Quase que refletindo o imaginário popular quanto à depressão, o cinema pouco acertou quanto a sua representação nas telas. Por aqui, os Dardenne conseguem trazer uma profundidade interessante para toda a situação vivida por Sandra, muito bem interpretada por Cotillard em suas minúcias e expressões. Além de toda a discussão envolvendo medicação, superação e a importância de pessoas queridas no tratamento, o filme coloca também um contraste admirável entre a ganância de certas pessoas e a luta de quem sofre por conta da doença.
Minha crítica completa está em http://bit.ly/1viE8CD
Entre tons documentais e enquadramentos que representam as frações e pedaços da vida de Hawking, "A Teoria de Tudo" traz uma atuação fantástica de Eddie. "He looked like me, acted like me, and had my sense of humor", disse SH. O filme peca apenas ao ser óbvio demais em algumas decisões, acho também que poderia ter ousado mais, como explorar o ateísmo dele com profundidade e também as relações amorosas dos personagens ali presentes. Ainda assim, grande filme!
"Livre" narra um drama particular, mas com situações universais. Lindo na maneira de retratar visual e sonoramente a jornada de Cheryl, é também muito preciso no quebra-cabeça de sua inteligente montagem, sempre sugestiva e de forma a preencher as lacunas que não conhecemos da vida da moça. E será mesmo que, ao final, tenhamos conhecido ela? Acho pouco provável, mas isso nem importa tanto, o que importa é sua busca.
Em sua trama bem amarrada que trabalha muito bem ficção científica e surrealismo, "Vanilla Sky" é também um filme belíssimo. Seja nas supostas vivências reais de David ou em seus misturados sonhos, a fotografia é linda, trabalhada de acordo com as propostas de cada sequência. Propõe também uma discussão interessante acerca do sonho. Assim como K. Dick ou Lynch, suscita questões do que é sonho, que elementos o caracterizam e a forma como é engendrado na cabeça de alguém.
Tom Cruise está muito bem por aqui. Já nos dá sua dose de corrida no começo e dali em diante surpreende o espectador cada vez mais. Cruz e Diaz também estão sensacionais.
Sobre as "confusões" de muitos, os próprios diálogos do filme já revelam muito de suas questões.
O que seria mais real do que o "céu de baunilha" do quadro original pintado por Monet? Logo no início, perguntado sobre como estava, David diz estar "vivendo o sonho". Por fim, preciso mesmo lembrar de "open your eyes/abre los ojos"?
Jornalismo não como um meio de se noticiar um ocorrido, mas como algo vendável. E, para isso, não há escrúpulos que impeçam o perturbado Louis Bloom de filmar cenas tão grotescas a pouquíssimos centímetros de distância. Neste aspecto, não há alguém mais preparado que Jake Gyllenhaal para interpretar o tal.
Roteiro muito engenhoso, direção na medida certa. Após roteiros questionáveis, Dan Gilroy, em minha opinião, finalmente despontou como cineasta. Também é bonita e precisa a fotografia de Robert Elswit, aproveitando muito bem a iluminação noturna e urbana.
Ao revisitar a Segunda Grande Guerra com a questão do tanque, suas implicações no conflito e um grupo específico de combatentes, David Ayer acerta no tom de sua obra. A trilha de Steven Price pode soar um pouco exagerada em muitos momentos, mas o cineasta faz das situações vividas por seus personagens um breve estudo da relação entre eles e do horror da guerra.
Corações de Ferro é um bom filme. Se já é curioso o bastante ao trazer quatro atores judeus nos papéis principais entre os soldados estadunidenses (Logan Lerman, Jon Bernthal, Shia LaBeouf e Jason Isaacs), é também tão quente e cuidadoso quanto a fotografia de Roman Vasyanov. Pode não ficar para a memória entre os melhores filmes de guerra ou algo do tipo, mas explora e questiona diferentes aspectos do ocorrido.
Com uma dublagem que mantém o bom nível na TV, O Herói Fora d’Água diverte também pelas piadas, trocadilhos e situações, mas sofre um pouco com seu plot, que continua a insistir na coisa toda da receita. Dá pra entender que o público que verá o filme deste ano pode não ser o mesmo que viu o primeiro há dez anos, porém, há uma série de outras histórias bacanas da “mitologia” que ainda não foram bem exploradas. Por que não envolver Homem Sereia e Mexilhãozinho? Resgatar algumas histórias de episódios mais interessantes e expandi-las também não seria má ideia. Infelizmente, Hillenburg, Tibbitt e companhia preferiram continuar na zona de conforto da série. O que limitou bastante a trama, ainda que seus personagens saiam do mar.
