Os diálogos cotidianos e muito naturais, porém extremamente bem sacados, me lembraram Tatuagem, do Hilton Lacerda. Foi ótimo ver o nome dele nos créditos finais entre os escritores que participaram da elaboração do filme!
Tô sob efeito do filme! Não sei bem o que comentar (muito pra assimilar!), mas preciso "desabafar" (Filmow costuma me servir principalmente para esses momentos). Obrigada Kleber Mendonça Filho! Você é genial!
1 - Só por ser um filme onde norteamericano assassino se ferra, já é maravilhoso. A "sementinha" poderosa, então, nem se fala.
2 - Adorei a sacada do disco voador/drone. A fantasia do disco voador era pra enganar o pobre-povo-do-interior caso fosse avistado, mas o cara já saca de primeira que é um drone... um tapão na cara até de quem tá assistindo.
Bacurau é um apelo, é resistência. É um baita filme poderoso, muito maior que o Oscar. É antimperialista até os ossos, sagaz, genuíno. Personagens cativantes, com dimensões. Trilha sonora perfeita! Me encantei pela música "Réquiem Para Matraga", do Geraldo Vandré, que toca em dois momentos do filme (descobri que a música é uma referência a um conto do Guimarães Rosa, então compartilho esse fato com vocês. Preciso ir atrás agora!).
Me apaixonei pelo mistério, força e estilo do personagem Lunga. Chico Science já cantava: Banditismo por pura maldade. Banditismo por necessidade. Banditismo por uma questão de classe!
É a cara do Brasil. E recentemente li "As Veias Abertas da America Latina" do Eduardo Galeano e não pude deixar de pensar em toda essa questão colonizadora e inferiorização que a América Latina sofre.
Não passa disso, não me engana que eu sou sulamericano de Feira de Santana Avisa o americano, eu não acredito no Obama Revolucionário, Guevara conhece a liberdade sem olhar no dicionário Sem olhar no dicionário, ele conhece a liberdade Vamos que vamos, vou traçando vários planos Vou seguir cantarolando pra poder contra-atacar Nas veias abertas da América Latina Tem fogo cruzado queimando nas esquinas Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu
E não esqueçamos nunca: o museu e a escola são lugares seguros, lá estaremos armados até os dentes!
Eu não acho que a intenção desse filme foi mostrar o lado brutal (como os documentários), e muito menos romantizar um serial killer. Aliás, eu não achei nada romantizado. A gente sabe desde o começo que ele é culpado, mesmo quando ele está sendo super charmoso. O absurdo é realmente a gente achar ele carismático, apesar de tudo. É essa a jogada. Fazer você duvidar de um fato há muito conhecido por você. Você até gosta dele. É o que a mídia fez na época, o que gerou em algumas meninas da época (que se "apaixonaram" por ele), é até mesmo o que o juiz parecia fazer (embora tenha sido ele que o condenou, parecia muito cordial, não?). Hoje em dia seria diferente? Será? Nas mídias sociais, enquanto uns iriam querer linchá-lo, outros fariam fã clube. Ainda mais nos dias de hoje, todo mundo iria querer advogar, iria ter gente venerando. Na época, ele conseguiu transformar tudo em um espetáculo. Beirava o ridículo. Narcisismo, carisma e ausência de arrependimento: eis um psicopata. Por isso, pra mim, o objetivo do filme foi mostrar, sob a perspectiva da Liz (afinal, parece que foi baseada no livro que ela escreveu, né?), o convívio com um ser humano que ela se envolveu, se apaixonou e, como muitos psicopatas e serial killers, tinha uma vida aparentemente normal, parecendo um homem bom, talvez incapaz de cometer tais atrocidades. Tipo o John Wayne Gacy, o palhaço da vizinhança, aparentemente uma pessoa tranquila. Como na música do Sufjan Stevens sobre o Gacy: "The neighbors they adored him for his humor and his conversation". O filme não perdoa, nem suaviza. A sacada do serial killer não é a perversão. Isso estamos carecas e sádicos de saber em detalhes pavorosos. É através do fato de mostrar ele como um ser humano "normal" e "simpático" a primeira vista que torna tudo muito macabro... Como muitos serial killers, ele não faz o estereótipo de assassino com cara de louco, desgranhado. E arrisco dizer que muitos "estranharam" o filme porque esperavam sentir asco, ódio, e não uma espécie de pena. Esperávamos até ficar horrizados com os crimes que já sabemos de cor e salteado (e a gente de certa forma gosta de saber do terrível, não?! Somos sádicos pra caramba...). Sentir empatia é algo completamente saudável, graças a Jah. E se sentimos pena é porque nos identificamos de alguma forma, vimos semelhança nele como ser humano. No lado bom, no lado normal. E tá tudo bem. É justamente isso que nos torna diferente de pessoas como o Ted Bundy, e que torna pessoas como o Ted Bundy tão terríveis. O que não suaviza de forma alguma a aberração, a maldade e a crueldade dele. Mais uma vez citando a música do Sufjan Stevens sobre o John Wayne Gacy: "And in my best behavior I am really just like him".
