Provavelmente um dos curtas mais expressivos do Lynch, The Grandmother retrata de forma como sempre surreal e animalesca questões como o abuso na infância, as carências humanas e a busca pelo afeto. Intimamente analisando-o, este curta aborda logo em suas primeiras cenas um dos instintos mais selvagens presentes em nós, humanos, o da necessidade de propagação da espécie e isto fica claro na cena em que os pais do garoto agem como animais, latindo e rosnando em meio ao mato após ''fecundá-lo''.
Creio que Lynch quis passar a idéia de que todos somos animais em nosso âmago e que deste fato não podemos fugir. Ao desenrolar do curta alguns temas são acrescentados entre flashes ilustrativos e efeitos sonoros sombrios, como a agressão e o isolamento do garoto que acabam culminando em uma busca por compreensão e alguma forma de cuidado materno que sempre o foi negligenciado.
O garoto encontra em um quarto escuro uma semente que emite sons e a planta em uma cama, a rega e espera sua germinação. Bom, um ser humano nasce derivado daquele plantio, uma figura feminina, idosa, brota. É a personificação de algo que desejou e jamais teve, é um resgate íntimo daquela necessidade de sentir-se protegido e amado. Após a sequência de ocorridos, essa figura materna plantada acaba morrendo enforcada por sua própria mão, traduzindo o sentimento de morte física ao sucumbir as limitações do próprio corpo.
Algo realmente intenso e obscuro desperta no garoto após a perda da única fonte que o conectava com sua forma infantil e frágil, esse acontecimento específico o faz cair em um buraco e retornar ao seu quarto escuro de costume, o mata interiormente. Talvez Lynch tenha expurgado alguma mágoa de infância ou apenas tenha retratado abstratamente uma realidade infeliz que nos arrebata em alguma fase de nossas vidas. Quem nunca sentiu-se encurralado por seus próprios sentimentos alguma vez na vida?
A quanto tempo desejo assistir esse curta, não o quis à toa. Belo trabalho, roteiro e por mais que os atores não sejam renomados suas atuações foram lindas e superaram expectativas.
Impossível não condoer-se a tamanho drama presente na vida de Christiane, Dr. Génessier e Paulette. Esse filme é capaz de arrebatar até os espectadores mais dessensibilizados com sua aura frágil e pungente. A busca constante e inconsequente pela face angelical de outrora existente se torna mais do que um desejo de restauração para o pai de Christiane, acaba se tornando algo vital e doentio. Por mais inescrupulosos possam soar os atos do Dr. Génessier, em momento algum senti algo hostil, muito pelo contrário, eles despertaram em mim profundos sentimentos de comiseração e lástima. Com um belo desfecho, embora um tanto previsível na minha opinião, é um excelente filme com excelentes atuações e enredo cativante. Não pude deixar de encantar-me com a atuação da Edith Scob, seu olhar expressou mais do que qualquer fala prescrita no roteiro. Senti que o Almodóvar certamente concordará comigo.
Filme primoroso, sempre idealizei uma personificação vampiresca crua, instintiva e natural, sem exageros ou demasiados efeitos e o diretor soube ambientar maravilhosamente essa idéia em uma criança de 13 anos. A junção entre a fragilidade infantil e o misticismo que envolve a história é perfeita. De fato eu não esperava tamanha elegância nos cortes e na fotografia. Metaforicamente interpretando-o este filme seria uma passagem da adolescência, de certa forma a estagnação de Eli em sua forma juvenil, os conflitos de Oskar, o bullying, tudo tratado de uma forma muito terna, meiga que nos transporta de gênero para gênero, terror e drama se mesclam, dançam, neste belo filme sueco.
Ao iniciar-se, com o plano de fundo composto por Simon & Garfunkel, fica clara a proposta e a atmosfera que James Mangold pretendia expressar em Girl, Interrupted. Adentrando no tema trilha sonora, é quase impossível não referir-se a tantos nomes grandiosos como Aretha Franklin, The Mamas & The Papas, Wilco, Van Morrison, etc. É fácil render-se a tamanha sensibilidade que o filme trata de um tema tão delicado. Antes de tudo, Winona com sua personagem aparentemente tão frágil mostrou-se capaz de doar vida a cenas impactantes e de forte complexidade emocional. Angelina, Brittany, e demais elenco entraram em perfeita comunhão nesse belíssimo filme e conseguiram ultrapassar expectativas. Existem filmes que todos deveriam assistir em determinados momentos da vida e esse sem dúvida alguma é um deles, principalmente por esclarecer e expurgar preconceitos a respeito da tal ''loucura'' humana. A loucura nada mais é do que um delírio de algo mais improvável ainda, a vida.
