Acho bem reducionista dizer que este filme se baseia na "beleza do cotidiano", porque isso significaria aceitar as formas de violência impostas por aqueles que dizem o que é o normal. Quando nosso personagem é forçado a fazer dois turnos de serviço, por exemplo - numa escolha muito acertada do roteiro -, toda a suposta beleza inerente ao cotidiano simplesmente desaparece: para ter acesso à sensibilidade, é necessário tempo e disposição - não só vontade -, algo que, sem dúvidas, os correlatos brasileiros de Hirayama têm bem menos do que ele.
Não é uma celebração do cotidiano: estamos na celebração de um personagem, em suas condições próprias de vida e maneiras particulares de lidar com elas. Não é uma experiência universal, como a (boa) arte não pretende ser.
Pior filme da obra de Petrus, de longe e infelizmente. Nem as atuações se salvam, nem o roteiro faz um mínimo esforço para ser crível - que dizer de todos os personagens com acento típico do sudeste em pleno interior do Ceará?
Sim, um filme fortemente abalado por suas circunstâncias de produção, mas ainda assim, entrega bem menos do que prometia.
Acho muito interessante como Burlan aqui utiliza a repórter - isto é, aquela que tem uma ética da imagem e da linguagem da violência totalmente oposta à de um filme que não fetichiza a atrocidade - como aliada em busca de uma punição ao criminoso. Acho isso duplamente sintomático: primeiro, porque mostra que a dinâmica da punição em nossa sociedade não cabe na lógica de construção estética e sensível, mas extrapola a ela, torna-se um elemento estranho e um fim para o qual a arte é incompatível; depois, porque talvez aponte para uma conciliação possível entre linguagem cinematográfica e mídia de massas, o que o cartaz ao final da obra parece sinalizar. Isto é um argumento forte, mas realmente não sei em que medida justo: se o filme em si já funciona como uma vingança, a punição poderá ser, um dia, simplesmente justiça? Isto é, em qual momento vingança e justiça conseguem desembolar esse nó e tornar-se coisas distintas com ajuda da linguagem?
Os pagãos são sempre os outros: mais um filme que faz exatamente aquilo que tenta criticar. Quase todo o gênero "terror" existe para defender valores pretensamente universais, contra manifestações desviantes, aberrações - no filme inclusive personificadas - e absurdos. Nenhuma novidade aqui.
Compasso de Espera tem seus 50 de lançamento e consegue discutir com mais profundidade, atualidade e interesse estético todas as questões que esse arremedo de filme tenta trazer. Baita desserviço.
Meu trabalho é literalmente analisar e ensinar métodos de análise de obras de arte. A coisa mais difícil nesta vida é fazer com que as pessoas entendam que uma obra se analisa por fatura, e não por juizos binários de validade e invalidade. E que neste espaço a crítica se constrói.
Isso posto, esse filme é uma verdadeira lapada de bosta.
Todo discurso que relaciona esse filme a "fé na humanidade" ou "o ser-humano" está equivocado e perdeu o ponto principal da obra: veja qualquer entrevista com o diretor. Este é um filme sobre ideologia, e sobre a distância inegociável entre criminoso e crime, tudo é contextual. Não há "humanidade" em essência.
Dar uma volta gigantesca pra chegar no mesmo papelão liberal sobre a importância do núcleo familiar - daqueles que ninguém precisa de multiverso pra crer. Um desperdício de inteligência.
Na primeira metade do filme, tinha certeza de que estaríamos diante de um documento histórico - filme bem dirigido e montado, ótima pesquisa, entrevistas bem conduzidas. Na segunda metade, no entanto, parece que o lado netflix aflora e perde-se totalmente o arco narrativo - se seguíssemos o ritmo da metade teríamos que ter, e com razão, um filme com o dobro do tamanho. No entanto, na segunda metade perdemos a parte documental (o que causa o hiato de dez anos do grupo e sua posterior retomada? O que seus integrantes fizeram nesse meio tempo? Como foi a mudança de perspectiva e onde estão os registros das turnês de Nada como um Dia? Isso tudo passa muito rápido e quase não é contado).
Mais uma vez, pagamos o preço da narrativa comercial: ficamos com uma primeira metade ricamente documental e uma segunda metade apressada, acrítica e com uma narrativa ascendente (note que o filme vira um trailer no final) que não faz jus a nenhuma parte do processo criativo do grupo e de sua importância estética e cultural. É uma pena enorme, sobretudo diante do que este filme poderia ter sido.
Este é um filme corajoso, feito pra gente corajosa. Toda narrativa e todo tom épico são apenas comentários a si próprios. Isso é o melhor que uma direção pode oferecer.