Considerá-lo "medíocre" por ser exacerbadamente patriota ou pela mensagem é fingir que não viu todas as qualidades técnicas e narrativas de "Sniper Americano". O roteiro em si até adota um ponto de vista para narrar a vida de Chris, o dele próprio, mas em grande parte não toma este como seu. Ainda que seu final, claramente o colocando como lenda, jogue fora todo um bom desenvolvimento deste aspecto, o filme demora bem para fazê-lo.
E além de toda a ambientação da guerra ser fantástica, Joel Cox e Gary Roach, indicados ao Oscar pela montagem, fazem um trabalho sensacional.
"Os Boxtrolls" resgata um pouco daquela conhecida ideia de "criança criada por animais" ao colocar como protagonista Ovo, um garoto que cresceu com os boxtrolls desde bebê. Ainda assim, Ovo fala do jeito que falamos, se movimenta como nos movimentamos, apenas têm alguns costumes diferentes aqui e ali, basta que ensinem alguma coisa de etiqueta para que seja um humano como qualquer um. Afinal, por razões às vezes meramente físicas, os boxtrolls não se diferenciam tanto dos humanos, apenas são oprimidos (muitas vezes sem motivo). Alguém se lembrou de alguma coisa?
Acho que quem anda comentando que a história é "rasa" ou "não traz nada demais" não conseguiu ver a real mensagem de "Os Boxtrolls" (e olha que ela tá bem na cara). Para quem tiver curiosidade, falei mais do filme em http://bit.ly/1KecloD
Quase todas as possíveis sinopses de Foxcatcher não nos sugerem a tal “história que chocou o mundo” ou sequer tiram do espectador aquela sensação de que verá mais um comum filme sobre esportistas. Mas o eficiente roteiro de E. Max Frye e Dan Futterman caminha tão bem quanto as excelentes atuações do curioso elenco do longa. Isto, sim, é capaz de chocar o mundo.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo é um longa sobre seus frágeis personagens, por vezes encontrando em outros aquilo que disfarça suas ausências, por outras tendo o equilíbrio como seu principal inimigo. Derrama algumas lágrimas, nos coloca na ponta da poltrona em diversos momentos, nos prende. Um grandioso filme.
Temos poucos filmes brasileiros que retratam os anos 1980. Logo a década da redemocratização, logo a década das Diretas Já, logo essa década cheia de bizarrices. E se John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado, Clube dos Cinco) fez os 80’s americanos se refletirem em sua obra, é uma moça com o mesmo sobrenome, Marília Hughes, que se junta a Cláudio Marques para marcar a época numa redonda e cativante obra.
Ainda que o contexto seja forte, com o potencial para se tornar um personagem do filme, é Caio quem toma Depois da Chuva para si. O pai ausente, a mãe pouco amigável, as companhias externas, as buscas internas e a puberdade fazem com que o forte momento vivido pelo país vire nada mais que o pano de fundo para tudo isto. E, sejamos sinceros, o que é relatado e pode ser tirado dele é algo bem comum de se encontrar em um adolescente de qualquer época.
Pedro Maia, que foi premiado no Festival de Brasília pela atuação, capta todas as facetas de seu personagem. Suas madeixas até tentam esconder o enigmático Caio, mas suas atitudes o entregam sem pestanejar. A tal chuva pode significar o momento militar e seus longos 21 anos, como também indicar a própria turbulenta vida do jovem. E, afinal, o que veio depois dela?
Todas as situações de maior tensão têm que ser solucionadas no último segundo, o roteiro tem que explicar tintim por tintim, os closes precisam mostrar o que acontece em detalhe para o espectador não perder.
Philip K. Dick escreveu um incrível conto que, infelizmente, foi mal adaptado para as telas. A direção de John Woo deixa até mesmo a ótima Uma Thurman soar como uma personagem descartável e totalmente mal feita. Eles, de fato, sabem como trabalham personagens femininas? Quase nada salva.
