Quem disse que com uma simples estória não se faz um excelente filme? Nos últimos anos, desenhos animados ou animações computadorizadas são gêneros que, graças a simplicidade e a criatividade, têm transformado o grão de areia em pérola! Um exemplo disso é o desenho francês “As Bicicletas de Belleville”, uma singela animação em 2D que conta a divertida jornada de uma adorável vovó em busca de seu neto raptado.
Adotado por sua avó, Madame Souza, o garoto Champion é uma criança tímida, inocente e solitária que, após ter ganhado uma bicicleta quando menino, descobre a paixão pelo ciclismo. Com o passar dos anos e com rigorosos treinamentos impostos pela avó, Champion tornar-se um profissional das duas rodas. Durante o famoso circuito de corridas de bicicleta francês, o Tour de France, ele é sequestrado por dois homens misteriosos, o que faz Madame Souza e seu fiel cachorro Bruno cruzarem as fronteiras do oceano em sua busca para tentar resgatá-lo.
“As Bicicletas de Belleville” é sensacional! Méritos para o roteirista e diretor estreante Sylvain Chomet, que criou um universo charmoso e criativo espelhado no cinema mudo que apresenta uma mistura de raros diálogos, trilha sonora contagiante e gags ao estilo Jacques Tati. Além da simples estória que exibe uma trama envolvente, o encanto, certamente, está no gráfico em 2D que diverte o espectador ao exibir traços caricaturados das feições humanas e dos nostálgicos ambientes com cores leves. Vide a cidade de Belleville que é uma inteligente sátira a Nova Iorque e sua população de gordinhos.
O roteiro, sempre harmonizando drama e um delicioso humor negro, é rico em detalhes visuais ao enfocar e criticar estilos de vida e ao expor interessantes costumes e ideias que são utilizados na dinâmica entre os personagens. A principal peça para as interações na estória é Madame Souza, que tem um jeitinho especial de se comunicar ou de se impor, principalmente na relação que tem com as trigêmeas de Belleville, cantoras de cabaré famosas dos anos 30 que ajudam a avó na procura por Champion.
“As Bicicletas de Belleville”, indicado ao Oscar em duas categorias (Melhor Animação e Canção), é uma grata surpresa e consegue ser cativante ao ponto de querermos rever diversas vezes. Além disso, o filme prova que desenhos em 2D ainda têm muito espaço e criatividade ilimitada na modernidade cinematográfica.
“Freiras nuas com grandes armas” me chamou a atenção por seu título inusitado. Apesar do ‘erotismo’ titular, o filme não é uma produção pornô e se apresenta como um ‘rascunho tarantinesco’ de um longa sobre vingança que promete por sua premissa, mas derrapa por ter uma direção que demonstra amadorismo.
Após ser drogada, prostituída e sofrer lavagem cerebral por um clero corrupto, a irmã Sarah decide se vingar de todos que lhe fizeram mal. Ao mesmo tempo que Sarah mata seus ex-atormentadores, a Igreja contrata a impiedosa gangue de motoqueiros “Los Muertos” para perseguir e eliminá-la.
O filme tem uma temática perfeita para uma produção de Robert Rodriguez com roteiro de Quentin Tarantino, já que o fator vingança lembra muito “A balada do pistoleiro” com um visual de “El Mariachi”. No entanto, o projeto de cunho independente caiu nas mãos do diretor e roteirista Joseph Guzman (“Run! Bitch Run!”) que, infelizmente, não soube explorar o longa de maneira mais sedutora, principalmente ao trabalhar mal os estereótipos.
Apesar de algumas figuras que mereciam ser mais emblemáticas, o que faz do filme ser interessante é o modo como o roteiro expõe os clichês e elementos de ‘trash movie’. O elenco caricato, a produção tosca de fotografia quente, a violência crua (estilo Tarantino), a nudez (as vezes gratuita), a atmosfera underground, situações inusitadas e homoeróticas (lesbianismo), o humor negro, a sede de vingança e a ‘discórdia mística’ estão no longa e divertem o espectador.
Na ‘escola Tarantino’, Joseph Guzman provavelmente faltou às aulas de direção e produção, já que percebemos o amadorismo ao conduzir várias cenas em tons novelescos. Contudo, “Freiras nuas com grandes armas” vale pela edição bacana e pela curiosa (e por que não polêmica) premissa sobre a ‘corrupção religiosa’ que financia o tráfico de drogas com direito a ponta para continuação.
Amor não correspondido e amores de passagem são assuntos tradicionais em comédias românticas que buscam uma identificação com o público e retratam situações semelhantes com a realidade. A maioria dos filmes que contém esses ingredientes esbarra na falta de criatividade de seus realizadores e é o que acontece com parte de "O amor não tira férias".
Uma trama do filme cai no convencionalismo narrativo e a outra é uma encantadora homenagem a sétima arte. O longa, baseado em um anúncio da internet, retrata a jornada de duas mulheres, uma rica (Amanda) e outra ‘pobretona’ (Iris), que fazem um intercâmbio de casas por temporada. As duas sofrem do mesmo sintoma: desilusões amorosas.
A história da norte-americana produtora de trailers de cinema Amanda é repleta de clichês (o fato de ser rica a deixa alienada ao seu mundo de interesses e por sua insensibilidade que evita de ser humilde e de ter uma vida ‘amorosa saudável’). Não há grandes momentos e o enredo apenas ‘cumpre tabela’ para deixar o longa mais atraente, já que a dupla romântica tem as ‘caras bonitas’ da carismática Cameron Diaz e Jude Law, que faz o tipo ‘safadão’.
O contraponto narrativo é a jornada da inglesa e jornalista Iris, que tem boa performance de Kate Winslet. Apesar de trazer o clichê da ‘pessoa pobre’ (é mais humilde, sensível e compreensiva que as 'pessoas ricas'), ela tem uma relação curiosa com um velho roteirista de cinema e se apaixona por um compositor de trilhas sonoras interpretado por Jack Black, que foge do estilo comediante e consegue exprimir charme e maturidade.
A direção de Nancy Meyers imprime sensibilidade ao filme, mas o seu roteiro peca ao dar ênfase à trama de Amanda ao invés de focar a história sobre Iris, que é mais interessante. Entretanto, o roteiro tem lá seus méritos e acerta em trabalhar algumas passagens como a homenagem ao cinema antigo e nos hilários momentos de metalinguagem. Enfim, é um filme leve e despretensioso, mas de encanto passageiro.
Um meteoro a caminho do planeta Terra. Filme de catástrofe? Logo pensamos em “Armageddon”, “Impacto Profundo”, entre outros longas clichês sobre o ‘fim dos tempos’, mas errou quem pensou em ficção científica. Na produção espanhola “Antes da queda”, a temática está na pauta, porém de uma forma bem coadjuvante e surpreendentemente original.
Os títulos do filme, tanto o original (“Tres días”) como o ‘abrasileirado’, refere-se ao tempo e as ações da população terráquea, especialmente de uma pequena cidade ao sul da Espanha, que se mobiliza para sofrer o impacto de um meteoro que promete exterminar a raça humana. Sendo assim, o foco da história é sobre uma humilde família que se vê ameaçada por um assassino que fugiu da prisão e que havia jurado vingança de uma pessoa dessa tal família.
A grande sacada de “Antes da queda” foi não explorar a convencional temática do ‘fim do mundo’ como primeiro plano. A originalidade da trama, que torna o filme atraente, é retratar o ponto de vista de um grupo de pessoas sobre uma constante ameaça de um serial killer em meio ao cenário apocalíptico.
