Me chamem de louco, mas essa parecia Jo Shishido/Seijun Suzuki é, para mim, tão excelente e rendeu tanto para o cinema como arte quanto as parcerias Ullmann/Bergman ou Stewart/Hitchcock, por exemplo.
Eric Parker é, nas palavras de um crítico que gosto, o ''organismo infectado'' da vez. Um ser monótono e inquieto em meio a um mundo de babaquice; babaquice esta contra a qual o filme parece ser. Assim como A Chinesa, Cosmópolis é puro manifesto. É uma explícita denúncia a essa idiotia dos dias de hoje que, nas palavras do filme, tenta atrasar o futuro, que utilizaria até ratos como unidade monetária, tudo em prol da velha fantasia de destruir o capital. Sim, o famoso capitalismo sempre foi/será o alvo da babaquice moderna e da violência ilógica. Porque só é razoável ser violento quando se é atacado ou quando se está em estado de defesa, não por motivos fúteis. A cena final é o símbolo perfeito para a destruição atual do ideal coletivista: nascemos sós, morreremos sós e ninguém nunca vai nos salvar da miséria. It's up to you to be a superhero.
O faroeste coreano de Jee-Woon Kim - e essas duas informações juntas, para mim, já garantem um filme fora de série - tomou descaradamente os elementos do mestre Leone e adicionou humor nas horas certas, tornando-se um filme filho da puta, não só pela sua excelente cena final, como também pela descoberta inesperada (e lógica) do tesouro e pelo fato das suas outras duas horas terem sido muito bem feitas. Foda.
É sobre um homem que se torna um monstro para vingar a esposa? É. Mas isso é só a superfície. I saw the devil é sobre a justiça que nunca existiu. Tivesse sido torturado e preso, kyung-chul continuaria sendo um psicopata, assim como a esposa não seria trazida de volta. Essa justiça pela qual tantos imploram também nunca vai existir, mas a tristeza sim, esta é eterna. A última conversa com o assassino e o plano final são excelentes.
Colocar em palavras minha relação com os filmes de Wong Kar-Wai é impossível. Buenos Aires Zero Degree é fantástico e contém toda aquela atmosfera dos outros projetos do diretor. As cenas excluídas, para mim, são também parte do resultado final do filme e tem as mesmas características dele: aquelas luzes apaixonantes e aquele ar de uma vida incompleta que não pode fazer nada a não ser seguir em frente.
Três detetives usam de métodos diferentes para resolver um crime insolucionável e atingem seus limites pessoais quando a investigação chega a beirar o absurdo agoniante de um fato irrefutável: os olhos, sempre testemunhas do que é real, são nossos limites. Aquilo que não vimos, que não presenciamos, de certa forma nunca poderá ser verdadeiro. Filme espetacular e completamente inesperado. O plano final de Memórias de um Assassino é uma das coisas mais lindas e simbólicas que eu já vi.
Seu final é assombrosamente lindo, mas a maestria do filme na verdade se encontra em toda a tensão criada durante os primeiros 90 minutos: saber que alguma coisa está errada com Asami e mal poder esperar pra descobrir o que é. Nunca um filme me deixou tão ansioso, sem que eu sequer estivesse inquieto. Porque tudo aquilo é misterioso e frágil mesmo.
Da categoria dos difíceis e que te deixam pensando por horas. Shion certamente sabia o que estava fazendo e a direção é muito boa. O filme tem suas luzes, cores e significados profundos (questões em torno das palavras e valores) e por instantes parece uma crítica ao Japão, o país da disciplina e dos extremos. Seus personagens transitam do acanhamento extremo ao sexo despreocupado, com Mizuko sendo um dos mais interessantes que eu já vi.
Me faltam palavras, juro. A filmografia de Green é algo fora desse mundo. Seus filmes são inteiramente poéticos. As palavras e rostos dos atores parecem querer escapar da tela e acabam atingindo direto na alma. Completamente belo e subjetivo esse Mundo Vivente.
Teria sido difícil ver este filme antes de ter visto qualquer outro do Tarantino, então esse aqui só me lembrou dele. Muito bom. Violência realmente sempre será uma coisa gostosa de se assistir.
Fora do comum. Os filmes de Wong Kar-Wai e Hou Hsiao-Hsien são provas de que tudo que é belo também é triste, e vice-versa. Nada me deixa tão anestesiado quanto essas luzes e esses personagens perdidos, apaixonados, pulsantes e tristes. Para mim, puro cinema.
Um dos melhores filmes japoneses é também monstruoso. Uma viagem cujo êxtase total é percurso e destino final, e a cegueira é metáfora do fim, onde não se vê mais nada e a busca pelo prazer é irrefreável. O fim é também vida. Este filme é pura filosofia de Camille Paglia e Marquês de Sade. Excelente!
Um delírio visual único que cospe na cara de quem reduz Seijun Suzuki a seus dois filmes principais. Violência é realmente uma das coisas mais divertidas de se assistir.
Realmente capaz de derrubar até o mais incrédulo dos céticos em relação ao amor. De longe um dos meus romances favoritos. E com esse final é impossível não sonhar, nem que seja por alguns instantes.