Quando Coringa chega ao restaurante onde se encontra Vicki Vale, duas pessoas respiram o tal gás e caem exatamente em cima de duas tortas. Tal cena acontece mais ou menos pela metade do filme e é a síntese do que Burton faz em sua revisão do personagem. Afinal, eram os anos 1980, a pedida para a época não podia ser outra que não um Coringa meio muito canastrão escrotizando Gotham City afora. Nesta proposta, Jack Nicholson é a melhor opção para encarnar esta maluquice toda num vilão.
Ainda que sobre tempo para Burton desenvolver melhor seu Batman (e Keaton também não faz lá grandes esforços), os holofotes vão mesmo para o Coringa. Seja em 1989 ou em 2008, o vilão rouba a cena e não há sequer motivos para não deixá-lo fazer isto.
Vicki Vale: What can I do for you? The Joker: Oh, little song, little dance. Batman's head on a lance.
Alejandro G. Iñárritu encontra nos longos planos-sequência – e na inteligente ilusão de que quase toda ação acontece sem corte algum – a forma perfeita para ilustrar o inteligentíssimo roteiro. Indústria cultural, blockbuster, espetacularização nos dias atuais, o entretenimento norte-americano e, é claro, os filmes de super-herói não fogem dos certeiros e muito bem estruturados comentários do filme.
Há algo muito especial em Birdman. E digo isto não só pelo seu esplendoroso roteiro ou pela maneira como seus planos-sequência funcionam, mas como cada aspecto se mostra tão indissociável do todo. Sobre o uso do long take e do filme em si, Robbie Collin, do Telegraph, comentou que “enquanto está acontecendo, você é fisgado e pensa na impossibilidade daquilo que está vendo. Quando acaba, você não acredita no que viu”. Exato.
Minha critica completa está em http://bit.ly/1zjBXjg
Assistir a Paraísos Artificiais no cinema deve ter sido uma experiência muito supimpa, sem dúvida. A intensidade com a qual são tratados os momentos de euforia, melancolia e, de certa forma, angústia deve ficar ainda mais forte com a belíssima fotografia do longa. Ainda assim, nem mesmo a inteligente montagem consegue salvar a dificuldade do roteiro de estabelecer personagens e uma história que sustentassem. Nem assistir no cinema, creio.
Ao final, tive a impressão de um filme que tentava ser maneiro, mas que caía na caretice. Com uma temática interessante que merecia mais desenvolvimento, os personagens e os trâmites ali envolvidos falham demais. De qualquer forma, não deixa de ser, visual e sonoramente, um filme lindo de se assistir.
Minha crítica completa está em http://bit.ly/1yjLS5o
O thriller se constrói sem arriscar demais, consolidando-se como uma boa representação do ocorrido.
A partir do livro escrito por Andrew Hodges, o iniciante Graham Moore faz um roteiro conciso e com um desenrolar interessantíssimo. Destaca-se a forma como é trabalhada a personalidade de Turing durante todo o filme, tão enigmático quanto os desafios que costuma solucionar. A propósito, não é possível imaginar outro ator tão bom para interpretá-lo que não Benedict Cumberbatch, “estranhinho” por natureza, e que realiza um excelente trabalho ao fazer o conhecido “pai do computador”. A homossexualidade de Turing, inclusive, é um dos pontos altos de todo o desenvolvimento do personagem.
Para os interessados, meu texto completo está em http://bit.ly/1BY0Qk9
Uma animação de super-heróis que já possuíam origem e histórias em outra mídia. Isso chama atenção logo de cara, afinal, trata-se de um filme da cota anual Walt Disney. O roteiro impressiona por decisões inteligentes já no começo.
Complexos e com motivações críveis, os personagens de Operação Big Hero são interessantemente densos. Nem os "vilões" são tão vilões assim, eles têm motivações boas. Já A cidade onde toda esta maluquice acontece não poderia ser outra senão San Fransokyo, a bizarra mistura de São Francisco e Tóquio. O longa explica isso? Não, e nem precisa. Nestas e outras questões, Big Hero 6 acerta por simplesmente não explicar demais.
Consigo me envolver muito pouco com os filmes de Burton, mas "Beetlejuice" é um dos mais divertidos e bem feitos que já vi dele. E o que é Michael Keaton por aqui, hein?
Que grande documentário! É a partir de uma análise aprofundada e de entrevistas extremamente próximas que "Ao Sul da Fronteira" se destaca como um dos grandes desmistificadores da atual conjuntura política da América do Sul.