Segue bem o estilo surrealista de Lynch, Império dos Sonhos é o tipo de filme que dispensa demasiados comentários, principalmente a respeito de suas interpretações. Com sensações extremamente metafísicas, fotografia extraordinária, posso afirmar que é um drama perturbadoramente belo.
Um dos melhores filmes sobre serial killer já feito, no remake de Maniac, de William Lustig (1980), o diretor Franck Khalfoun soube explorar com extrema sensibilidade o universo paranóico de Frank (Elijah Wood) que, devido a uma infância solitária e traumática, cresce e vê-se transtornado após a morte de sua mãe. Frank passa a viver na antiga loja de manequins pertencente a sua família por gerações, restaurando-os e acrescentando o couro cabeludo de suas vítimas. Sua obsessão pela mãe soa quase como um complexo de Édipo, e interiormente, cada mulher que escolhe escalpelar é uma busca inconsciente pela mãe promíscua que o abandonara na infância. É notável o tom quase infantil presente em Frank, de certa forma o personagem é velado por sua loucura e inocência, como se tivesse estagnado no passado incompleto e tentasse recuperá-lo de alguma forma em meio a devaneios e transes.
Ao conhecer Anna, estudante de Belas Artes a quem se apega, Frank depara-se com algo jamais vivenciado e começa a lidar com seus impulsos e com uma paixão doentia. O filme se passa quase completamente em câmera subjetiva, o que dá uma maior vivacidade ao personagem e capacidade de envolvimento ao espectador, com exceção de alguns takes. A fotografia é brilhante, extremamente sensível assim como todo o filme, cada cena tem sua beleza e pungência.
Extremamente perturbador e inquietante, essa trama psicológica é exatamente o que faz de Maniac relevante ao tratar de um universo tão particular quanto a mente de um assassino. Quem assistiu ao original de Lustig sabe que é um magnífico remake e tão bom quanto, Khalfoun acrescentou uma atmosfera dramática, até mesmo em cenas impactantes como os escalpelamentos impiedosos, porém mantendo a sanguinolência tão presente nos filmes de 80.
Ressalto dizer que o futuro do gênero é exatamente esse jogo psicológico no qual o diretor lança ao espectador, é essa exposição da psique humana e suas mazelas, é isso que nos aproxima tanto a realidade do personagem e é isso que faz de um filme uma experiência vívida, única.
Melhor animação que já assisti, é um filme extremamente psicológico, intenso. A guerra é retratada por um ângulo subjetivo em Valsa com Bashir, como um sonho. A busca incessante de Ari por suas memórias acaba revelando uma faceta cruel de nossa realidade; a desumanidade. Seus bloqueios mentais nada mais eram do que sua proteção diante de todo o horror, abstrair-se diante dos acontecimentos acabaram levando-o a passar por tudo como um espectador e tudo que lhe restou do espetáculo foi o vazio. A cena em que o soldado atravessa a rua atirando sem pausas para todos os lados e ao fundo uma valsa surge é magnífica, fiquei maravilhada com a atmosfera do filme, sem dúvidas memorável.
Ouso afirmar que Bergman é o melhor cineasta que já existiu quando se trata de expressar subjetivamente os transtornos da psique humana. Vargtimmen é brilhante e prova que o terror psicológico pode causar um impacto extremo. O modo como expõe as inseguranças, os medos e os desejos do homem, com Johan, é fascinante. Vargtimmen soa como um eco, tudo é tratado abstratamente e nada mais adequado para demonstrar tamanhas inquietações humanas, como o desejo de amar e ser amado, o ciúme e a loucura. A reclusão proposital de Johan não é suficiente para aniquilar seus ''fantasmas'' e isso é retratado muito bem em quase todas as maravilhosas cenas do filme. Alma, por outro lado, trás um lado terno e compassivo diante de todo o sofrimento imposto por seu marido. Em seu discurso final, ao falar que ''uma mulher após viver anos com um homem acaba se tornando um pedaço dele, por pensar e sentir como o mesmo'' revela tamanha sensibilidade que possui seu personagem. É uma película complexa e de infindas interpretações, afinal, há uma atmosfera surrealista quase predominante. Costumo pensar em Bergman como um psicólogo de almas que genialmente me aconselha em cada expressão captada por suas lentes e em cada frase impecavelmente composta.