O roteiro, embora tenha pequenos furos, mescla com eficiência a ficção, o drama e o suspense. A violência, a falta de informações dos personagens e o ritmo intenso da película geram situações 'desconfortáveis' e de extrema tensão. A belíssima fotografia em tons amarelados também ajuda na composição da atmosfera densa que varia de visual ora calorosa e suja em tomadas externas ora fria e misteriosa em ambientes escuros.
Além das boas performances dos protagonistas Victor Clavijo e Mariana Cordero, a direção de F. Javier Gutiérrez também merece destaque ao reciclar temas batidos (ameaça catastrófica, vingança, serial killer) e usá-los de forma trivial para criar um suspense de primeira que prende a atenção do início ao fim. Só o clímax nervoso e o desfecho artístico já merecem uma espiada.
Vampiros fazem parte de um dos temas mais batidos do gênero suspense. Apesar da convencionalidade, filmes sobre esses seres ainda não estão saturados por completo e “2019 – O ano da extinção” é uma prova de que eles não são apenas monstros sedentos por sangue que querem dominar o planeta.
Em um futuro não muito distante, uma epidemia viral transforma toda a população da Terra em vampiros. Com a escassez de humanos e para evitar a proliferação do canibalismo da subespécie, os sanguessugas estudam métodos para criar um sangue sintético que impeçam a extinção da raça. Sem sucesso com 'genéricos sanguíneos', um vampiro hematologista decide se unir com um grupo de humanos para tentar descobrir a cura para a tal ‘doença’.
A trama recicla de maneira atrativa os clichês do gênero e adapta com criatividade detalhes da fórmula do terror ‘zumbi’ com a ficção científica. A interessante metáfora social do roteiro, que nos remete a um problema global no futuro como a escassez de água, insere o vampirismo clássico em um universo que os ‘humaniza’ e os civiliza de forma curiosa (tudo é adaptado para que eles sobrevivam durante o dia e a noite).
Outra boa sacada é o visual caprichado. Enquanto a bela fotografia em tons de azul e verde retrata a frieza plástica dos vampiros, o amarelo contrapõe a realidade dos ‘seres noturnos’ e representa a esperança dos humanos. Os bons efeitos visuais e a violência gráfica são equilibrados e proporcionam realismo, tanto nas cenas de ação como no ambiente social do filme.
Apesar da descoberta da ‘cura’ não convencer tanto e do clímax exageradamente sanguinolento, “2019 – O ano da extinção” surpreende ao ser uma experiência diferente e mais coerente sobre vampiros sem estereotipá-los como meros vilões. É um trabalho autêntico dos diretores Michael e Peter Spiereg que merece ser apreciado pelos fãs do gênero.
‘Fuga de prisão’ é um tema batidíssimo no cinema, mas é sempre divertido ver como os personagens arquitetam as tais fugas. Em “72 horas”, refilmagem do francês “Tudo por ela” (Pour Elle/2008), faz o inverso disso (quando a fuga é planejada por quem está do lado de fora da prisão) e tenta se expor de maneira pouco convencional, porém sua ‘narrativa trapaceira’ pode decepcionar os mais críticos.
Certo dia, a polícia prende Lara (Elizabeth Banks) em sua casa e a acusa de assassinato. Seu marido John (Russel Crowe), que ficou com a guarda do filho e acredita na inocência da mulher, se frustra com o trabalho de seus advogados que não conseguem tirar Lara da prisão. Após uma tentativa de suicídio da esposa, John consulta um escapista (Liam Neeson) e planeja uma maneira de libertá-la da cadeia.
A primeira hora do filme é de uma tensão ímpar muito bem conduzida pelo roteirista e diretor Paul Haggis (“Crash - No Limite”), que evita exageros, foca no drama dos apaixonados protagonistas e cria uma boa atmosfera de suspense. A trama, à primeira vista, é atraente por ser pouco tradicional em não investir no clichê ‘busca para provar a inocência’.
O roteiro desanda quando a personagem de Elizabeth Banks, que não convence em seu papel, tenta se suicidar, o que faz a figura principal de Crowe, em atuação ‘ok’, a promover atos desesperados. A produção até disfarça bem os exageros fazendo o espectador pensar que tudo está realisticamente bem arquitetado, mas os mais críticos assimilarão que a trama força algumas situações dispensáveis, o que prejudica o ritmo da narrativa.
Enfim, “72 horas” é um filme ‘me engana que eu gosto’, ‘pseudosentimental’, que se traveste de uma ‘pseudoengenhosidade’ e que tem um final ‘pseudofeliz’. Pena que Paul Haggis não usufruiu mais do talento de Olivia Wilde, que aparece pouco.
No lançamento de “2 Coelhos”, escrito e dirigido pelo estreante Afonso Poyart, a propaganda era de que o espectador iria apreciar algo diferente e inédito no nosso cinema. Se tudo não cria, se copia, de fato, em ‘nível Brasil’, o filme é novidade pelo estilo de produção e é uma grata surpresa nos quesitos criatividade narrativa e cultura pop.
A história gira em torno de Edgar (Fernando Alves Pinto, de “Nosso Lar”), um sujeito com planos ambiciosos que planeja um roubo milionário que envolve um traficante e um político. O protagonista narra em off toda a trama até culminar em seu objetivo, passando por reviravoltas divertidíssimas, imagens espetaculares de explosões e tiroteios e câmeras lentas aos montes.
“2 Coelhos” é uma mistura de estilos e linguagem. O filme tem violência e diálogos nonsense que lembram as produções de Quentin Tarantino, intrigas, elenco caricato e edição ágil e embaralhada que nos remetem aos longas de Guy Ritchie, intertextualidade que envolve o universo dos vídeo games, intervenções visuais que deixam a produção cool e ritmo intenso que mantém sempre o interesse do espectador.
O roteiro, assim como a edição, é um grande quebra-cabeça. A princípio tudo é confuso e, aos poucos, as peças se encaixam. À medida que a historia fica linear na cabeça do espectador, o filme se torna ainda mais atraente e contagiante até culminar no clímax surpreendente.
O cinema brasileiro precisa de uma renovada e “2 Coelhos” é uma prova de que o Brasil tem condições de fazer bons filmes de competência técnica, sem estética televisiva e longe de favelas ou da chamada ‘cosmética da fome’.
Adaptação do conto The Adjustment Team (1954), de Philip K. Dick, “Os Agentes do Destino” tem uma premissa que não é novidade no cinema atual, mas pode agradar boa parte do público que se interesse pelos temas ‘acaso’ e ‘destino’. Não se estranhe caso perceba alguma semelhança teórica com “Matrix”, que recicla algumas ideias sobre os assuntos citados e as exibe de maneira romântica e sensivelmente atraente.
Depois que o congressista David Norris (Matt Damon) se deparou, inesperadamente, com a bailaria Elise Sellas (Emily Blunt), ele é abordado por agentes (que ajudam a controlar o destino das pessoas) que afirmam que seu encontro com Elise não era para ter acontecido. Ao desprezar o que lhe foi dito, Norris acredita que Elise possa ser seu grande amor e passa a procurá-la, mas, paralelamente, os tais agentes trabalham para que um novo encontro não aconteça.
O filme é uma ficção científica, nada futurista, travestida de romance que oferece ao espectador um conteúdo abrangente e reflexivo de essência ‘matrixiana’ em seu roteiro (agentes, manipulação e portas que se abrem para lugares desconexos). Em um ritmo sempre harmonioso, a trama trabalha bem a questão do livre arbítrio nas decisões do protagonista, o principal fio condutor que prende a atenção do espectador por seu mistério, sobretudo, pelos acasos provocados pelos agentes do título.
