É impossível não estar envolvido na frenesi da partida mesmo sem ter nunca pisado em uma quadra de basquete. Aqui temos um foco maior no background do personagem do Ryouta Miyagi, deixando um pouco de lado os gritos eufóricos de Sakuragi (que até fazem falta) pra dar uma visão mais intimista ao personagem.
Quem não acompanhou o anime/mangá consegue se envolver tranquilamente, apesar de não entender perfeitamente algumas nuances da trama: os passes trocados por Ryouta e Sakuragi, e principalmente, aquele batida da mão final emociona qualquer um que acompanhou esse time, e que ainda sonha em ver a obra adaptada em sua totalidade.
Apesar deu não ser grande fã da Hannah Arendt, é impossível não traçar um paralelo com o conceito da Banalidade do Mal. Esse filme é a plena personificação da crueldade como burocracia.
O terror aqui não é mostrado, é sempre na sutileza, e consegue ser tão pesado quanto qualquer filme violentamente explícito. O aterrorizante é o quão dentro da normalidade uma família consegue ser feliz, enquanto vidas são destroçadas ao lado de sua casa sem afetar em nada suas relações, e pior: com o desejo de permanecer naquele lugar.
Literalmente quase 3 horas de "Napoleão voce é corno" -Idaí é ela que eu amo.
Até agora tô esperando o filme me explicar de forma plausível porque ele foi considerado o mais estrategista de todos, porque no máximo teve uma cena que deu pra entender de forma ínfima e todo o resto foi na base do "confia no pai"
“ À Queima Roupa, de John Boorman passando no Pathé, e a merda correndo solta na Cinelândia.”
Todo filme é um retrato de um lapso do tempo que passou e foi eternizado como uma memória, talvez seja por isso que eu goste tanto , porque eu sou nostálgico.
É gratificante observar de forma como o lugar de onde o Kleber veio permanece vivo em seus filmes. Como aquela Recife que não existe mais permanece viva em suas lentes e em sua memória.
É a obra mais intimista do Kleber, vemos denúncias que já apresentadas em Aquarius, por exemplo, que aconteceu diretamente com o diretor. O processo de gentrificação (denunciado pelo geógrafo Milton Santos) acaba agredindo diretamente todo o processo cultural da cidade, e mudando de forma agressiva a cultura daquelas pessoas.
Os letreiros que faziam parte da cidade, não preenchem mais o horizonte, não contam mais histórias, e não unem mais as pessoas
"You only dreaming in corean" -Acho que fico com medo. Você sonha em uma língua que eu não consigo entender. Esse lugar em você que eu nao consigo ir."
O filme é extremamente sutil e maduro na forma com que abordou o sentimento de amor genuíno dos protagonistas. Há influências aqui de Amor à Flor da Pele de Kawai Wong, o que é extremamente positivo já que mostra que a diretora soube dosar o romance e a atmosfera do sentimento que está lá, mas nunca é dito de forma verbal.
Ao contrário de Sofia Copolla em Lost in Translation, Celine Song sabe representar o amor com sutileza. Expõe que no mundo real pessoas que se amam podem não terminar juntas. É uma maturidade que vai muito além da forma que o cinema está acostumado em abordar na maioria dos filmes de romance. A fotografia também conversa com o telespectador sugerindo um reencontro pueril do "quase" casal que ao andar possui uma carrossel ao fundo representando o retorno da infância e inocência de ambos;
é um sentimento dúbio, torcemos pelos dois, mas não os queremos juntos. É confuso, contraditório intenso. Exatamente como alguns sentimentos são; e mesmo assim. São lindos.
Os diálogos do filme são muitos bons principalmente a conversa dos dois protagonistas. Ela sempre esperou alguém que chegasse do nada e a levasse dali, mas espera também que a levasse pra algum lugar... coisa que Jhonny não poderia fazer. No final, foi bonito ele passar por cima do orgulho e dar o troféu como forma de agradecimento.
De fato, James Gunn tem total controle narrativo e na direção da franquia que pertence a ele. Nesse filme aqui, eles parecem ter utilizado o limite máximo da classificação indicativa ,pois o filme parece ser o mais pesado de longe da Marvel. O história de Rocket é devastadora, profunda e funciona demais, pois ela bate muito e bate com força. Torço bastante que ele consiga salvar a DC do triste legado do Zack Snyder.
As cenas de ação são muito dirigidas, e o vilão, por mais que canse de tantos gritos, é plausível e funciona. O filme emociona e corrige um dos problemas , que a Marvel tem enfrentado em trazer um risco "real".
