressividade é elemento presente em quase todas as cenas, até lances de sexo em que o autor sempre faz questão de exibir.
Nota-se que nesses filmes antigos do Ki-duk, faziam bastante uso da violência (mormente com as mulheres) sem uma aparente preocupação em estudá-la, dando aquela impressão de apenas apresentar fatos (ferinos), um atrás do outro, numa sucessão dinâmica de acontecimentos, ganhando muita ação, mas perdendo em conteúdo. Tudo isso cria uma barreira dimensional nos impedindo o envolvimento íntegro com as personagens, em situações insólitas, no entanto, se pensar bem, são altamente identificáveis. Isso mesmo, Kim Ki-duk consegue formular atmosferas esdrúxulas que mesmo assim nos identificamos. São filmes frios, secos e com uma lancinância (quem sabe até gratuita) veemente, no entanto, quando chegam a um clímax, conseguem emocionar estranhamente, em momentos tocantes, sem usar pieguices, mesmo que essas situações não fiquem convincentes, passando despercebidas. “Wild Animals” segue um caminho parecido com esse, um filme violento, entretanto, soa superficial por não haver uma análise mais profunda dessa pungência ou do ser humano em condições precárias, ficando tudo meio raso.
Se o diretor tivesse a mesma habilidade que tem hoje em dia, “Wild Animals” e alguns de seus outros antigos trabalhos estariam em um nível muito mais respeitoso. Ainda continuo com a proposta de refilmagem pelo próprio autor, corrigindo falhas, principalmente técnicas.
Com certeza existem situações que podem se tornar muito incômodas e isso já foi provado pelas inúmeras avaliações odiosas, por motivos de aparente e substancial desproporção, momentos que, de vista, não condizem com a proposta esperada.
Mas a pergunta é: Queriam um “Live Action” da Chapeuzinho Vermelho? Sim e Não! Que o filme mantivesse o tema clássico e fosse mais pesado (e foi), talvez o que mais prejudicaram o sucesso do longa foram as cenas românticas temperadas com erotismo, que simplesmente não têm conexão com a faixa etária envolvida com o conto original, de fato, revoltou muita gente e pegou mal para o filme, e pior para a diretora, mesma de “Crepúsculo”, que por informação, é bem massacrado.
Enfim, não vou entrar em detalhes porque não estou com a cabeça boa hoje, mas adianto que não gostei e nem odiei “Red Riding Hood”, não me animou e nem me entediou (aliás, só um pouco). Fiquei “supremamente” NEUTRO. Que proeza, né?
Uma odisséia deslumbrante em um mundo de maravilhas, que nos leva à reflexões etéreas, nos projetando à uma outra compreensão e o resultado é um sentimento profundo de paz. O oxigênio do filme é muito agradável de respirar, a edição competente e entretida nos permite uma contemplação sem esforços, uma obra que já nos entrega tudo de maneira esperta, basta a gente se acomodar e sentir todo o encantamento que nos apresenta. Outra sacada interessante é o poder de nos causar tensão, o suspense nos atinge mesmo sabendo de tudo que vai acontecer. A cena que a Susie narra momentos antes de sua morte constrói camada por camada, nos permitindo admirar cada detalhe. Coisa também chamativa no longa, é tratar a morte como algo despercebido, a pessoa não sabe ou aceita que morreu, lógico, a argumentação considera a possibilidade de existir vida após a falência.
Stanley Tucci em uma performance BRILHANTE, até mais que os hipnóticos olhos da Saoirse Ronan. Muito merecida a indicação ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante, uma atuação sem muitas palavras, deixando apenas os gestos e olhares ganharem atmosfera, acreditem: DIVERTE MUITO! Apesar de tudo, “Um Olhar do Paraíso” recebeu algumas críticas pesadas, canalizadas mais na direção do Peter Jackson (Trilogia: O Senhor dos Anéis), dizendo que ficou artificial, clichê, abusando de belas imagens apenas para emocionar e sem respeitar o conteúdo, estropícios que não vi gravidade nessa linda película. Tiveram sim alguns momentos para se observar com um pé atrás, como o corte do clima sereno para introduzir, desnecessariamente, faixas de humor com músicas inconvenientes, que não condizem muito com a proposta. SPOILER: Acrescentando também o fato de inúmeros e espalhados filmes de fotografias da Susie, “coincidentemente” o último filme que resta é o que “revelará” (sem cabimento) o assassino da menina, ficou algo meio forçado, mas tudo bem.
Enfim, um excelente filme que proporciona emoção, SHOW de imagens, tensão e humor negro em perfeita representação pelo Stanley Tucci, só por esse ator já vale uma conferida.