A reflexão proposta pela narrativa é de grande valia, principalmente quando recorremos à realidade para associarmos algum tipo de trajetória. E esse é o objetivo do longa, que nos faz pensar sobre as escolhas que fazemos durante o percurso de nossa vida até o destino final, o que transforma o filme em um exercício sobre as coisas imperceptíveis que acontecem com o ser humano e que carecem de valor e compreensão.
No fim das contas, “Os Agentes do Destino” tem lá sua previsibilidade romântica que pode não ser impactante em sua conclusão, mas isso não tira o mérito da história que foi bem realizada (não digo bem adaptada porque não li o conto de Philip K. Dick) pelo diretor e roteirista George Nolfi e bem interpretada por Matt Damon e Emily Blunt.
Baseado no livro homônimo de Sara Gruen, “Água para Elefantes” narra a jornada do estudante de veterinária Jacob Jankowski (Robert Pattinson) que, após perder sua família em um acidente, decide, sem rumo, sair de casa.
Ao pegar um trem clandestinamente, ele acaba caindo em um veículo circense e é recrutado pelo dono do circo August (Christoph Waltz), onde, também, conhece a esposa de seu mandatário, Marlena (Reese Witherspoon), com quem se apaixona.
“Água para Elefantes” tem cara de dramalhão e há clichês narrativos, tanto ‘shakespeareanos’ para o romance como vingativos para o suspense, que nos remete aos grandes épicos de Hollywood. De fato, há esse convencionalismo em torno da produção que conta a história por meio de um longo flashback e narrações em off, mas tudo é feito de maneira equilibrada e com ritmo sempre agradável.
Um dos fatores cativantes do longa é a maneira dócil e verossímil em que personagens e situações são expostas e/ou interagidas na trama, méritos para o bom roteiro adaptado de Richard LaGravenese e pela sensível direção de Francis Lawrence que mantém sempre a atmosfera de alto astral ao invés do melodrama. Claro, há seus dramas e momentos tristes, mas nada que incomode o expectador.
A boa reconstituição de época da ambientação na década de 1930 (em plena depressão nos Estados Unidos), os bons diálogos, o resgate da magia circense, a trilha sonora marcante de James Newton Howard que dita os momentos e a sensibilidade do filme e as ótimas atuações de Robert Pattinson, Hal Holbrook e Christoph Waltz valem o ingresso.
Embora falte um pouco mais de emoção no desfecho (talvez os mais amanteigados possam ir às lágrimas), a obra está longe de ser triste. Enfim, “Água para Elefantes” traz a essência de grande e encantador cinema que consagrou Hollywood. Entretenimento simples, artístico e de qualidade.
Depois de Martin Scorsese destilando talento no universo infanto-juvenil em “A invenção de Hugo Cabret”, a vez, agora, é de Ang Lee, o cineasta de dramas oscarizados como “O Segredo de Brokeback Mountain” e de produções chinesas como “O tigre e o dragão”. Assim como Scorsese, Lee ‘brinca’ com a tecnologia 3D e se entrega a poesia infantil em “As aventuras de Pi”, seu novo trabalho que lhe rendeu, mais uma vez, uma indicação ao Oscar.
O longa, inspirado no best seller “A Vida de Pi” escrito por Yann Martel, só ganhou notoriedade pela aventura do título quando um adolescente indiano Pi (bem interpretado por Suraj Sharma) sofre um naufrágio no Pacífico e fica à deriva em um bote salva vidas com uma zebra, uma hiena, um macaco e um tigre de bengala, oriundos do zoológico de sua família que estava de transferência para os EUA.
A primeira meia hora é arrastada em flashbacks da infância do chatíssimo protagonista adulto de ‘monofeições’ (Irrfan Khan). Quando começa o naufrágio, vemos o quão é espetacular a dimensão dramática do filme e como é deslumbrante a plasticidade do trabalho de Ang Lee que consegue fazer poesia na fotografia de cores vivas, na integridade do protagonista, na sua interação com a natureza (principalmente com o tigre chamado de Richard Parker) e, claro, na interessante crônica sobre religiosidade e seus simbolismos que o mantém vivo.
Os efeitos visuais são, realmente, espetaculares e ajudam a ditar o ritmo da narrativa com detalhes ‘fabulescos’ encantadores, vide o tigre de bengala totalmente digitalizado que parece real. Sobre o 3D, infelizmente não o assisti assim, mas deve ter ganhado uma dimensão interessante nessa tecnologia.
“As aventuras de Pi” começa com detalhes narrativos que lembram “Quem quer ser um milionário”, passa por situações que nos remetem a “Titanic”, flerta com a dramaticidade de um “Náufrago” e termina como uma incrível estória de “Peixe Grande”.
Affleck, aqui, não só flerta com o ritmo ‘gato-e-rato’ como, também, valoriza a dramaticidade de seus personagens, o que, de certa forma, faz por merecer elogios ao se preocupar com uma narrativa bem feita, mesmo que seja convencional, ao invés de focar nos cifrões que a mesma proporcionará.
Imaginar como seria uma catástrofe sempre me deslumbrou. Quando o cinema resolve destruir ‘cartões postais’, principalmente nos Estado Unidos, logo penso no diretor Roland Emmerich, responsável por quase extinguir os norte-americanos em “Independence Day”, “Godzilla” e “O Dia Depois de Amanhã”.
Em “2012”, Emmerich não economiza tragédias para retratar o ‘fim do mundo’. Para isso, ele parte de uma premissa interessante sobre o mito do calendário Maia que ‘profetiza’ o ‘final dos tempos’ decorrente de desastres ambientais (vulcões, terremotos, maremotos, etc.).
O roteiro traz convencionalismo narrativo e clichês previsíveis em sua trama. A história, repleta de absurdos, investe em detalhes triviais, como heroísmo familiar, desespero e sentimentos generalizados de culpa e de esperança. Talvez essas sensações sejam a lição que Emmerich transmite em seu longa: não ignorar os problemas do meio-ambiente e ‘preservar a natureza’ não é uma mera demagogia.
Os efeitos visuais, que criam várias cenas espetaculares de tirar o fôlego, tornam ‘reais’ o medo que as pessoas têm de um possível colapso e isso é o que interessa no filme. A verossimilhança das tragédias é tão eficiente que dá vontade de rever cada cena para prestar a atenção nos inúmeros detalhes da destruição.
“2012”, embora seja um pouco longo e tenha um clímax politicamente correto, foi um dos maiores entretenimentos de 2009/2010 e, com certeza, está no topo do subgênero ‘filme-catástrofe’. A diversão agradece!
Filme de faroeste, em um primeiro momento, parece não ter uma sintonia com o estilo de Quentin Tarantino. “Django livre”, seu mais novo longa, prova que o cineasta interage muito bem com o gênero, principalmente quando se diz respeito a diálogos afiados, violência e muitos tiros.
A produção não é a melhor do diretor e o roteiro ele já escreveu melhores. A época retratada sobre a escravidão nos Estados Unidos é interessante e realista, inclusive serve de justificativa para a sanguinolência crua e, às vezes, divertidamente exagerada. A narrativa é curiosa, mesmo não tendo reviravoltas surpreendentes e sendo mais convencional que autêntica (vale lembrar que os temas ‘mais do mesmo’ soam como homenagens ao gênero).
O script, mais burocrático e sem os pulos temporais que Tarantino costuma escrever, enfatiza demais o personagem de Christoph Waltz (faz o mercenário Dr. King Schultz que ajuda Django a encontrar e libertar sua esposa – sua atuação lembra demais o coronel nazista Hans Landa, em “Bastardos Inglórios”, que ele mesmo fez) e desenvolve pouco o ‘escravo-título’, interpretado por Jamie Foxx. Ainda que não aborde o aprendizado das excepcionais habilidades de Django, só conhecemos sua personalidade justiceira a partir da segunda metade, momento que o filme ganha um ritmo mais envolvente.