Gostei muito da estética! Também me lembrou o surrealismo de Jodorowsky, naquela atmosfera ritualística, e tem até um quê de sonho-pesadelo do tcheco Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos (1970), que gosto muito. Mágica e maravilhosa a presença espalhafatosa e barulhenta do Alceu Valença de espantalho. Psicodelia nordestina da melhor qualidade!
Diálogos pesados e memoráveis... ótima direção e atuações! Senti um ar de "Uma Rua Chamada Pecado". Já tinha interesse, e agora fiquei com mais vontade ainda de ler Plínio Marcos.
Registro importante de um estilo de música, de vestir e de vida (nada disso ou tudo isso!) que fez sua história à brasileira também, num período conturbado e repressivo do nosso país, cuja insatisfação e indignação que só podiam ser traduzidos através do lixo e da fúria (referenciando outro documentário incrível sobre o punk). Maravilhoso! Simples, direto ao ponto, sem firulas, sem consenso algum, violento, sujão... um documentário punk as fuck!
Petra já havia me conquistado com seu olhar sensível e delicado em Elena (2012). Com Democracia em Vertigem, então, foi impossível conter o choro. Em tempos de fragilidade e esquecimento (que acompanha o Brasil desde o não-tão-esplêndido berço), um olhar corajoso, multifacetado e cheio de memória só poderia vir de uma mulher. E que bela narrativa: costurar sua história com a nossa história só deixou tudo mais poético. Em tempos velozes como os nossos, um registro tão bonito se faz necessário para digerir tudo o que estamos vivendo. Ficará para a história.
Roma é Amor, mesmo que de trás pra frente. Mesmo sem estrutura, sem estantes (o que importa são os livros, mesmo). Um bom começo é arrumar um carro que realmente caiba na sua garagem.
Sensacional! Que pena que o projeto de "acender o mundo" não deu certo. Realmente o ácido ajuda, mas vai da vontade de dentro também... é a parte mais difícil. Nesse caso, Scully foi para um caminho maravilhoso também, estudando sobre meditação e suas reações semelhantes ao psicodélico. A combinação desses dois caminhos, junto com a consciência de classe, talvez seja a faísca necessária para acender o mundo, afinal de contas! Estamos presenciando a volta do estudo dos psicodélicos, calado na Ciência e deslegitimado/demonizado por 50 anos. Espero que um dia esse potencial possa ser mais explorado. Toda minha admiração aos pioneiros da contracultura e os elementos que implicam nela. Todo meu respeito e admiração pelos guerreiros psicodélicos, é preciso coragem mesmo! Enquanto isso, cá estou, cá estamos fazendo parte de uma centelha, uma pequena fagulha, que quem sabe um dia se torne uma grande fogueira planetária!
P. T. Anderson tem uma forma única e minuciosa de desenvolver as tramas de seus filmes. Assim foi com Sangue Negro e O Mestre (este último, meu preferido, junto com Magnólia, mas acho que Trama Fantasma segue mais o estilo dos outros dois). É com sutileza, como mensagens miúdas bordadas por dentro da barra de um vestido, que a Coisa é relevada. Mas Coisa é presente a todo momento, ainda que sua presença seja fantasmagórica. E você vai encaixando, vai costurando as partes. A Coisa pode não ser falada, mas é revelada através da atuação de Vicky Krieps (com seus olhos bondosos) e da atuação (sempre) impecável do Day-Lewis .
Aliás, eu realmente espero que Day-Lewis não encerre sua carreira aqui, como vem sendo anunciado. Acho que uma vez eu li (acredito que devo ter lido, embora eu concorde com cada palavra, não lembro de ter pensado nisso sozinha, mas infelizmente não consigo lembrar onde li) algo assim: que ainda que sejam dois dos melhores atores da atualidade, P.T. Anderson conseguiu extrair o melhor de Day-Lewis e Joaquin Phoenix quando os dirigiu, mas que a diferença crucial no modo de atuar é bem marcante: Phoenix deixa-se dominar pelo personagem (de O Mestre), é possuído, é uma atuação "irracional", pura e primitiva, por isso perfeita, enquanto a atuação do Day-Lewis é o maior exemplo de ator controlando um personagem, ator possuindo o personagem, dominando cada esgar, uma atuação "cerebral", por isso perfeita também.
Trama Fantasma matou minha saudade dessa atuação cerebral do Day-Lewis, extraída da melhor forma possível por P. T. Anderson (ainda que eu ache que este filme não supera alguns dos anteriores do mesmo diretor); confesso que ainda não vi Vício Inerente (por algum motivo não me senti muito empolgada), mas meu maior desejo seria ver Phoenix dirigido mais vezes por este cara, dando ao máximo sua atuação "irracional"!
Voltando rapidamente ao enredo (sim, uso o Filmow como desabafo!), me lembrou algo meio Machado de Assis: "alta sociedade" e seus problemas, os poucos fatos, "narração" objetiva e crua, os personagens complexos psicologicamente, até mesmo a personagem feminina, seu crescimento e sua relação com o protagonista. Até mesmo o "detalhe" chocante da trama lembra muito um dos contos de Machado.