O roteiro é excelente, profundo e com variadas interpretações sobre os personagens, mas que atuações são essas? Vivien Leigh dá uma aula (coisa de se aplaudir mesmo) e Brando não é somente um puta de um ator, mas, na minha opinião, o maior monumento cinematográfico e uma bomba de sexualidade. Destaque para a cena em que ele volta da oficina, completamente sujo de graxa, e Stella, humana, hormônios, se atira em cima dele.
Wong Kaw-Wai se tornou um dos meus cinco diretores favoritos. Aqui os seus quatro personagens principais estão tão atraentes como nunca. Essa é a tristeza, e, consequente, a beleza do cinema: trazer personagens numa espécie de pico de humanidade, com o amor, a solidão e a excentricidade à flor da pele. Por que tristeza? Porque a arte certamente imita a vida, mas o quão raro é encontrar gente assim, como esses personagens de filmes? E o resto é uma trilha sonora e uma mise-en-scène do caralho.
Um delírio visual completamente inigualável passado num luxuoso hotel, onde tudo é simétrico, imaculado, intocado. Obra-prima tão grande quanto Hiroshima Mon Amour.
Clássico japonês com um dos melhores finais que eu já vi. ''Não sou demônio'' deveria ser uma ''quotation'' tão famosa como qualquer outra do cinema. Muito bom!
Muito bom quando foca todo o nervosismo, apreensão e felicidade nos rostos dos espectadores e atletas. O recebimento das medalhas por estes e os segundos antes do começo de cada prova são como momentos de glória incomparáveis nas lentes de Ichikawa, e é aí que reside a beleza do filme.
A Juventude da Besta
3.9 8Me chamem de louco, mas essa parecia Jo Shishido/Seijun Suzuki é, para mim, tão excelente e rendeu tanto para o cinema como arte quanto as parcerias Ullmann/Bergman ou Stewart/Hitchcock, por exemplo.
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraEric Parker é, nas palavras de um crítico que gosto, o ''organismo infectado'' da vez. Um ser monótono e inquieto em meio a um mundo de babaquice; babaquice esta contra a qual o filme parece ser. Assim como A Chinesa, Cosmópolis é puro manifesto. É uma explícita denúncia a essa idiotia dos dias de hoje que, nas palavras do filme, tenta atrasar o futuro, que utilizaria até ratos como unidade monetária, tudo em prol da velha fantasia de destruir o capital. Sim, o famoso capitalismo sempre foi/será o alvo da babaquice moderna e da violência ilógica. Porque só é razoável ser violento quando se é atacado ou quando se está em estado de defesa, não por motivos fúteis.
A cena final é o símbolo perfeito para a destruição atual do ideal coletivista: nascemos sós, morreremos sós e ninguém nunca vai nos salvar da miséria. It's up to you to be a superhero.
Os Invencíveis
3.8 77O faroeste coreano de Jee-Woon Kim - e essas duas informações juntas, para mim, já garantem um filme fora de série - tomou descaradamente os elementos do mestre Leone e adicionou humor nas horas certas, tornando-se um filme filho da puta, não só pela sua excelente cena final, como também pela descoberta inesperada (e lógica) do tesouro e pelo fato das suas outras duas horas terem sido muito bem feitas. Foda.
Eu Vi o Diabo
4.1 1,1KÉ sobre um homem que se torna um monstro para vingar a esposa? É. Mas isso é só a superfície. I saw the devil é sobre a justiça que nunca existiu. Tivesse sido torturado e preso, kyung-chul continuaria sendo um psicopata, assim como a esposa não seria trazida de volta. Essa justiça pela qual tantos imploram também nunca vai existir, mas a tristeza sim, esta é eterna. A última conversa com o assassino e o plano final são excelentes.
O Amante
3.8 149O único defeito do filme é que ele nunca será tão brilhante quanto a obra que o originou.
O Trem de Zhou Yu
3.9 12Direção e fotografia esplêndidas. Gong Li é absurdamente hipnotizante e viva, perfeita em sua personagem que está perdida em beleza e tristeza.
Buenos Aires Zero Degree: The Making of 'Happy Together'
4.2 4Colocar em palavras minha relação com os filmes de Wong Kar-Wai é impossível. Buenos Aires Zero Degree é fantástico e contém toda aquela atmosfera dos outros projetos do diretor. As cenas excluídas, para mim, são também parte do resultado final do filme e tem as mesmas características dele: aquelas luzes apaixonantes e aquele ar de uma vida incompleta que não pode fazer nada a não ser seguir em frente.
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraTrês detetives usam de métodos diferentes para resolver um crime insolucionável e atingem seus limites pessoais quando a investigação chega a beirar o absurdo agoniante de um fato irrefutável: os olhos, sempre testemunhas do que é real, são nossos limites. Aquilo que não vimos, que não presenciamos, de certa forma nunca poderá ser verdadeiro. Filme espetacular e completamente inesperado. O plano final de Memórias de um Assassino é uma das coisas mais lindas e simbólicas que eu já vi.
