Autoconhecimento, xamanismo, cura, viagens, comida, Índia, hinduísmo, MPB, amor, perdão. Esse filme resume tudo o que eu busco e o que eu amo, talvez por isso me cativou tanto. Possui uns furos no roteiro, uma forçação de barra no final pra ficar mais bonitinho, mas não pude deixar de me identificar tanto com Liz.
Continuem sorrindo com o fígado. Perder o equilíbrio por amor é parte de uma vida equilibrada.
Dificilmente me impressiono tanto com uma atuação masculina, as femininas naturalmente me emocionam mais. Mas vi-me obrigada a vir aqui exaltar a de Nikolai Cherkasov, seu olhar devora o espectador, tornando difícil não cravar nossa atenção de volta àqueles olhos. A direção de Eisenstein dispensa comentários, sendo que agradou até a Stalin rs. Nunca me esquecerei da forma como buscou retratar a grandiosidade de seu protagonista czarista pelo o uso da iluminação para projetar sombras colossais. Obra-prima!
Documentário mostrado em sala na aula de Filosofia da FCL Assis, tendo em vista que dialoga com as ideias foucaultianas discutidas. Testemunhos tristes, mas ao mesmo tempo necessários e elucidativos, é mais que fundamental uma maior abordagem do T da famosa sigla. Importante ressaltar que tal documentário destaca um dos erros que também vêm de dentro do próprio movimento LGBT: a invisibilidade dos transexuais.
O longa traz uma simbologia muito interessante, revelada nas últimas cenas. Após exibida, alguns fatores fazem mais sentido, como conturbada personalidade de Celeste (até mesmo esse nome mostra-se simbólico). Tal simbolismo poderia ser muito melhor aproveitado ao longo da trama, assim como a adolescência de Celeste fora mostrada. Além disso, esperava um filme artisticamente muito mais elaborado, as cenas dos show e a trilha sonora deixaram muito a desejar. Talvez o erro foi meu, de colocar expectativas nesse fator. Embora tudo isso, não desmereço a performance de Natalie Portman, suas cenas exigiam uma versátil capacidade dramática, tendo muito êxito!
Há dois anos, ao terminar de ler a obra de Vladimir Nabokov, devido ao meu despreparo interpretativo e feminismo iniciante, contentei-me com o senso comum: Nabokov, romantizador da pedofilia. Hoje, após assistir as duas adaptações cinematográficas de 'Lolita' (esta e a de 1997) e ler mais sobre a obra literária, compreendo que justamente o sentimento de repulsa contra o narrador-personagem, Humbert, evidencia o caráter de denúncia presente na narrativa de Nabokov. A pedofilia é retratada da maneira mais direta, isto é, por meio do raciocínio doentio do abusador; esse é o fator determinante para tal obra não abordar um caráter romântico durante a narração. Uma vez romantizada, o leitor terminaria a leitura sem consciência da perversão torpe que é a pedofilia. A adaptação de Kubrick é muito adequada (mais ainda daquela de 97), visto que essa narrativa denunciativa da pedofilia permanece, na qual a culpabilização da vítima não está presente.
Obra excelente. Agradou-me muito o posicionamento crítico à indiferença ao genocídio de Ruanda não só da Organização Das Nações Unidas (ONU), como também dos indivíduos em geral (principalmente os europeus, enfatizados no longa). Ademais, promove uma revoltante (e necessária) reflexão acerca da valorização de algumas vidas acima de outras. É por isso que filmes com tais premissas são indispensáveis. Há um diálogo entre Joe Connor e Rachel, repórter da BBC, o qual sintetiza todo o cunho crítico do filme:
- Ano passado na Bósnia eu me senti do mesmo modo. Chorava todo dia. Mas aqui, nenhuma lágrima. - Acho que ficamos anestesiados. - Não, é pior do que isso. Sempre que via uma mulher bósnia, uma mulher branca, pensava: "podia ser minha mãe". Aqui, são só africanos mortos.
Uma obra sublime, em que tudo está entrelaçado e adequado ao roteiro, sobretudo a 5ª Sinfonia de Beethoven, a qual nos remete à ira e ao ressentimento de Adam; e é esse fato que transforma esse trabalho de Wajda único, pois converteu a trilha sonora em uma personagem fundamental à trama. Uma ode à música e a sua consequente liberdade proporcionada aos seus admiradores; paralelamente, uma crítica àqueles que visam a alcançar, por intermédio dessa arte, uma situação, o poder e a glória, conforme fora dito por Marta na cena final. Meu primeiro Wajda, e com certeza não será o último.