Assisti , claro, esse muito novo, quando lançou em 2002, e evidente que não peguei, e nem notei as alusões às mensagens supremacistas aqui materializadas pela casa Sonserina, a qual queria trazer uma espécie de seletividade elitista ao mundo bruxo. Os Muggles, ou melhor dizendo, os Trouxas e seu sangue "não-azul" são a razão por Voldermort adotar esse novo nome, ao invés de carregar a herança da família.
Outra coisa que deixa essa trama mais interessante são as dúvidas que são colocadas em Harry com sua similaridade com Tom Riddle, inclusive a interessante língua das cobras.
No mais, prefiro muito mais esse que o primeiro filme, apesar da menor participação de Snape, e similaridade de um final "ex-machina", é mais plausível uma manifestação mágica, do que "a força do amor".
ps: Um foreshadowing interessante foi o pai de Draco Malfoy quase falar Avada Kedavra no embate final com Harry.
A parte final com o frame da mãe tendo sua epifania avistando a cidade de Roma é genial. A mesma Roma que fora prometida como futuro para os dois, e o destino que ela tanto queria alcançar junto a seu filho
Passado a época do hate nesse filme, eu ainda considero o pior da franquia sim, mas poderia ter sofrido muito menos hate se tivesse descartado duas coisas: Rey Palpatine, e o retorno de Palpatine. Pra mim a Rey não tem esse laço sanguíneo e Palpine nunca apareceu e se apareceu foi em fantasma. Isso poderia ter sido evitado se a Disney tivesse tido planejamento e não deixado a bomba no colo dos diretores.
Um dos mais corajosos e revolucionários da franquia, principalmente, por subverter todas as expectativas (inclusive a minha) do que se esperava desse filme. A mudança de Luke e como estava mais carrancudo, o fato da Rey não ser uma predestinada a força ( uma pena que voltaram atrás no horrendo episódio 9), e tudo isso sem deixar de prestar homenagem a franquia original.
"Você é valente, rapaz, mas não aprendeu sua lição?" "-Eu demoro pra aprender."
Anakin é maravilhoso por isso. Impulsivo e emocional. Esse é bem melhor que o primeiro, principalmente, por pincelar algumas discussões sobre democracia e ditadura.
Revolucionário na edição e uma espécie de manifesto contrário a hollywood, Godard aqui , assim como os personagens, revolta-se com as regras tradicionais da linguagem. Não há como se fazer uma análise do filme separando-o da materialidade em que estava inserido.
O que pode parecer "normal" para muitos hoje: os jump cuts, a quebra da quarta-parede, filmes gravados fora do estúdio, atores não conhecidos, câmera na mão e um roteiro articulado, tudo tem o intuito de mostrar ao público como a vida real é, e aproximar o público do realismo.
Se não olharmos como esses olhos atentos, não entenderemos porque Godard, aqui, conseguiu materializar a revolta e a ruptura artística que tanto queria:
A polícia nada mais é que o resultado da política pública que é adotada: despreparo e violência. O objetivo é o extermínio, não a ressocialização. Cadeias em situações sub-humanas, chacinas de crianças de rua, abandono e invisibilidade. Tudo isso não poderia acarretar em final diferente para um indivíduo que cresceu da violência.
Sim, eu acredito que há determinados crimes que os indivíduos não podem ser ressocializados. Mas só há essa incidência de violência, em nossa sociedade, devido a gritante desigualdade social que perpétua esse ciclo vicioso: uma polícia cada vez mais agressiva, e criminosos conjuntamente sem nada a perder.
Se o Estado estivesse lá desde início para dar educação e oportunidade, não precisaria apertar o gatilho.
Assistir Tropa de Elite sem senso crítico ou mesmo sem saber sua construção ideológica pode ser perigoso, principalmente, porque o primeiro filme que por mais que seja dito pelo próprio diretor que é uma crítica, não funciona dessa maneira. O Capitão Nascimento que, assim como Rorschach do Watchmen e entre outros, era pra ser representado como um vilão ou anti-herói, é abraçado pelo público como protagonista incorruptível, pois, vemos a sua versão dos fatos, temos em tela a sua visão de mundo.
E isso explica , e muito, o aparecimento de figuras neofascistas nos últimos anos da política como Bolsonaro ou Gabriel Monteiro. Esses dois exemplos são homens que se vendem como figuras "fora do sistema" que por meio de rupturas institucionais destruiria o mal que corrompe o Brasil. E é dessa maneira que o fascismo opera, em momentos de vulnerabilidade política, ele se apresenta como solução extremista para um problema estrutural e claro: com uma solução falsa.
