é bom, porque é uma das histórias mais interessantes e tristes da música recente sendo muito bem contada, principalmente por causa do acesso a um monte de material impressionante que ninguém tinha visto e do trabalho de edição desse material todo. é sempre estranho como esse tipo de filme foca mais na vida pessoal do que na música do artista retratado. faltou falar um pouco mais de música mesmo, mas nesse caso talvez essa abordagem tenha sido mais interessante. e a música da Amy Winehouse é tão pessoal que faz sentido, porque a linha entre as duas coisas é mais tênue: a vida pessoal influenciava a música e vice-versa. é bom, porque é tão envolvente, tão recente e tão completo, mas não é incrível como filme. e parece que não tem muito a acrescentar à história.
é muito divertido mesmo, o tempo voa. funciona por causa do roteiro muito bom e do elenco - o Seth Rogen é incrível, a Kate Winslet traz toda a empatia que o filme precisa, e o Michael Fassbender tá bem menos chato e exagerado do que eu esperava: ele não tenta tanto imitar o Steve Jobs e acaba criando um personagem bem interessante. a estrutura em três grandes cenas é bem legal também como uma forma de contar a história, e isso cria várias inverossimilhanças, por causa de personagens e situações repetidas, mas funciona, porque é tão bem escrito e tão envolvente. pena que o filme trai essa estrutura, com uns flashbacks desnecessários e umas revelações baratas. seria bem melhor se fosse mais radical e menos interessado em criar drama onde não existe. o Danny Boyle tenta não atrapalhar também, mas ele podia ter se esforçado melhor nisso. e aquela música que toca na cena final é horrível. de repente todo mundo tá batendo palma não-ironicamente pro cara que foi um escroto por duas horas e toca a pior música do mundo, é um horror.
eu acho que já chega de filmes europeus "artísticos" com a fotografia linda e sem nada a dizer. aliás, já chega de holocausto também. esse filme juntou as duas coisas e foi muito difícil aguentar. é um filme deliberadamente confuso, chato, escroto, que sacrifica qualquer humanidade e sentimento por uma virtuosidade técnica que impressiona no início mas deixa de ser surpreendente bem rápido. credo.
eu não tava preparado para o quão bizarro é esse filme. o tom e o conceito fazem um contraste muito forte com o conteúdo e as locações, que teoricamente combinariam com uma abordagem mais realista. acaba que fica um tom de estranheza o filme inteiro. não sei se é proposital, mas funciona: a tragédia grega e o hip hop são uma combinação perfeita, e como ninguém pensou nisso antes? é um filme com um ritmo doido, uma cadência musical e é uma delícia de assistir - é muito difícil escolher a melhor cena no meio de tantos momentos absurdos e incríveis. a Jennifer Hudson e a Teyonah Parris parece que estão em filmes completamente diferentes, mas faz parte do estilo do Spike Lee: ele vai do céu pro inferno em menos de um minuto, ele brinca com os gêneros, pra criar um panorama do problema composto de diversas perspectivas conflitantes. é interessante como o Spike evita qualquer sutileza e passa a mensagem dele de maneira completamente didática, mas pra mim essa é a melhor forma de contar essa história, porque ele tem muitas coisas relevantes e complexas a dizer, porque é feito com tanta paixão, e porque é um assunto tão atual e urgente. é uma emergência mesmo. não é o tipo de filme que tenta ser impecável, parece ser bagunçado de propósito, então citar as imperfeições talvez seja desnecessário. mesmo assim, eu achei meio questionável escolher o John Cusack, um dos atores mais brancos do mundo, pra fazer um personagem que basicamente representa a voz da razão em meio ao caos. o Nick Cannon é um vazio, ainda mais que o resto do elenco todo tá na intensidade máxima, e fica difícil se importar com o personagem dele naquele final, que talvez tenha ultrapassado o limite do melodrama histérico demais pro meu gosto. e seria bom se a trilha sonora tivesse umas músicas melhores (parece que o Kanye West recusou uma participação no filme, e por isso o mundo virou um lugar muito pior). no final das contas, é um filme que explode na tela de musicalidade, de sensualidade e de raiva. tantos anos depois, o Spike Lee ainda tem muito a dizer.
muito bonito, tanto na estética quanto na narrativa. a animação é sensacional e tem uns momentos lindos de interação entre os personagens (girls just wanna have fun). o conceito central em relação às vozes é ótimo e os três atores são muito bons, trazendo toda humanidade que poderia faltar em um filme feito só com bonecos - aliás, a Jennifer Jason Leigh mandou muito bem em 2015 fazendo duas personagens totalmente opostas. o problema é que parece que o filme não vai muito além disso, o que é meio atípico pro Charlie Kaufman. isso talvez não atrapalharia muito se fosse mais efetivo emocionalmente, mas parece que muita coisa, principalmente mais pro final, só funciona se existe empatia com o protagonista, e é meio difícil se importar muito com um homem tão insuportável.
Amy
4.4 1,0K Assista Agoraé bom, porque é uma das histórias mais interessantes e tristes da música recente sendo muito bem contada, principalmente por causa do acesso a um monte de material impressionante que ninguém tinha visto e do trabalho de edição desse material todo.