Cenas escatológicas lindíssimas; sim, achei bonito e artístico, talvez pela contribuição clássica da trilha sonora e do simbolismo da antropofagia. Elogio também a performance da minha estimada Emmanuelle Riva, a qual nunca decepciona. Vale a pena pelas reflexões e por algumas cenas.
Agnès Varda conseguiu realizar um filme sobre sororidade de uma forma tão graciosa e concisa como eu nunca tivera contato antes. Estou completamente encantada com a amizade de Suzanne e Pauline, ambas independentes, empoderadas e que lutam diariamente 'pela felicidade de serem mulheres'. O papel da mulher e suas lutas são minuciosamente analisados por Varda; um exemplo disso é a nacionalidade do marido de Pauline, fato o qual abre margens a uma abordagem de outras culturas e sua relação com as mulheres. Gostaria também de dar destaque ao grupo "As Orquídeas", o qual por meio das inteligentíssimas composições de Pauline transformavam esse mesmo papel social feminino em arte. Belíssimas as cenas protagonizadas por esses artistas. Ao final, somos apresentados a uma Marie a qual tornou-se mulher, dando continuidade à luta pela 'felicidade de ser mulher'. Essa película sem dúvidas será amplamente recomendada por mim a todas que buscam uma inspiração de independência e possam, assim, tornarem-se mulheres. Viva Varda e sua eterna homenagem a todas nós.
A amplitude dos temas os quais foram abrangidos nessa realização de Manoel de Oliveira é muito complexa. Desde uma profunda análise das insatisfações intrínsecas da anacrônica Bovary de Manoel, Ema Paiva, a uma crítica ácida aos valores europeus. Os diálogos são ora líricos, ora ironicamente críticos; Flaubert invejaria tal roteiro. Por meio de uma fotografia e trilha sonora melancólicas, não somente as ânsias concupiscentes de Ema são belamente retratadas, assim como sua angústia existencial. 'Eu não sou nada. Sou um estado de alma em balouço'.
Há um diálogo específico que me chamou muito a atenção: "[...] Falava eu do descaminho do mundo, daquilo que chamam de progresso. Da fome, da miséria e da injustiça. Vejam a Europa, por exemplo. Criou uma civilização, é certo, mas como? Aproveitando-se dos bens que não lhe pertenciam. E o que lhes deu em troca? Criou um mercado para melhor sugar o tutano alheio. O problema foi uma questão de Ética. Foi sem isso que a Europa engendrou tudo. Toma-se castigo por justiça, poder por honra, orgulho por nobreza. — Tudo isso que diz parece-me tudo muito complicado."
Tudo isso diz muito sobre nós e sobre o descaso aristocrata. 'Vale Abrãao' é sem dúvidas uma obra-prima, densa em sua abrangência (e duração!) e digna em sua técnica.
"Eu acho o Beckett um chatola. A verdade sobre a existência é uma mentira. Ninguém sabe qual é a verdade. Se você escolhe dizer que tudo é uma merda sem sentido, pode até ganhar o prêmio Nobel, mas não ajuda ninguém. O Vinícius ajudou o povo brasileiro a ser feliz". Gullar.
É quase impossível uma mulher não se identificar com Carol Ledoux. Polanski realizou por meio de uma atmosfera repleta de tensão e onirismo, as consequências psicológicas oriundas de uma essência falocentrista solidificada em nossa sociedade, as quais foram genialmente metaforizadas nas cenas que abrangem o intrínseco da protagonista. O assédio constante, insistências de cunho sexual e até mesmo a exigência realizada pelas próprias mulheres acerca da valorização da beleza (acredito que a escolha do ambiente de trabalho de Carol não foi sem propósito) são aspectos abordados no longa de Polanski como fatores colaborativos à insanidade mental da personagem apropriadíssima a Catherine Deneuve.
Estou encantada com essa película de Wong, seja pelos aspectos técnicos meticulosamente adequados (roteiro, trilha sonora, fotografia, figurino), seja pela sensibilidade (não rara) de Kar Wai Wong ao dialogar sobre o amor e as lembranças deste sobre suas igualmente sensíveis e peculiares personagens, muito bem retratadas pelos estimados atores, Tony Leung, Faye Wong, Maggie Cheung e Gong Li; sobre estes, só tenho a elogiar seus desempenhos. Sem dúvida um dos trabalhos de Wong que mais me estimou.