Evidentemente, com o sucesso do primeiro filme e a recepção do público com Capitão Nascimento como uma figura que poderia "salvar" o Brasil é difícil não aparecer casos na realidade se aproveitaria desse arquétipo que já foi usado há anos pela política. Nesse filme, o Padilha pondera mais na forma de representar o personagem que, ainda sim, odeia políticas que defendem os direitos humanos, mas não evidencia como isso é prejudicial até mesmo para os policiais.
A crítica que é tecida aqui muitas vezes não é repreendida pelo roteiro como deveria ser, e acaba reafirmando valores que (acho eu) o diretor não aprova (publicamente). Por exemplo, uma das soluções do filme pra combater os traficantes é simplesmente um massacre na favela pelo policiais incorruptíveis (BOPE), mas basta pesquisar para perceber que isso não acabaria com tráfico. Fórum Nacional de Segurança Pública já afirmou como a polícia brasileira é uma das que mais mata e morre do mundo, e não vemos nem um horizonte de solução para nada dessa violência, pelo contrário. Não há aqui morte de inocentes em operações policiais, morte de crianças, o Bope é o juiz Dreadd da vida real, se baseia em execuções sumárias de um problema estrutural do capitalismo: a desigualdade social. E o que o filme faz? Exatamente, o mesmo discurso adotado pela mídia e outra figura do neofascismo brasileiro Sérgio Moro: o problema do brasil é a corrupção e não a desigualdade.
E esse é o senso comum que se baseia o imaginário do cidadão brasileiro, como se todos os outros países ditos de "primeiro mundo" como EUA, França ou Alemanha não possuíssem governo corruptos. Sarcozy na França, Nixon nos EUA e tantos outros são exemplos que aquele tosco jeito de chamar "jeitinho brasileiro" como se fosse algo natural daqui e não um problema estrutural mundial socioeconômico. Isso é resultado da colonização, e do pensamento que temos de colonizados.
Não há capitalismo sem corrupção, pois sempre haverá concentração de poder político em uma mão de uma classe que tem controle sobre a outra. O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, porque ele é um dos mais desiguais e não um contrário. É um país capitalista periférico, não industrializado, que não fez uma reforma agrária, que foi o último da américa-latina a abolir a escravidão, que pouco aplicou em políticas afirmativas para os negros, e que tem uma classe que domina o Estado para garantir seus interesses aliados ao imperialistas internacionais.
Só se combate corrupção com desconcentração de poder, democratização e diluição de propriedade. Mas isso não é abordado em nenhum dos filmes. No segundo, ao menos, Capitão Nascimento percebe que há um problema estrutural, percebe também que Polícia Militar não funciona e não deveria existir, e percebe o papel que tem as políticas do personagem de esquerda.
Claro é um dos marcos do cinema nacional, mas extremamente perigoso pra quem tem não tem consciência política. Eu mesmo, no ápice dos meu 19 anos, acreditava que a solução do tráfico não era legalização, e via o estudantes como antagonistas que são representados no primeiro filme.
O problema mesmo do Tropa de Elite é esse: ele se baseia em um problema real, mas apresenta uma solução falsa ou até mesmo imatura, para uma questão estrutural. E isso fomenta práticas fascistas e dá respaldo a figuras radicais apoiadas por um povo que está cansado das instituições e da política.
Reassistir é constatar que as discussões do filme não envelheceram, e agora com mais conhecimento sobre cinema é possível "pescar" várias e várias referências e homenagens ao cinema tanto noir quanto aos clássicos de espionagem.
É impressionante como tudo funciona. Os personagens são interessantes e ainda o mais importante: o vilão é extremamente bem construído. É difícil encontrar ,atualmente, até mesmo em filmes de grandes franquias, vilões que não querem destruir o mundo "porque sim "ou diversos de outros clichês, mas aqui a metalinguagem vai além. Há diversas cena debochando das convenções do gênero e subvertendo isso dentro dos diálogos.
E claro, assim como em Watchmen (HQ) o personagem o Coruja foi referência (agora mais velho percebi na hora), o Sr. Incrível passa por uma crise de meia-idade que todo pai que acompanhou suas crianças em 2004, provavelmente, se identificou. As lembranças dos dias de glória, e claro, da Era de Ouro dos super heróis que ultrapassa até mesmo a linguagem da animação, afinal essa fase já havia passado há anos, inclusive para o própria indústria de filmes que começa a "embrionar" os filmes de heróis como "X-men de 2000 e Homem Aranha de 2002. E claro, das crises em casamentos e alusões das dificuldades em se criar uma família, que apesar dos pesares, vale a pena pagar o risco
Principalmente o nível de dependência que o protagonista tem ao necessitar de uma figura materna pra ser o seu guia em toda situação que ele estiver. Isso fala corresponde ao arquétipo de como muitos homens enxergam seu matrimônio e como lidam com suas esposas.
