Haneke mais uma vez nos presenteia com um filme maravilhoso, que me tocou demasiado, do início ao fim. O filme retrata um amor não comerciável, um amor que é, acima de tudo, humano. Um amor que nos seus cuidados possui também limitações, hesitações e cansaços e que às vezes necessita de "travesseiros" para calar o que faz doer. Mas como também dói esse silêncio, ter parte nisso, então... Seria enlouquecedor? Como voltar a ouvir esse grito por vezes tão necessário? A vida não é mais a mesma, a rotina mudou, não existe mais o cuidar. A solidão materializou-se no corpo-travesseiro que ficou na cama, imóvel. Como suportar tudo isso e ao mesmo tempo como ter isso de volta? Como calar o grito e ainda ouvi-lo? Subitamente somos tão sábios. Criamos o grito e nele acreditamos. Acreditamos a tal ponto que nele nos perdemos e saímos de casa... Como é rico esse novo mundo em que nos encontramos.
Ao assistir ao filme, um universo de questões se coloca. Universo esse que pude sentir e refletir melhor depois da segunda vez que assisti ao filme. Questões como a visão romantizada, assexuada e universal que temos sobre a infância é duramente contrastada com crianças singulares, humanas e que procuram formas de se conhecer e sentir prazer com o seu próprio corpo; a influência das concepções religiosas sobre as formas corretas de se viver; as relações de trabalho pautadas em uma dependência naquele que detém o maior poder econômico (aqui é interessante o paralelo entre o poder econômico e o político); a submissão da mulher naquele contexto e as formas diferenciadas e possíveis de ser mulher dependendo, por exemplo, da classe social (aqui é notável a diferença entre o lugar ocupado pela mulher do barão e as mulheres dos camponeses); as formas autoritárias e punitivas em que se pautavam as relações entre pais e filhos e tantas outras questões que podem ser suscitadas. Importante destacar a influência desse contexto no que veio a acontecer tempos depois na Alemanha: o nazismo. Acho importante a consideração desse contexto e do modo como essas relações sociais e esses sujeitos foram sendo constituídos para se pensar em como o nazismo também tinha respaldo na sociedade e que não foi defendido e erguido por apenas um personagem da história.
Bela estreia de Samira Makhmalbaf com uma história tocante que precisava muito de ser contada. Ao assistir ao filme fiquei pensando em como nos constituímos a partir das relações sociais e de como esse contato, essa vivência é importante para nós enquanto sujeitos. Na história, também é notável como construímos os sentidos e os comportamentos e de como essa construção, depois que assimilada, está sujeita a naturalização. Dessa forma, é “natural” pagar por um picolé, por uma maçã e me é estranho comportamos que fujam dessa “programação biológica”. Pensamentos como esses podem muito bem ser contrastados durante esse filme, em que podemos perceber o papel crucial da aprendizagem. Interessante também é a atuação da assistente social, a qual simplesmente “solta” as meninas sem oferecer qualquer tipo de mediação entre elas e o universo que elas vão encontrar para além dos portões de sua casa. Nesse momento, fiquei pensando em como essa mediação é importante, visto que sem ela fica mesmo difícil não voltar para casa, mesmo agora estando “livre” para conhecer o mundo.
Não gosto muito de filmes de comédia, mas achei interessante o filme propiciar situações cômicas por meio do absurdo. O início do filme é muito bom, depois achei que caiu um pouco, mas ainda assim é um bom filme. Interessante a crítica a lógica empresarial e aos funcionários que acabam seguindo e incorporando essa mesma lógica.
Trainspotting já se inicia com um fala muito provocativa. Fiquei pensando em como essa lógica de escolhas nos é imposta e de como a aceitamos como "natural". Aqui, no entanto, essa lógica é colocada em questão e desnaturalizada. Uma ideia muito interessante para um filme que vai falar sobre pessoas que se encontram marginalizadas em nossa sociedade. É interessante que ao falar sobre a questão das drogas, o filme extrapola o vício de drogas ilícitas e nos direciona, nos faz interrogar também sobre os nossos vícios lícitos e socialmente aceitos, mas faz isso de uma maneira muito sutil, "encoberta", justamente como a sociedade concebe e entende esses vícios... Outra questão que também achei interessante foi partir do prazer para falar sobre a droga. Nesse momento, fiquei pensando em como isso é encoberto em muitas falas do nosso cotidiano.