Apesar de não me agradar completamente, é um interessante filme sobre a fragilidade das paixões juvenis e a fugaz ideia de amar um indivíduo; lembrou-me 'Palo Alto', embora eu tenha preferido 'La Belle Personne'. O sentimentalismo é adequado à trilha sonora de Nick Drake, contrastando com um final realista.
O roteiro de 'Moonlight' aborda de forma sutil assuntos os quais são raramente retratados desse modo: o tráfico de drogas e a homossexualidade. Enquanto esta ao mesmo tempo é analisada sob um contexto geral, isto é, o julgamento social sobre os indivídos devido a essa orientação, as consequências dessa opressão repercutidas em Chiron é profundamente estudada; aquele, por sua vez, foge da violência crua comumente apresentada ao formular personagens morais, embora tal prática seja ilegal, como Juan (e por conseguinte, Chiron). Igualmente singelas são a trilha sonora (com participação de Caetano Veloso!) e a fotografia, a qual assume um papel fundamental na trama ao esboçar os sentimentos dos protagonistas (o azul torna-se quase um coadjuvante melancólico de Chiron, assim como o vermelho gritante está para Paula). O desfecho não poderia ser menos adéquo: o azul sobre a pele negra cria um contraste belíssimo visualmente, concluindo o papel da fotografia.
O Banquete de Casamento
3.9 61lindo, sensível, deveria ser mais reconhecido
Comer Rezar Amar
3.3 2,3K Assista AgoraAutoconhecimento, xamanismo, cura, viagens, comida, Índia, hinduísmo, MPB, amor, perdão. Esse filme resume tudo o que eu busco e o que eu amo, talvez por isso me cativou tanto. Possui uns furos no roteiro, uma forçação de barra no final pra ficar mais bonitinho, mas não pude deixar de me identificar tanto com Liz.
Continuem sorrindo com o fígado. Perder o equilíbrio por amor é parte de uma vida equilibrada.
Ivan, o Terrível - Parte I
4.1 50 Assista AgoraDificilmente me impressiono tanto com uma atuação masculina, as femininas naturalmente me emocionam mais. Mas vi-me obrigada a vir aqui exaltar a de Nikolai Cherkasov, seu olhar devora o espectador, tornando difícil não cravar nossa atenção de volta àqueles olhos. A direção de Eisenstein dispensa comentários, sendo que agradou até a Stalin rs. Nunca me esquecerei da forma como buscou retratar a grandiosidade de seu protagonista czarista pelo o uso da iluminação para projetar sombras colossais. Obra-prima!
Duas ou Três Coisas que Eu Sei Dela
3.7 82 Assista AgoraVai tomar no cu se meu filho me acordar de madrugada pra perguntar "o que é linguagem?"
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraSe a trama fosse contada pela ótica dos pagãos, não seria um filme de terror, e é justamente essa sacada do diretor que torna a obra excelente.
Por Que Você Partiu ?
3.5 9 Assista AgoraTorrent, pelo amor de Deus?
Documentário Corpos Vivíveis
4.0 1Documentário mostrado em sala na aula de Filosofia da FCL Assis, tendo em vista que dialoga com as ideias foucaultianas discutidas. Testemunhos tristes, mas ao mesmo tempo necessários e elucidativos, é mais que fundamental uma maior abordagem do T da famosa sigla. Importante ressaltar que tal documentário destaca um dos erros que também vêm de dentro do próprio movimento LGBT: a invisibilidade dos transexuais.
Vox Lux - O Preço da Fama
2.9 223O longa traz uma simbologia muito interessante, revelada nas últimas cenas. Após exibida, alguns fatores fazem mais sentido, como conturbada personalidade de Celeste (até mesmo esse nome mostra-se simbólico). Tal simbolismo poderia ser muito melhor aproveitado ao longo da trama, assim como a adolescência de Celeste fora mostrada. Além disso, esperava um filme artisticamente muito mais elaborado, as cenas dos show e a trilha sonora deixaram muito a desejar. Talvez o erro foi meu, de colocar expectativas nesse fator.
Embora tudo isso, não desmereço a performance de Natalie Portman, suas cenas exigiam uma versátil capacidade dramática, tendo muito êxito!
Matangi / Maya / M.I.A.
4.6 77 Assista AgoraPoxa, nenhum torrent...
Visages, Villages
4.4 160 Assista AgoraE como já disse Ingmar Bergman: Godard é um chato.
Leon Morin, o Padre
4.1 25– Você precisa de um marido.
– Não se preocupe. Eu me viro com um bastão.