Dá a entender que nenhum dos chefes de Estado no longa falam inglês. Isso me lembrou muito um pronunciamento de Lula em que ele fala algo como "alguém perguntou pro presidente dos Estados Unidos se ele sabe falar português?". Oliver Stone, com a curiosidade de uma criança sedenta por conhecimento e a habilidade de um bom diretor, não liga pra isso, fazendo um doc tipicamente estadunidense, mas essencialmente sulamericano.
A história de Brizola é interessante, mas o doc. de Tabajara Ruas deixa de explorar com maior clareza algumas passagens, dando saltos misteriosos durante a projeção e carecendo de mais material. Tudo isso compromete bastante "Tempos de Luta", mas seus últimos, digamos, 40 minutos são muito bons.
"E o melhor: não é remake, nem continuação ou adaptação", apontou Érico Borgo, do Omelete, ao final de sua crítica.
De fato, "Looper" consegue se sustentar sem um material prévio ou algo do tipo, apenas aproveitando o que de melhor consegue buscar das clássicas influências do gênero. "Exterminador do Futuro", "Blade Runner" e até o mais recente "Minority Report" se misturam numa trama bem amarrada e que trabalha seus personagens de forma absurda. Como se isso tudo já não fosse o suficiente, Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis estão sensacionais.
Impressiona ver Boyle, de forma tão elétrica e alucinada, a conduzir o ótimo roteiro de John Hodge (adaptado do livro de Irvine Welsh). O diretor opta por trazer influências muito benéficas ao tom adotado pela obra, acertando em cheio em suas decisões. A relação entre os componentes do grupo de Mark, suas atitudes e outros elementos logo nos remetem a Laranja Mecânica. Já as explosões de Robert Carlyle, que interpreta Begbie, parecem comprovar que Joe Pesci encarnou no rapaz sem nem mesmo ter morrido. E não digo que Boyle trouxe estas diversas influências por mal, pelo contrário, ele soube utilizá-las da melhor maneira possível. No que tange à ambientação de toda a obra, há diversos outros acertos do cineasta.
Quem quiser ver minha crítica completa pode ir lá no http://bit.ly/1vywYni
Inspirado em famosos casos de desaparecimento de crianças e outros como Fera da Penha (não procure se quiser evitar spoilers), Fernando Coimbra monta uma história que nos fisga logo no começo.
Coimbra mescla a essência de um filme policial com pitadas de drama, romance e, ao final, suspense. Chamam atenção seus planos fechados e os movimentos de câmera que mais se assemelham a um olhar que descobre as situações. Estes nos aproximam ainda mais de seus personagens fortes e muitíssimo bem construídos, ressaltando a complexidade com a qual são trabalhados também por seus talentosos atores. Do trio que compõe as peças-chaves daquela história, Leandra Leal é a que merece mais atenção.
Ao passo que aquela crível história se desenvolve nas mãos de Coimbra, prendendo a atenção do espectador a todo momento, reflexões e críticas são suscitadas, às vezes sutil, às vezes diretamente. O Lobo atrás da Porta comenta questões acerca de relacionamentos extraconjugais, opinião pública, violência contra a mulher e outros sem deixar a peteca cair.
Se não te chocar a forma como o roteiro é absurdamente trabalhado durante os 100 minutos de projeção, seu desfecho com certeza o fará. De desaparecimentos, assassinatos, mistérios e casos policiais que 2014 nos proporcionou, O Lobo atrás da Porta é um dos melhores.
Forçado, ainda mais se formos analisar as sequências em que os dois irmãos conversam com tamanha falta de naturalidade. Ainda assim, consegue cumprir o que propôs, servindo como decente material sobre o assunto.
Dois Dias, Uma Noite
3.9 542Quase que refletindo o imaginário popular quanto à depressão, o cinema pouco acertou quanto a sua representação nas telas. Por aqui, os Dardenne conseguem trazer uma profundidade interessante para toda a situação vivida por Sandra, muito bem interpretada por Cotillard em suas minúcias e expressões. Além de toda a discussão envolvendo medicação, superação e a importância de pessoas queridas no tratamento, o filme coloca também um contraste admirável entre a ganância de certas pessoas e a luta de quem sofre por conta da doença.
Minha crítica completa está em http://bit.ly/1viE8CD
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraEntre tons documentais e enquadramentos que representam as frações e pedaços da vida de Hawking, "A Teoria de Tudo" traz uma atuação fantástica de Eddie. "He looked like me, acted like me, and had my sense of humor", disse SH. O filme peca apenas ao ser óbvio demais em algumas decisões, acho também que poderia ter ousado mais, como explorar o ateísmo dele com profundidade e também as relações amorosas dos personagens ali presentes. Ainda assim, grande filme!