Entretanto, o que mais agrada, principalmente aos fãs, mesmo tendo alguns equívocos, é o ‘padrão Tarantino de cinema’, que filma tudo de uma maneira empolgante, bem humorada, com bons diálogos e com criatividade e ação que lhe é peculiar, vide o ótimo terceiro ato. E a presença de Samuel L. Jackson? É a ‘cereja do bolo’, ou melhor, é a ‘bala na agulha’! Valeu mais uma vez, Tarantino!
Crítica publicada em www.cinetrixfilmes.blogspot.com
"Intocáveis" não é mais um filme sobre uma relação de amizade e também não pretende mostrar como duas pessoas, opostas em termos de cultura e comportamento, conseguem ter uma harmonia ímpar. O mais importante, aqui, é a mensagem que o longa traz e que cutuca a ferida de todo o mundo, inclusive das 'pessoas com mobilidade reduzida’, ou melhor, de pessoas com alguma deficiência. "Intocáveis" prova que ‘essas pessoas’ podem ser felizes e, principalmente, podem desfrutar do que há de melhor na vida, basta que elas aceitem suas condições e procurem a felicidade. É essa moral, inspirada em fatos reais, que fez a produção francesa ganhar notoriedade (é a maior bilheteria de seu país) ao criticar todos aqueles que possuem algum preconceito ou auto discriminação. E tudo isso está retratado em um roteiro bem encaixado, repleto de bom humor (negro), interpretado com maestria pela dupla de protagonista (Omar Sy está impagável) e conduzido de forma brilhante pela dupla Eric Toledano e Oliver Nakache. A ‘intocabilidade’ em questão não é ‘as pessoas’, mas aquilo que as motiva a viver, o que as tornam especiais por valorizarem a vida. Uma lição estimulante e emocionante!
Como ator, Ben Affleck é indigesto, mas como outros cargos por trás das câmeras, como diretor e roteirista (inclusive ganhou um Oscar por "Gênio indomável"), o cara tem surpreendido muita gente, inclusive a mim. Em "Atração perigosa", Affleck prova que pode ir bem mais longe do que se imagina. O filme não traz novidades em termos de premissa e nem de reviravoltas (algumas cenas nos remetem a outras produções), mas se mostra eficiente em sua ação e de uma firmeza na direção de dar inveja a muito diretor em Hollywood. Affleck conduz o longa de forma burocraticamente segura e trabalha os clichês de maneira cativante. As situações são bem amarradas, incluindo a subtrama romântica, o roteiro apresenta bons diálogos e a ambientação de Boston foge do tradicional. "Atração perigosa" é um 'feijão-com-arroz' feito de maneira correta e com tempero equilibrado. Continue assim, Affleck, atrás das câmeras!
Boa sequência do original, mas um tanto quanto desnecessária e previsível no ponto de vista narrativo, o que prova que o surgimento desta continuação é puro marketing, ou seja, faturar em cima do sucesso do primeiro filme. Toda a habilidade e agilidade do protagonista estão de volta. A agilidade, inclusive, está em um grau até maior, o que faz algumas situações ficarem ainda mais 'divertidamente exageradas'. O argumento do enredo é raso e sem novidades: perseguições e vingança (tanto do herói como do vilão). As cenas de ação seguem eficientes, ainda que a edição rápida nas lutas seja incômoda, e a curta duração favorece o bom ritmo da trama. No geral, "Busca Implacável 2" não surpreende, mas funciona bem como 'entretenimento para não se levar a sério'. Que venha a terceira parte prevista para 2015!
A Segunda Guerra Mundial nunca foi ‘tão bela’ como em “Flores do oriente”, filme do cineasta chinês Zhang Yimou, o mesmo de “Heroi” e “O clã das adagas voadoras”. O curioso é que a produção não foi muito bem recebida pela crítica cinematográfica brasileira, ou, pelo menos, por boa parte dos apreciadores dos principais jornais e sites que criticaram a excessividade plástica sobre o sentimentalismo, o que é uma injustiça. . Leia o resto da crítica em
O realismo no cinema foi sempre uma tendência que esteve em evolução e aprimoramento, principalmente nos filmes que exigem ter situações de ação, como lutas, tiroteios, explosões e velocidade. O gênero guerra se encaixa nessa exigência e seu auge na ‘hiper veracidade’ foi “O resgate do soldado Ryan” (1998), de Steven Spielberg. O conceito realista de Spielberg foi inevitavelmente difundido e fitas como “Atrás das linhas inimigas” surgiram e se tornaram referências do realismo na sétima arte. . Leia o resto da crítica em
Quem curtiu a virilidade, o ‘estilo oitentista' e a reunião de ícones do cinema de pancadaria de “Os Mercenários”, irá gostar ainda mais de sua sequência. O que chama a atenção em “Os Mercenários 2” não são os inúmeros tiroteios e explosões que estão em toda a película, mas o bom humor que contorna os novos personagens e contagia o espectador. . Leia o resto da crítica em
Quando digo que um filme é ‘sessão da tarde’ não quer dizer que ele seja ruim, mas, sim, assistível de uma forma descompromissada. Geralmente, produções que insistem na utilização de clichês batidos ou que possuam premissas convencionais preenchem o requisito para se exibir nesse circuito de ‘passatempo’.
“Roubo nas alturas” é mais um longa que deverá ser cansavelmente reprisado nos horários matinais das emissoras de televisão. O filme não é ruim e tão pouco bobo, mas é bem dirigido por Brett Ratner (“A hora do rush” e “X-Men 3”) e inteligentemente divertido.
“Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge” pode não ser tão espetacular ou melhor que o segundo longa da franquia, mas, certamente, trás conclusões bem amarradas para a trilogia do morcego de Christopher Nolan. O diretor não só valoriza os bons diálogos do roteiro e o desenvolvimento de personagens, mas procura inserir drama e psicologia ao heroi, tornando-o mais humano e atraente.
Se alguém assistir “Precisamos falar sobre o Kevin” e disser que tem cara de “A profecia”, serei o primeiro a concordar com tal análise. Não é exagero lembrar-se do longa de terror que fala do nascimento de um anticristo. O tal Kevin, aqui, também consegue ser bastante perturbador, o que faz desta tragédia familiar ser inquietante ao extremo.
“Alexandria” não é só mais um épico que reproduz um grande acontecimento. O filme coloca o dedo na ferida de umas das maiores polêmicas da humanidade, as relações entre política, ciência e religião, a tríade responsável por mudar os rumos da história. . Leia o resto da crítica em
Uma das magias do cinema é o fato de contagiar o espectador mesmo ele sabendo como tudo irá terminar. Filmes baseados em fatos verídicos têm um aspecto negativo e outro positivo. Se por um lado há a previsibilidade narrativa, do outro existe a curiosidade por traz de grandes histórias e saber contá-las e reproduzi-las com realismo é o que faz da sétima arte ser encantadora. . Leia o resto da crítica em
As Bicicletas de Belleville
4.2 341Quem disse que com uma simples estória não se faz um excelente filme? Nos últimos anos, desenhos animados ou animações computadorizadas são gêneros que, graças a simplicidade e a criatividade, têm transformado o grão de areia em pérola! Um exemplo disso é o desenho francês “As Bicicletas de Belleville”, uma singela animação em 2D que conta a divertida jornada de uma adorável vovó em busca de seu neto raptado.