Lolita
3.7 632 Assista AgoraHá dois anos, ao terminar de ler a obra de Vladimir Nabokov, devido ao meu despreparo interpretativo e feminismo iniciante, contentei-me com o senso comum: Nabokov, romantizador da pedofilia.
Hoje, após assistir as duas adaptações cinematográficas de 'Lolita' (esta e a de 1997) e ler mais sobre a obra literária, compreendo que justamente o sentimento de repulsa contra o narrador-personagem, Humbert, evidencia o caráter de denúncia presente na narrativa de Nabokov. A pedofilia é retratada da maneira mais direta, isto é, por meio do raciocínio doentio do abusador; esse é o fator determinante para tal obra não abordar um caráter romântico durante a narração. Uma vez romantizada, o leitor terminaria a leitura sem consciência da perversão torpe que é a pedofilia.
A adaptação de Kubrick é muito adequada (mais ainda daquela de 97), visto que essa narrativa denunciativa da pedofilia permanece, na qual a culpabilização da vítima não está presente.
Tiros em Ruanda
4.1 44Obra excelente. Agradou-me muito o posicionamento crítico à indiferença ao genocídio de Ruanda não só da Organização Das Nações Unidas (ONU), como também dos indivíduos em geral (principalmente os europeus, enfatizados no longa). Ademais, promove uma revoltante (e necessária) reflexão acerca da valorização de algumas vidas acima de outras. É por isso que filmes com tais premissas são indispensáveis.
Há um diálogo entre Joe Connor e Rachel, repórter da BBC, o qual sintetiza todo o cunho crítico do filme:
- Ano passado na Bósnia eu me senti do mesmo modo. Chorava todo dia. Mas aqui, nenhuma lágrima.
- Acho que ficamos anestesiados.
- Não, é pior do que isso. Sempre que via uma mulher bósnia, uma mulher branca, pensava: "podia ser minha mãe". Aqui, são só africanos mortos.
O Maestro
3.9 4Uma obra sublime, em que tudo está entrelaçado e adequado ao roteiro, sobretudo a 5ª Sinfonia de Beethoven, a qual nos remete à ira e ao ressentimento de Adam; e é esse fato que transforma esse trabalho de Wajda único, pois converteu a trilha sonora em uma personagem fundamental à trama. Uma ode à música e a sua consequente liberdade proporcionada aos seus admiradores; paralelamente, uma crítica àqueles que visam a alcançar, por intermédio dessa arte, uma situação, o poder e a glória, conforme fora dito por Marta na cena final.
Meu primeiro Wajda, e com certeza não será o último.
Irei Como um Cavalo Louco
3.9 25Cenas escatológicas lindíssimas; sim, achei bonito e artístico, talvez pela contribuição clássica da trilha sonora e do simbolismo da antropofagia. Elogio também a performance da minha estimada Emmanuelle Riva, a qual nunca decepciona.
Vale a pena pelas reflexões e por algumas cenas.
Uma Canta, a Outra Não
4.2 44 Assista AgoraAgnès Varda conseguiu realizar um filme sobre sororidade de uma forma tão graciosa e concisa como eu nunca tivera contato antes. Estou completamente encantada com a amizade de Suzanne e Pauline, ambas independentes, empoderadas e que lutam diariamente 'pela felicidade de serem mulheres'.
O papel da mulher e suas lutas são minuciosamente analisados por Varda; um exemplo disso é a nacionalidade do marido de Pauline, fato o qual abre margens a uma abordagem de outras culturas e sua relação com as mulheres.
Gostaria também de dar destaque ao grupo "As Orquídeas", o qual por meio das inteligentíssimas composições de Pauline transformavam esse mesmo papel social feminino em arte. Belíssimas as cenas protagonizadas por esses artistas.
Ao final, somos apresentados a uma Marie a qual tornou-se mulher, dando continuidade à luta pela 'felicidade de ser mulher'. Essa película sem dúvidas será amplamente recomendada por mim a todas que buscam uma inspiração de independência e possam, assim, tornarem-se mulheres.
Viva Varda e sua eterna homenagem a todas nós.
"La double journée
pauvre maman
c’est bien épuisant
et c’est mal payé
Friedrich Engels l’avait dit
dans la famille aujourd’hui
l’homme est le bourgeois
et la femme est le prolétariat".
Intervenção Divina
3.5 12A cena de um Jesus feminino com projéteis formando uma coroa foi para mim uma das mais marcantes da Sétima Arte.