Livre
3.8 1,2K Assista Agora"Livre" narra um drama particular, mas com situações universais. Lindo na maneira de retratar visual e sonoramente a jornada de Cheryl, é também muito preciso no quebra-cabeça de sua inteligente montagem, sempre sugestiva e de forma a preencher as lacunas que não conhecemos da vida da moça. E será mesmo que, ao final, tenhamos conhecido ela? Acho pouco provável, mas isso nem importa tanto, o que importa é sua busca.
Vanilla Sky
3.8 2,0K Assista AgoraEntender, entender, entender, entender, entender. Afinal, vocês entendem tudo que veem?
Em sua trama bem amarrada que trabalha muito bem ficção científica e surrealismo, "Vanilla Sky" é também um filme belíssimo. Seja nas supostas vivências reais de David ou em seus misturados sonhos, a fotografia é linda, trabalhada de acordo com as propostas de cada sequência. Propõe também uma discussão interessante acerca do sonho. Assim como K. Dick ou Lynch, suscita questões do que é sonho, que elementos o caracterizam e a forma como é engendrado na cabeça de alguém.
Tom Cruise está muito bem por aqui. Já nos dá sua dose de corrida no começo e dali em diante surpreende o espectador cada vez mais. Cruz e Diaz também estão sensacionais.
Sobre as "confusões" de muitos, os próprios diálogos do filme já revelam muito de suas questões.
O que seria mais real do que o "céu de baunilha" do quadro original pintado por Monet? Logo no início, perguntado sobre como estava, David diz estar "vivendo o sonho". Por fim, preciso mesmo lembrar de "open your eyes/abre los ojos"?
Belo filme.
O Abutre
4.0 2,5K Assista AgoraJornalismo não como um meio de se noticiar um ocorrido, mas como algo vendável. E, para isso, não há escrúpulos que impeçam o perturbado Louis Bloom de filmar cenas tão grotescas a pouquíssimos centímetros de distância. Neste aspecto, não há alguém mais preparado que Jake Gyllenhaal para interpretar o tal.
Roteiro muito engenhoso, direção na medida certa. Após roteiros questionáveis, Dan Gilroy, em minha opinião, finalmente despontou como cineasta. Também é bonita e precisa a fotografia de Robert Elswit, aproveitando muito bem a iluminação noturna e urbana.
Grande filme!
Corações de Ferro
3.9 1,4K Assista AgoraAo revisitar a Segunda Grande Guerra com a questão do tanque, suas implicações no conflito e um grupo específico de combatentes, David Ayer acerta no tom de sua obra. A trilha de Steven Price pode soar um pouco exagerada em muitos momentos, mas o cineasta faz das situações vividas por seus personagens um breve estudo da relação entre eles e do horror da guerra.
Corações de Ferro é um bom filme. Se já é curioso o bastante ao trazer quatro atores judeus nos papéis principais entre os soldados estadunidenses (Logan Lerman, Jon Bernthal, Shia LaBeouf e Jason Isaacs), é também tão quente e cuidadoso quanto a fotografia de Roman Vasyanov. Pode não ficar para a memória entre os melhores filmes de guerra ou algo do tipo, mas explora e questiona diferentes aspectos do ocorrido.
Falei mais sobre o filme em http://bit.ly/1xiGRql
Bob Esponja: Um Herói Fora D'Água
3.0 519 Assista AgoraCom uma dublagem que mantém o bom nível na TV, O Herói Fora d’Água diverte também pelas piadas, trocadilhos e situações, mas sofre um pouco com seu plot, que continua a insistir na coisa toda da receita. Dá pra entender que o público que verá o filme deste ano pode não ser o mesmo que viu o primeiro há dez anos, porém, há uma série de outras histórias bacanas da “mitologia” que ainda não foram bem exploradas. Por que não envolver Homem Sereia e Mexilhãozinho? Resgatar algumas histórias de episódios mais interessantes e expandi-las também não seria má ideia. Infelizmente, Hillenburg, Tibbitt e companhia preferiram continuar na zona de conforto da série. O que limitou bastante a trama, ainda que seus personagens saiam do mar.