Adotado por sua avó, Madame Souza, o garoto Champion é uma criança tímida, inocente e solitária que, após ter ganhado uma bicicleta quando menino, descobre a paixão pelo ciclismo. Com o passar dos anos e com rigorosos treinamentos impostos pela avó, Champion tornar-se um profissional das duas rodas. Durante o famoso circuito de corridas de bicicleta francês, o Tour de France, ele é sequestrado por dois homens misteriosos, o que faz Madame Souza e seu fiel cachorro Bruno cruzarem as fronteiras do oceano em sua busca para tentar resgatá-lo.
“As Bicicletas de Belleville” é sensacional! Méritos para o roteirista e diretor estreante Sylvain Chomet, que criou um universo charmoso e criativo espelhado no cinema mudo que apresenta uma mistura de raros diálogos, trilha sonora contagiante e gags ao estilo Jacques Tati. Além da simples estória que exibe uma trama envolvente, o encanto, certamente, está no gráfico em 2D que diverte o espectador ao exibir traços caricaturados das feições humanas e dos nostálgicos ambientes com cores leves. Vide a cidade de Belleville que é uma inteligente sátira a Nova Iorque e sua população de gordinhos.
O roteiro, sempre harmonizando drama e um delicioso humor negro, é rico em detalhes visuais ao enfocar e criticar estilos de vida e ao expor interessantes costumes e ideias que são utilizados na dinâmica entre os personagens. A principal peça para as interações na estória é Madame Souza, que tem um jeitinho especial de se comunicar ou de se impor, principalmente na relação que tem com as trigêmeas de Belleville, cantoras de cabaré famosas dos anos 30 que ajudam a avó na procura por Champion.
“As Bicicletas de Belleville”, indicado ao Oscar em duas categorias (Melhor Animação e Canção), é uma grata surpresa e consegue ser cativante ao ponto de querermos rever diversas vezes. Além disso, o filme prova que desenhos em 2D ainda têm muito espaço e criatividade ilimitada na modernidade cinematográfica.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
Nude Nuns with Big Guns
2.6 64“Freiras nuas com grandes armas” me chamou a atenção por seu título inusitado. Apesar do ‘erotismo’ titular, o filme não é uma produção pornô e se apresenta como um ‘rascunho tarantinesco’ de um longa sobre vingança que promete por sua premissa, mas derrapa por ter uma direção que demonstra amadorismo.
Após ser drogada, prostituída e sofrer lavagem cerebral por um clero corrupto, a irmã Sarah decide se vingar de todos que lhe fizeram mal. Ao mesmo tempo que Sarah mata seus ex-atormentadores, a Igreja contrata a impiedosa gangue de motoqueiros “Los Muertos” para perseguir e eliminá-la.
O filme tem uma temática perfeita para uma produção de Robert Rodriguez com roteiro de Quentin Tarantino, já que o fator vingança lembra muito “A balada do pistoleiro” com um visual de “El Mariachi”. No entanto, o projeto de cunho independente caiu nas mãos do diretor e roteirista Joseph Guzman (“Run! Bitch Run!”) que, infelizmente, não soube explorar o longa de maneira mais sedutora, principalmente ao trabalhar mal os estereótipos.
Apesar de algumas figuras que mereciam ser mais emblemáticas, o que faz do filme ser interessante é o modo como o roteiro expõe os clichês e elementos de ‘trash movie’. O elenco caricato, a produção tosca de fotografia quente, a violência crua (estilo Tarantino), a nudez (as vezes gratuita), a atmosfera underground, situações inusitadas e homoeróticas (lesbianismo), o humor negro, a sede de vingança e a ‘discórdia mística’ estão no longa e divertem o espectador.
Na ‘escola Tarantino’, Joseph Guzman provavelmente faltou às aulas de direção e produção, já que percebemos o amadorismo ao conduzir várias cenas em tons novelescos. Contudo, “Freiras nuas com grandes armas” vale pela edição bacana e pela curiosa (e por que não polêmica) premissa sobre a ‘corrupção religiosa’ que financia o tráfico de drogas com direito a ponta para continuação.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
O Amor Não Tira Férias
3.7 1,5K Assista AgoraAmor não correspondido e amores de passagem são assuntos tradicionais em comédias românticas que buscam uma identificação com o público e retratam situações semelhantes com a realidade. A maioria dos filmes que contém esses ingredientes esbarra na falta de criatividade de seus realizadores e é o que acontece com parte de "O amor não tira férias".
Uma trama do filme cai no convencionalismo narrativo e a outra é uma encantadora homenagem a sétima arte. O longa, baseado em um anúncio da internet, retrata a jornada de duas mulheres, uma rica (Amanda) e outra ‘pobretona’ (Iris), que fazem um intercâmbio de casas por temporada. As duas sofrem do mesmo sintoma: desilusões amorosas.
A história da norte-americana produtora de trailers de cinema Amanda é repleta de clichês (o fato de ser rica a deixa alienada ao seu mundo de interesses e por sua insensibilidade que evita de ser humilde e de ter uma vida ‘amorosa saudável’). Não há grandes momentos e o enredo apenas ‘cumpre tabela’ para deixar o longa mais atraente, já que a dupla romântica tem as ‘caras bonitas’ da carismática Cameron Diaz e Jude Law, que faz o tipo ‘safadão’.
O contraponto narrativo é a jornada da inglesa e jornalista Iris, que tem boa performance de Kate Winslet. Apesar de trazer o clichê da ‘pessoa pobre’ (é mais humilde, sensível e compreensiva que as 'pessoas ricas'), ela tem uma relação curiosa com um velho roteirista de cinema e se apaixona por um compositor de trilhas sonoras interpretado por Jack Black, que foge do estilo comediante e consegue exprimir charme e maturidade.
A direção de Nancy Meyers imprime sensibilidade ao filme, mas o seu roteiro peca ao dar ênfase à trama de Amanda ao invés de focar a história sobre Iris, que é mais interessante. Entretanto, o roteiro tem lá seus méritos e acerta em trabalhar algumas passagens como a homenagem ao cinema antigo e nos hilários momentos de metalinguagem. Enfim, é um filme leve e despretensioso, mas de encanto passageiro.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
3 Dias
3.1 18 Assista AgoraUm meteoro a caminho do planeta Terra. Filme de catástrofe? Logo pensamos em “Armageddon”, “Impacto Profundo”, entre outros longas clichês sobre o ‘fim dos tempos’, mas errou quem pensou em ficção científica. Na produção espanhola “Antes da queda”, a temática está na pauta, porém de uma forma bem coadjuvante e surpreendentemente original.
Os títulos do filme, tanto o original (“Tres días”) como o ‘abrasileirado’, refere-se ao tempo e as ações da população terráquea, especialmente de uma pequena cidade ao sul da Espanha, que se mobiliza para sofrer o impacto de um meteoro que promete exterminar a raça humana. Sendo assim, o foco da história é sobre uma humilde família que se vê ameaçada por um assassino que fugiu da prisão e que havia jurado vingança de uma pessoa dessa tal família.
A grande sacada de “Antes da queda” foi não explorar a convencional temática do ‘fim do mundo’ como primeiro plano. A originalidade da trama, que torna o filme atraente, é retratar o ponto de vista de um grupo de pessoas sobre uma constante ameaça de um serial killer em meio ao cenário apocalíptico.
O roteiro, embora tenha pequenos furos, mescla com eficiência a ficção, o drama e o suspense. A violência, a falta de informações dos personagens e o ritmo intenso da película geram situações 'desconfortáveis' e de extrema tensão. A belíssima fotografia em tons amarelados também ajuda na composição da atmosfera densa que varia de visual ora calorosa e suja em tomadas externas ora fria e misteriosa em ambientes escuros.