Considero como erro encarar algum filme desta forma, mas revelo que esperava muito mais da produção. O poster é lindo e leva a crer sobre algo mais “sério” e elucubrativo. Dá até para si sentir um pouco vidente, porque o nível de clichê ou previsibilidade torna-o um tanto “bobo”. Entretanto, isso é só um achismo, pois o trabalho tem coerência com aquela velha proposta circular: Um filme para a família. Um filme para todos. Nada mau, oras.
“O Menino do Pijama Listrado” procura seguir a perspectiva pueril da infância, acompanhando tudo com seus olhares curiosos e imaginação florescente numa das épocas mais maldosas da humanidade. A frase de John Betjeman, no início: “A infância é medida por sons, aromas e visões, antes do tempo obscuro da razão se expanda.” Deixa limpo que mostrará o encantamento fértil e que depois o pessimismo assumiria lugar, ganhando ares de reflexão, como resultado de tanto cataclismo visto (não é bem o que ocorre). A trilha sonora do James Horner (ótimo em Braveheart) torna-se repetitiva, como fórmula de manter o clima “emocionante” (sem necessidade), além de não ter, francamente, respeitável composição (perdões, James).
O final é trágico, porém, o garoto que decide “brincar” de explorador em um campo de concentração talvez tenha ficado um tanto incabível, todavia, a película justifica como forma do Bruno se sentir menos culpado, ajudando seu amigo nessa jornada, mesmo que a presença dele não faça diferença se encontrará ou não o pai do Schmuel. Porventura, a melhor cena é a catástrofe. Por ser um filme trivial, a gente fica duvidando se o menino morre, achando que vai acontecer uma solução normalmente heróica desses filmes clichês, mas não, até que surpreende, mata mesmo (Risos!).
Segundo a intenção de fazer uma obra para a família, até para que os meninos entendam e pensem; realmente, olhando por esse lado, o filme é muito bom e “deprê” para as crianças, deixarão elas muito tristes, fará bem para que reflitam desde cedo que o preconceito só destrói vidas. O filme é bonzinho, mas os fãs que me perdoem, não me emocionou e nem pretendo revê-lo. Já passei dessa fase.
O título leva a crer sobre algo mais espirituoso e existencial, inserindo-se no clima de mistério quimera e alimentando isso. “Inverno da Alma” trata-se de um filme quase perfeito, aliás, esse “quase” é só uma precaução, pois é difícil encontrar furos nele. Segue um caminho seguro e bem calculado, parece que nada fica fora do lugar, mesclando drama e suspense com maestria e simplicidade, sem aquelas coisas exageradas norte-americanas.
A película é humilde e procura contar uma história sem usar adereços. Esteve no círculo comercial (grande público) sem ter características da raça. É seco, duro e gélido, cujos são estereotipados como arrastado, parado ou chato, tudo por julgarem rápido demais, sem fazerem um respeitável esforço para compreender e sentir a missiva da obra, sua tocante grandeza. “Winter’s Bone” consegue o feito curioso de ser borbulhado de sentimentos e mesmo assim parecer tão sem alma, como se a emoção fosse passada em gradações e cada uma delas fosse congelada segundos depois, porém, não usa sempre o mesmo recurso, lógico. O silêncio interiorano parece seguir as frias correntes de ar, a gente sente o filme “respirar” com serenidade (é estranho isso), completando com o diálogo visual que é igualmente expressivo, com imagens que parecem “descascar escamas”, de forma que elas traduzam o que é mais relevante e familiar.
Vencedor do Prêmio do Júri em 2010, no Festival de Sundance e indicado ao Oscar em 4 categorias, “Inverno da Alma” é um grande exemplar, não só pelas suas premiações, entretanto, pela aula de Cinema que esse filme também propõe.
Sabia que os crocodilos também podem ser gentis? Crocodilo é um bicho da família “crocodylidae”, habita nas terras de rio quase opaco na Ásia, África, América do Sul e Norte. Irreverente, temperamento feroz e lancinante. A semelhança do original e do bicho-homem é notória, vivendo à espreita e em situações críticas, como um predador que vai à caça, vai em busca daquilo que lhe é útil, fera egoísta. Se o autor do filme é um escárnio crítico da condição feminina na Coreia do Sul, aqui ele deixa claro que a presa do homem é a mulher, cujo sente prazer em devorá-la pungentemente e quando a mesma se entrega, se conforma, ele parece perder o interesse; a resistência é um afrodisíaco.
