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Últimas opiniões enviadas

  • Leonardo

    Para mim é o melhor 'filme de herói' já feito porque não se resume a isso. Também debate sobre como políticas públicas de saúde mental e outros fatores sociais determinam sim os índices criminalidade em uma localidade.

    Ao meu ver, as risadas expressam muito da evolução do personagem e ajudam a entender o personagem. Sinto que o público estava esperando isso também, pelo menos eu estava ansiosíssimo para ver de que forma seria retratada a famosa "risada do Coringa", porque para além da condição da própria loucura, talvez seja a característica mais marcante desse vilão.

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    Diferentes risadas foram trabalhadas ao longo do filme e cada uma num ponto específico, trazendo um tom particular e crucial para a trama. A risada do desespero por conta da condição clínica que ele carrega e que é sempre disparada em momentos de tensão e ansiedade, a risada da inadequação social (de quando ele realmente se força a rir em momentos que as pessoas em volta estão rindo, mas ele não consegue fazer o mesmo), a risada da ironia de quando ele começa o processo de "transformação" de Arthur para Coringa e, finalmente, a risada genuína de prazer.

    Gosto da forma como roteiro e atuação são primorosos em mostrar os conflitos e agonias internas do protagonista.

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    A cena do talk-show, pra mim, é icônica neste sentido. Naquele momento me parece que tanto Arthur quanto o Coringa estão sentados em um divã. Para ele, estar ali, é um momento de catarse. Cada resposta dele a Murray carrega um tom diferente, ele parece estar confuso, desorientado, em dados momentos ele responde com uma certa inocência infantil, quase como se buscasse a aprovação do apresentador "paterna" do apresentador para algumas coisas que diz, depois já tem a segurança do Coringa, é irônico e debochado, oscila entre gestos suaves e raivosos.

    No ápice da raiva atira na cabeça do apresentador. Na minha interpretação, é só ali que ele se reconhece como Coringa. A violência dessa cena é muito chocante e causa um desconforto absurdo, mas pode-se ver que o primeiro tiro foi com raiva e o segundo foi com prazer. Comportamento identificado em sociopatas. O caso do metrô o fez descobrir algo, que ele até tentou lutar contra, mas não conseguiu. Todas as mortes posteriores foram tentativas de se desapegar de laços afetivos que ainda o prendiam à uma vida que ele enxergava como miserável e que o inferiorizavam de alguma forma em algum momento: a mãe que tinha problemas de saúde e que "mentiu" para ele a vida toda; o palhaço colega de trabalho que o chamava de "my boy", mas foi quem lhe deu a arma e fez com que ele perdesse o emprego; e finalmente Murray que ele sustentou como uma figura "paterna" durante anos, mas acabou zombando dele exibindo seu vídeo no programa e o convidando para uma entrevista com o único objetivo de torná-lo uma piada.

    Arthur não se tornou Coringa de uma hora para outra, uma série de fatores externos amplificaram o que já estava nele. Um filme denso, desconfortável, triste e chocante, porém com direção, roteiro, fotografia sensacionais e, sobretudo, com uma atuação brilhante de Joaquin Phoenix, sem dúvida alguma, um dos melhores de sua geração.

    (A minha análise não significa que estou do lado ou que torço para o Coringa. O personagem é um sociopata. Mas que as pessoas que cometem crimes devem ser condenadas pelos seus atos e que as condições que as levam a isso também devem ser consideradas e corrigidas pela sociedade para que não se tornem apenas fragmentos de eventos iguais).

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  • Leonardo

    Terminei há pouco a série mais falada do momento e resolvi fazer alguns apontamentos:

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    - Não gostei do timing. Senti alguns episódios e cenas muito "fillers". Por este motivo, pulei do episódio 5 ao 11 e tenho a impressão de que não perdi nada de muito importante. Consegui compreender o contexto da mesma forma que se tivesse visto a série toda sem pular episódio algum. Creio que um longa-metragem de duas horas seria capaz de trabalhar o timing de uma maneira melhor e deixar aquele final aberto ainda mais bonito.

    - Não fiquei incomodado com todos os gatilhos, mas reconheço que eles existem e que diferentes pessoas podem absorvê-los de diferentes formas. Isso realmente pode ser "irresponsável" e perigoso. Fato. No entanto, considero a série como uma obra de ficção e, sobretudo, como uma obra de arte. Por esse motivo, consigo defender, de certa forma, o direito de conteúdos gráficos e de enredo que abordem questões deste "segmento". Lars von Trier, Gaspar Noé, Michael Haneke, Cláudio Assis, Hector Babenco, Charlie Kaufman, Woody Allen, entre outros, também produziram obras que traziam tais questões. A arte é livre. Até mesmo o tal "Fragmentado", do qual anda-se falando muito nos últimos tempos, traz cenas e situações que podem servir de gatilho.

    - Não gosto do Clay. Não sei se o personagem ou o ator. Algo não me cativa, não me sinto lado a lado dele, acompanhando seus passos. Por mais que a narrativa me proponha a assumir esse ponto de visão, fico distante.