Além das boas performances dos protagonistas Victor Clavijo e Mariana Cordero, a direção de F. Javier Gutiérrez também merece destaque ao reciclar temas batidos (ameaça catastrófica, vingança, serial killer) e usá-los de forma trivial para criar um suspense de primeira que prende a atenção do início ao fim. Só o clímax nervoso e o desfecho artístico já merecem uma espiada.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
2019: O Ano da Extinção
3.0 808Vampiros fazem parte de um dos temas mais batidos do gênero suspense. Apesar da convencionalidade, filmes sobre esses seres ainda não estão saturados por completo e “2019 – O ano da extinção” é uma prova de que eles não são apenas monstros sedentos por sangue que querem dominar o planeta.
Em um futuro não muito distante, uma epidemia viral transforma toda a população da Terra em vampiros. Com a escassez de humanos e para evitar a proliferação do canibalismo da subespécie, os sanguessugas estudam métodos para criar um sangue sintético que impeçam a extinção da raça. Sem sucesso com 'genéricos sanguíneos', um vampiro hematologista decide se unir com um grupo de humanos para tentar descobrir a cura para a tal ‘doença’.
A trama recicla de maneira atrativa os clichês do gênero e adapta com criatividade detalhes da fórmula do terror ‘zumbi’ com a ficção científica. A interessante metáfora social do roteiro, que nos remete a um problema global no futuro como a escassez de água, insere o vampirismo clássico em um universo que os ‘humaniza’ e os civiliza de forma curiosa (tudo é adaptado para que eles sobrevivam durante o dia e a noite).
Outra boa sacada é o visual caprichado. Enquanto a bela fotografia em tons de azul e verde retrata a frieza plástica dos vampiros, o amarelo contrapõe a realidade dos ‘seres noturnos’ e representa a esperança dos humanos. Os bons efeitos visuais e a violência gráfica são equilibrados e proporcionam realismo, tanto nas cenas de ação como no ambiente social do filme.
Apesar da descoberta da ‘cura’ não convencer tanto e do clímax exageradamente sanguinolento, “2019 – O ano da extinção” surpreende ao ser uma experiência diferente e mais coerente sobre vampiros sem estereotipá-los como meros vilões. É um trabalho autêntico dos diretores Michael e Peter Spiereg que merece ser apreciado pelos fãs do gênero.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
72 Horas
3.6 838 Assista Agora‘Fuga de prisão’ é um tema batidíssimo no cinema, mas é sempre divertido ver como os personagens arquitetam as tais fugas. Em “72 horas”, refilmagem do francês “Tudo por ela” (Pour Elle/2008), faz o inverso disso (quando a fuga é planejada por quem está do lado de fora da prisão) e tenta se expor de maneira pouco convencional, porém sua ‘narrativa trapaceira’ pode decepcionar os mais críticos.
Certo dia, a polícia prende Lara (Elizabeth Banks) em sua casa e a acusa de assassinato. Seu marido John (Russel Crowe), que ficou com a guarda do filho e acredita na inocência da mulher, se frustra com o trabalho de seus advogados que não conseguem tirar Lara da prisão. Após uma tentativa de suicídio da esposa, John consulta um escapista (Liam Neeson) e planeja uma maneira de libertá-la da cadeia.
A primeira hora do filme é de uma tensão ímpar muito bem conduzida pelo roteirista e diretor Paul Haggis (“Crash - No Limite”), que evita exageros, foca no drama dos apaixonados protagonistas e cria uma boa atmosfera de suspense. A trama, à primeira vista, é atraente por ser pouco tradicional em não investir no clichê ‘busca para provar a inocência’.
O roteiro desanda quando a personagem de Elizabeth Banks, que não convence em seu papel, tenta se suicidar, o que faz a figura principal de Crowe, em atuação ‘ok’, a promover atos desesperados. A produção até disfarça bem os exageros fazendo o espectador pensar que tudo está realisticamente bem arquitetado, mas os mais críticos assimilarão que a trama força algumas situações dispensáveis, o que prejudica o ritmo da narrativa.
Enfim, “72 horas” é um filme ‘me engana que eu gosto’, ‘pseudosentimental’, que se traveste de uma ‘pseudoengenhosidade’ e que tem um final ‘pseudofeliz’. Pena que Paul Haggis não usufruiu mais do talento de Olivia Wilde, que aparece pouco.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
2 Coelhos
4.0 2,7K Assista AgoraNo lançamento de “2 Coelhos”, escrito e dirigido pelo estreante Afonso Poyart, a propaganda era de que o espectador iria apreciar algo diferente e inédito no nosso cinema. Se tudo não cria, se copia, de fato, em ‘nível Brasil’, o filme é novidade pelo estilo de produção e é uma grata surpresa nos quesitos criatividade narrativa e cultura pop.
A história gira em torno de Edgar (Fernando Alves Pinto, de “Nosso Lar”), um sujeito com planos ambiciosos que planeja um roubo milionário que envolve um traficante e um político. O protagonista narra em off toda a trama até culminar em seu objetivo, passando por reviravoltas divertidíssimas, imagens espetaculares de explosões e tiroteios e câmeras lentas aos montes.
“2 Coelhos” é uma mistura de estilos e linguagem. O filme tem violência e diálogos nonsense que lembram as produções de Quentin Tarantino, intrigas, elenco caricato e edição ágil e embaralhada que nos remetem aos longas de Guy Ritchie, intertextualidade que envolve o universo dos vídeo games, intervenções visuais que deixam a produção cool e ritmo intenso que mantém sempre o interesse do espectador.
O roteiro, assim como a edição, é um grande quebra-cabeça. A princípio tudo é confuso e, aos poucos, as peças se encaixam. À medida que a historia fica linear na cabeça do espectador, o filme se torna ainda mais atraente e contagiante até culminar no clímax surpreendente.
O cinema brasileiro precisa de uma renovada e “2 Coelhos” é uma prova de que o Brasil tem condições de fazer bons filmes de competência técnica, sem estética televisiva e longe de favelas ou da chamada ‘cosmética da fome’.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
Os Agentes do Destino
3.5 1,1K Assista AgoraAdaptação do conto The Adjustment Team (1954), de Philip K. Dick, “Os Agentes do Destino” tem uma premissa que não é novidade no cinema atual, mas pode agradar boa parte do público que se interesse pelos temas ‘acaso’ e ‘destino’. Não se estranhe caso perceba alguma semelhança teórica com “Matrix”, que recicla algumas ideias sobre os assuntos citados e as exibe de maneira romântica e sensivelmente atraente.
Depois que o congressista David Norris (Matt Damon) se deparou, inesperadamente, com a bailaria Elise Sellas (Emily Blunt), ele é abordado por agentes (que ajudam a controlar o destino das pessoas) que afirmam que seu encontro com Elise não era para ter acontecido. Ao desprezar o que lhe foi dito, Norris acredita que Elise possa ser seu grande amor e passa a procurá-la, mas, paralelamente, os tais agentes trabalham para que um novo encontro não aconteça.
O filme é uma ficção científica, nada futurista, travestida de romance que oferece ao espectador um conteúdo abrangente e reflexivo de essência ‘matrixiana’ em seu roteiro (agentes, manipulação e portas que se abrem para lugares desconexos). Em um ritmo sempre harmonioso, a trama trabalha bem a questão do livre arbítrio nas decisões do protagonista, o principal fio condutor que prende a atenção do espectador por seu mistério, sobretudo, pelos acasos provocados pelos agentes do título.
A reflexão proposta pela narrativa é de grande valia, principalmente quando recorremos à realidade para associarmos algum tipo de trajetória. E esse é o objetivo do longa, que nos faz pensar sobre as escolhas que fazemos durante o percurso de nossa vida até o destino final, o que transforma o filme em um exercício sobre as coisas imperceptíveis que acontecem com o ser humano e que carecem de valor e compreensão.