Aos poucos o filme chega a um clímax leve de emoção (embora não afirme esse intento). Crocodilo-Homem muda, passa a se harmonizar com seus parceiros, reconhece que é tudo que tem. Enfim, o amor parece ter assaltado o coração desse marginal, algo que nunca sentiu antes, tornando o crocodilo manso, sendo gentil pela primeira vez (?); mas infelizmente as coisas andam belicosas, bem no momento mais importante de sua vida. O final é apnético!
Pelo visível baixo orçamento, a parte técnica da película não agrada, tornando o filme exaustívo de acompanhar. Entretanto, com as impressões já citadas, Kim Ki-duk começa bem com sua carreira de realizador. Seria nada mau se o autor fizesse uma refilmagem de seu trabalho inicial, com os mesmos atores (menos o menino, né? ^_^) e suas qualidades atuais de Diretor, porque a ideia do filme é ótima! Tente imaginar o contemporâneo Kim com o enredo de “Crocodilo”. Não seria arrasador? Outro detalhe, quem assistiu “O Hospedeiro”, de Bong Joon-ho, deve se lembrar da locação do rio Han, talvez não seja o mesmo, no entanto, lembra bastante.
Crocodilo diz: "Esses barquinhos só me fazem lembrar de quão minha vida é miserável!" Eram porque faziam lembrar a infância dele ou representavam um sonho que nunca era realizado? Curioso a cena que ele pega uma tartaruga e pinta o casco de azul, olha para o garoto e joga no rio, como se fosse um barquinho em direção ao mar, um sonho lançado. O triste é que no fim a tartaruga continua no mesmo lugar.
Beleza extravagante, violência, sentimentos comuns e especiais. Mesmo com suas diferenças notáveis, ambas as personagens lembram aquelas pinturas abstratas e impressionistas, contrastando com os traços bem definidos e atiçando os instintos (talvez ou com certeza até libidinosos).
Agressão que submete e discrimina, aborda sempre a mulher em condições terríveis, conversa coloquialmente com os preconceitos. Podemos nos incomodar, mas expõe o asco de conviver, porventura, com uma pessoa que vende o corpo, como se exalasse sujeira ou moléstia por toda parte. Em “Birdcage Inn” isso é tocantemente oposto, pois tal ser vivo é de uma delicadeza, humildade inspiradora; sem contar com sua aura artística, ilustrada com talento pelo lápis, infelizmente desdenhada por todos.
É marcante a apologia ao amor que nasce de um longo conflito, de uma comprida série de intrigas, como se fossem testes que se provam o crível. Duas figuras distintas, mas próximas em alguns pontos familiares. Uma se conserva virgem, pura, limpa (enfatiza-se o valor da virgindade feminina), enquanto aparenta ser mais mórbida que a meretriz, cuja intimidade está em constante invasão. Entretanto, as duas tem surtos de suas características contrárias, a amarga em alguns momentos consegue ser tão doce e vice-versa. A harmonia é finalmente conquistada em seu decorrer, gerando alguns detalhes curiosos, principalmente o final, deixando uma interpretação a mais para os perversos.
Um belo filme de uma grande amizade em seu pleno nascimento.
Entre causa, efeito e reflexão, “Samaritana” mostra com excelência que a disciplina, compreensão e silêncio são os melhores ingredientes para modelar o espírito de uma pessoa, tendo consequências produtivas no comportamento. Não adianta dá murro em ponta de faca! Gritos ou semelhantes só ferem os ramos, a raiz estar em um ponto mais inacessível.
“Vasumitra”, de um desejo que leva a entrega gratuita do corpo; “Samaria” (título), da redenção que vai ao refletir sobre as ações e finalmente “Sonata”, o som melodioso e lúgubre, renova a alma, drena as impurezas e mostra um novo caminho a seguir. A fase sonhadora dos adolescentes, esse instinto aventureiro que não mede atitudes para conseguir o que designa, que transparece força e fragilidade em tempo idêntico, é sórdida e pueril. O pai viúvo vendo sua única filha nas peripécias do caótico mundo é como se o próprio acabasse sobre ele, e o que mais marca é seu aval sólido diante dessa tempestade. Ele a ensina com mensagens silentes que arrepiam a pele, parece que a todo momento vai explodir, mas surpreende pelo seu exemplar amor, privando-a de um sofrimento maior. O filme aborda um conteúdo muito tocante e de soberba importância.
Por essas e outras razões, o cineasta sul-coreano acerta mais uma vez nessa grande obra. O final é de uma frieza terrível e pode desagradar muita gente, pois fica aquele “gostinho” de quero mais. Bastante recomendado para os pais, mormente aqueles que tiveram problemas com seus filhos.
Pedro, O Negro
3.8 14 Assista AgoraBom filme.