Dois ótimos planos-sequência ao redor de um filme horroroso, pastiche de comédias italianas e argentinas. O roteiro não tem cabimento nenhum, e o saudosismo se parece aqui muito mais com elitismo. Felizmente Anna fez coisas muito melhores depois.
Este filme é um ótimo exemplo de como uma obra pode abordar um tema relevante de um ponto de vista correto e mesmo assim ser medíocre. O filme tem boas atuações, mas o ritmo se assemelha ao de um trailer: estamos no puro suco do cinema comercial mais tacanho, com cortes incessantes, piadas autoirônicas que parecem da Marvel, atuações contidas, trilha sonora induzindo emoção, narrativa ascendente de redenção. A forma não fecha com o conteúdo, não faz jus à violência e à complexidade do processo de ditadura e redemocratização. Como contraponto, indico Estado de Sítio, de Costa-Gavras, sobre a ditadura no Uruguai, e La Hora de Los Hornos, filme experimental sobre a ditadura argentina.
Creio que esse seja o quinto ou sexto filme sobre Pelé que eu tenha visto e, de fato, é o primeiro que vale como filme. A pesquisa de arquivo é muito (muito) boa, a montagem da obra é ótima, as entrevistas são bem conduzidas.
Como escopo, creio que o filme deixa um pouco a desejar. Não entendermos bem qual é o verdadeiro recorte do filme: é a vida de Pelé, é sua carreira ou é Pelé em Copas o que está em jogo? Se for a vida dele, falta muita coisa (Edinho, por exemplo, ou a juventude mesmo). Se for a carreira, falta também (principalmente o Santos, minimizado pela seleção no filme, mas também o Cosmos). Se for Pelé em Copas, aí há coisas sobrando. Ficamos sem saber muito bem do que se trata o filme, e nisso a experiência resulta um pouco insegura.
Isso posto, há mais acertos do que erros. Colocar Pelé como personagem contraditório - como homem e em relação à política - é um ganho enorme com relação a tudo que se fez sobre ele até hoje. Diferentemente do que disseram aí embaixo, o filme está longe de amenizar para Edson - o que surpreende bem. A relação com a ditadura e com sua primeira esposa traz um lado muito raro e interessante sobre uma personalidade que é constantemente des-historicizada, colocada acima de contextos. Aliás, creio que a maior contribuição deste filme seja criar uma narrativa de superação no arco 62 - 66 - 70, algo que se diz muito pouco sobre o jogador Pelé, sempre visto em um eterno apogeu físico e técnico nos dias de hoje. Além disso, inserir a Copa de 50 na genealogia da conquista de 58 foi uma escolha muito feliz. Por isso, o filme Pelé de fato contribui muito, também no campo esportivo, para se delinear uma verdadeira trajetória do jogador de futebol Pelé - alguém que de fato falhou, sofreu, pensou em desistir - e para suas conquistas - individuais e coletivas ao mesmo tempo.
As notas negativas ficam, como sempre na Netflix, para o uso de trilha sonora e para a escolha de alguns entrevistados. Delfim Netto? FHC? O Brasil teve, até pouquíssimo tempo, o primeiro presidente de sua história que nunca se furtou em falar de futebol e assumir um clube do coração (e não um por semana rs), por que não colocá-lo em cena? Para além disso, o apagamento de Garrincha é algo simplesmente indesculpável - não sei se o fato de os diretores serem estrangeiros os faz não saber o peso dessa figura, mas não tem como falar de 62 sem citar Mané.
O saldo é extremamente positivo, ao cabo. Os diretores conseguem inserir a lenda - muitas vezes conhecida apenas como lenda - em contextos, situações ambíguas, arrependimentos, arcos narrativos. Para uma figura como Pelé - como Edson - isso não é pouca coisa: temos de fato um documento histórico aí. Cheio de lacunas e inseguranças, mas um documento histórico sim.
Dias Perfeitos
4.2 252 Assista AgoraAcho bem reducionista dizer que este filme se baseia na "beleza do cotidiano", porque isso significaria aceitar as formas de violência impostas por aqueles que dizem o que é o normal. Quando nosso personagem é forçado a fazer dois turnos de serviço, por exemplo - numa escolha muito acertada do roteiro -, toda a suposta beleza inerente ao cotidiano simplesmente desaparece: para ter acesso à sensibilidade, é necessário tempo e disposição - não só vontade -, algo que, sem dúvidas, os correlatos brasileiros de Hirayama têm bem menos do que ele.
Não é uma celebração do cotidiano: estamos na celebração de um personagem, em suas condições próprias de vida e maneiras particulares de lidar com elas. Não é uma experiência universal, como a (boa) arte não pretende ser.
República da Traição
3.4 2Que desperdício de Zózimo Bulbul.
A Dupla Vida de Véronique
4.1 275 Assista AgoraO pior filme de Kieslowski, sendo apenas muito bom (aí já se vê).