Vale Abraão
4.3 11A amplitude dos temas os quais foram abrangidos nessa realização de Manoel de Oliveira é muito complexa. Desde uma profunda análise das insatisfações intrínsecas da anacrônica Bovary de Manoel, Ema Paiva, a uma crítica ácida aos valores europeus. Os diálogos são ora líricos, ora ironicamente críticos; Flaubert invejaria tal roteiro.
Por meio de uma fotografia e trilha sonora melancólicas, não somente as ânsias concupiscentes de Ema são belamente retratadas, assim como sua angústia existencial.
'Eu não sou nada. Sou um estado de alma em balouço'.
Há um diálogo específico que me chamou muito a atenção:
"[...] Falava eu do descaminho do mundo, daquilo que chamam de progresso. Da fome, da miséria e da injustiça. Vejam a Europa, por exemplo. Criou uma civilização, é certo, mas como? Aproveitando-se dos bens que não lhe pertenciam. E o que lhes deu em troca? Criou um mercado para melhor sugar o tutano alheio. O problema foi uma questão de Ética. Foi sem isso que a Europa engendrou tudo. Toma-se castigo por justiça, poder por honra, orgulho por nobreza.
— Tudo isso que diz parece-me tudo muito complicado."
Tudo isso diz muito sobre nós e sobre o descaso aristocrata. 'Vale Abrãao' é sem dúvidas uma obra-prima, densa em sua abrangência (e duração!) e digna em sua técnica.
Vinícius
4.3 101"Eu acho o Beckett um chatola. A verdade sobre a existência é uma mentira. Ninguém sabe qual é a verdade. Se você escolhe dizer que tudo é uma merda sem sentido, pode até ganhar o prêmio Nobel, mas não ajuda ninguém.
O Vinícius ajudou o povo brasileiro a ser feliz".
Gullar.
Repulsa ao Sexo
4.0 461 Assista AgoraÉ quase impossível uma mulher não se identificar com Carol Ledoux. Polanski realizou por meio de uma atmosfera repleta de tensão e onirismo, as consequências psicológicas oriundas de uma essência falocentrista solidificada em nossa sociedade, as quais foram genialmente metaforizadas nas cenas que abrangem o intrínseco da protagonista.
O assédio constante, insistências de cunho sexual e até mesmo a exigência realizada pelas próprias mulheres acerca da valorização da beleza (acredito que a escolha do ambiente de trabalho de Carol não foi sem propósito) são aspectos abordados no longa de Polanski como fatores colaborativos à insanidade mental da personagem apropriadíssima a Catherine Deneuve.
2046 - Os Segredos do Amor
4.0 150 Assista AgoraEstou encantada com essa película de Wong, seja pelos aspectos técnicos meticulosamente adequados (roteiro, trilha sonora, fotografia, figurino), seja pela sensibilidade (não rara) de Kar Wai Wong ao dialogar sobre o amor e as lembranças deste sobre suas igualmente sensíveis e peculiares personagens, muito bem retratadas pelos estimados atores, Tony Leung, Faye Wong, Maggie Cheung e Gong Li; sobre estes, só tenho a elogiar seus desempenhos.
Sem dúvida um dos trabalhos de Wong que mais me estimou.
A Bela Junie
3.7 826Apesar de não me agradar completamente, é um interessante filme sobre a fragilidade das paixões juvenis e a fugaz ideia de amar um indivíduo; lembrou-me 'Palo Alto', embora eu tenha preferido 'La Belle Personne'.
O sentimentalismo é adequado à trilha sonora de Nick Drake, contrastando com um final realista.
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraHá inúmeras injustiças nesse mundo, entre elas: George Mackay não ser indicado como Ator Coadjuvante no lugar de Lucas Hedges.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraO roteiro de 'Moonlight' aborda de forma sutil assuntos os quais são raramente retratados desse modo: o tráfico de drogas e a homossexualidade. Enquanto esta ao mesmo tempo é analisada sob um contexto geral, isto é, o julgamento social sobre os indivídos devido a essa orientação, as consequências dessa opressão repercutidas em Chiron é profundamente estudada; aquele, por sua vez, foge da violência crua comumente apresentada ao formular personagens morais, embora tal prática seja ilegal, como Juan (e por conseguinte, Chiron).
Igualmente singelas são a trilha sonora (com participação de Caetano Veloso!) e a fotografia, a qual assume um papel fundamental na trama ao esboçar os sentimentos dos protagonistas (o azul torna-se quase um coadjuvante melancólico de Chiron, assim como o vermelho gritante está para Paula).
O desfecho não poderia ser menos adéquo: o azul sobre a pele negra cria um contraste belíssimo visualmente, concluindo o papel da fotografia.