Dá pra pescar também a impunidade de gringos em países capitalistas periféricos que utilizam de seus privilégios e impunidades para literalmente viver um hedonismo sem consequência.
Esperava mais um pouco da história da tribo ou pelo menos um desenvolvimento, que não acontece.
No mais, um bom filme do Brandon Cronenberg. Possessor ainda continua meu preferido e Antiviral o que mais odeio.
The Rock tá sempre parecendo que acabou de bater um cagão pq tá sempre todo suado, o planos do Torreto são sempre equiparáveis aos do cebolinha. Os caras simplesmente arrombam a sede da polícia militar do Rio de Janeiro e levam um fucking cofre carregado por dois carros, e não suficiente trocam o cofre por outro IGUAL durante uma perseguição, depois de chacinar a inteira frota da polícia.
Vou-me embora pra Pasárgada Aqui eu não sou feliz Lá a existência é uma aventura De tal modo inconsequente [...] E quando eu estiver mais triste Mas triste de não ter jeito Quando de noite me der Vontade de me matar [...] Vou-me embora pra Pasárgada.
Esse poema de Manuel Bandeira resume, enfaticamente, parte da sensação que o falecido Ho Bu quis passar, e conseguiu. O longa gravado com luz natural e planos longos é permeado não só pelo niilismo, mas pela sensação kafkiana que os personagens possuem. O curioso e o trágico é que todos os protagonistas são completamente diferentes, passam por tempos de vidas diferentes (exceto a menina e o garoto), mas todos partilham da mesmo posição social de constante misantropia. Ou seja, na visão do diretor, não importa onde você esteja, qual sua idade, sexo ou situação: você estará diante da tragédia da vida.
Até mesmo a montagem e os cortes são motivados, já que vemos os diferentes personagens em diferentes lugares na mesma situação de sofrimento. É inescapável.
E aquela sensação de mudar completamente, revirar o mundo de cabeça pra baixo nada adianta , afinal, lá é igual que aqui, pois ainda seremos os mesmos. E as tantas Pasárgadas que idealizamos já estão cheias de insatisfeitos como nós, pois, no final, nada é suficiente, e nunca será, se não estivermos juntos.
Acho que seria até mesmo redundante falar que o filme é cheio de simbolismos, principalmente, em relação a fragilidade da vida. Foi uma das melhores edições que eu vi em um filme, justamente, porque ela exerce uma função narrativa.
Que filme rico. Acho que é palavra pra ele. É abundante como a metalinguagem é usada aqui até mesmo pra fazer críticas diretas a indústria, para processos de tomadas de identidades culturais, e até pra fazer aquela cutucada nos artistas esnobes. A sinergia dos atores principais e principalmente a comédia funciona bem demais. Assim como o roteiro cheio de intertextualidade.
Mal posso pra poder acompanhar o novo projeto de Guel Arraes
The First Slam Dunk
4.4 17Takehiko Inoue é um gênio.
É impossível não estar envolvido na frenesi da partida mesmo sem ter nunca pisado em uma quadra de basquete. Aqui temos um foco maior no background do personagem do Ryouta Miyagi, deixando um pouco de lado os gritos eufóricos de Sakuragi (que até fazem falta) pra dar uma visão mais intimista ao personagem.
Quem não acompanhou o anime/mangá consegue se envolver tranquilamente, apesar de não entender perfeitamente algumas nuances da trama: os passes trocados por Ryouta e Sakuragi, e principalmente, aquele batida da mão final emociona qualquer um que acompanhou esse time, e que ainda sonha em ver a obra adaptada em sua totalidade.
Sakuragi Hamichi também é um gênio.
Zona de Interesse
3.6 603 Assista AgoraApesar deu não ser grande fã da Hannah Arendt, é impossível não traçar um paralelo com o conceito da Banalidade do Mal. Esse filme é a plena personificação da crueldade como burocracia.
O terror aqui não é mostrado, é sempre na sutileza, e consegue ser tão pesado quanto qualquer filme violentamente explícito. O aterrorizante é o quão dentro da normalidade uma família consegue ser feliz, enquanto vidas são destroçadas ao lado de sua casa sem afetar em nada suas relações, e pior: com o desejo de permanecer naquele lugar.