Team America - Detonando o Mundo
3.5 260 Assista AgoraThey totally had me at dicks fuck assholes.
O Teste Decisivo
3.6 381Seu final é assombrosamente lindo, mas a maestria do filme na verdade se encontra em toda a tensão criada durante os primeiros 90 minutos: saber que alguma coisa está errada com Asami e mal poder esperar pra descobrir o que é. Nunca um filme me deixou tão ansioso, sem que eu sequer estivesse inquieto. Porque tudo aquilo é misterioso e frágil mesmo.
Culpada por Romance
3.8 37Da categoria dos difíceis e que te deixam pensando por horas. Shion certamente sabia o que estava fazendo e a direção é muito boa. O filme tem suas luzes, cores e significados profundos (questões em torno das palavras e valores) e por instantes parece uma crítica ao Japão, o país da disciplina e dos extremos. Seus personagens transitam do acanhamento extremo ao sexo despreocupado, com Mizuko sendo um dos mais interessantes que eu já vi.
O Mundo Vivente
4.0 22Me faltam palavras, juro. A filmografia de Green é algo fora desse mundo. Seus filmes são inteiramente poéticos. As palavras e rostos dos atores parecem querer escapar da tela e acabam atingindo direto na alma. Completamente belo e subjetivo esse Mundo Vivente.
Luta sem Código de Honra
3.9 7Teria sido difícil ver este filme antes de ter visto qualquer outro do Tarantino, então esse aqui só me lembrou dele. Muito bom. Violência realmente sempre será uma coisa gostosa de se assistir.
Três Tempos
4.0 13Fora do comum. Os filmes de Wong Kar-Wai e Hou Hsiao-Hsien são provas de que tudo que é belo também é triste, e vice-versa. Nada me deixa tão anestesiado quanto essas luzes e esses personagens perdidos, apaixonados, pulsantes e tristes. Para mim, puro cinema.
Cega Obsessão
4.0 46Um dos melhores filmes japoneses é também monstruoso. Uma viagem cujo êxtase total é percurso e destino final, e a cegueira é metáfora do fim, onde não se vê mais nada e a busca pelo prazer é irrefreável. O fim é também vida. Este filme é pura filosofia de Camille Paglia e Marquês de Sade. Excelente!
O Homem do Oeste
3.8 46 Assista AgoraNão é Sergio Leone, mas tem todas as qualidades que fazem do Western um gênero muito bom, com o extra de ter um protagonista profundo e complexado.
Portal da Carne
4.1 13Um delírio visual único que cospe na cara de quem reduz Seijun Suzuki a seus dois filmes principais. Violência é realmente uma das coisas mais divertidas de se assistir.
O Fantasma Apaixonado
4.1 44 Assista AgoraRealmente capaz de derrubar até o mais incrédulo dos céticos em relação ao amor. De longe um dos meus romances favoritos. E com esse final é impossível não sonhar, nem que seja por alguns instantes.
Uma Rua Chamada Pecado
4.3 454 Assista AgoraO roteiro é excelente, profundo e com variadas interpretações sobre os personagens, mas que atuações são essas? Vivien Leigh dá uma aula (coisa de se aplaudir mesmo) e Brando não é somente um puta de um ator, mas, na minha opinião, o maior monumento cinematográfico e uma bomba de sexualidade. Destaque para a cena em que ele volta da oficina, completamente sujo de graxa, e Stella, humana, hormônios, se atira em cima dele.
Amores Expressos
4.2 355 Assista AgoraWong Kaw-Wai se tornou um dos meus cinco diretores favoritos. Aqui os seus quatro personagens principais estão tão atraentes como nunca. Essa é a tristeza, e, consequente, a beleza do cinema: trazer personagens numa espécie de pico de humanidade, com o amor, a solidão e a excentricidade à flor da pele. Por que tristeza? Porque a arte certamente imita a vida, mas o quão raro é encontrar gente assim, como esses personagens de filmes? E o resto é uma trilha sonora e uma mise-en-scène do caralho.
O Ano Passado em Marienbad
4.2 156 Assista AgoraUm delírio visual completamente inigualável passado num luxuoso hotel, onde tudo é simétrico, imaculado, intocado. Obra-prima tão grande quanto Hiroshima Mon Amour.
A Consequência
3.7 33 Assista AgoraPéssimo. Cai nos convencionalismos chatos de todo filme sobre o homossexualismo e tem um roteiro medonho, cheio de falhas.
Onibaba: A Mulher Demônio
4.1 116Clássico japonês com um dos melhores finais que eu já vi. ''Não sou demônio'' deveria ser uma ''quotation'' tão famosa como qualquer outra do cinema. Muito bom!
Olimpíadas de Tóquio
3.3 4Muito bom quando foca todo o nervosismo, apreensão e felicidade nos rostos dos espectadores e atletas. O recebimento das medalhas por estes e os segundos antes do começo de cada prova são como momentos de glória incomparáveis nas lentes de Ichikawa, e é aí que reside a beleza do filme.