Critiquei lá no http://bit.ly/1KdrYyi
Sniper Americano
3.6 1,9K Assista AgoraConsiderá-lo "medíocre" por ser exacerbadamente patriota ou pela mensagem é fingir que não viu todas as qualidades técnicas e narrativas de "Sniper Americano". O roteiro em si até adota um ponto de vista para narrar a vida de Chris, o dele próprio, mas em grande parte não toma este como seu. Ainda que seu final, claramente o colocando como lenda, jogue fora todo um bom desenvolvimento deste aspecto, o filme demora bem para fazê-lo.
E além de toda a ambientação da guerra ser fantástica, Joel Cox e Gary Roach, indicados ao Oscar pela montagem, fazem um trabalho sensacional.
Os Boxtrolls
3.6 296 Assista Agora"Os Boxtrolls" resgata um pouco daquela conhecida ideia de "criança criada por animais" ao colocar como protagonista Ovo, um garoto que cresceu com os boxtrolls desde bebê. Ainda assim, Ovo fala do jeito que falamos, se movimenta como nos movimentamos, apenas têm alguns costumes diferentes aqui e ali, basta que ensinem alguma coisa de etiqueta para que seja um humano como qualquer um. Afinal, por razões às vezes meramente físicas, os boxtrolls não se diferenciam tanto dos humanos, apenas são oprimidos (muitas vezes sem motivo). Alguém se lembrou de alguma coisa?
Acho que quem anda comentando que a história é "rasa" ou "não traz nada demais" não conseguiu ver a real mensagem de "Os Boxtrolls" (e olha que ela tá bem na cara). Para quem tiver curiosidade, falei mais do filme em http://bit.ly/1KecloD
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo
3.3 808 Assista AgoraQuase todas as possíveis sinopses de Foxcatcher não nos sugerem a tal “história que chocou o mundo” ou sequer tiram do espectador aquela sensação de que verá mais um comum filme sobre esportistas. Mas o eficiente roteiro de E. Max Frye e Dan Futterman caminha tão bem quanto as excelentes atuações do curioso elenco do longa. Isto, sim, é capaz de chocar o mundo.
Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo é um longa sobre seus frágeis personagens, por vezes encontrando em outros aquilo que disfarça suas ausências, por outras tendo o equilíbrio como seu principal inimigo. Derrama algumas lágrimas, nos coloca na ponta da poltrona em diversos momentos, nos prende. Um grandioso filme.
Crítica completa em http://bit.ly/1yiP2TK
Depois da Chuva
2.9 50Temos poucos filmes brasileiros que retratam os anos 1980. Logo a década da redemocratização, logo a década das Diretas Já, logo essa década cheia de bizarrices. E se John Hughes (Curtindo a Vida Adoidado, Clube dos Cinco) fez os 80’s americanos se refletirem em sua obra, é uma moça com o mesmo sobrenome, Marília Hughes, que se junta a Cláudio Marques para marcar a época numa redonda e cativante obra.
Ainda que o contexto seja forte, com o potencial para se tornar um personagem do filme, é Caio quem toma Depois da Chuva para si. O pai ausente, a mãe pouco amigável, as companhias externas, as buscas internas e a puberdade fazem com que o forte momento vivido pelo país vire nada mais que o pano de fundo para tudo isto. E, sejamos sinceros, o que é relatado e pode ser tirado dele é algo bem comum de se encontrar em um adolescente de qualquer época.
Pedro Maia, que foi premiado no Festival de Brasília pela atuação, capta todas as facetas de seu personagem. Suas madeixas até tentam esconder o enigmático Caio, mas suas atitudes o entregam sem pestanejar. A tal chuva pode significar o momento militar e seus longos 21 anos, como também indicar a própria turbulenta vida do jovem. E, afinal, o que veio depois dela?
O Pagamento
3.3 181 Assista AgoraTodas as situações de maior tensão têm que ser solucionadas no último segundo, o roteiro tem que explicar tintim por tintim, os closes precisam mostrar o que acontece em detalhe para o espectador não perder.
Philip K. Dick escreveu um incrível conto que, infelizmente, foi mal adaptado para as telas. A direção de John Woo deixa até mesmo a ótima Uma Thurman soar como uma personagem descartável e totalmente mal feita. Eles, de fato, sabem como trabalham personagens femininas? Quase nada salva.