Site:
The Ghost of Munich
4.0 2Um filme que tem estréia mundial em 2012 e já tiveram quatro pessoas que assistiram. --'
Procura Insaciável
4.0 20Em busca de uma LEGENDA em PT BR. Alguém tem?
Os Amores de uma Loira
3.8 34 Assista AgoraSingelo, recreativo censor, agradável e desculpem pela expressão melosa frívola, muito gostoso de assistir. “Os Amores de Uma Loira” foi a obra que deixou conhecido no exterior o cineasta Milos Forman, autor do aclamado “Um Estranho no Ninho”, inclusive com esse seu aparente segundo longa-metragem, foi indicado a Oscar como Melhor Filme Estrangeiro em 1967. Os anteriores trabalhos do diretor são duvidosos, não pela qualidade, mas por serem desconhecidos, como "Lanterna magika II" e "Audition", bastante difíceis de serem encontrados em circulação, uma pena para quem aspira sondar a fundo o talento do Forman.
O bom de assistir fitas sem ler sinopse é que aumenta as chances de imprevisibilidade, passa a compreendê-las com alvura, avaliar como propriamente são, sem falsos julgamentos. Um filme que desde o começo e alguns minutos, nada promete, chegando a ser um tanto monótono e desencorajador, porventura pela música, que parecia ilustrar, talvez propositalmente, a candidez, fragilidade acolhedora e tédio da época. Entretanto, as coisas ganham rumo surpreendentemente agradável, cômico, crítico e envolvente, fazendo questão de tratar cada camada como complemento, que se desenvolve aos poucos, nos fazendo rir pela singeleza e familiaridade que cada uma delas apresenta, um sutil convite ao intercâmbio dos espectadores, cujo diálogo humorístico e inteligente nos mantêm descontraídos em todo o seu percurso. A premissa informal também serve como base para zombar, mesmo que levemente, o ritmo de vida das mulheres na República Tcheca, em Praga. Numa fase em que elas eram em quantidade enorme para cada homem e viviam aflitas pela busca do rapaz certo, como é bem patente, várias seguiam deprimidas por não terem sucesso no casamento. Alguns homens reconheciam essa situação e buscavam tirar proveito, principalmente das mais jovens e das mais carentes. Outro detalhe que me chamou a atenção foram as cenas de nudez, achei bastante expressivas para o tempo, inclusive nessas cenas criaram em mim um considerável desdém pela protagonista. Bom, assistam e vocês saberão.
“Os Amores de Uma Loira” vale a pena ser visto por todas essas razões citadas. O final é lindo e com uma trilha que com certeza todos vocês já ouviram em algum lugar, representando muito bem o lúgubre do estado da mulher em função de um homem, tediosamente oxigenado.
Blog:
The Coast Guard
3.4 10De uma quimera máscula, varonil, pela fátua e inocente ideia de honra influenciada pelos papos de exército, um soldado mais dedicado que os outros, camba em flagelo. A queda é irreversível.
O filme mostra isso de uma maneira emocionante, com poucos talhos de culminância e trilha sonora belíssima, pela mesclagem de agrura, delgadeza, alvura e candidez. Sem esquecer do lado sórdido e violento. A fusão de tudo isso com a personagem principal e uma outra também afetada pela tragédia, é desoladora e capaz de ser envolvente por tratar de sentimentos comuns e bojos, que vão de um extremo à outro, como inocência e perca, amor e ódio, sonho e decadência. Deixando manifesto que o filme não se sente obrigado a tratar todos esses assuntos com abissalidade, mas contar uma história com força maior no sentimento de culpa, algo que a obra teve a sabedoria de causar um interessante embate entre o cumprimento do dever de um soldado, o cataclismo do povo local e a reflexão de todas essas consequências direcionadas à ele (o herói causador). A fita mostra ainda mais que não saber administrar esses assuntos, não ser diretor de si mesmo, tem negativações celsas para o ser humano, caso o mesmo caia em desgraça.
Não considerei os civis propriamente vítimas, pois abusam e subestimam demais a força militar dessa península, por essa razão eles são os genuínos culpados, entretanto, o filme consegue provocar este dilema de interrogar as autoridades coreanas, como manter a vigia noturna contra os espiões (que ostensivelmente nem mais existem) e assassinar apenas para ser condecorado e licenciado, mesmo sabendo que são civis que invadiram a área; a partir daí a gente consegue ver um lado pusilânime e corrupto por parte da ordenança, dando margem à críticas, um bom equilíbrio entre ambos os lados. Seguindo uma rota simples e passando aos poucos à uma vereda cada vez mais complicada, causando até suspeita de um delírio coletivo surgido pelo trauma do acontecimento; nem vou me aventurar a resenhar essa parte porque viajei um pouco ou o filme deixa isso em aberto pela sofisticação do roteiro e direção. Ótimos empenhos também do ator Dong-Gun Jang e atriz Ji-a Park, os principais do longa.