Napoleão
3.1 327 Assista AgoraLiteralmente quase 3 horas de
"Napoleão voce é corno"
-Idaí é ela que eu amo.
Até agora tô esperando o filme me explicar de forma plausível porque ele foi considerado o mais estrategista de todos, porque no máximo teve uma cena que deu pra entender de forma ínfima e todo o resto foi na base do "confia no pai"
Retratos Fantasmas
4.2 231 Assista Agora“ À Queima Roupa, de John Boorman passando no Pathé, e a merda correndo solta na Cinelândia.”
Todo filme é um retrato de um lapso do tempo que passou e foi eternizado como uma memória, talvez seja por isso que eu goste tanto , porque eu sou nostálgico.
É gratificante observar de forma como o lugar de onde o Kleber veio permanece vivo em seus filmes. Como aquela Recife que não existe mais permanece viva em suas lentes e em sua memória.
É a obra mais intimista do Kleber, vemos denúncias que já apresentadas em Aquarius, por exemplo, que aconteceu diretamente com o diretor. O processo de gentrificação (denunciado pelo geógrafo Milton Santos) acaba agredindo diretamente todo o processo cultural da cidade, e mudando de forma agressiva a cultura daquelas pessoas.
Os letreiros que faziam parte da cidade, não preenchem mais o horizonte, não contam mais histórias, e não unem mais as pessoas
Vidas Passadas
4.2 769 Assista Agora"You only dreaming in corean"
-Acho que fico com medo. Você sonha em uma língua que eu não consigo entender. Esse lugar em você que eu nao consigo ir."
O filme é extremamente sutil e maduro na forma com que abordou o sentimento de amor genuíno dos protagonistas. Há influências aqui de
Amor à Flor da Pele de Kawai Wong, o que é extremamente positivo já que mostra que a diretora soube dosar o romance e a atmosfera do
sentimento que está lá, mas nunca é dito de forma verbal.
Ao contrário de Sofia Copolla em Lost in Translation, Celine Song sabe
representar o amor com sutileza. Expõe que no mundo real pessoas que se amam podem não terminar juntas. É uma maturidade
que vai muito além da forma que o cinema está acostumado em abordar na maioria dos filmes de romance. A fotografia também conversa
com o telespectador sugerindo um reencontro pueril do "quase" casal que ao andar possui uma carrossel ao fundo representando o retorno
da infância e inocência de ambos;
é um sentimento dúbio, torcemos pelos dois, mas não os queremos juntos.
É confuso, contraditório
intenso.
Exatamente como alguns sentimentos são; e mesmo assim.
São lindos.
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista Agoraparem de votar nesse poster feio reis do mau-gosto
Orgulho e Preconceito
4.2 2,8K Assista Agora"You have bewitched my body and soul.I love,i love, love you. And wish from this day forth never to be parted from you"
O Selvagem
3.7 93 Assista Agora"A picnic? Man, you too square. I'll have to straighten you out.
Listen, you don't go any one special place.
That's cornball style.
You just go. "
Os diálogos do filme são muitos bons principalmente a conversa dos dois protagonistas. Ela sempre esperou alguém que chegasse do nada e a levasse dali, mas espera também que a levasse pra algum lugar... coisa que Jhonny não poderia fazer. No final, foi bonito ele passar por cima do orgulho e dar o troféu como forma de agradecimento.
Guardiões da Galáxia: Vol. 3
4.2 808 Assista AgoraDe fato, James Gunn tem total controle narrativo e na direção da franquia que pertence a ele. Nesse filme aqui, eles parecem ter utilizado o limite máximo da classificação indicativa ,pois o filme parece ser o mais pesado de longe da Marvel. O história de Rocket é devastadora, profunda e funciona demais, pois ela bate muito e bate com força. Torço bastante que ele consiga salvar a DC do triste legado do Zack Snyder.
As cenas de ação são muito dirigidas, e o vilão, por mais que canse de tantos gritos, é plausível e funciona.
O filme emociona e corrige um dos problemas , que a Marvel tem enfrentado em trazer um risco "real".
Com certeza um dos melhores filmes do MCU
Harry Potter e a Câmara Secreta
4.1 1,2K Assista AgoraAssisti , claro, esse muito novo, quando lançou em 2002, e evidente que não peguei, e nem notei as alusões às mensagens supremacistas aqui materializadas pela casa Sonserina, a qual queria trazer uma espécie de seletividade elitista ao mundo bruxo. Os Muggles, ou melhor dizendo, os Trouxas e seu sangue "não-azul" são a razão por Voldermort adotar esse novo nome, ao invés de carregar a herança da família.