Batman
3.5 831 Assista AgoraQuando Coringa chega ao restaurante onde se encontra Vicki Vale, duas pessoas respiram o tal gás e caem exatamente em cima de duas tortas. Tal cena acontece mais ou menos pela metade do filme e é a síntese do que Burton faz em sua revisão do personagem. Afinal, eram os anos 1980, a pedida para a época não podia ser outra que não um Coringa meio muito canastrão escrotizando Gotham City afora. Nesta proposta, Jack Nicholson é a melhor opção para encarnar esta maluquice toda num vilão.
Ainda que sobre tempo para Burton desenvolver melhor seu Batman (e Keaton também não faz lá grandes esforços), os holofotes vão mesmo para o Coringa. Seja em 1989 ou em 2008, o vilão rouba a cena e não há sequer motivos para não deixá-lo fazer isto.
Vicki Vale: What can I do for you?
The Joker: Oh, little song, little dance. Batman's head on a lance.
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraAlejandro G. Iñárritu encontra nos longos planos-sequência – e na inteligente ilusão de que quase toda ação acontece sem corte algum – a forma perfeita para ilustrar o inteligentíssimo roteiro. Indústria cultural, blockbuster, espetacularização nos dias atuais, o entretenimento norte-americano e, é claro, os filmes de super-herói não fogem dos certeiros e muito bem estruturados comentários do filme.
Há algo muito especial em Birdman. E digo isto não só pelo seu esplendoroso roteiro ou pela maneira como seus planos-sequência funcionam, mas como cada aspecto se mostra tão indissociável do todo. Sobre o uso do long take e do filme em si, Robbie Collin, do Telegraph, comentou que “enquanto está acontecendo, você é fisgado e pensa na impossibilidade daquilo que está vendo. Quando acaba, você não acredita no que viu”. Exato.
Minha critica completa está em http://bit.ly/1zjBXjg
Paraísos Artificiais
3.2 1,8K Assista AgoraAssistir a Paraísos Artificiais no cinema deve ter sido uma experiência muito supimpa, sem dúvida. A intensidade com a qual são tratados os momentos de euforia, melancolia e, de certa forma, angústia deve ficar ainda mais forte com a belíssima fotografia do longa. Ainda assim, nem mesmo a inteligente montagem consegue salvar a dificuldade do roteiro de estabelecer personagens e uma história que sustentassem. Nem assistir no cinema, creio.
Ao final, tive a impressão de um filme que tentava ser maneiro, mas que caía na caretice. Com uma temática interessante que merecia mais desenvolvimento, os personagens e os trâmites ali envolvidos falham demais. De qualquer forma, não deixa de ser, visual e sonoramente, um filme lindo de se assistir.
Minha crítica completa está em http://bit.ly/1yjLS5o
O Jogo da Imitação
4.3 3,0K Assista AgoraO thriller se constrói sem arriscar demais, consolidando-se como uma boa representação do ocorrido.
A partir do livro escrito por Andrew Hodges, o iniciante Graham Moore faz um roteiro conciso e com um desenrolar interessantíssimo. Destaca-se a forma como é trabalhada a personalidade de Turing durante todo o filme, tão enigmático quanto os desafios que costuma solucionar. A propósito, não é possível imaginar outro ator tão bom para interpretá-lo que não Benedict Cumberbatch, “estranhinho” por natureza, e que realiza um excelente trabalho ao fazer o conhecido “pai do computador”. A homossexualidade de Turing, inclusive, é um dos pontos altos de todo o desenvolvimento do personagem.
Para os interessados, meu texto completo está em http://bit.ly/1BY0Qk9
Operação Big Hero
4.2 1,9K Assista AgoraUma animação de super-heróis que já possuíam origem e histórias em outra mídia. Isso chama atenção logo de cara, afinal, trata-se de um filme da cota anual Walt Disney. O roteiro impressiona por decisões inteligentes já no começo.
Complexos e com motivações críveis, os personagens de Operação Big Hero são interessantemente densos. Nem os "vilões" são tão vilões assim, eles têm motivações boas. Já A cidade onde toda esta maluquice acontece não poderia ser outra senão San Fransokyo, a bizarra mistura de São Francisco e Tóquio. O longa explica isso? Não, e nem precisa. Nestas e outras questões, Big Hero 6 acerta por simplesmente não explicar demais.
Comentei um pouquim mais em http://bit.ly/1AuvKz1
Os Fantasmas Se Divertem
3.9 1,7K Assista AgoraConsigo me envolver muito pouco com os filmes de Burton, mas "Beetlejuice" é um dos mais divertidos e bem feitos que já vi dele. E o que é Michael Keaton por aqui, hein?