No fim das contas, “Os Agentes do Destino” tem lá sua previsibilidade romântica que pode não ser impactante em sua conclusão, mas isso não tira o mérito da história que foi bem realizada (não digo bem adaptada porque não li o conto de Philip K. Dick) pelo diretor e roteirista George Nolfi e bem interpretada por Matt Damon e Emily Blunt.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
Água para Elefantes
3.5 2,0K Assista AgoraBaseado no livro homônimo de Sara Gruen, “Água para Elefantes” narra a jornada do estudante de veterinária Jacob Jankowski (Robert Pattinson) que, após perder sua família em um acidente, decide, sem rumo, sair de casa.
Ao pegar um trem clandestinamente, ele acaba caindo em um veículo circense e é recrutado pelo dono do circo August (Christoph Waltz), onde, também, conhece a esposa de seu mandatário, Marlena (Reese Witherspoon), com quem se apaixona.
“Água para Elefantes” tem cara de dramalhão e há clichês narrativos, tanto ‘shakespeareanos’ para o romance como vingativos para o suspense, que nos remete aos grandes épicos de Hollywood. De fato, há esse convencionalismo em torno da produção que conta a história por meio de um longo flashback e narrações em off, mas tudo é feito de maneira equilibrada e com ritmo sempre agradável.
Um dos fatores cativantes do longa é a maneira dócil e verossímil em que personagens e situações são expostas e/ou interagidas na trama, méritos para o bom roteiro adaptado de Richard LaGravenese e pela sensível direção de Francis Lawrence que mantém sempre a atmosfera de alto astral ao invés do melodrama. Claro, há seus dramas e momentos tristes, mas nada que incomode o expectador.
A boa reconstituição de época da ambientação na década de 1930 (em plena depressão nos Estados Unidos), os bons diálogos, o resgate da magia circense, a trilha sonora marcante de James Newton Howard que dita os momentos e a sensibilidade do filme e as ótimas atuações de Robert Pattinson, Hal Holbrook e Christoph Waltz valem o ingresso.
Embora falte um pouco mais de emoção no desfecho (talvez os mais amanteigados possam ir às lágrimas), a obra está longe de ser triste. Enfim, “Água para Elefantes” traz a essência de grande e encantador cinema que consagrou Hollywood. Entretenimento simples, artístico e de qualidade.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KDepois de Martin Scorsese destilando talento no universo infanto-juvenil em “A invenção de Hugo Cabret”, a vez, agora, é de Ang Lee, o cineasta de dramas oscarizados como “O Segredo de Brokeback Mountain” e de produções chinesas como “O tigre e o dragão”. Assim como Scorsese, Lee ‘brinca’ com a tecnologia 3D e se entrega a poesia infantil em “As aventuras de Pi”, seu novo trabalho que lhe rendeu, mais uma vez, uma indicação ao Oscar.
O longa, inspirado no best seller “A Vida de Pi” escrito por Yann Martel, só ganhou notoriedade pela aventura do título quando um adolescente indiano Pi (bem interpretado por Suraj Sharma) sofre um naufrágio no Pacífico e fica à deriva em um bote salva vidas com uma zebra, uma hiena, um macaco e um tigre de bengala, oriundos do zoológico de sua família que estava de transferência para os EUA.
A primeira meia hora é arrastada em flashbacks da infância do chatíssimo protagonista adulto de ‘monofeições’ (Irrfan Khan). Quando começa o naufrágio, vemos o quão é espetacular a dimensão dramática do filme e como é deslumbrante a plasticidade do trabalho de Ang Lee que consegue fazer poesia na fotografia de cores vivas, na integridade do protagonista, na sua interação com a natureza (principalmente com o tigre chamado de Richard Parker) e, claro, na interessante crônica sobre religiosidade e seus simbolismos que o mantém vivo.
Os efeitos visuais são, realmente, espetaculares e ajudam a ditar o ritmo da narrativa com detalhes ‘fabulescos’ encantadores, vide o tigre de bengala totalmente digitalizado que parece real. Sobre o 3D, infelizmente não o assisti assim, mas deve ter ganhado uma dimensão interessante nessa tecnologia.
“As aventuras de Pi” começa com detalhes narrativos que lembram “Quem quer ser um milionário”, passa por situações que nos remetem a “Titanic”, flerta com a dramaticidade de um “Náufrago” e termina como uma incrível estória de “Peixe Grande”.
Crítica publicada no blog Cinetrix:
Atração Perigosa
3.6 689 Assista AgoraAffleck, aqui, não só flerta com o ritmo ‘gato-e-rato’ como, também, valoriza a dramaticidade de seus personagens, o que, de certa forma, faz por merecer elogios ao se preocupar com uma narrativa bem feita, mesmo que seja convencional, ao invés de focar nos cifrões que a mesma proporcionará.
2012
2.6 3,3K Assista AgoraImaginar como seria uma catástrofe sempre me deslumbrou. Quando o cinema resolve destruir ‘cartões postais’, principalmente nos Estado Unidos, logo penso no diretor Roland Emmerich, responsável por quase extinguir os norte-americanos em “Independence Day”, “Godzilla” e “O Dia Depois de Amanhã”.
Em “2012”, Emmerich não economiza tragédias para retratar o ‘fim do mundo’. Para isso, ele parte de uma premissa interessante sobre o mito do calendário Maia que ‘profetiza’ o ‘final dos tempos’ decorrente de desastres ambientais (vulcões, terremotos, maremotos, etc.).
O roteiro traz convencionalismo narrativo e clichês previsíveis em sua trama. A história, repleta de absurdos, investe em detalhes triviais, como heroísmo familiar, desespero e sentimentos generalizados de culpa e de esperança. Talvez essas sensações sejam a lição que Emmerich transmite em seu longa: não ignorar os problemas do meio-ambiente e ‘preservar a natureza’ não é uma mera demagogia.
Os efeitos visuais, que criam várias cenas espetaculares de tirar o fôlego, tornam ‘reais’ o medo que as pessoas têm de um possível colapso e isso é o que interessa no filme. A verossimilhança das tragédias é tão eficiente que dá vontade de rever cada cena para prestar a atenção nos inúmeros detalhes da destruição.
“2012”, embora seja um pouco longo e tenha um clímax politicamente correto, foi um dos maiores entretenimentos de 2009/2010 e, com certeza, está no topo do subgênero ‘filme-catástrofe’. A diversão agradece!
Crítica publicada no blog
Django Livre
4.4 5,8K Assista AgoraFilme de faroeste, em um primeiro momento, parece não ter uma sintonia com o estilo de Quentin Tarantino. “Django livre”, seu mais novo longa, prova que o cineasta interage muito bem com o gênero, principalmente quando se diz respeito a diálogos afiados, violência e muitos tiros.
A produção não é a melhor do diretor e o roteiro ele já escreveu melhores. A época retratada sobre a escravidão nos Estados Unidos é interessante e realista, inclusive serve de justificativa para a sanguinolência crua e, às vezes, divertidamente exagerada. A narrativa é curiosa, mesmo não tendo reviravoltas surpreendentes e sendo mais convencional que autêntica (vale lembrar que os temas ‘mais do mesmo’ soam como homenagens ao gênero).
O script, mais burocrático e sem os pulos temporais que Tarantino costuma escrever, enfatiza demais o personagem de Christoph Waltz (faz o mercenário Dr. King Schultz que ajuda Django a encontrar e libertar sua esposa – sua atuação lembra demais o coronel nazista Hans Landa, em “Bastardos Inglórios”, que ele mesmo fez) e desenvolve pouco o ‘escravo-título’, interpretado por Jamie Foxx. Ainda que não aborde o aprendizado das excepcionais habilidades de Django, só conhecemos sua personalidade justiceira a partir da segunda metade, momento que o filme ganha um ritmo mais envolvente.