Entendido como o mais fraco filme de Kim Ki-duk por alguns, classificação que, de fato, não compreendi e não concordo nem um pouco. Achei ótimo, envolvente e com um final muito sensível, adregando que dá para fazer belos dramas com histórias de exército, embora a beleza aqui seja nada esperançosa.
Resultado: Excelente!
Site:
Pedro, O Negro
3.8 14 Assista AgoraNa ficha técnica está faltando o elenco.
ELENCO: Ladislav Jakim, Pavla Martinkova, Jan Vostrcil, Vladimír Pucholt, Pavel Sedlacek.
Os Amores de uma Loira
3.8 34 Assista AgoraCadê o ano de lançamento?
Real Fiction
3.1 8Esse recado foi MODERADO.
Motivo: Infração dos Termos de Uso. Divulgação de links com conteúdo ilegal.
Equipe Filmow.comTropical Manila
3.3 26Quem são os responsáveis por fazer conta de filmes aqui no Filmow? Esse título brasileiro é oficial ou uma brincadeira de moleque?
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraQuiseram fazer refilmagem de "Oldboy". sem cabimento. É muita falta de vergonha na fisionomia mesmo, rs.
Segredos de Sangue
3.5 1,2K Assista AgoraAcho que uma vez ou outra não pega mal, pode ser interessante um filme ocidental com um apurado olhar asiático do Park. Mas que ele continue fazendo mais filmes para o seu país e não seja seduzido por esses aproveitadores.
Moon Is the Sun's Dream
3.3 4Alguém sabe onde tem para baixar?
Saminjo
3.2 2Alguém sabe de um torrent e legenda?
Amen
3.0 13Que boa surpresa! É ótimo vê-lo retornar à atividade. Só a capa é bem chamativa.
A Ilha
3.6 42 Assista AgoraA estória parece ser contada pelos ares do lugar exótico e claustrofóbico onde tudo é sereno, instintivo. Os traumas das personagens principais compõem ritmo ao filme, encontrando-se e complementando-se, gerando conforto mútuo, só que mais tarde, todo esse início harmônico é rompido, tendência dos complexos amorosos. Uma dolorosa história de amor que vai além de isolamentos, de quebras e consertos, de idas e retornos; uma exibição do ser humano em circunstâncias extremistas.
Aliás, “história de amor” é só um clichê de argumentação, porque em nenhum momento a película assume isso, ambos mantêm contato para suas saciações carnais e como itinerário para libertar “a ilha” dentro de si. Embora em algumas situações a mulher revele paixão por um homem que lhe sensibilizou, viu nele a cura para sua moléstia, seu aval e descanso. Ela é a genuína ilha que se calou para o mundo por alguma razão não explicada na fita, cujo entendo como ponto forte do filme, nos possibilitando uma série de conclusões em todo esse clima estranho, metafórico,quintessencial, violento. Ela vislumbrava nele toda sua companhia “íntima-familiar” e estava disposta a tudo para mantê-lo ao seu lado, a carência e o ciúme transparecendo em formas mortalmente terríficas, utilizando-se de chantagens até mesmo autodestrutivas.
No elenco me chamou atenção o ator Jo Jae Hyeon, o mesmo de “Crocodilo”, “Wild Animals” e “Bad Guy”, um ótimo ator que infelizmente teve uma participação muito curta. “O Bordel do Lago”, outro título nacional desse mesmo filme, também é conhecido pela sua violência crua com os animais, que mesmo sendo normalmente comestíveis, em Cinema ganha uma proporção mais cruel e polêmica.
Resultado: Bom.
Site:
Wild Animals
3.3 9Assim como “Crocodilo”, “Animais Selvagens” é outro digno do título, pois a agressividade é elemento presente em quase todas as cenas, até lances de sexo em que o autor sempre faz questão de exibir.