Filmão! Pesado, mas divertido. Atuações muito boas, e o que falar desta trilha sonora com Heart, Fleetwood Mac e Iggy Pop por Siouxsie? Me agradou mais do que alguns dos que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme.
Amelie Poulain meeting Anna de Possessão (1981) do Zulawski: algo que só Del Toro poderia fazer. Brincadeiras a parte, uma bela combinação do sublime e grotesco (a própria criatura é assim, é deus e é monstro), dá aquela sensação de pureza e leveza do amor, misturada com o peso da solidão e da água num profundo mergulho... Lindíssimo! ♥
Eu juro que amei. Ainda que a perspectiva da câmera esteja meio esgotada (muitos filmes de terror recentemente vem explorando exaustivamente este recurso), achei tenso, mas engraçado em algumas cenas - o que me surpreendeu -, os personagens são todos cativantes de algum modo, e tem umas cenas realmente horripilantes, na minha opinião! E sem apelar para o barulho, tipo grito, baque, como em muitos filmes de susto pré fabricado (ainda que, claro, os sustos nos filmes de terror sejam intencionados). Para mim, Shyamalan acertou... assustou e divertiu. E tem aquele desfecho revelador e maluco bem digno do cara.
Apesar de ainda preferir The Lobster - que entrou na minha lista de favoritos -, este tem ares bem "familiares" com ótimo Dente Canino, e aqui Yorgos continua se consagrando e se reinventando. A estranheza, incômodo e o humor singular são marcas registradas do cara, e eu adoro isso. Longa vida a ele!
Não é surpresa ver nos comentários aqui que o filme faz alusões as tragédias gregas, mas sabe, eu só pensei em referências bíblicas.
Além do poder dos médicos de "playing god", há algumas coisas que notei, mas podem ser viagem: quando a Anna beija os pés de Martin, como Maria Madalena; o fato do Martin poder fazer, quando bem quisesse, os paralíticos andarem ("o milagre de Cafarnaum", valeu Google), quando o Bob "chora" sangue; e, por fim, desde o título, já que animais são comuns na bíblia como oferenda, até mesmo o próprio Jesus, que serve de sacrifício para expiar os pecados (o filho de Deus = o filho daquele que brincou de Deus na sala de cirurgia?), o que me lembrou bastante "A um carneiro morto", do Augusto dos Anjos...
...mas enfim, acho que é porque assisti Mother do Aronofsky recentemente.
Terminei o filme e percebi que eu estava me comportando de maneira robótica e monotona na fala! rs E que título lindo!
Antes de ler comentários aqui explicando as metáforas (que confesso que não peguei! e olha que amo/sou alegorias, ainda mais bíblicas, deste cunho), eu havia interpretado como um drama/thriller psicológico - mais próximo de Black Swan -, uma coisa mais microcósmica, ou, no máximo, numa alusão ao masculino e o feminino, e seus papeis distribuídos em nossa sociedade (quando nossa interpretação é reflexo do nosso estudo né!): masculino protagonista, egocêntrico, o intelecto, enquanto o feminino (mãe) é a intuição, cuida, acode, limpa, arruma, engole tudo passiva. Apesar disso, muita coisa eu ainda não havia interpretado (o primeiro visitante passando mal e tal), e já havia gostado do filme, mas ler os comentários me fez achar ainda melhor, genial, e gigante.
Talvez tenha a delicadeza do Terrence Malick, com uma pegada do peso do Lars von Trier, mas definitivamente é um belíssimo e forte filme do Aronofsky.
Gosto muito do cinema surrealista, então de primeira não quis/tentei interpretar o filme como uma metáfora; assim, literal, já me ganhou, pois tem esse elemento que me lembrou uma mistura (maravilhosa) de dois diretores que gosto muito que são o David Lynch e o David Cronenberg: o cinema-sonho (pesadelo) delirante lynchiano e o cinema carnal do Crona, no sentido mais amplo, desde sangue, moedor de carne, faca elétrica até carnal no sentido dessa tensão sexual presente em todo o filme.
Me lembrou também um pouco de H.P Lovecraft (por motivos "tentaculares") com Kafka (pelo absurdo, sim, mas também pelo esvaziamento de sentido das coisas da vida, como trabalho, casamento, etc). E após ler os comentários aqui do pessoal explicando o filme como metáfora (divórcio, culpa, etc) gostei mais ainda dele.
As atuações são assombrosas, de início ao fim. Estou hipnotizada pela atuação da Isabelle Adjani. E por ela. Ela e seus olhos. E há nesse filme várias cenas que são no mínimo inesquecíveis.
A cena que o marido bate na Anna e ela ainda sai de casa com a boca/nariz sangrando, ele diz que seguirá ela e ela se vira e grita "DON'T EVEN TRY"; a clássica cena do metrô - sem nenhum artifício e realmente arrebatadora... Adjani estava realmente possuída - uma performance de total entrega; o sexo com a criatura... etc.