    - It's all about Tony. Sinto que Tony me conduziu muito mais que o próprio Clay. Quero um spin-off do Tony. Amo o cabelo do Tony.

    Mas enfim, discordem de mim, me mostrem seus pontos de vista. Estou disposto a mudar de opinião. Vamos debater.

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  • Leonardo

    Confesso que sou um grande fã de diretores que trabalham com movimentos de câmera. A câmera nervosa e trêmula de Lars Von Trier, por exemplo, é uma das minhas favoritas. No entanto, o olhar estático de Anna Muylaert é perspicaz, cativante, lindo.

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    Imóveis, muitos dos planos do filme são capazes de nos revelar muita coisa, nas entrelinhas: a janela do quarto de Val, que dá a um corredor com um gradil, visto de fora pra dentro, insere o quarto e a própria personagem numa "prisão". Além da quarta parede posta na cozinha, com a pia em primeiro plano, de onde a sala de jantar (de uso apenas dos patrões) é vista somente pela porta, como uma fresta estreita.

    A hipocrisia social permeando sutilmente muitos dos diálogos de Bárbara com Val, como quando a doméstica comenta que a filha vai para São Paulo prestar vestibular e a patroa faz questão de pagar o colchão. "Você é quase da família! Mas não esquece de fazer o bolo, viu?". Além da resposta de Bárbara quando Jéssica comenta que pretende prestar vestibular para Arquitetura em uma das universidades mais concorridas do Brasil: "pois é, o país tá mudando mesmo". É ultrajante saber que uma moça, pobre, nordestina, filha de uma doméstica teria a audácia de tentar uma vaga na USP, não é mesmo, Fabinho?

    A cena em que o patrão oferece a Jessica um sorvete mais caro e Val contesta e a resposta é clara: "O que tá aqui em casa é nosso; meu, do Fabinho, da Jéssica", mas não de Val. O quarto de hóspedes grande e desocupado, enquanto a doméstica dorme em um quarto apertado. E a necessidade de Val em querer agradar os patrões, tentando deixá-los confortáveis o tempo todo, ainda que nada seja feito para que ela esteja confortável, afinal "a gente nasce sabendo o que pode e o que não pode".

    As várias nuances do filme vão construindo aos poucos, camadas de debates em relação à desigualdade social, mas também de gênero. Quando Val pergunta ao filho dos patrões o que ele achou da menina e ele responde que "Meio estranha. [...] Muito segura de si mesma". Afinal, como poderia ela, de origem humilde, ter tanta determinação? Segurança esta interpretada por Val como uma afronta, uma arrogância, demonstrando que a própria doméstica já está calejada mentalmente com as normas e regras sociais preconceituosas que a impõe, tornando-se também uma repetidora das opiniões opressoras que a condenam.

    O interesse imediato de Carlos e de Fabinho por Jessica, ainda sem conhecê-la totalmente e os abusos do mais velho em relação à moça também trazem à tona o argumento preconceituoso de que ela, como moça, mais nova e pobre, deveria ser submissa às vontades dele. Muylaert consegue subverter tudo isso com uma personagem determinada, decidida e mulher. Além de também debater o feminismo com o fato de que Bárbara é quem sai pra trabalhar, enquanto o marido fica em casa, acorda tarde, etc.

    O próprio presente de Val a Bárbara funciona, em certa medida, como uma simbologia a ser analisada. "É descasado, preto no branco e branco no preto". Algo que rompe aquilo que é imposto, que vai além do que é visto como senso comum. A própria Jessica e a capacidade de ter ido melhor no vestibular que o menino com uma educação exemplar, de família rica.

    A indicação para representar o Brasil no Oscar foi merecida. Anna Muylaert conseguiu trabalhar muito bem as várias camadas que envolvem o preconceito e a desigualdade social no país, desenvolvidos em poucos personagens, mas com situações impactantes. Um filme que vem a calhar no momento atual e que merece (e deve) ser visto por todos e todas. Por domésticas que vivem em situações semelhantes, principalmente.

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  • Filmow
    Filmow

    O Oscar 2017 está logo aí e teremos o nosso tradicional BOLÃO DO OSCAR FILMOW!

    Serão 3 vencedores no Bolão com prêmios da loja Chico Rei para os três participantes que mais acertarem nas categorias da premiação. (O 1º lugar vai ganhar um kit da Chico Rei com 01 camiseta + 01 caneca + 01 almofada; o 2º lugar 01 camiseta da Chico Rei; e o 3º lugar 01 almofada da Chico Rei.)

    Vem participar da brincadeira com a gente, acesse https://filmow.com/bolao-do-oscar/ para votar.
    Boa sorte! :)

    * Lembrando que faremos uma transmissão ao vivo via Facebook e Youtube da Casa Filmow na noite da cerimônia, dia 26 de fevereiro. Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/250416102068445/

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