Filme maravilhoso. Elle Fanning sempre me ganha com seu encantamento quase infantil, porém em Ginger & Rosa ela conseguiu passar a clareza de idéias e a firmeza de uma jovem ativista como Ginger apesar de todos os conflitos familiares. Basicamente a trama foca em quão forte pode ser a relação entre duas amigas de infância em meio a tantos contrapontos impostos por uma sociedade caótica. É em meio a todo o cenário revolucionário que a maior mudança ocorre, a interior, e isso o diretor soube explorar quase poeticamente. Enfim, a palavra ''transformação'' define bem a temática deste belo filme. Muitas vezes o fim do mundo ocorre na vida de uma pessoa e apesar disso continuamos a viver.
Algo que vem me incomodando nessa série é referente a participação da Inés Efron, como atriz excepcional que ela é simplesmente não vem tendo espaço, não vem sendo explorada como deveria. Honestamente não me agrada o trabalho de Bianca Comparato, algo nela como Ana me soa vazio, sem uma real conexão com a proposta de ''adolescente madura para idade, estudada e complexa''. A série trata sim de uma temática polêmica; bullying, primeiras experiências, relação entre uma adolescente e um homem mais velho. Porém, muitas vezes me parece que na verdade o diretor vem redirecionando o foco apenas nessa ''polêmica'' e em diálogos batidos e aparentemente ''cultos'' sobre assuntos igualmente clichês. Enfim, é cedo para uma crítica definitiva a esta série mas vamos aguardar os próximos episódios, caso eu não adormeça no sofá ao assisti-la.
Sem dúvidas Tomboy consegue captar uma essência infantil, suave, para retratar o primeiro contato com as questões sexuais e emocionais. Essa atmosfera me envolveu e me encantou de uma forma muito profunda por esse filme, belíssimo trabalho.
Jan Švankmajer expõe de forma bastante primitiva a idéia das relações humanas nessas 3 demonstrações de diálogo. E como em tudo que condiz ''humano'' é complexo e muitas vezes perturbador, é de fato genial o modo como cada diálogo é retratado, misturando-se e em constante mutação da matéria original do ser. Um curta agressivo e peculiar.
Apenas acrescentando; não julguem um filme pela temática polêmica e sim pelos seus respectivos atores, roteiro, direção e atuações. Desperdiçar a promessa de uma obra por tal distração é inútil e não lhes acrescentará em nada, reflitam.
Excelente adaptação de Drácula com atuações impecáveis. O desenrolar é envolvente, destaque para o Gary Oldman que literalmente deu vida ao Conde Drácula, despertando respeito e admiração, glorioso. E ao Anthony Hopkins como Van Helsing. É um filme repleto de erotismo como de costume na temática, que diverge com o drama de um amor secular e tortuoso. Magnífico.
''Sempre desejei uma faca, uma lâmina que expusesse minhas entranhas. Que libertasse meu cérebro e meu coração, libertasse da minha matéria, arrancasse minha língua e o meu sexo. Uma lâmina afiada que purificasse toda a impureza.'' Do seu modo, Bergman era essa lâmina.
O que comentar a respeito dessa película que poderia e deveria ter explorado toda uma história com toda riqueza de detalhes, atuação, cenário, roteiro e não o fez? Decepcionante.
Não há como compará-lo com a obra original, porém foi muito bem produzido. Não segue totalmente o roteiro primário, entendam que não se trata de um clichê cinematográfico e sim de um REMAKE. Supriu sem dúvidas as expectativas em muitas cenas, principalmente referentes a clássica sanguinolência presente no original de 81.
A Avó
4.0 69Provavelmente um dos curtas mais expressivos do Lynch, The Grandmother retrata de forma como sempre surreal e animalesca questões como o abuso na infância, as carências humanas e a busca pelo afeto.
Intimamente analisando-o, este curta aborda logo em suas primeiras cenas um dos instintos mais selvagens presentes em nós, humanos, o da necessidade de propagação da espécie e isto fica claro na cena em que os pais do garoto agem como animais, latindo e rosnando em meio ao mato após ''fecundá-lo''.
Creio que Lynch quis passar a idéia de que todos somos animais em nosso âmago e que deste fato não podemos fugir.