Sul, Amor e Liberdade
4.0 2 Assista AgoraÉ mole entrar aqui é ler que os musicais de Piazzolla são desinteressantes e cansativos? Que século, meu deus.
Mais Pesado é o Céu
3.5 3Pior filme da obra de Petrus, de longe e infelizmente. Nem as atuações se salvam, nem o roteiro faz um mínimo esforço para ser crível - que dizer de todos os personagens com acento típico do sudeste em pleno interior do Ceará?
Sim, um filme fortemente abalado por suas circunstâncias de produção, mas ainda assim, entrega bem menos do que prometia.
Elegia de um Crime
3.7 8Dentre muita coisa a dizer, vou enfatizar uma:
Acho muito interessante como Burlan aqui utiliza a repórter - isto é, aquela que tem uma ética da imagem e da linguagem da violência totalmente oposta à de um filme que não fetichiza a atrocidade - como aliada em busca de uma punição ao criminoso. Acho isso duplamente sintomático: primeiro, porque mostra que a dinâmica da punição em nossa sociedade não cabe na lógica de construção estética e sensível, mas extrapola a ela, torna-se um elemento estranho e um fim para o qual a arte é incompatível; depois, porque talvez aponte para uma conciliação possível entre linguagem cinematográfica e mídia de massas, o que o cartaz ao final da obra parece sinalizar. Isto é um argumento forte, mas realmente não sei em que medida justo: se o filme em si já funciona como uma vingança, a punição poderá ser, um dia, simplesmente justiça? Isto é, em qual momento vingança e justiça conseguem desembolar esse nó e tornar-se coisas distintas com ajuda da linguagem?
Cabaret Mineiro
3.1 35Esse filme não é um meme: esse filme é MUITO bom. Abra os olhos e veja.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraOs pagãos são sempre os outros: mais um filme que faz exatamente aquilo que tenta criticar. Quase todo o gênero "terror" existe para defender valores pretensamente universais, contra manifestações desviantes, aberrações - no filme inclusive personificadas - e absurdos. Nenhuma novidade aqui.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraLiteralidade é o único pecado artístico indefensável.
Medida Provisória
3.6 432Compasso de Espera tem seus 50 de lançamento e consegue discutir com mais profundidade, atualidade e interesse estético todas as questões que esse arremedo de filme tenta trazer. Baita desserviço.
Beau Tem Medo
3.2 406 Assista AgoraMeu trabalho é literalmente analisar e ensinar métodos de análise de obras de arte. A coisa mais difícil nesta vida é fazer com que as pessoas entendam que uma obra se analisa por fatura, e não por juizos binários de validade e invalidade. E que neste espaço a crítica se constrói.
Isso posto, esse filme é uma verdadeira lapada de bosta.
Dom Quixote
4.0 7Um ótimo filme e uma péssima adaptação.
Jacquot de Nantes
4.3 19Um filme tão bonito não pode em hipótese alguma ser bom.
Satyricon de Fellini
3.8 145 Assista AgoraLeia o livro e você vai pelo menos - pelo menos - entender.
O Ato de Matar
4.3 135Todo discurso que relaciona esse filme a "fé na humanidade" ou "o ser-humano" está equivocado e perdeu o ponto principal da obra: veja qualquer entrevista com o diretor. Este é um filme sobre ideologia, e sobre a distância inegociável entre criminoso e crime, tudo é contextual. Não há "humanidade" em essência.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraDar uma volta gigantesca pra chegar no mesmo papelão liberal sobre a importância do núcleo familiar - daqueles que ninguém precisa de multiverso pra crer. Um desperdício de inteligência.
Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo
4.4 163E pelo amor de deus, chega de filmes "necessários". Nenhum filme é necessário: façamos filmes bons.
Racionais: Das Ruas de São Paulo Pro Mundo
4.4 163Na primeira metade do filme, tinha certeza de que estaríamos diante de um documento histórico - filme bem dirigido e montado, ótima pesquisa, entrevistas bem conduzidas. Na segunda metade, no entanto, parece que o lado netflix aflora e perde-se totalmente o arco narrativo - se seguíssemos o ritmo da metade teríamos que ter, e com razão, um filme com o dobro do tamanho. No entanto, na segunda metade perdemos a parte documental (o que causa o hiato de dez anos do grupo e sua posterior retomada? O que seus integrantes fizeram nesse meio tempo? Como foi a mudança de perspectiva e onde estão os registros das turnês de Nada como um Dia? Isso tudo passa muito rápido e quase não é contado).