Durante o filme senti, em alguns momentos, um certo determinismo, parecendo que aquele caminho traçado por João de Santo Cristo era inevitável. No entanto, a reflexão colocada no final do filme, a qual evidenciava também as escolhas diante da situação concreta de vida do personagem, procura romper com essa ideia determinista. Achei interessante o filme ter se inspirado em uma música, nunca tinha visto nenhum filme assim.
Filme muito amplo, interessante e provocativo. Exceto o curta que é passado em um estacionamento, gostei muito de todos os outros, especialmente do último. Os curtas abordam e problematizam temáticas diversas, provocando, muitas vezes, mal estar e angústia. Ao assisti-los fiquei pensando em como construímos nossos parâmetros de beleza e de como podemos sofrer caso não estejamos dentro deles. A vontade de estar incluído no socialmente valorizado é muito grande e ser diferente acaba sendo muito difícil. Ter sensibilidade com as diferenças também. Afinal, como é mais fácil retirar uma pessoa deficiente da rua simplesmente pegando em seu braço e arrastando-a do que procurar entender aquela situação e aquela condição. Não queremos que os diferentes atrapalhem o fluxo normal do trânsito e da vida, queremos, ao contrário disso, padronizar as diferenças ditando padrões de beleza e de normalidade. Não queremos nos dar ao trabalho de conhecer uma pessoa erroneamente internada em um hospital psiquiátrico. Não queremos escutar nossos pacientes, mas fazê-los ouvir uma verdade que só nós conhecemos e podemos dizer sobre eles. Os diagnósticos servem justamente para nos dar esse conforto e a titulação de louco vem para que, tranquilamente, possamos passar para um próximo caso em uma reunião de equipe... Por que, afinal, o que são seis anos?
Achei interessante a utilização de imagens sobrepostas, mas não gostei desse recurso ter sido usado durante praticamente o filme todo. Acho que isso deixou o filme muito "carregado". Quanto a adaptação da peça também não gostei muito de alguns aspectos, como quando ao invés da fala entre os personagens, tem-se uma narração da história. Acho que isso me provocou estranhamento em alguns momentos. Por outro lado, acho que sentir esse estranhamento é muito importante também, pois a partir dele muito pode ser (des)construído, ampliado, ressignificado.
Uma ideia muito interessante, mas a execução me decepcionou. Acho que questões como a problematização da influência do biológico sobre a nossa constituição enquanto sujeitos e do discurso estigmatizante que pode nos paralisar diante do possível, nos impondo limites poderiam ter sido melhor desenvolvidas. Senti que o filme perde muito tempo na procura do assassino e depois do inválido e deixa de ter discussões interessantes. Pensando no filme "O preço do amanhã", em que isso também acontece, a forma de execução da ideia não me surpreende.
Achei muito interessante o filme retratar o que costumeiramente não é retratado nesse tipo de filme: a vida pessoal. Ao contrário dos tiroteios, dos campos de batalha, o filme nos possibilita ter contato com uma outra história, ou melhor, uma ampliação da história de quem foi Adolf Hitler.
Após assistir aos filmes do Haneke, estava com vontade de assistir a um documentário como esse. Gostei bastante, acho que ele trouxe muitas contribuições para se pensar a concepção do diretor acerca de algumas temáticas que são abordadas em seus filmes, como a violência.
A cena que me chamou mais atenção foi a cena final, em que a frieza e a indiferença da ação seguida do corte da cena deu um tom cru e seco, diferente de qualquer cena de assassinato e suicídio que já tenha visto. Apesar de saber do final no início do filme, falar do final e mostrá-lo é algo muito diferente e provoca sensações muito diferentes também. O poder da imagem e o cuidado com o que é mostrado, ou até onde é necessário mostrar para se entender que ali há uma situação de assassinato e suicídio merecem destaque.
Falar da violência, sem embelezá-la; fazer um filme de violência extrema, sem utilizar da violência explícita para isso. É muita arte, muita sensibilidade e Haneke faz isso com perfeição... Um filme que nos faz pensar sobre a influência da violência, das imagens violentas sobre comportamento humano e sobre a perda de sensibilidade diante do violento. Cada vez mais nos deparamos com filmes ainda mais violentos e isso já não nos choca tanto, por que será? Acho que Haneke de uma certa forma também "responde" isso nesse filme.