Ao desenrolar do curta alguns temas são acrescentados entre flashes ilustrativos e efeitos sonoros sombrios, como a agressão e o isolamento do garoto que acabam culminando em uma busca por compreensão e alguma forma de cuidado materno que sempre o foi negligenciado.
O garoto encontra em um quarto escuro uma semente que emite sons e a planta em uma cama, a rega e espera sua germinação.
Bom, um ser humano nasce derivado daquele plantio, uma figura feminina, idosa, brota. É a personificação de algo que desejou e jamais teve, é um resgate íntimo daquela necessidade de sentir-se protegido e amado.
Após a sequência de ocorridos, essa figura materna plantada acaba morrendo enforcada por sua própria mão, traduzindo o sentimento de morte física ao sucumbir as limitações do próprio corpo.
Algo realmente intenso e obscuro desperta no garoto após a perda da única fonte que o conectava com sua forma infantil e frágil, esse acontecimento específico o faz cair em um buraco e retornar ao seu quarto escuro de costume, o mata interiormente. Talvez Lynch tenha expurgado alguma mágoa de infância ou apenas tenha retratado abstratamente uma realidade infeliz que nos arrebata em alguma fase de nossas vidas. Quem nunca sentiu-se encurralado por seus próprios sentimentos alguma vez na vida?
Scenes from the Suburbs
4.3 245A quanto tempo desejo assistir esse curta, não o quis à toa. Belo trabalho, roteiro e por mais que os atores não sejam renomados suas atuações foram lindas e superaram expectativas.
Os Olhos Sem Rosto
4.0 232Impossível não condoer-se a tamanho drama presente na vida de Christiane, Dr. Génessier e Paulette. Esse filme é capaz de arrebatar até os espectadores mais dessensibilizados com sua aura frágil e pungente. A busca constante e inconsequente pela face angelical de outrora existente se torna mais do que um desejo de restauração para o pai de Christiane, acaba se tornando algo vital e doentio. Por mais inescrupulosos possam soar os atos do Dr. Génessier, em momento algum senti algo hostil, muito pelo contrário, eles despertaram em mim profundos sentimentos de comiseração e lástima. Com um belo desfecho, embora um tanto previsível na minha opinião, é um excelente filme com excelentes atuações e enredo cativante. Não pude deixar de encantar-me com a atuação da Edith Scob, seu olhar expressou mais do que qualquer fala prescrita no roteiro. Senti que o Almodóvar certamente concordará comigo.
Deixa Ela Entrar
4.0 1,6KFilme primoroso, sempre idealizei uma personificação vampiresca crua, instintiva e natural, sem exageros ou demasiados efeitos e o diretor soube ambientar maravilhosamente essa idéia em uma criança de 13 anos. A junção entre a fragilidade infantil e o misticismo que envolve a história é perfeita. De fato eu não esperava tamanha elegância nos cortes e na fotografia. Metaforicamente interpretando-o este filme seria uma passagem da adolescência, de certa forma a estagnação de Eli em sua forma juvenil, os conflitos de Oskar, o bullying, tudo tratado de uma forma muito terna, meiga que nos transporta de gênero para gênero, terror e drama se mesclam, dançam, neste belo filme sueco.
Garota, Interrompida
4.1 1,9K Assista AgoraAo iniciar-se, com o plano de fundo composto por Simon & Garfunkel, fica clara a proposta e a atmosfera que James Mangold pretendia expressar em Girl, Interrupted. Adentrando no tema trilha sonora, é quase impossível não referir-se a tantos nomes grandiosos como Aretha Franklin, The Mamas & The Papas, Wilco, Van Morrison, etc. É fácil render-se a tamanha sensibilidade que o filme trata de um tema tão delicado. Antes de tudo, Winona com sua personagem aparentemente tão frágil mostrou-se capaz de doar vida a cenas impactantes e de forte complexidade emocional.
Angelina, Brittany, e demais elenco entraram em perfeita comunhão nesse belíssimo filme e conseguiram ultrapassar expectativas.
Existem filmes que todos deveriam assistir em determinados momentos da vida e esse sem dúvida alguma é um deles, principalmente por esclarecer e expurgar preconceitos a respeito da tal ''loucura'' humana.
A loucura nada mais é do que um delírio de algo mais improvável ainda, a vida.