Nota-se que nesses filmes antigos do Ki-duk, faziam bastante uso da violência (mormente com as mulheres) sem uma aparente preocupação em estudá-la, dando aquela impressão de apenas apresentar fatos (ferinos), um atrás do outro, numa sucessão dinâmica de acontecimentos, ganhando muita ação, mas perdendo em conteúdo. Tudo isso cria uma barreira dimensional nos impedindo o envolvimento íntegro com as personagens, em situações insólitas, no entanto, se pensar bem, são altamente identificáveis. Isso mesmo, Kim Ki-duk consegue formular atmosferas esdrúxulas que mesmo assim nos identificamos. São filmes frios, secos e com uma lancinância (quem sabe até gratuita) veemente, no entanto, quando chegam a um clímax, conseguem emocionar estranhamente, em momentos tocantes, sem usar pieguices, mesmo que essas situações não fiquem convincentes, passando despercebidas. “Wild Animals” segue um caminho parecido com esse, um filme violento, entretanto, soa superficial por não haver uma análise mais profunda dessa pungência ou do ser humano em condições precárias, ficando tudo meio raso.
Se o diretor tivesse a mesma habilidade que tem hoje em dia, “Wild Animals” e alguns de seus outros antigos trabalhos estariam em um nível muito mais respeitoso. Ainda continuo com a proposta de refilmagem pelo próprio autor, corrigindo falhas, principalmente técnicas.
Resultado: Regular à Bom.
Site:
A Garota da Capa Vermelha
3.0 2,5K Assista AgoraCom certeza existem situações que podem se tornar muito incômodas e isso já foi provado pelas inúmeras avaliações odiosas, por motivos de aparente e substancial desproporção, momentos que, de vista, não condizem com a proposta esperada.
Mas a pergunta é: Queriam um “Live Action” da Chapeuzinho Vermelho? Sim e Não! Que o filme mantivesse o tema clássico e fosse mais pesado (e foi), talvez o que mais prejudicaram o sucesso do longa foram as cenas românticas temperadas com erotismo, que simplesmente não têm conexão com a faixa etária envolvida com o conto original, de fato, revoltou muita gente e pegou mal para o filme, e pior para a diretora, mesma de “Crepúsculo”, que por informação, é bem massacrado.
Enfim, não vou entrar em detalhes porque não estou com a cabeça boa hoje, mas adianto que não gostei e nem odiei “Red Riding Hood”, não me animou e nem me entediou (aliás, só um pouco). Fiquei “supremamente” NEUTRO. Que proeza, né?
Resultado: Regular à Bom.
Site:
Um Olhar do Paraíso
3.7 2,7K Assista AgoraBelíssimo!
Uma odisséia deslumbrante em um mundo de maravilhas, que nos leva à reflexões etéreas, nos projetando à uma outra compreensão e o resultado é um sentimento profundo de paz. O oxigênio do filme é muito agradável de respirar, a edição competente e entretida nos permite uma contemplação sem esforços, uma obra que já nos entrega tudo de maneira esperta, basta a gente se acomodar e sentir todo o encantamento que nos apresenta. Outra sacada interessante é o poder de nos causar tensão, o suspense nos atinge mesmo sabendo de tudo que vai acontecer. A cena que a Susie narra momentos antes de sua morte constrói camada por camada, nos permitindo admirar cada detalhe. Coisa também chamativa no longa, é tratar a morte como algo despercebido, a pessoa não sabe ou aceita que morreu, lógico, a argumentação considera a possibilidade de existir vida após a falência.
Stanley Tucci em uma performance BRILHANTE, até mais que os hipnóticos olhos da Saoirse Ronan. Muito merecida a indicação ao Oscar como Melhor Ator Coadjuvante, uma atuação sem muitas palavras, deixando apenas os gestos e olhares ganharem atmosfera, acreditem: DIVERTE MUITO! Apesar de tudo, “Um Olhar do Paraíso” recebeu algumas críticas pesadas, canalizadas mais na direção do Peter Jackson (Trilogia: O Senhor dos Anéis), dizendo que ficou artificial, clichê, abusando de belas imagens apenas para emocionar e sem respeitar o conteúdo, estropícios que não vi gravidade nessa linda película. Tiveram sim alguns momentos para se observar com um pé atrás, como o corte do clima sereno para introduzir, desnecessariamente, faixas de humor com músicas inconvenientes, que não condizem muito com a proposta. SPOILER: Acrescentando também o fato de inúmeros e espalhados filmes de fotografias da Susie, “coincidentemente” o último filme que resta é o que “revelará” (sem cabimento) o assassino da menina, ficou algo meio forçado, mas tudo bem.
Enfim, um excelente filme que proporciona emoção, SHOW de imagens, tensão e humor negro em perfeita representação pelo Stanley Tucci, só por esse ator já vale uma conferida.
Resultado: Bom à Excelente!
Site:
O Menino do Pijama Listrado
4.2 3,7K Assista AgoraConsidero como erro encarar algum filme desta forma, mas revelo que esperava muito mais da produção. O poster é lindo e leva a crer sobre algo mais “sério” e elucubrativo. Dá até para si sentir um pouco vidente, porque o nível de clichê ou previsibilidade torna-o um tanto “bobo”. Entretanto, isso é só um achismo, pois o trabalho tem coerência com aquela velha proposta circular: Um filme para a família. Um filme para todos. Nada mau, oras.