Com relação aos diálogos e acontecimentos achei uma ótima adaptação para o cinema, no entanto não gostei muito da atuação e da caracterização de alguns dos personagens, não sei se por imaginar diferente quando li a peça. Por outro lado, fiquei pensando também nas dificuldades de fazer um personagem como Ariel e Calibã...
A perda da arte de viver a vida, o desencanto, o sem sentido, o não-saber científico, a segregação do diferente-semelhante...Como em tempos como esse enxergar a vida para além da "gordura e da farinha"? Será que a simples busca por sobrevivência consegue bastar ao humano? Ou há algo mais a ser buscado? Parece que mesmo de olhos fechados, mesmo no escuro, a busca não para e a procura por um sentido perdido que traga um pouco da arte de viver a vida ainda se faz presente.
Acho que o documentário poderia ter se aprofundado mais em questões sobre a época e sobre o próprio movimento do Tropicalismo. A busca por imagens realmente foi um trabalho impressionante, mas senti falta de um maior aprofundamento no tema, de falas mais interessantes, como a do Tom Zé.
O não-dito é colocado numa ação que, diferente da rotina do restante do filme, não pode ser repedida. É interessante que apesar de desejar algo tão condenado por nossa sociedade, a família não deixa de sofrer e padecer por seu desejo.
Aqui merece destaque a cena da quebra do aquário e da tristeza da mãe com a morte da criança.
Interessante também o filme, em vários momentos, não mostrar o rosto dos personagens. Nas cenas em que são mostrados apenas pés, pernas, mãos e braços que rostos poderiam ter essa família?
Até que ponto conseguimos manter uma distância do personagem que representamos? Até que ponto não nos tornamos em alguma medida também esse personagem e passamos a sentir dificuldade de ser (somente) quem costumávamos ser e a viver a vida que costumávamos viver? A mudança, a complexidade, a incompletude do humano são alguns dos aspectos a se destacar.
Um encontro com a pintura, algo muito bonito de se ver. A adaptação da peça para a sociedade japonesa ficou interessante (destaque para a parte que fala sobre as raposas).
Com que olhos enxergamos um acontecimento há muito "esquecido" em nossa memória? Quando os olhos do adulto se diferenciam dos olhos da criança, assuntos implícitos podem ser explicitados e ressignificados e isso pode gerar muito sofrimento. Como se ver atualmente como executor de uma conspiração que hoje possui outro sentido, outro valor, devido as suas experiências de vida? A vida torna-se mais complexa que uma "brincadeira de criança" ou uma "explicação infantil" e pode evidenciar questões que são difíceis de tolerar e de aceitar. Como permanecer quieto, acordado? Há quase que um ímpeto de perambular pela cidade e de ficar "escondido" da vida, pelo menos enquanto durar o efeito do remédio. Como permanecer sem ser visto, como não morrer após subsequentes mortes simbólicas para a sociedade e para a família? Ao final, ainda fica a pergunta sobre o que irá permanecer (ou não) escondido.
Achei muito interessante o filme se passar após a segunda guerra mundial e mostrar as mudanças na dinâmica do país vencido, as proibições e a ocupação pelo país vencedor. Destaque para a situação absurda que o protagonista vivencia no final do filme.
A junção das cenas que tecem sobre a produção do filme e do filme propriamente dito ficou muito bem feita.
Aqui podemos perceber um pouco da percepção do diretor sobre o cinema e dos impasses para se conseguir financiamento, devido, em muito, da valorização de filmes comerciais.
Amor
4.2 2,2K Assista AgoraHaneke mais uma vez nos presenteia com um filme maravilhoso, que me tocou demasiado, do início ao fim. O filme retrata um amor não comerciável, um amor que é, acima de tudo, humano. Um amor que nos seus cuidados possui também limitações, hesitações e cansaços e que às vezes necessita de "travesseiros" para calar o que faz doer. Mas como também dói esse silêncio, ter parte nisso, então... Seria enlouquecedor? Como voltar a ouvir esse grito por vezes tão necessário? A vida não é mais a mesma, a rotina mudou, não existe mais o cuidar. A solidão materializou-se no corpo-travesseiro que ficou na cama, imóvel. Como suportar tudo isso e ao mesmo tempo como ter isso de volta? Como calar o grito e ainda ouvi-lo? Subitamente somos tão sábios. Criamos o grito e nele acreditamos. Acreditamos a tal ponto que nele nos perdemos e saímos de casa... Como é rico esse novo mundo em que nos encontramos.