Ao Sul da Fronteira
4.0 73Que grande documentário! É a partir de uma análise aprofundada e de entrevistas extremamente próximas que "Ao Sul da Fronteira" se destaca como um dos grandes desmistificadores da atual conjuntura política da América do Sul.
Dá a entender que nenhum dos chefes de Estado no longa falam inglês. Isso me lembrou muito um pronunciamento de Lula em que ele fala algo como "alguém perguntou pro presidente dos Estados Unidos se ele sabe falar português?". Oliver Stone, com a curiosidade de uma criança sedenta por conhecimento e a habilidade de um bom diretor, não liga pra isso, fazendo um doc tipicamente estadunidense, mas essencialmente sulamericano.
Brizola: Tempos de Luta
3.7 14A história de Brizola é interessante, mas o doc. de Tabajara Ruas deixa de explorar com maior clareza algumas passagens, dando saltos misteriosos durante a projeção e carecendo de mais material. Tudo isso compromete bastante "Tempos de Luta", mas seus últimos, digamos, 40 minutos são muito bons.
Looper: Assassinos do Futuro
3.6 2,1K"E o melhor: não é remake, nem continuação ou adaptação", apontou Érico Borgo, do Omelete, ao final de sua crítica.
De fato, "Looper" consegue se sustentar sem um material prévio ou algo do tipo, apenas aproveitando o que de melhor consegue buscar das clássicas influências do gênero. "Exterminador do Futuro", "Blade Runner" e até o mais recente "Minority Report" se misturam numa trama bem amarrada e que trabalha seus personagens de forma absurda. Como se isso tudo já não fosse o suficiente, Joseph Gordon-Levitt e Bruce Willis estão sensacionais.
Trainspotting: Sem Limites
4.2 1,9K Assista AgoraImpressiona ver Boyle, de forma tão elétrica e alucinada, a conduzir o ótimo roteiro de John Hodge (adaptado do livro de Irvine Welsh). O diretor opta por trazer influências muito benéficas ao tom adotado pela obra, acertando em cheio em suas decisões. A relação entre os componentes do grupo de Mark, suas atitudes e outros elementos logo nos remetem a Laranja Mecânica. Já as explosões de Robert Carlyle, que interpreta Begbie, parecem comprovar que Joe Pesci encarnou no rapaz sem nem mesmo ter morrido. E não digo que Boyle trouxe estas diversas influências por mal, pelo contrário, ele soube utilizá-las da melhor maneira possível. No que tange à ambientação de toda a obra, há diversos outros acertos do cineasta.
Quem quiser ver minha crítica completa pode ir lá no http://bit.ly/1vywYni
O Lobo Atrás da Porta
4.0 1,3K Assista AgoraInspirado em famosos casos de desaparecimento de crianças e outros como Fera da Penha (não procure se quiser evitar spoilers), Fernando Coimbra monta uma história que nos fisga logo no começo.
Coimbra mescla a essência de um filme policial com pitadas de drama, romance e, ao final, suspense. Chamam atenção seus planos fechados e os movimentos de câmera que mais se assemelham a um olhar que descobre as situações. Estes nos aproximam ainda mais de seus personagens fortes e muitíssimo bem construídos, ressaltando a complexidade com a qual são trabalhados também por seus talentosos atores. Do trio que compõe as peças-chaves daquela história, Leandra Leal é a que merece mais atenção.
Ao passo que aquela crível história se desenvolve nas mãos de Coimbra, prendendo a atenção do espectador a todo momento, reflexões e críticas são suscitadas, às vezes sutil, às vezes diretamente. O Lobo atrás da Porta comenta questões acerca de relacionamentos extraconjugais, opinião pública, violência contra a mulher e outros sem deixar a peteca cair.
Se não te chocar a forma como o roteiro é absurdamente trabalhado durante os 100 minutos de projeção, seu desfecho com certeza o fará. De desaparecimentos, assassinatos, mistérios e casos policiais que 2014 nos proporcionou, O Lobo atrás da Porta é um dos melhores.
Sugar vs. Fat
3.0 22Forçado, ainda mais se formos analisar as sequências em que os dois irmãos conversam com tamanha falta de naturalidade. Ainda assim, consegue cumprir o que propôs, servindo como decente material sobre o assunto.