Império dos Sonhos
3.8 433Segue bem o estilo surrealista de Lynch, Império dos Sonhos é o tipo de filme que dispensa demasiados comentários, principalmente a respeito de suas interpretações. Com sensações extremamente metafísicas, fotografia extraordinária, posso afirmar que é um drama perturbadoramente belo.
Rashomon
4.4 301 Assista Agora''É por serem fracos que os homens mentem, até mesmo para eles.''
Maníaco
3.0 579 Assista AgoraUm dos melhores filmes sobre serial killer já feito, no remake de Maniac, de William Lustig (1980), o diretor Franck Khalfoun soube explorar com extrema sensibilidade o universo paranóico de Frank (Elijah Wood) que, devido a uma infância solitária e traumática, cresce e vê-se transtornado após a morte de sua mãe.
Frank passa a viver na antiga loja de manequins pertencente a sua família por gerações, restaurando-os e acrescentando o couro cabeludo de suas vítimas.
Sua obsessão pela mãe soa quase como um complexo de Édipo, e interiormente, cada mulher que escolhe escalpelar é uma busca inconsciente pela mãe promíscua que o abandonara na infância.
É notável o tom quase infantil presente em Frank, de certa forma o personagem é velado por sua loucura e inocência, como se tivesse estagnado no passado incompleto e tentasse recuperá-lo de alguma forma em meio a devaneios e transes.
Ao conhecer Anna, estudante de Belas Artes a quem se apega, Frank depara-se com algo jamais vivenciado e começa a lidar com seus impulsos e com uma paixão doentia.
O filme se passa quase completamente em câmera subjetiva, o que dá uma maior vivacidade ao personagem e capacidade de envolvimento ao espectador, com exceção de alguns takes.
A fotografia é brilhante, extremamente sensível assim como todo o filme, cada cena tem sua beleza e pungência.
Extremamente perturbador e inquietante, essa trama psicológica é exatamente o que faz de Maniac relevante ao tratar de um universo tão particular quanto a mente de um assassino.
Quem assistiu ao original de Lustig sabe que é um magnífico remake e tão bom quanto, Khalfoun acrescentou uma atmosfera dramática, até mesmo em cenas impactantes como os escalpelamentos impiedosos, porém mantendo a sanguinolência tão presente nos filmes de 80.
Ressalto dizer que o futuro do gênero é exatamente esse jogo psicológico no qual o diretor lança ao espectador, é essa exposição da psique humana e suas mazelas, é isso que nos aproxima tanto a realidade do personagem e é isso que faz de um filme uma experiência vívida, única.
Valsa com Bashir
4.2 305 Assista AgoraMelhor animação que já assisti, é um filme extremamente psicológico, intenso. A guerra é retratada por um ângulo subjetivo em Valsa com Bashir, como um sonho. A busca incessante de Ari por suas memórias acaba revelando uma faceta cruel de nossa realidade; a desumanidade. Seus bloqueios mentais nada mais eram do que sua proteção diante de todo o horror, abstrair-se diante dos acontecimentos acabaram levando-o a passar por tudo como um espectador e tudo que lhe restou do espetáculo foi o vazio. A cena em que o soldado atravessa a rua atirando sem pausas para todos os lados e ao fundo uma valsa surge é magnífica, fiquei maravilhada com a atmosfera do filme, sem dúvidas memorável.
A Hora do Lobo
4.2 308Ouso afirmar que Bergman é o melhor cineasta que já existiu quando se trata de expressar subjetivamente os transtornos da psique humana. Vargtimmen é brilhante e prova que o terror psicológico pode causar um impacto extremo. O modo como expõe as inseguranças, os medos e os desejos do homem, com Johan, é fascinante. Vargtimmen soa como um eco, tudo é tratado abstratamente e nada mais adequado para demonstrar tamanhas inquietações humanas, como o desejo de amar e ser amado, o ciúme e a loucura. A reclusão proposital de Johan não é suficiente para aniquilar seus ''fantasmas'' e isso é retratado muito bem em quase todas as maravilhosas cenas do filme. Alma, por outro lado, trás um lado terno e compassivo diante de todo o sofrimento imposto por seu marido. Em seu discurso final, ao falar que ''uma mulher após viver anos com um homem acaba se tornando um pedaço dele, por pensar e sentir como o mesmo'' revela tamanha sensibilidade que possui seu personagem. É uma película complexa e de infindas interpretações, afinal, há uma atmosfera surrealista quase predominante. Costumo pensar em Bergman como um psicólogo de almas que genialmente me aconselha em cada expressão captada por suas lentes e em cada frase impecavelmente composta.