Taurus
3.7 19No geral, não foi um filme que me afetou tanto. O que achei mais interessante foi as questões que podem estar envolvidas no envelhecimento.
A Fita Branca
4.0 756 Assista AgoraAo assistir ao filme, um universo de questões se coloca. Universo esse que pude sentir e refletir melhor depois da segunda vez que assisti ao filme. Questões como a visão romantizada, assexuada e universal que temos sobre a infância é duramente contrastada com crianças singulares, humanas e que procuram formas de se conhecer e sentir prazer com o seu próprio corpo; a influência das concepções religiosas sobre as formas corretas de se viver; as relações de trabalho pautadas em uma dependência naquele que detém o maior poder econômico (aqui é interessante o paralelo entre o poder econômico e o político); a submissão da mulher naquele contexto e as formas diferenciadas e possíveis de ser mulher dependendo, por exemplo, da classe social (aqui é notável a diferença entre o lugar ocupado pela mulher do barão e as mulheres dos camponeses); as formas autoritárias e punitivas em que se pautavam as relações entre pais e filhos e tantas outras questões que podem ser suscitadas. Importante destacar a influência desse contexto no que veio a acontecer tempos depois na Alemanha: o nazismo. Acho importante a consideração desse contexto e do modo como essas relações sociais e esses sujeitos foram sendo constituídos para se pensar em como o nazismo também tinha respaldo na sociedade e que não foi defendido e erguido por apenas um personagem da história.
A Maçã
3.9 101Bela estreia de Samira Makhmalbaf com uma história tocante que precisava muito de ser contada. Ao assistir ao filme fiquei pensando em como nos constituímos a partir das relações sociais e de como esse contato, essa vivência é importante para nós enquanto sujeitos. Na história, também é notável como construímos os sentidos e os comportamentos e de como essa construção, depois que assimilada, está sujeita a naturalização. Dessa forma, é “natural” pagar por um picolé, por uma maçã e me é estranho comportamos que fujam dessa “programação biológica”. Pensamentos como esses podem muito bem ser contrastados durante esse filme, em que podemos perceber o papel crucial da aprendizagem. Interessante também é a atuação da assistente social, a qual simplesmente “solta” as meninas sem oferecer qualquer tipo de mediação entre elas e o universo que elas vão encontrar para além dos portões de sua casa. Nesse momento, fiquei pensando em como essa mediação é importante, visto que sem ela fica mesmo difícil não voltar para casa, mesmo agora estando “livre” para conhecer o mundo.
Na Roda da Fortuna
3.6 97Não gosto muito de filmes de comédia, mas achei interessante o filme propiciar situações cômicas por meio do absurdo. O início do filme é muito bom, depois achei que caiu um pouco, mas ainda assim é um bom filme. Interessante a crítica a lógica empresarial e aos funcionários que acabam seguindo e incorporando essa mesma lógica.
Trainspotting: Sem Limites
4.2 1,9K Assista AgoraTrainspotting já se inicia com um fala muito provocativa. Fiquei pensando em como essa lógica de escolhas nos é imposta e de como a aceitamos como "natural". Aqui, no entanto, essa lógica é colocada em questão e desnaturalizada. Uma ideia muito interessante para um filme que vai falar sobre pessoas que se encontram marginalizadas em nossa sociedade. É interessante que ao falar sobre a questão das drogas, o filme extrapola o vício de drogas ilícitas e nos direciona, nos faz interrogar também sobre os nossos vícios lícitos e socialmente aceitos, mas faz isso de uma maneira muito sutil, "encoberta", justamente como a sociedade concebe e entende esses vícios... Outra questão que também achei interessante foi partir do prazer para falar sobre a droga. Nesse momento, fiquei pensando em como isso é encoberto em muitas falas do nosso cotidiano.