Timidamente, confesso que às vezes me soou como um grito convulsivo de liberdade contra a posse do marido - a "possessão" viria daí, pois afinal a personagem Anna rejeitou a "receita cultural": deixou o marido, traiu, deixou a casa, não limpou, não passou, até o filho foi esquecido. Pecados dos maiores, e vindo de uma mulher, inaceitável (ainda que seja compreensível ou no mínimo comum quando vem do homem). Engraçado é que a mulher durante os séculos, quando apresenta um comportamento fora do comum, veio sendo associada com bruxaria, possessão, etc... E a personagem ter "comprado" essa verdade, se entregado ao "mal", me lembrou um pouco The Witch (2016). Enfim, cada um com seus monstros ou sua meia social rosa...
Curiosa também as dualidades do filme: os "duplos" "perfeitos" de Anna e Mark; a fala da Anna sobre as irmãs Fé e Acaso. O Acaso, o Caos.... ser liderado pela vontade, pelo instinto, guiado pela animalidade, o inconsciente. A Fé, a Ordem, os papéis estabelecidos sendo cumpridos, como a Professora que dá banho, faz dormir, deita-se com Mark, não o questiona, não se entristece nem fica nervosa; entretanto, Anna diz: "O bem não é nada além do que uma espécie de reflexão sobre o mal". E, ainda que o filme chama-se "Possessão", ao invés de Diabo versus Deus, a dualidade presente relacionada a isso é o questionamento frequente sobre Deus (bem saramaguiano inclusive): ou ele não está nem aí, ou é o diabólico, um anjo da morte que paira às escadas no último suspiro aterrorizante do cachorro que morreu de velho...
Me lembrou o espanhol O Espírito da Colmeia (Erice, 1973), por esse cenário amarelo-melancólico e essa sensação de solidão/esquecimento; o mundo adulto incompreensível.
Acho que foi a Dolphin que disse uma frase que acho que define bem esse momento de transição da criança, quando precisa enfrentar a realidade pesada do mundo: "as vezes os anjos perdem suas asas".
Eu que sou descrente não vi como a religiosidade do menino podia atrapalhar o filme. Na verdade, é sobre como uma pessoa pode fazer diferença se tem uma boa ética, coragem e determinação. Doss tirou isso da religião, mas outras pessoas poderiam tirar de diferentes lugares. Por isso me comoveu. Sobre o nacionalismo, bem, acho que o filme apresenta um pouco do mais do mesmo (mas talvez com menos ênfase). Ainda que faça uma reflexão sobre a violência, mantém a clássica separação dos mocinhos e vilões. Não que todo o filme sobre guerra seja obrigado a fazer essa reflexão, mas pessoalmente me agrada filmes que a fazem. Então é impossível não constatar que "já vi melhores". Achei a carnificina muito gore. Muitos outros filmes de guerra mais econômicos nos efeitos mostram pessoas decepadas, etc. e não me deram essa impressão estranha. Tipo a cena do cara usando um soldado pela metade como escudo. Achei que essa parte de ação deu uma balançada no ritmo do filme, mas ele se recupera e os últimos 40 minutos são lindos.
O maior problema do filme é a falta de ritmo. Tanto nas histórias individuais como no todo, no encontro delas. É divertido se for visto de forma não tão crítica com os efeitos especiais, erros de sequência e pontas soltas, mas se formos dar atenção só pra isso o filme vira um desleixo puro, daí depende do ponto de vista. A falta de ritmo atinge até a construção dos personagens, inclusive, que são moralmente duvidosos e não cativam (nem repugnam) por completo, fora que alguns deles tem fins súbitos e inexplicáveis (que, apesar da gente esperar, continuam sem explicação, simplesmente). É aquela coisa o tempo todo: médio. Tão tão ruim pra ser péssimo, nem tão legal pra ser bom. A desconstrução da moral dos contos de fada foi a melhor parte do filme, juntamente com a parte musical (isso eu adorei).
Cinderela se recusa a seguir seu "papel", prefere a faxina (na casa do padeiro) ao casamento, Rapunzel que "cura" o príncipe com a lágrima - nada de beijo salvador da pátria vindo do homem pra salvar a donzela -, Chapeuzinho (com a pele do lobo substituindo sua capa) ensinada a se autodefender dos lobos maus pra poder passear pela floresta sem maiores preocupações, Mulher do Padeiro independente, e assim por diante.
É aquela coisa: poderia ser melhorzinho, mas não é lixo.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraO Homem de Palha meets Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos meets A Montanha Sagrada + drogas pesadas
tô é apaixonada
Corpo Elétrico
3.5 216Os diálogos cotidianos e muito naturais, porém extremamente bem sacados, me lembraram Tatuagem, do Hilton Lacerda. Foi ótimo ver o nome dele nos créditos finais entre os escritores que participaram da elaboração do filme!
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraTô sob efeito do filme! Não sei bem o que comentar (muito pra assimilar!), mas preciso "desabafar" (Filmow costuma me servir principalmente para esses momentos).
Obrigada Kleber Mendonça Filho! Você é genial!
1 - Só por ser um filme onde norteamericano assassino se ferra, já é maravilhoso. A "sementinha" poderosa, então, nem se fala.