Ginger & Rosa
3.4 428 Assista AgoraFilme maravilhoso. Elle Fanning sempre me ganha com seu encantamento quase infantil, porém em Ginger & Rosa ela conseguiu passar a clareza de idéias e a firmeza de uma jovem ativista como Ginger apesar de todos os conflitos familiares. Basicamente a trama foca em quão forte pode ser a relação entre duas amigas de infância em meio a tantos contrapontos impostos por uma sociedade caótica. É em meio a todo o cenário revolucionário que a maior mudança ocorre, a interior, e isso o diretor soube explorar quase poeticamente. Enfim, a palavra ''transformação'' define bem a temática deste belo filme. Muitas vezes o fim do mundo ocorre na vida de uma pessoa e apesar disso continuamos a viver.
A Menina Sem Qualidades
4.0 150Algo que vem me incomodando nessa série é referente a participação da Inés Efron, como atriz excepcional que ela é simplesmente não vem tendo espaço, não vem sendo explorada como deveria. Honestamente não me agrada o trabalho de Bianca Comparato, algo nela como Ana me soa vazio, sem uma real conexão com a proposta de ''adolescente madura para idade, estudada e complexa''. A série trata sim de uma temática polêmica; bullying, primeiras experiências, relação entre uma adolescente e um homem mais velho. Porém, muitas vezes me parece que na verdade o diretor vem redirecionando o foco apenas nessa ''polêmica'' e em diálogos batidos e aparentemente ''cultos'' sobre assuntos igualmente clichês. Enfim, é cedo para uma crítica definitiva a esta série mas vamos aguardar os próximos episódios, caso eu não adormeça no sofá ao assisti-la.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraSem dúvidas Tomboy consegue captar uma essência infantil, suave, para retratar o primeiro contato com as questões sexuais e emocionais. Essa atmosfera me envolveu e me encantou de uma forma muito profunda por esse filme, belíssimo trabalho.
Historia Naturae, Suita
4.1 19Encantador
Dimensões do Diálogo
4.4 188Jan Švankmajer expõe de forma bastante primitiva a idéia das relações humanas nessas 3 demonstrações de diálogo. E como em tudo que condiz ''humano'' é complexo e muitas vezes perturbador, é de fato genial o modo como cada diálogo é retratado, misturando-se e em constante mutação da matéria original do ser. Um curta agressivo e peculiar.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraApenas acrescentando; não julguem um filme pela temática polêmica e sim pelos seus respectivos atores, roteiro, direção e atuações. Desperdiçar a promessa de uma obra por tal distração é inútil e não lhes acrescentará em nada, reflitam.
Azul é a Cor Mais Quente
3.7 4,3K Assista AgoraOutubro por caridade, chegue.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraExcelente adaptação de Drácula com atuações impecáveis. O desenrolar é envolvente, destaque para o Gary Oldman que literalmente deu vida ao Conde Drácula, despertando respeito e admiração, glorioso. E ao Anthony Hopkins como Van Helsing. É um filme repleto de erotismo como de costume na temática, que diverge com o drama de um amor secular e tortuoso. Magnífico.
O Rosto
3.9 46 Assista Agora''Sempre desejei uma faca, uma lâmina que expusesse minhas entranhas. Que libertasse meu cérebro e meu coração, libertasse da minha matéria, arrancasse minha língua e o meu sexo. Uma lâmina afiada que purificasse toda a impureza.'' Do seu modo, Bergman era essa lâmina.
João e Maria: Caçadores de Bruxas
3.2 2,8K Assista AgoraO que comentar a respeito dessa película que poderia e deveria ter explorado toda uma história com toda riqueza de detalhes, atuação, cenário, roteiro e não o fez? Decepcionante.
A Morte do Demônio
3.2 3,9K Assista AgoraNão há como compará-lo com a obra original, porém foi muito bem produzido. Não segue totalmente o roteiro primário, entendam que não se trata de um clichê cinematográfico e sim de um REMAKE. Supriu sem dúvidas as expectativas em muitas cenas, principalmente referentes a clássica sanguinolência presente no original de 81.
Zero
4.3 137Amar sempre será algo magnífico. Infinito.
Would You Rather
3.0 452Sasha Grey, risos infindos
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraObra-prima e não se discute.