Faroeste Caboclo
3.2 2,4KDurante o filme senti, em alguns momentos, um certo determinismo, parecendo que aquele caminho traçado por João de Santo Cristo era inevitável. No entanto, a reflexão colocada no final do filme, a qual evidenciava também as escolhas diante da situação concreta de vida do personagem, procura romper com essa ideia determinista. Achei interessante o filme ter se inspirado em uma música, nunca tinha visto nenhum filme assim.
If You Were Me
3.7 7Filme muito amplo, interessante e provocativo. Exceto o curta que é passado em um estacionamento, gostei muito de todos os outros, especialmente do último. Os curtas abordam e problematizam temáticas diversas, provocando, muitas vezes, mal estar e angústia. Ao assisti-los fiquei pensando em como construímos nossos parâmetros de beleza e de como podemos sofrer caso não estejamos dentro deles. A vontade de estar incluído no socialmente valorizado é muito grande e ser diferente acaba sendo muito difícil. Ter sensibilidade com as diferenças também. Afinal, como é mais fácil retirar uma pessoa deficiente da rua simplesmente pegando em seu braço e arrastando-a do que procurar entender aquela situação e aquela condição. Não queremos que os diferentes atrapalhem o fluxo normal do trânsito e da vida, queremos, ao contrário disso, padronizar as diferenças ditando padrões de beleza e de normalidade. Não queremos nos dar ao trabalho de conhecer uma pessoa erroneamente internada em um hospital psiquiátrico. Não queremos escutar nossos pacientes, mas fazê-los ouvir uma verdade que só nós conhecemos e podemos dizer sobre eles. Os diagnósticos servem justamente para nos dar esse conforto e a titulação de louco vem para que, tranquilamente, possamos passar para um próximo caso em uma reunião de equipe... Por que, afinal, o que são seis anos?
A Última Tempestade
3.9 19 Assista AgoraAchei interessante a utilização de imagens sobrepostas, mas não gostei desse recurso ter sido usado durante praticamente o filme todo. Acho que isso deixou o filme muito "carregado". Quanto a adaptação da peça também não gostei muito de alguns aspectos, como quando ao invés da fala entre os personagens, tem-se uma narração da história. Acho que isso me provocou estranhamento em alguns momentos. Por outro lado, acho que sentir esse estranhamento é muito importante também, pois a partir dele muito pode ser (des)construído, ampliado, ressignificado.
Gattaca, uma Experiência Genética
3.9 649 Assista AgoraUma ideia muito interessante, mas a execução me decepcionou. Acho que questões como a problematização da influência do biológico sobre a nossa constituição enquanto sujeitos e do discurso estigmatizante que pode nos paralisar diante do possível, nos impondo limites poderiam ter sido melhor desenvolvidas. Senti que o filme perde muito tempo na procura do assassino e depois do inválido e deixa de ter discussões interessantes. Pensando no filme "O preço do amanhã", em que isso também acontece, a forma de execução da ideia não me surpreende.
Moloch - Eva Braun e Adolf Hitler na Intimidade
3.6 20Achei muito interessante o filme retratar o que costumeiramente não é retratado nesse tipo de filme: a vida pessoal. Ao contrário dos tiroteios, dos campos de batalha, o filme nos possibilita ter contato com uma outra história, ou melhor, uma ampliação da história de quem foi Adolf Hitler.
Michael Haneke – Minha Vida
4.1 10Após assistir aos filmes do Haneke, estava com vontade de assistir a um documentário como esse. Gostei bastante, acho que ele trouxe muitas contribuições para se pensar a concepção do diretor acerca de algumas temáticas que são abordadas em seus filmes, como a violência.
71 Fragmentos de uma Cronologia do Acaso
3.7 74Da trilogia, o mais diferente e o que tive mais dificuldade de entender.
A cena que me chamou mais atenção foi a cena final, em que a frieza e a indiferença da ação seguida do corte da cena deu um tom cru e seco, diferente de qualquer cena de assassinato e suicídio que já tenha visto. Apesar de saber do final no início do filme, falar do final e mostrá-lo é algo muito diferente e provoca sensações muito diferentes também. O poder da imagem e o cuidado com o que é mostrado, ou até onde é necessário mostrar para se entender que ali há uma situação de assassinato e suicídio merecem destaque.