Outra coisa que deixa essa trama mais interessante são as dúvidas que são colocadas em Harry com sua similaridade com Tom Riddle, inclusive a interessante língua das cobras.
No mais, prefiro muito mais esse que o primeiro filme, apesar da menor participação de Snape, e similaridade de um final "ex-machina",
é mais plausível uma manifestação mágica, do que "a força do amor".
ps: Um foreshadowing interessante foi o pai de Draco Malfoy quase falar Avada Kedavra no embate final com Harry.
Mamma Roma
4.0 53Amor de mãe é inigualável.
A parte final com o frame da mãe tendo sua epifania avistando a cidade de Roma é genial. A mesma Roma que fora prometida como futuro para os dois, e o destino que ela tanto queria alcançar junto a seu filho
Star Wars, Episódio IX: A Ascensão Skywalker
3.2 1,3K Assista AgoraPassado a época do hate nesse filme, eu ainda considero o pior da franquia sim, mas poderia ter sofrido muito menos hate se tivesse descartado duas coisas: Rey Palpatine, e o retorno de Palpatine. Pra mim a Rey não tem esse laço sanguíneo e Palpine nunca apareceu e se apareceu foi em fantasma. Isso poderia ter sido evitado se a Disney tivesse tido planejamento e não deixado a bomba no colo dos diretores.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista AgoraUm dos mais corajosos e revolucionários da franquia, principalmente, por subverter todas as expectativas (inclusive a minha) do que se esperava desse filme. A mudança de Luke e como estava mais carrancudo, o fato da Rey não ser uma predestinada a força ( uma pena que voltaram atrás no horrendo episódio 9), e tudo isso sem deixar de prestar homenagem a franquia original.
Star Wars, Episódio II: Ataque dos Clones
3.7 775 Assista Agora"Você é valente, rapaz, mas não aprendeu sua lição?"
"-Eu demoro pra aprender."
Anakin é maravilhoso por isso. Impulsivo e emocional. Esse é bem melhor que o primeiro, principalmente, por pincelar algumas discussões sobre democracia e ditadura.
Acossado
4.1 510 Assista AgoraRevolucionário na edição e uma espécie de manifesto contrário a hollywood, Godard aqui , assim como os personagens, revolta-se com as regras tradicionais da linguagem. Não há como se fazer uma análise do filme separando-o da materialidade em que estava inserido.
O que pode parecer "normal" para muitos hoje: os jump cuts, a quebra da quarta-parede, filmes gravados fora do estúdio, atores não conhecidos, câmera na mão e um roteiro articulado, tudo tem o intuito de mostrar ao público como a vida real é, e aproximar o público do realismo.
Se não olharmos como esses olhos atentos, não entenderemos porque Godard, aqui, conseguiu materializar a revolta e a ruptura artística que tanto queria:
“
- qual seu objetivo na vida?
- tornar-me imortal e depois morrer.”
Ônibus 174
3.9 297A polícia nada mais é que o resultado da política pública que é adotada: despreparo e violência. O objetivo é o extermínio, não a ressocialização. Cadeias em situações sub-humanas, chacinas de crianças de rua, abandono e invisibilidade. Tudo isso não poderia acarretar em final diferente para um indivíduo que cresceu da violência.
Sim, eu acredito que há determinados crimes que os indivíduos não podem ser ressocializados. Mas só há essa incidência de violência, em nossa sociedade, devido a gritante desigualdade social que perpétua esse ciclo vicioso: uma polícia cada vez mais agressiva, e criminosos conjuntamente sem nada a perder.
Se o Estado estivesse lá desde início para dar educação e oportunidade, não precisaria apertar o gatilho.
Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro
4.1 3,5K Assista AgoraAssistir Tropa de Elite sem senso crítico ou mesmo sem saber sua construção ideológica pode ser perigoso, principalmente, porque o primeiro filme que por mais que seja dito pelo próprio diretor que é uma crítica, não funciona dessa maneira. O Capitão Nascimento que, assim como Rorschach do Watchmen e entre outros, era pra ser representado como um vilão ou anti-herói, é abraçado pelo público como protagonista incorruptível, pois, vemos a sua versão dos fatos, temos em tela a sua visão de mundo.