Mais uma vez, pagamos o preço da narrativa comercial: ficamos com uma primeira metade ricamente documental e uma segunda metade apressada, acrítica e com uma narrativa ascendente (note que o filme vira um trailer no final) que não faz jus a nenhuma parte do processo criativo do grupo e de sua importância estética e cultural. É uma pena enorme, sobretudo diante do que este filme poderia ter sido.
O que Vemos Quando Olhamos para o Céu?
3.8 9Este é um filme corajoso, feito pra gente corajosa. Toda narrativa e todo tom épico são apenas comentários a si próprios. Isso é o melhor que uma direção pode oferecer.
Durval Discos
3.7 335 Assista AgoraDois ótimos planos-sequência ao redor de um filme horroroso, pastiche de comédias italianas e argentinas. O roteiro não tem cabimento nenhum, e o saudosismo se parece aqui muito mais com elitismo. Felizmente Anna fez coisas muito melhores depois.
Argentina, 1985
4.3 334Este filme é um ótimo exemplo de como uma obra pode abordar um tema relevante de um ponto de vista correto e mesmo assim ser medíocre. O filme tem boas atuações, mas o ritmo se assemelha ao de um trailer: estamos no puro suco do cinema comercial mais tacanho, com cortes incessantes, piadas autoirônicas que parecem da Marvel, atuações contidas, trilha sonora induzindo emoção, narrativa ascendente de redenção. A forma não fecha com o conteúdo, não faz jus à violência e à complexidade do processo de ditadura e redemocratização. Como contraponto, indico Estado de Sítio, de Costa-Gavras, sobre a ditadura no Uruguai, e La Hora de Los Hornos, filme experimental sobre a ditadura argentina.
E nunca más.
Pelé
3.6 77Creio que esse seja o quinto ou sexto filme sobre Pelé que eu tenha visto e, de fato, é o primeiro que vale como filme. A pesquisa de arquivo é muito (muito) boa, a montagem da obra é ótima, as entrevistas são bem conduzidas.
Como escopo, creio que o filme deixa um pouco a desejar. Não entendermos bem qual é o verdadeiro recorte do filme: é a vida de Pelé, é sua carreira ou é Pelé em Copas o que está em jogo? Se for a vida dele, falta muita coisa (Edinho, por exemplo, ou a juventude mesmo). Se for a carreira, falta também (principalmente o Santos, minimizado pela seleção no filme, mas também o Cosmos). Se for Pelé em Copas, aí há coisas sobrando. Ficamos sem saber muito bem do que se trata o filme, e nisso a experiência resulta um pouco insegura.
Isso posto, há mais acertos do que erros. Colocar Pelé como personagem contraditório - como homem e em relação à política - é um ganho enorme com relação a tudo que se fez sobre ele até hoje. Diferentemente do que disseram aí embaixo, o filme está longe de amenizar para Edson - o que surpreende bem. A relação com a ditadura e com sua primeira esposa traz um lado muito raro e interessante sobre uma personalidade que é constantemente des-historicizada, colocada acima de contextos. Aliás, creio que a maior contribuição deste filme seja criar uma narrativa de superação no arco 62 - 66 - 70, algo que se diz muito pouco sobre o jogador Pelé, sempre visto em um eterno apogeu físico e técnico nos dias de hoje. Além disso, inserir a Copa de 50 na genealogia da conquista de 58 foi uma escolha muito feliz. Por isso, o filme Pelé de fato contribui muito, também no campo esportivo, para se delinear uma verdadeira trajetória do jogador de futebol Pelé - alguém que de fato falhou, sofreu, pensou em desistir - e para suas conquistas - individuais e coletivas ao mesmo tempo.
As notas negativas ficam, como sempre na Netflix, para o uso de trilha sonora e para a escolha de alguns entrevistados. Delfim Netto? FHC? O Brasil teve, até pouquíssimo tempo, o primeiro presidente de sua história que nunca se furtou em falar de futebol e assumir um clube do coração (e não um por semana rs), por que não colocá-lo em cena? Para além disso, o apagamento de Garrincha é algo simplesmente indesculpável - não sei se o fato de os diretores serem estrangeiros os faz não saber o peso dessa figura, mas não tem como falar de 62 sem citar Mané.
O saldo é extremamente positivo, ao cabo. Os diretores conseguem inserir a lenda - muitas vezes conhecida apenas como lenda - em contextos, situações ambíguas, arrependimentos, arcos narrativos. Para uma figura como Pelé - como Edson - isso não é pouca coisa: temos de fato um documento histórico aí. Cheio de lacunas e inseguranças, mas um documento histórico sim.
Vaga Carne
4.3 26Gozo de indeterminação - Sofrimento de indeterminação - Sofrimento de determinação: onde se construirá o gozo de determinação entre nós?
Vitalina Varela
3.8 24 Assista AgoraA fotografia deve ter sido feita por El Greco em pessoa. Inacreditável.