O Vídeo de Benny
3.6 233 Assista AgoraFalar da violência, sem embelezá-la; fazer um filme de violência extrema, sem utilizar da violência explícita para isso. É muita arte, muita sensibilidade e Haneke faz isso com perfeição... Um filme que nos faz pensar sobre a influência da violência, das imagens violentas sobre comportamento humano e sobre a perda de sensibilidade diante do violento. Cada vez mais nos deparamos com filmes ainda mais violentos e isso já não nos choca tanto, por que será? Acho que Haneke de uma certa forma também "responde" isso nesse filme.
A Tempestade
2.7 155Com relação aos diálogos e acontecimentos achei uma ótima adaptação para o cinema, no entanto não gostei muito da atuação e da caracterização de alguns dos personagens, não sei se por imaginar diferente quando li a peça. Por outro lado, fiquei pensando também nas dificuldades de fazer um personagem como Ariel e Calibã...
Sentidos do Amor
4.1 1,2KA perda da arte de viver a vida, o desencanto, o sem sentido, o não-saber científico, a segregação do diferente-semelhante...Como em tempos como esse enxergar a vida para além da "gordura e da farinha"? Será que a simples busca por sobrevivência consegue bastar ao humano? Ou há algo mais a ser buscado? Parece que mesmo de olhos fechados, mesmo no escuro, a busca não para e a procura por um sentido perdido que traga um pouco da arte de viver a vida ainda se faz presente.
Tropicália
4.1 289Acho que o documentário poderia ter se aprofundado mais em questões sobre a época e sobre o próprio movimento do Tropicalismo. A busca por imagens realmente foi um trabalho impressionante, mas senti falta de um maior aprofundamento no tema, de falas mais interessantes, como a do Tom Zé.
O Sétimo Continente
4.0 174 Assista AgoraO não-dito é colocado numa ação que, diferente da rotina do restante do filme, não pode ser repedida. É interessante que apesar de desejar algo tão condenado por nossa sociedade, a família não deixa de sofrer e padecer por seu desejo.
Aqui merece destaque a cena da quebra do aquário e da tristeza da mãe com a morte da criança.
Kagemusha, a Sombra do Samurai
4.2 100 Assista AgoraAté que ponto conseguimos manter uma distância do personagem que representamos? Até que ponto não nos tornamos em alguma medida também esse personagem e passamos a sentir dificuldade de ser (somente) quem costumávamos ser e a viver a vida que costumávamos viver? A mudança, a complexidade, a incompletude do humano são alguns dos aspectos a se destacar.
Ran
4.5 265 Assista AgoraUm encontro com a pintura, algo muito bonito de se ver. A adaptação da peça para a sociedade japonesa ficou interessante (destaque para a parte que fala sobre as raposas).
O Tempo do Lobo
3.6 72 Assista AgoraUm final esperançoso para a humanidade ou mais uma história inventada que se pretende verdadeira?
Caché
3.8 384 Assista AgoraCom que olhos enxergamos um acontecimento há muito "esquecido" em nossa memória? Quando os olhos do adulto se diferenciam dos olhos da criança, assuntos implícitos podem ser explicitados e ressignificados e isso pode gerar muito sofrimento. Como se ver atualmente como executor de uma conspiração que hoje possui outro sentido, outro valor, devido as suas experiências de vida? A vida torna-se mais complexa que uma "brincadeira de criança" ou uma "explicação infantil" e pode evidenciar questões que são difíceis de tolerar e de aceitar. Como permanecer quieto, acordado? Há quase que um ímpeto de perambular pela cidade e de ficar "escondido" da vida, pelo menos enquanto durar o efeito do remédio. Como permanecer sem ser visto, como não morrer após subsequentes mortes simbólicas para a sociedade e para a família? Ao final, ainda fica a pergunta sobre o que irá permanecer (ou não) escondido.
Europa
4.0 117 Assista AgoraAchei muito interessante o filme se passar após a segunda guerra mundial e mostrar as mudanças na dinâmica do país vencido, as proibições e a ocupação pelo país vencedor. Destaque para a situação absurda que o protagonista vivencia no final do filme.
Epidemia
3.0 42 Assista AgoraUm filme bem diferente e muito interessante.
A junção das cenas que tecem sobre a produção do filme e do filme propriamente dito ficou muito bem feita.