“O Menino do Pijama Listrado” procura seguir a perspectiva pueril da infância, acompanhando tudo com seus olhares curiosos e imaginação florescente numa das épocas mais maldosas da humanidade. A frase de John Betjeman, no início: “A infância é medida por sons, aromas e visões, antes do tempo obscuro da razão se expanda.” Deixa limpo que mostrará o encantamento fértil e que depois o pessimismo assumiria lugar, ganhando ares de reflexão, como resultado de tanto cataclismo visto (não é bem o que ocorre). A trilha sonora do James Horner (ótimo em Braveheart) torna-se repetitiva, como fórmula de manter o clima “emocionante” (sem necessidade), além de não ter, francamente, respeitável composição (perdões, James).
O final é trágico, porém, o garoto que decide “brincar” de explorador em um campo de concentração talvez tenha ficado um tanto incabível, todavia, a película justifica como forma do Bruno se sentir menos culpado, ajudando seu amigo nessa jornada, mesmo que a presença dele não faça diferença se encontrará ou não o pai do Schmuel. Porventura, a melhor cena é a catástrofe. Por ser um filme trivial, a gente fica duvidando se o menino morre, achando que vai acontecer uma solução normalmente heróica desses filmes clichês, mas não, até que surpreende, mata mesmo (Risos!).
Segundo a intenção de fazer uma obra para a família, até para que os meninos entendam e pensem; realmente, olhando por esse lado, o filme é muito bom e “deprê” para as crianças, deixarão elas muito tristes, fará bem para que reflitam desde cedo que o preconceito só destrói vidas. O filme é bonzinho, mas os fãs que me perdoem, não me emocionou e nem pretendo revê-lo. Já passei dessa fase.
Site:
Inverno da Alma
3.5 938O título leva a crer sobre algo mais espirituoso e existencial, inserindo-se no clima de mistério quimera e alimentando isso. “Inverno da Alma” trata-se de um filme quase perfeito, aliás, esse “quase” é só uma precaução, pois é difícil encontrar furos nele. Segue um caminho seguro e bem calculado, parece que nada fica fora do lugar, mesclando drama e suspense com maestria e simplicidade, sem aquelas coisas exageradas norte-americanas.
A película é humilde e procura contar uma história sem usar adereços. Esteve no círculo comercial (grande público) sem ter características da raça. É seco, duro e gélido, cujos são estereotipados como arrastado, parado ou chato, tudo por julgarem rápido demais, sem fazerem um respeitável esforço para compreender e sentir a missiva da obra, sua tocante grandeza. “Winter’s Bone” consegue o feito curioso de ser borbulhado de sentimentos e mesmo assim parecer tão sem alma, como se a emoção fosse passada em gradações e cada uma delas fosse congelada segundos depois, porém, não usa sempre o mesmo recurso, lógico. O silêncio interiorano parece seguir as frias correntes de ar, a gente sente o filme “respirar” com serenidade (é estranho isso), completando com o diálogo visual que é igualmente expressivo, com imagens que parecem “descascar escamas”, de forma que elas traduzam o que é mais relevante e familiar.
Vencedor do Prêmio do Júri em 2010, no Festival de Sundance e indicado ao Oscar em 4 categorias, “Inverno da Alma” é um grande exemplar, não só pelas suas premiações, entretanto, pela aula de Cinema que esse filme também propõe.
Resultado: Ótimo!
Site:
Crocodilo
3.3 16Sabia que os crocodilos também podem ser gentis? Crocodilo é um bicho da família “crocodylidae”, habita nas terras de rio quase opaco na Ásia, África, América do Sul e Norte. Irreverente, temperamento feroz e lancinante. A semelhança do original e do bicho-homem é notória, vivendo à espreita e em situações críticas, como um predador que vai à caça, vai em busca daquilo que lhe é útil, fera egoísta. Se o autor do filme é um escárnio crítico da condição feminina na Coreia do Sul, aqui ele deixa claro que a presa do homem é a mulher, cujo sente prazer em devorá-la pungentemente e quando a mesma se entrega, se conforma, ele parece perder o interesse; a resistência é um afrodisíaco.
Aos poucos o filme chega a um clímax leve de emoção (embora não afirme esse intento). Crocodilo-Homem muda, passa a se harmonizar com seus parceiros, reconhece que é tudo que tem. Enfim, o amor parece ter assaltado o coração desse marginal, algo que nunca sentiu antes, tornando o crocodilo manso, sendo gentil pela primeira vez (?); mas infelizmente as coisas andam belicosas, bem no momento mais importante de sua vida. O final é apnético!