E isso explica , e muito, o aparecimento de figuras neofascistas nos últimos anos da política como Bolsonaro ou Gabriel Monteiro. Esses dois exemplos são homens que se vendem como figuras "fora do sistema" que por meio de rupturas institucionais destruiria o mal que corrompe o Brasil. E é dessa maneira que o fascismo opera, em momentos de vulnerabilidade política, ele se apresenta como solução extremista para um problema estrutural e claro: com uma solução falsa.
Evidentemente, com o sucesso do primeiro filme e a recepção do público com Capitão Nascimento como uma figura que poderia "salvar" o Brasil é difícil não aparecer casos na realidade se aproveitaria desse arquétipo que já foi usado há anos pela política. Nesse filme, o Padilha pondera mais na forma de representar o personagem que, ainda sim, odeia políticas que defendem os direitos humanos, mas não evidencia como isso é prejudicial até mesmo para os policiais.
A crítica que é tecida aqui muitas vezes não é repreendida pelo roteiro como deveria ser, e acaba reafirmando valores que (acho eu) o diretor não aprova (publicamente). Por exemplo, uma das soluções do filme pra combater os traficantes é simplesmente um massacre na favela pelo policiais incorruptíveis (BOPE), mas basta pesquisar para perceber que isso não acabaria com tráfico. Fórum Nacional de Segurança Pública já afirmou como a polícia brasileira é uma das que mais mata e morre do mundo, e não vemos nem um horizonte de solução para nada dessa violência, pelo contrário. Não há aqui morte de inocentes em operações policiais, morte de crianças, o Bope é o juiz Dreadd da vida real, se baseia em execuções sumárias de um problema estrutural do capitalismo: a desigualdade social. E o que o filme faz? Exatamente, o mesmo discurso adotado pela mídia e outra figura do neofascismo brasileiro Sérgio Moro: o problema do brasil é a corrupção e não a desigualdade.
E esse é o senso comum que se baseia o imaginário do cidadão brasileiro, como se todos os outros países ditos de "primeiro mundo" como EUA, França ou Alemanha não possuíssem governo corruptos. Sarcozy na França, Nixon nos EUA e tantos outros são exemplos que aquele tosco jeito de chamar "jeitinho brasileiro" como se fosse algo natural daqui e não um problema estrutural mundial socioeconômico. Isso é resultado da colonização, e do pensamento que temos de colonizados.
Não há capitalismo sem corrupção, pois sempre haverá concentração de poder político em uma mão de uma classe que tem controle sobre a outra. O Brasil é um dos países mais corruptos do mundo, porque ele é um dos mais desiguais e não um contrário. É um país capitalista periférico, não industrializado, que não fez uma reforma agrária, que foi o último da américa-latina a abolir a escravidão, que pouco aplicou em políticas afirmativas para os negros, e que tem uma classe que domina o Estado para garantir seus interesses aliados ao imperialistas internacionais.
Só se combate corrupção com desconcentração de poder, democratização e diluição de propriedade. Mas isso não é abordado em nenhum dos filmes. No segundo, ao menos, Capitão Nascimento percebe que há um problema estrutural, percebe também que Polícia Militar não funciona e não deveria existir, e percebe o papel que tem as políticas do personagem de esquerda.
Claro é um dos marcos do cinema nacional, mas extremamente perigoso pra quem tem não tem consciência política. Eu mesmo, no ápice dos meu 19 anos, acreditava que a solução do tráfico não era legalização, e via o estudantes como antagonistas que são representados no primeiro filme.
O problema mesmo do Tropa de Elite é esse: ele se baseia em um problema real, mas apresenta uma solução falsa ou até mesmo imatura, para uma questão estrutural. E isso fomenta práticas fascistas e dá respaldo a figuras radicais apoiadas por um povo que está cansado das instituições e da política.
Os Incríveis
3.9 1,1K Assista AgoraReassistir é constatar que as discussões do filme não envelheceram, e agora com mais conhecimento sobre cinema é possível "pescar" várias e várias referências e homenagens ao cinema tanto noir quanto aos clássicos de espionagem.
É impressionante como tudo funciona. Os personagens são interessantes e ainda o mais importante: o vilão é extremamente bem construído. É difícil encontrar ,atualmente, até mesmo em filmes de grandes franquias, vilões que não querem destruir o mundo "porque sim "ou diversos de outros clichês, mas aqui a metalinguagem vai além. Há diversas cena debochando das convenções do gênero e subvertendo isso dentro dos diálogos.