Entretanto, o que mais agrada, principalmente aos fãs, mesmo tendo alguns equívocos, é o ‘padrão Tarantino de cinema’, que filma tudo de uma maneira empolgante, bem humorada, com bons diálogos e com criatividade e ação que lhe é peculiar, vide o ótimo terceiro ato. E a presença de Samuel L. Jackson? É a ‘cereja do bolo’, ou melhor, é a ‘bala na agulha’! Valeu mais uma vez, Tarantino!
Crítica publicada em www.cinetrixfilmes.blogspot.com
Intocáveis
4.4 4,1K Assista Agora"Intocáveis" não é mais um filme sobre uma relação de amizade e também não pretende mostrar como duas pessoas, opostas em termos de cultura e comportamento, conseguem ter uma harmonia ímpar. O mais importante, aqui, é a mensagem que o longa traz e que cutuca a ferida de todo o mundo, inclusive das 'pessoas com mobilidade reduzida’, ou melhor, de pessoas com alguma deficiência. "Intocáveis" prova que ‘essas pessoas’ podem ser felizes e, principalmente, podem desfrutar do que há de melhor na vida, basta que elas aceitem suas condições e procurem a felicidade. É essa moral, inspirada em fatos reais, que fez a produção francesa ganhar notoriedade (é a maior bilheteria de seu país) ao criticar todos aqueles que possuem algum preconceito ou auto discriminação. E tudo isso está retratado em um roteiro bem encaixado, repleto de bom humor (negro), interpretado com maestria pela dupla de protagonista (Omar Sy está impagável) e conduzido de forma brilhante pela dupla Eric Toledano e Oliver Nakache. A ‘intocabilidade’ em questão não é ‘as pessoas’, mas aquilo que as motiva a viver, o que as tornam especiais por valorizarem a vida. Uma lição estimulante e emocionante!
Atração Perigosa
3.6 689 Assista AgoraComo ator, Ben Affleck é indigesto, mas como outros cargos por trás das câmeras, como diretor e roteirista (inclusive ganhou um Oscar por "Gênio indomável"), o cara tem surpreendido muita gente, inclusive a mim. Em "Atração perigosa", Affleck prova que pode ir bem mais longe do que se imagina. O filme não traz novidades em termos de premissa e nem de reviravoltas (algumas cenas nos remetem a outras produções), mas se mostra eficiente em sua ação e de uma firmeza na direção de dar inveja a muito diretor em Hollywood. Affleck conduz o longa de forma burocraticamente segura e trabalha os clichês de maneira cativante. As situações são bem amarradas, incluindo a subtrama romântica, o roteiro apresenta bons diálogos e a ambientação de Boston foge do tradicional. "Atração perigosa" é um 'feijão-com-arroz' feito de maneira correta e com tempero equilibrado. Continue assim, Affleck, atrás das câmeras!
Busca Implacável 2
3.5 1,2K Assista AgoraBoa sequência do original, mas um tanto quanto desnecessária e previsível no ponto de vista narrativo, o que prova que o surgimento desta continuação é puro marketing, ou seja, faturar em cima do sucesso do primeiro filme. Toda a habilidade e agilidade do protagonista estão de volta. A agilidade, inclusive, está em um grau até maior, o que faz algumas situações ficarem ainda mais 'divertidamente exageradas'. O argumento do enredo é raso e sem novidades: perseguições e vingança (tanto do herói como do vilão). As cenas de ação seguem eficientes, ainda que a edição rápida nas lutas seja incômoda, e a curta duração favorece o bom ritmo da trama. No geral, "Busca Implacável 2" não surpreende, mas funciona bem como 'entretenimento para não se levar a sério'. Que venha a terceira parte prevista para 2015!
Flores do Oriente
4.2 774 Assista AgoraA Segunda Guerra Mundial nunca foi ‘tão bela’ como em “Flores do oriente”, filme do cineasta chinês Zhang Yimou, o mesmo de “Heroi” e “O clã das adagas voadoras”. O curioso é que a produção não foi muito bem recebida pela crítica cinematográfica brasileira, ou, pelo menos, por boa parte dos apreciadores dos principais jornais e sites que criticaram a excessividade plástica sobre o sentimentalismo, o que é uma injustiça.
.
Leia o resto da crítica em
Atrás das Linhas Inimigas
3.4 119O realismo no cinema foi sempre uma tendência que esteve em evolução e aprimoramento, principalmente nos filmes que exigem ter situações de ação, como lutas, tiroteios, explosões e velocidade. O gênero guerra se encaixa nessa exigência e seu auge na ‘hiper veracidade’ foi “O resgate do soldado Ryan” (1998), de Steven Spielberg. O conceito realista de Spielberg foi inevitavelmente difundido e fitas como “Atrás das linhas inimigas” surgiram e se tornaram referências do realismo na sétima arte.
.
Leia o resto da crítica em
Os Mercenários 2
3.5 2,3K Assista AgoraQuem curtiu a virilidade, o ‘estilo oitentista' e a reunião de ícones do cinema de pancadaria de “Os Mercenários”, irá gostar ainda mais de sua sequência. O que chama a atenção em “Os Mercenários 2” não são os inúmeros tiroteios e explosões que estão em toda a película, mas o bom humor que contorna os novos personagens e contagia o espectador.
.
Leia o resto da crítica em
Roubo nas Alturas
3.1 703 Assista AgoraQuando digo que um filme é ‘sessão da tarde’ não quer dizer que ele seja ruim, mas, sim, assistível de uma forma descompromissada. Geralmente, produções que insistem na utilização de clichês batidos ou que possuam premissas convencionais preenchem o requisito para se exibir nesse circuito de ‘passatempo’.
“Roubo nas alturas” é mais um longa que deverá ser cansavelmente reprisado nos horários matinais das emissoras de televisão. O filme não é ruim e tão pouco bobo, mas é bem dirigido por Brett Ratner (“A hora do rush” e “X-Men 3”) e inteligentemente divertido.
Leia o resto da crítica em
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista Agora“Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge” pode não ser tão espetacular ou melhor que o segundo longa da franquia, mas, certamente, trás conclusões bem amarradas para a trilogia do morcego de Christopher Nolan. O diretor não só valoriza os bons diálogos do roteiro e o desenvolvimento de personagens, mas procura inserir drama e psicologia ao heroi, tornando-o mais humano e atraente.
Leia o resto da crítica em
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraSe alguém assistir “Precisamos falar sobre o Kevin” e disser que tem cara de “A profecia”, serei o primeiro a concordar com tal análise. Não é exagero lembrar-se do longa de terror que fala do nascimento de um anticristo. O tal Kevin, aqui, também consegue ser bastante perturbador, o que faz desta tragédia familiar ser inquietante ao extremo.
Leia o resto da crítica em
Alexandria
4.0 583 Assista Agora“Alexandria” não é só mais um épico que reproduz um grande acontecimento. O filme coloca o dedo na ferida de umas das maiores polêmicas da humanidade, as relações entre política, ciência e religião, a tríade responsável por mudar os rumos da história.
.
Leia o resto da crítica em
À Procura da Felicidade
4.2 2,8K Assista AgoraUma das magias do cinema é o fato de contagiar o espectador mesmo ele sabendo como tudo irá terminar. Filmes baseados em fatos verídicos têm um aspecto negativo e outro positivo. Se por um lado há a previsibilidade narrativa, do outro existe a curiosidade por traz de grandes histórias e saber contá-las e reproduzi-las com realismo é o que faz da sétima arte ser encantadora.
.
Leia o resto da crítica em