2 - Adorei a sacada do disco voador/drone. A fantasia do disco voador era pra enganar o pobre-povo-do-interior caso fosse avistado, mas o cara já saca de primeira que é um drone... um tapão na cara até de quem tá assistindo.
Bacurau é um apelo, é resistência. É um baita filme poderoso, muito maior que o Oscar. É antimperialista até os ossos, sagaz, genuíno. Personagens cativantes, com dimensões.
Trilha sonora perfeita! Me encantei pela música "Réquiem Para Matraga", do Geraldo Vandré, que toca em dois momentos do filme (descobri que a música é uma referência a um conto do Guimarães Rosa, então compartilho esse fato com vocês. Preciso ir atrás agora!).
Me apaixonei pelo mistério, força e estilo do personagem Lunga. Chico Science já cantava: Banditismo por pura maldade. Banditismo por necessidade. Banditismo por uma questão de classe!
É a cara do Brasil. E recentemente li "As Veias Abertas da America Latina" do Eduardo Galeano e não pude deixar de pensar em toda essa questão colonizadora e inferiorização que a América Latina sofre.
Não passa disso, não me engana que eu sou sulamericano de Feira de Santana
Avisa o americano, eu não acredito no Obama
Revolucionário, Guevara conhece a liberdade sem olhar no dicionário
Sem olhar no dicionário, ele conhece a liberdade
Vamos que vamos, vou traçando vários planos
Vou seguir cantarolando pra poder contra-atacar
Nas veias abertas da América Latina
Tem fogo cruzado queimando nas esquinas
Um golpe de estado ao som da carabina, um fuzil
Se a justiça é cega, a gente pega quem fugiu
E não esqueçamos nunca: o museu e a escola são lugares seguros, lá estaremos armados até os dentes!
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal
3.3 585 Assista AgoraEu não acho que a intenção desse filme foi mostrar o lado brutal (como os documentários), e muito menos romantizar um serial killer. Aliás, eu não achei nada romantizado. A gente sabe desde o começo que ele é culpado, mesmo quando ele está sendo super charmoso. O absurdo é realmente a gente achar ele carismático, apesar de tudo. É essa a jogada. Fazer você duvidar de um fato há muito conhecido por você. Você até gosta dele. É o que a mídia fez na época, o que gerou em algumas meninas da época (que se "apaixonaram" por ele), é até mesmo o que o juiz parecia fazer (embora tenha sido ele que o condenou, parecia muito cordial, não?). Hoje em dia seria diferente? Será? Nas mídias sociais, enquanto uns iriam querer linchá-lo, outros fariam fã clube. Ainda mais nos dias de hoje, todo mundo iria querer advogar, iria ter gente venerando. Na época, ele conseguiu transformar tudo em um espetáculo. Beirava o ridículo. Narcisismo, carisma e ausência de arrependimento: eis um psicopata.
Por isso, pra mim, o objetivo do filme foi mostrar, sob a perspectiva da Liz (afinal, parece que foi baseada no livro que ela escreveu, né?), o convívio com um ser humano que ela se envolveu, se apaixonou e, como muitos psicopatas e serial killers, tinha uma vida aparentemente normal, parecendo um homem bom, talvez incapaz de cometer tais atrocidades. Tipo o John Wayne Gacy, o palhaço da vizinhança, aparentemente uma pessoa tranquila. Como na música do Sufjan Stevens sobre o Gacy: "The neighbors they adored him for his humor and his conversation". O filme não perdoa, nem suaviza. A sacada do serial killer não é a perversão. Isso estamos carecas e sádicos de saber em detalhes pavorosos. É através do fato de mostrar ele como um ser humano "normal" e "simpático" a primeira vista que torna tudo muito macabro...
Como muitos serial killers, ele não faz o estereótipo de assassino com cara de louco, desgranhado. E arrisco dizer que muitos "estranharam" o filme porque esperavam sentir asco, ódio, e não uma espécie de pena. Esperávamos até ficar horrizados com os crimes que já sabemos de cor e salteado (e a gente de certa forma gosta de saber do terrível, não?! Somos sádicos pra caramba...). Sentir empatia é algo completamente saudável, graças a Jah. E se sentimos pena é porque nos identificamos de alguma forma, vimos semelhança nele como ser humano. No lado bom, no lado normal. E tá tudo bem. É justamente isso que nos torna diferente de pessoas como o Ted Bundy, e que torna pessoas como o Ted Bundy tão terríveis. O que não suaviza de forma alguma a aberração, a maldade e a crueldade dele. Mais uma vez citando a música do Sufjan Stevens sobre o John Wayne Gacy: "And in my best behavior I am really just like him".
O Beijo da Mulher-Aranha
3.9 256 Assista AgoraAmei o Gomez Addams comunista!
A Noite do Espantalho
4.0 27Gostei muito da estética!
Também me lembrou o surrealismo de Jodorowsky, naquela atmosfera ritualística, e tem até um quê de sonho-pesadelo do tcheco Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos (1970), que gosto muito.
Mágica e maravilhosa a presença espalhafatosa e barulhenta do Alceu Valença de espantalho.
Psicodelia nordestina da melhor qualidade!
Amei a mulher dragão com as tetas de fora.
Jovens, Loucos e Rebeldes
3.7 447 Assista AgoraPoderia ser melhor, mas é despretensioso e encantador a sua maneira.
O Slater é o melhor personagem, sem dúvida, e a trilha sonora vale a pena!
A Navalha na Carne
3.9 34Diálogos pesados e memoráveis... ótima direção e atuações!
Senti um ar de "Uma Rua Chamada Pecado".
Já tinha interesse, e agora fiquei com mais vontade ainda de ler Plínio Marcos.
Botinada
4.2 102Registro importante de um estilo de música, de vestir e de vida (nada disso ou tudo isso!) que fez sua história à brasileira também, num período conturbado e repressivo do nosso país, cuja insatisfação e indignação que só podiam ser traduzidos através do lixo e da fúria (referenciando outro documentário incrível sobre o punk).
Maravilhoso! Simples, direto ao ponto, sem firulas, sem consenso algum, violento, sujão... um documentário punk as fuck!
Democracia em Vertigem
4.1 1,3KPetra já havia me conquistado com seu olhar sensível e delicado em Elena (2012). Com Democracia em Vertigem, então, foi impossível conter o choro. Em tempos de fragilidade e esquecimento (que acompanha o Brasil desde o não-tão-esplêndido berço), um olhar corajoso, multifacetado e cheio de memória só poderia vir de uma mulher. E que bela narrativa: costurar sua história com a nossa história só deixou tudo mais poético. Em tempos velozes como os nossos, um registro tão bonito se faz necessário para digerir tudo o que estamos vivendo. Ficará para a história.
Roma
4.1 1,4K Assista AgoraRoma é Amor, mesmo que de trás pra frente.
Mesmo sem estrutura, sem estantes (o que importa são os livros, mesmo).
Um bom começo é arrumar um carro que realmente caiba na sua garagem.
The Sunshine Makers
3.9 11Sensacional!
Que pena que o projeto de "acender o mundo" não deu certo.
Realmente o ácido ajuda, mas vai da vontade de dentro também... é a parte mais difícil. Nesse caso, Scully foi para um caminho maravilhoso também, estudando sobre meditação e suas reações semelhantes ao psicodélico. A combinação desses dois caminhos, junto com a consciência de classe, talvez seja a faísca necessária para acender o mundo, afinal de contas!
Estamos presenciando a volta do estudo dos psicodélicos, calado na Ciência e deslegitimado/demonizado por 50 anos. Espero que um dia esse potencial possa ser mais explorado.
Toda minha admiração aos pioneiros da contracultura e os elementos que implicam nela. Todo meu respeito e admiração pelos guerreiros psicodélicos, é preciso coragem mesmo!
Enquanto isso, cá estou, cá estamos fazendo parte de uma centelha, uma pequena fagulha, que quem sabe um dia se torne uma grande fogueira planetária!
Trama Fantasma
3.7 803 Assista AgoraP. T. Anderson tem uma forma única e minuciosa de desenvolver as tramas de seus filmes. Assim foi com Sangue Negro e O Mestre (este último, meu preferido, junto com Magnólia, mas acho que Trama Fantasma segue mais o estilo dos outros dois). É com sutileza, como mensagens miúdas bordadas por dentro da barra de um vestido, que a Coisa é relevada. Mas Coisa é presente a todo momento, ainda que sua presença seja fantasmagórica. E você vai encaixando, vai costurando as partes. A Coisa pode não ser falada, mas é revelada através da atuação de Vicky Krieps (com seus olhos bondosos) e da atuação (sempre) impecável do Day-Lewis .
Aliás, eu realmente espero que Day-Lewis não encerre sua carreira aqui, como vem sendo anunciado. Acho que uma vez eu li (acredito que devo ter lido, embora eu concorde com cada palavra, não lembro de ter pensado nisso sozinha, mas infelizmente não consigo lembrar onde li) algo assim: que ainda que sejam dois dos melhores atores da atualidade, P.T. Anderson conseguiu extrair o melhor de Day-Lewis e Joaquin Phoenix quando os dirigiu, mas que a diferença crucial no modo de atuar é bem marcante: Phoenix deixa-se dominar pelo personagem (de O Mestre), é possuído, é uma atuação "irracional", pura e primitiva, por isso perfeita, enquanto a atuação do Day-Lewis é o maior exemplo de ator controlando um personagem, ator possuindo o personagem, dominando cada esgar, uma atuação "cerebral", por isso perfeita também.
Trama Fantasma matou minha saudade dessa atuação cerebral do Day-Lewis, extraída da melhor forma possível por P. T. Anderson (ainda que eu ache que este filme não supera alguns dos anteriores do mesmo diretor); confesso que ainda não vi Vício Inerente (por algum motivo não me senti muito empolgada), mas meu maior desejo seria ver Phoenix dirigido mais vezes por este cara, dando ao máximo sua atuação "irracional"!
Voltando rapidamente ao enredo (sim, uso o Filmow como desabafo!), me lembrou algo meio Machado de Assis: "alta sociedade" e seus problemas, os poucos fatos, "narração" objetiva e crua, os personagens complexos psicologicamente, até mesmo a personagem feminina, seu crescimento e sua relação com o protagonista. Até mesmo o "detalhe" chocante da trama lembra muito um dos contos de Machado.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraFilmão! Pesado, mas divertido. Atuações muito boas, e o que falar desta trilha sonora com Heart, Fleetwood Mac e Iggy Pop por Siouxsie?
Me agradou mais do que alguns dos que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme.
A Forma da Água
3.9 2,7KAmelie Poulain meeting Anna de Possessão (1981) do Zulawski: algo que só Del Toro poderia fazer. Brincadeiras a parte, uma bela combinação do sublime e grotesco (a própria criatura é assim, é deus e é monstro), dá aquela sensação de pureza e leveza do amor, misturada com o peso da solidão e da água num profundo mergulho... Lindíssimo! ♥
A Visita
3.3 1,6KEu juro que amei. Ainda que a perspectiva da câmera esteja meio esgotada (muitos filmes de terror recentemente vem explorando exaustivamente este recurso), achei tenso, mas engraçado em algumas cenas - o que me surpreendeu -, os personagens são todos cativantes de algum modo, e tem umas cenas realmente horripilantes, na minha opinião!
E sem apelar para o barulho, tipo grito, baque, como em muitos filmes de susto pré fabricado (ainda que, claro, os sustos nos filmes de terror sejam intencionados). Para mim, Shyamalan acertou... assustou e divertiu. E tem aquele desfecho revelador e maluco bem digno do cara.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraApesar de ainda preferir The Lobster - que entrou na minha lista de favoritos -, este tem ares bem "familiares" com ótimo Dente Canino, e aqui Yorgos continua se consagrando e se reinventando. A estranheza, incômodo e o humor singular são marcas registradas do cara, e eu adoro isso. Longa vida a ele!
Não é surpresa ver nos comentários aqui que o filme faz alusões as tragédias gregas, mas sabe, eu só pensei em referências bíblicas.
Além do poder dos médicos de "playing god", há algumas coisas que notei, mas podem ser viagem: quando a Anna beija os pés de Martin, como Maria Madalena; o fato do Martin poder fazer, quando bem quisesse, os paralíticos andarem ("o milagre de Cafarnaum", valeu Google), quando o Bob "chora" sangue; e, por fim, desde o título, já que animais são comuns na bíblia como oferenda, até mesmo o próprio Jesus, que serve de sacrifício para expiar os pecados (o filho de Deus = o filho daquele que brincou de Deus na sala de cirurgia?), o que me lembrou bastante "A um carneiro morto", do Augusto dos Anjos...
...mas enfim, acho que é porque assisti Mother do Aronofsky recentemente.
Terminei o filme e percebi que eu estava me comportando de maneira robótica e monotona na fala! rs E que título lindo!
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraLindo! Mais um "extraordinário" acerto do querido Stephen Chbosky. ♥
Jack Will é a cópia mirim do Seth do The O.C. ou é impressão minha?
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraAntes de ler comentários aqui explicando as metáforas (que confesso que não peguei! e olha que amo/sou alegorias, ainda mais bíblicas, deste cunho), eu havia interpretado como um drama/thriller psicológico - mais próximo de Black Swan -, uma coisa mais microcósmica, ou, no máximo, numa alusão ao masculino e o feminino, e seus papeis distribuídos em nossa sociedade (quando nossa interpretação é reflexo do nosso estudo né!): masculino protagonista, egocêntrico, o intelecto, enquanto o feminino (mãe) é a intuição, cuida, acode, limpa, arruma, engole tudo passiva. Apesar disso, muita coisa eu ainda não havia interpretado (o primeiro visitante passando mal e tal), e já havia gostado do filme, mas ler os comentários me fez achar ainda melhor, genial, e gigante.
Talvez tenha a delicadeza do Terrence Malick, com uma pegada do peso do Lars von Trier, mas definitivamente é um belíssimo e forte filme do Aronofsky.
Possessão
3.9 586Gosto muito do cinema surrealista, então de primeira não quis/tentei interpretar o filme como uma metáfora; assim, literal, já me ganhou, pois tem esse elemento que me lembrou uma mistura (maravilhosa) de dois diretores que gosto muito que são o David Lynch e o David Cronenberg: o cinema-sonho (pesadelo) delirante lynchiano e o cinema carnal do Crona, no sentido mais amplo, desde sangue, moedor de carne, faca elétrica até carnal no sentido dessa tensão sexual presente em todo o filme.
Me lembrou também um pouco de H.P Lovecraft (por motivos "tentaculares") com Kafka (pelo absurdo, sim, mas também pelo esvaziamento de sentido das coisas da vida, como trabalho, casamento, etc). E após ler os comentários aqui do pessoal explicando o filme como metáfora (divórcio, culpa, etc) gostei mais ainda dele.
As atuações são assombrosas, de início ao fim. Estou hipnotizada pela atuação da Isabelle Adjani. E por ela. Ela e seus olhos. E há nesse filme várias cenas que são no mínimo inesquecíveis.
A cena que o marido bate na Anna e ela ainda sai de casa com a boca/nariz sangrando, ele diz que seguirá ela e ela se vira e grita "DON'T EVEN TRY"; a clássica cena do metrô - sem nenhum artifício e realmente arrebatadora... Adjani estava realmente possuída - uma performance de total entrega; o sexo com a criatura... etc.
Timidamente, confesso que às vezes me soou como um grito convulsivo de liberdade contra a posse do marido - a "possessão" viria daí, pois afinal a personagem Anna rejeitou a "receita cultural": deixou o marido, traiu, deixou a casa, não limpou, não passou, até o filho foi esquecido. Pecados dos maiores, e vindo de uma mulher, inaceitável (ainda que seja compreensível ou no mínimo comum quando vem do homem). Engraçado é que a mulher durante os séculos, quando apresenta um comportamento fora do comum, veio sendo associada com bruxaria, possessão, etc... E a personagem ter "comprado" essa verdade, se entregado ao "mal", me lembrou um pouco The Witch (2016). Enfim, cada um com seus monstros ou sua meia social rosa...
Curiosa também as dualidades do filme: os "duplos" "perfeitos" de Anna e Mark; a fala da Anna sobre as irmãs Fé e Acaso. O Acaso, o Caos.... ser liderado pela vontade, pelo instinto, guiado pela animalidade, o inconsciente. A Fé, a Ordem, os papéis estabelecidos sendo cumpridos, como a Professora que dá banho, faz dormir, deita-se com Mark, não o questiona, não se entristece nem fica nervosa; entretanto, Anna diz: "O bem não é nada além do que uma espécie de reflexão sobre o mal". E, ainda que o filme chama-se "Possessão", ao invés de Diabo versus Deus, a dualidade presente relacionada a isso é o questionamento frequente sobre Deus (bem saramaguiano inclusive): ou ele não está nem aí, ou é o diabólico, um anjo da morte que paira às escadas no último suspiro aterrorizante do cachorro que morreu de velho...
O Reflexo do Mal
3.6 74Me lembrou o espanhol O Espírito da Colmeia (Erice, 1973), por esse cenário amarelo-melancólico e essa sensação de solidão/esquecimento; o mundo adulto incompreensível.
Acho que foi a Dolphin que disse uma frase que acho que define bem esse momento de transição da criança, quando precisa enfrentar a realidade pesada do mundo: "as vezes os anjos perdem suas asas".
A Convocação
2.9 103 Assista AgoraPremissa boa, mas... achei meio mal executado. Morno. Fiquei com a impressão que tinham tudo para fazer algo bem melhor.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraO filme é bonito!
Eu que sou descrente não vi como a religiosidade do menino podia atrapalhar o filme. Na verdade, é sobre como uma pessoa pode fazer diferença se tem uma boa ética, coragem e determinação. Doss tirou isso da religião, mas outras pessoas poderiam tirar de diferentes lugares. Por isso me comoveu.
Sobre o nacionalismo, bem, acho que o filme apresenta um pouco do mais do mesmo (mas talvez com menos ênfase). Ainda que faça uma reflexão sobre a violência, mantém a clássica separação dos mocinhos e vilões. Não que todo o filme sobre guerra seja obrigado a fazer essa reflexão, mas pessoalmente me agrada filmes que a fazem. Então é impossível não constatar que "já vi melhores".
Achei a carnificina muito gore. Muitos outros filmes de guerra mais econômicos nos efeitos mostram pessoas decepadas, etc. e não me deram essa impressão estranha. Tipo a cena do cara usando um soldado pela metade como escudo. Achei que essa parte de ação deu uma balançada no ritmo do filme, mas ele se recupera e os últimos 40 minutos são lindos.
Caminhos da Floresta
2.9 1,7K Assista AgoraO maior problema do filme é a falta de ritmo. Tanto nas histórias individuais como no todo, no encontro delas. É divertido se for visto de forma não tão crítica com os efeitos especiais, erros de sequência e pontas soltas, mas se formos dar atenção só pra isso o filme vira um desleixo puro, daí depende do ponto de vista. A falta de ritmo atinge até a construção dos personagens, inclusive, que são moralmente duvidosos e não cativam (nem repugnam) por completo, fora que alguns deles tem fins súbitos e inexplicáveis (que, apesar da gente esperar, continuam sem explicação, simplesmente). É aquela coisa o tempo todo: médio. Tão tão ruim pra ser péssimo, nem tão legal pra ser bom. A desconstrução da moral dos contos de fada foi a melhor parte do filme, juntamente com a parte musical (isso eu adorei).
Cinderela se recusa a seguir seu "papel", prefere a faxina (na casa do padeiro) ao casamento, Rapunzel que "cura" o príncipe com a lágrima - nada de beijo salvador da pátria vindo do homem pra salvar a donzela -, Chapeuzinho (com a pele do lobo substituindo sua capa) ensinada a se autodefender dos lobos maus pra poder passear pela floresta sem maiores preocupações, Mulher do Padeiro independente, e assim por diante.
É aquela coisa: poderia ser melhorzinho, mas não é lixo.