E claro, assim como em Watchmen (HQ) o personagem o Coruja foi referência (agora mais velho percebi na hora), o Sr. Incrível passa por uma crise de meia-idade que todo pai que acompanhou suas crianças em 2004, provavelmente, se identificou. As lembranças dos dias de glória, e claro, da Era de Ouro dos super heróis que ultrapassa até mesmo a linguagem da animação, afinal essa fase já havia passado há anos, inclusive para o própria indústria de filmes que começa a "embrionar" os filmes de heróis como "X-men de 2000 e Homem Aranha de 2002. E claro, das crises em casamentos e alusões das dificuldades em se criar uma família, que apesar dos pesares, vale a pena pagar o risco
5 estrelas cravadão.
Piscina Infinita
3.0 364 Assista AgoraEu achei bem interessante as discussões que podem ser interpretadas, que são gritadas pelo roteiro.
Principalmente o nível de dependência que o protagonista tem ao necessitar de uma figura materna pra ser o seu guia em toda situação que ele estiver. Isso fala corresponde ao arquétipo de como muitos homens enxergam seu matrimônio e como lidam com suas esposas.
Dá pra pescar também a impunidade de gringos em países capitalistas periféricos que utilizam de seus privilégios e impunidades para literalmente viver um hedonismo sem consequência.
Esperava mais um pouco da história da tribo ou pelo menos um desenvolvimento, que não acontece.
No mais, um bom filme do Brandon Cronenberg. Possessor ainda continua meu preferido e Antiviral o que mais odeio.
7,5/10
Velozes & Furiosos 5: Operação Rio
3.4 1,7K Assista AgoraRoteirista deve se divertir demais escrevendo isso e vendo sair do papel.
The Rock tá sempre parecendo que acabou de bater um cagão pq tá sempre todo suado, o planos do Torreto são sempre equiparáveis aos do cebolinha. Os caras simplesmente arrombam a sede da polícia militar do Rio de Janeiro e levam um fucking cofre carregado por dois carros, e não suficiente trocam o cofre por outro IGUAL durante uma perseguição, depois de chacinar a inteira frota da polícia.
Arte em seu estado mais puro.
Um Elefante Sentado Quieto
4.2 62Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
[...]
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
[...]
Vou-me embora pra Pasárgada.
Esse poema de Manuel Bandeira resume, enfaticamente, parte da sensação que o falecido Ho Bu quis passar, e conseguiu. O longa gravado com luz natural e planos longos é permeado não só pelo niilismo, mas pela sensação kafkiana que os personagens possuem. O curioso e o trágico é que todos os protagonistas são completamente diferentes, passam por tempos de vidas diferentes (exceto a menina e o garoto), mas todos partilham da mesmo posição social de constante misantropia. Ou seja, na visão do diretor, não importa onde você esteja, qual sua idade, sexo ou situação: você estará diante da tragédia da vida.
Até mesmo a montagem e os cortes são motivados, já que vemos os diferentes personagens em diferentes lugares na mesma situação de sofrimento. É inescapável.
E aquela sensação de mudar completamente, revirar o mundo de cabeça pra baixo nada adianta , afinal, lá é igual que aqui, pois ainda seremos os mesmos. E as tantas Pasárgadas que idealizamos já estão cheias de insatisfeitos como nós, pois, no final, nada é suficiente, e nunca será, se não estivermos juntos.
Ainda há esperança. Descanse em paz Ho Bu.
Policial Violento
3.9 22"E papo de mérito é tipo policial honesto
Tu sabe que é folclore"
Fogos de Artifício
4.0 77Acho que seria até mesmo redundante falar que o filme é cheio de simbolismos, principalmente, em relação a fragilidade da vida. Foi uma das melhores edições que eu vi em um filme, justamente, porque ela exerce uma função narrativa.
O final é magistral, quando achamos que será "feliz" temos os sons de tiros que até remetem o título do filme.
Importante perceber que a liberdade do Nish vem com o peso da total desesperança.
"É apenas depois de perder tudo que somos livres para fazer qualquer coisa"
Esse niilismo que perpassa na forma de reagir o luto, assim como está em saber que a vida é frívola, bela e passa rápido, como um fogo de artifício
Romance
4.0 574Que filme rico. Acho que é palavra pra ele. É abundante como a metalinguagem é usada aqui até mesmo pra fazer críticas diretas a indústria, para processos de tomadas de identidades culturais, e até pra fazer aquela cutucada nos artistas esnobes. A sinergia dos atores principais e principalmente a comédia funciona bem demais. Assim como o roteiro cheio de intertextualidade.
Mal posso pra poder acompanhar o novo projeto de Guel Arraes