Acho bem reducionista dizer que este filme se baseia na "beleza do cotidiano", porque isso significaria aceitar as formas de violência impostas por aqueles que dizem o que é o normal. Quando nosso personagem é forçado a fazer dois turnos de serviço, por exemplo - numa escolha muito acertada do roteiro -, toda a suposta beleza inerente ao cotidiano simplesmente desaparece: para ter acesso à sensibilidade, é necessário tempo e disposição - não só vontade -, algo que, sem dúvidas, os correlatos brasileiros de Hirayama têm bem menos do que ele.
Não é uma celebração do cotidiano: estamos na celebração de um personagem, em suas condições próprias de vida e maneiras particulares de lidar com elas. Não é uma experiência universal, como a (boa) arte não pretende ser.
Acho bem reducionista dizer que este filme se baseia na "beleza do cotidiano", porque isso significaria aceitar as formas de violência impostas por aqueles que dizem o que é o normal. Quando nosso personagem é forçado a fazer dois turnos de serviço, por exemplo - numa escolha muito acertada do roteiro -, toda a suposta beleza inerente ao cotidiano simplesmente desaparece: para ter acesso à sensibilidade, é necessário tempo e disposição - não só vontade -, algo que, sem dúvidas, os correlatos brasileiros de Hirayama têm bem menos do que ele.
Não é uma celebração do cotidiano: estamos na celebração de um personagem, em suas condições próprias de vida e maneiras particulares de lidar com elas. Não é uma experiência universal, como a (boa) arte não pretende ser.