é sempre estranho como esse tipo de filme foca mais na vida pessoal do que na música do artista retratado. faltou falar um pouco mais de música mesmo, mas nesse caso talvez essa abordagem tenha sido mais interessante. e a música da Amy Winehouse é tão pessoal que faz sentido, porque a linha entre as duas coisas é mais tênue: a vida pessoal influenciava a música e vice-versa.
é bom, porque é tão envolvente, tão recente e tão completo, mas não é incrível como filme. e parece que não tem muito a acrescentar à história.
Steve Jobs
3.5 591 Assista Agoraé muito divertido mesmo, o tempo voa. funciona por causa do roteiro muito bom e do elenco - o Seth Rogen é incrível, a Kate Winslet traz toda a empatia que o filme precisa, e o Michael Fassbender tá bem menos chato e exagerado do que eu esperava: ele não tenta tanto imitar o Steve Jobs e acaba criando um personagem bem interessante.
a estrutura em três grandes cenas é bem legal também como uma forma de contar a história, e isso cria várias inverossimilhanças, por causa de personagens e situações repetidas, mas funciona, porque é tão bem escrito e tão envolvente. pena que o filme trai essa estrutura, com uns flashbacks desnecessários e umas revelações baratas. seria bem melhor se fosse mais radical e menos interessado em criar drama onde não existe. o Danny Boyle tenta não atrapalhar também, mas ele podia ter se esforçado melhor nisso.
e aquela música que toca na cena final é horrível. de repente todo mundo tá batendo palma não-ironicamente pro cara que foi um escroto por duas horas e toca a pior música do mundo, é um horror.
O Filho de Saul
3.7 254 Assista Agoraeu acho que já chega de filmes europeus "artísticos" com a fotografia linda e sem nada a dizer. aliás, já chega de holocausto também. esse filme juntou as duas coisas e foi muito difícil aguentar.
é um filme deliberadamente confuso, chato, escroto, que sacrifica qualquer humanidade e sentimento por uma virtuosidade técnica que impressiona no início mas deixa de ser surpreendente bem rápido. credo.
Chi-Raq
3.5 45 Assista Agoraeu não tava preparado para o quão bizarro é esse filme. o tom e o conceito fazem um contraste muito forte com o conteúdo e as locações, que teoricamente combinariam com uma abordagem mais realista. acaba que fica um tom de estranheza o filme inteiro. não sei se é proposital, mas funciona: a tragédia grega e o hip hop são uma combinação perfeita, e como ninguém pensou nisso antes? é um filme com um ritmo doido, uma cadência musical e é uma delícia de assistir - é muito difícil escolher a melhor cena no meio de tantos momentos absurdos e incríveis.
a Jennifer Hudson e a Teyonah Parris parece que estão em filmes completamente diferentes, mas faz parte do estilo do Spike Lee: ele vai do céu pro inferno em menos de um minuto, ele brinca com os gêneros, pra criar um panorama do problema composto de diversas perspectivas conflitantes.
é interessante como o Spike evita qualquer sutileza e passa a mensagem dele de maneira completamente didática, mas pra mim essa é a melhor forma de contar essa história, porque ele tem muitas coisas relevantes e complexas a dizer, porque é feito com tanta paixão, e porque é um assunto tão atual e urgente. é uma emergência mesmo.
não é o tipo de filme que tenta ser impecável, parece ser bagunçado de propósito, então citar as imperfeições talvez seja desnecessário. mesmo assim, eu achei meio questionável escolher o John Cusack, um dos atores mais brancos do mundo, pra fazer um personagem que basicamente representa a voz da razão em meio ao caos. o Nick Cannon é um vazio, ainda mais que o resto do elenco todo tá na intensidade máxima, e fica difícil se importar com o personagem dele naquele final, que talvez tenha ultrapassado o limite do melodrama histérico demais pro meu gosto. e seria bom se a trilha sonora tivesse umas músicas melhores (parece que o Kanye West recusou uma participação no filme, e por isso o mundo virou um lugar muito pior).
no final das contas, é um filme que explode na tela de musicalidade, de sensualidade e de raiva. tantos anos depois, o Spike Lee ainda tem muito a dizer.
Anomalisa
3.8 497 Assista Agoramuito bonito, tanto na estética quanto na narrativa. a animação é sensacional e tem uns momentos lindos de interação entre os personagens (girls just wanna have fun). o conceito central em relação às vozes é ótimo e os três atores são muito bons, trazendo toda humanidade que poderia faltar em um filme feito só com bonecos - aliás, a Jennifer Jason Leigh mandou muito bem em 2015 fazendo duas personagens totalmente opostas.
o problema é que parece que o filme não vai muito além disso, o que é meio atípico pro Charlie Kaufman. isso talvez não atrapalharia muito se fosse mais efetivo emocionalmente, mas parece que muita coisa, principalmente mais pro final, só funciona se existe empatia com o protagonista, e é meio difícil se importar muito com um homem tão insuportável.