Pelo visível baixo orçamento, a parte técnica da película não agrada, tornando o filme exaustívo de acompanhar. Entretanto, com as impressões já citadas, Kim Ki-duk começa bem com sua carreira de realizador. Seria nada mau se o autor fizesse uma refilmagem de seu trabalho inicial, com os mesmos atores (menos o menino, né? ^_^) e suas qualidades atuais de Diretor, porque a ideia do filme é ótima! Tente imaginar o contemporâneo Kim com o enredo de “Crocodilo”. Não seria arrasador? Outro detalhe, quem assistiu “O Hospedeiro”, de Bong Joon-ho, deve se lembrar da locação do rio Han, talvez não seja o mesmo, no entanto, lembra bastante.
Crocodilo diz: "Esses barquinhos só me fazem lembrar de quão minha vida é miserável!" Eram porque faziam lembrar a infância dele ou representavam um sonho que nunca era realizado? Curioso a cena que ele pega uma tartaruga e pinta o casco de azul, olha para o garoto e joga no rio, como se fosse um barquinho em direção ao mar, um sonho lançado. O triste é que no fim a tartaruga continua no mesmo lugar.
Site:
Birdcage Inn
3.9 14Beleza extravagante, violência, sentimentos comuns e especiais. Mesmo com suas diferenças notáveis, ambas as personagens lembram aquelas pinturas abstratas e impressionistas, contrastando com os traços bem definidos e atiçando os instintos (talvez ou com certeza até libidinosos).
Agressão que submete e discrimina, aborda sempre a mulher em condições terríveis, conversa coloquialmente com os preconceitos. Podemos nos incomodar, mas expõe o asco de conviver, porventura, com uma pessoa que vende o corpo, como se exalasse sujeira ou moléstia por toda parte. Em “Birdcage Inn” isso é tocantemente oposto, pois tal ser vivo é de uma delicadeza, humildade inspiradora; sem contar com sua aura artística, ilustrada com talento pelo lápis, infelizmente desdenhada por todos.
É marcante a apologia ao amor que nasce de um longo conflito, de uma comprida série de intrigas, como se fossem testes que se provam o crível. Duas figuras distintas, mas próximas em alguns pontos familiares. Uma se conserva virgem, pura, limpa (enfatiza-se o valor da virgindade feminina), enquanto aparenta ser mais mórbida que a meretriz, cuja intimidade está em constante invasão. Entretanto, as duas tem surtos de suas características contrárias, a amarga em alguns momentos consegue ser tão doce e vice-versa. A harmonia é finalmente conquistada em seu decorrer, gerando alguns detalhes curiosos, principalmente o final, deixando uma interpretação a mais para os perversos.
Um belo filme de uma grande amizade em seu pleno nascimento.
Site:
Noé
3.0 2,6K Assista AgoraDuas pessoas vieram do futuro e marcaram que já viram.
Samaritana
3.7 52Entre causa, efeito e reflexão, “Samaritana” mostra com excelência que a disciplina, compreensão e silêncio são os melhores ingredientes para modelar o espírito de uma pessoa, tendo consequências produtivas no comportamento. Não adianta dá murro em ponta de faca! Gritos ou semelhantes só ferem os ramos, a raiz estar em um ponto mais inacessível.
“Vasumitra”, de um desejo que leva a entrega gratuita do corpo; “Samaria” (título), da redenção que vai ao refletir sobre as ações e finalmente “Sonata”, o som melodioso e lúgubre, renova a alma, drena as impurezas e mostra um novo caminho a seguir. A fase sonhadora dos adolescentes, esse instinto aventureiro que não mede atitudes para conseguir o que designa, que transparece força e fragilidade em tempo idêntico, é sórdida e pueril. O pai viúvo vendo sua única filha nas peripécias do caótico mundo é como se o próprio acabasse sobre ele, e o que mais marca é seu aval sólido diante dessa tempestade. Ele a ensina com mensagens silentes que arrepiam a pele, parece que a todo momento vai explodir, mas surpreende pelo seu exemplar amor, privando-a de um sofrimento maior. O filme aborda um conteúdo muito tocante e de soberba importância.
Por essas e outras razões, o cineasta sul-coreano acerta mais uma vez nessa grande obra. O final é de uma frieza terrível e pode desagradar muita gente, pois fica aquele “gostinho” de quero mais. Bastante recomendado para os pais, mormente aqueles que tiveram problemas com seus filhos.
Resultado: Excelente!
Site: