Maravilhoso tributo à cantora Elis Regina, uma das maiores cantoras da MPB.
Gostei muito do filme, especialmente porque amo as canções interpretadas por ela, contudo tenho uma crítica a fazer, porquanto o filme fala mais da cantora do que da própria pessoa da Elis Regina, pelo que nesse aspecto o filme é deficiente.
Ao que parece, há uma tendência de mitificar os artistas, especialmente se eles são muito talentosos, como se fossem personalidade sobre humanas, e não simplesmente seres humanos como quaisquer outros, a despeito da genialidade e do lirismo de sua arte, pelo que seria politicamente incorreto apresentar suas deficiências, até porque isso não dá muito ibope.
Mas, não se pode isolar a arte de uma pessoa daquilo que ela é na realidade, se é que procuramos refletir sobre a vida e crescer como pessoas através dos filmes que assistimos, ao invés de somente procuramos um entretenimento agradável com eles. No caso desse filme, enfatizou-se o canto da Elis, pelo que a vida pessoal dela foi passada por alto e sem muita profundidade, especialmente sua maneira de ser, sua vida afetiva e sua militância "política".
Considerando que nós próprios, bem como as pessoas que nos rodeiam, aprendemos mais com "nossos defeitos" do que com "nossas virtudes", pois todos somos seres humanos passíveis de erros e com vocação de nos aperfeiçoarmos como pessoas, então não há razão para deixar de mencionar as deficiências da Elis, algumas bem parecidas com as nossas, porquanto não se faz isso para julgar desnecessariamente alguém, mas sim para aprendermos a amar as pessoas a despeito dos seus defeitos.
Para quem pensa que a grande luta da Elis foi contra as drogas, que acabaram por vitimá-la, devo dizer que isso provavelmente é um engano, porque tudo indica que ela lutava com ela mesma, com sua instabilidade emocional, por causa de sua aparente personalidade borderline, com tendência de amplificar suas emoções, sejam positivas ou negativas, que por fim a levaram as drogas. Se você não sabe o que significa transtorno de personalidade borderline (TPB), veja um excelente artigo no site da psiconlinews sobre isso.
Os dois grandes amores de Elis bem demonstram a realidade de suas emoções. No segundo, ele (Cesar Camargo Mariano) não conseguiu entender o modo de ser dela (borderline). E, no primeiro, foi ela que ainda não tinha conseguido entender que esse seu modo de ser (borderline), aliado com o modo de ser de Ronaldo Bôscoli (mulherengo egoísta), tinha tudo para tornar esse relacionamento fracassado, a despeito de ter sido muito importante para Elis, pois tanto quanto ela o odiava no início, o venerava depois, amor que ela viu bem retratado na canção Fascinação, que ela interpretou como ninguém, e que falava assim:
Os sonhos mais lindos sonhei De quimeras mil um castelo ergui E no teu olhar Tonto de emoção Com sofreguidão Mil venturas previ O teu corpo é luz, sedução Poema divino cheio de esplendor Teu sorriso prende, inebria, entontece És fascinação, amor
A despeito disso tudo, posso dizer que sou "apaixonado" pela Elias Regina, por sua pessoa, por sua arte e por suas lutas, apesar dos seus pesares.
Eis aqui mais um filme incompreendido, daí sua avaliação ser mediana!
SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU O FILME, NÃO SIGA ADIANTE!
Ela é uma médica competente e exigente com seus estagiários, mas um fato chocante irá fazê-la refletir sobre seu humanismo. É que ela, quando está encerrando seu expediente diário, deixa de atender uma mulher que aperta a campainha de seu consultório, e essa mulher é encontrada morta no dia seguinte bem perto dali.
Em face disso, essa médica irá procurar saber quem é essa mulher e irá procurar por pessoas que a conhecem, pois supõe que ela tivesse uma família que irá procurá-la sem saber que ela já morreu. E, nessa procura angustiante, ela resgatará seu humanismo, mostrando que se importa com as pessoas, o que não é muito comum nas cidades grandes, onde cada um ignora o outro e é indiferente ao sofrimento alheio.
Por isso, o filme tem poucos diálogos, porquanto a angústia é um sentimento interior difícil de se expressar com palavras, mas plenamente reconhecido pelas expressões faciais e pelas atitudes concretas que dele decorrem. E foi justamente isso que algumas pessoas acharam monótono no filme.
Por tudo isso, pode se dizer que o filme fala de autêntica solidariedade, daquele tipo que vai além das palavras para se expressar em atitudes concretas, que a revelam!
Eis aqui um filme sueco de muita sensibilidade, que também concorre ao Oscar/2017 como melhor filme estrangeiro.
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Ove, o protagonista do filme, perdeu sua mãe muito cedo, quando ainda era uma criança, e isso foi muito difícil para ele. Depois, quando jovem, veio a perder seu pai, a quem tanto amava. Por fim, achou o seu grande amor numa mulher, que veio a ser sua esposa, mas acabou perdendo-a (bem como o filho que ela carregava em seu ventre) em um trágico acidente. Diante disso, ele perdeu o interesse na existência humana, tornou-se ranzinza e procurava tirar sua vida, algumas vezes de forma trágica e outras de forma hilária.
Assim, o filme fala de afetos e de ternura, fala de amor sensível, mas também fala da brevidade da existência humana. A vida é assim, umas pessoas vão deixando nossa convivência e outras vão entrando nela, mas o amor que sentimos por todas elas jamais há de passar, pois sempre estará conosco, em nosso coração. Mas, a cada perda pessoal, Ove foi amargurando-se até que chegou no seu limite de suportar perdas, pelo que não conseguia entender o amor nem a vida, pois tudo quanto desejava era partir para ir ao encontro de sua falecida esposa.
Contudo, isso passará a mudar com chegada de uma família de "desprezíveis imigrantes persas", e com o contato de um "indesejado amigo gay", quando Ove começará a compreender melhor a realidade da existência humana, na qual as perdas pessoais não nos incapacitam para o amor, e na qual os conflitos emocionais profundos são superados pelo exemplo e pela convivência com pessoas que os têm vencido.
Excelente filme dinamarquês, um dos indicados ao Oscar/2017 para melhor filme estrangeiro. Trata de um grupo de soldados alemães que, após o término da Segunda Guerra Mundial, são obrigados a permanecer em solo dinamarquês para retirar as minas (bombas) que foram colocadas aí pelo exército alemão por achar que seria pela Dinamarca que os aliados invadiriam a Alemanha Nazista.
Considerando que ao final da Segunda Guerra Mundial, o exército alemão praticamente tinha sido dizimado, então se pode concluir, como bem mostra esse filme, que são soldados alemães remanescentes, todos adolescentes, quem irão retirar as minas deixadas no solo dinamarquês, onde serão tiranizados e expostos a grande risco de vida para concluir essa obrigação. Assim, o filme denuncia que, ao final da Segunda Guerra Mundial, havia um revanchismo, pelo qual os aliados se viam no direito de abusar dos vencidos alemães pelos abusos que o exército alemão cometeu durante essa guerra lamentável.
Mas, esse filme vai além desse fato, para nos fazer refletir que nenhuma injustiça atual pode ser justificada por outra anterior, e que, em todos os contextos da vida (especialmente num contexto de pós-guerra), a justiça e até a compaixão devem falar mais alto do que a vingança e a retaliação, se é que de fato a humanidade repudiou a barbárie para abraçar a civilidade. Tanto isso é verdade, que um sargento aliado (dinamarquês), inicialmente apresentado a tiranizar "os meninos-soldados alemães", finalmente se revela sensível ao sofrimento deles.
Que filme precioso! Uma joia de enredo cinematográfico. Concorre ao Oscar/2017 como melhor filme estrangeiro.
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Era uma tribo de nativos, que procurava manter sua identidade cultural e resistir a assimilação de outras culturas. Para sobrevivência da tribo, uma tradição deve ser mantida, a do casamento arranjado por conveniência política. Mas, uma nativa (Wawa) prometida a outra tribo, ama um nativo (Dain) de sua própria tribo, da mesma forma que é amado por ele.
O casal se opõe ao casamento arranjado e, por isso, são tidos como rebeldes e contra uma tradição que poderia salvar sua tribo da extinção. Diante da perseguição que sofrem, o casal não tem outra alterativa, senão cometer o suicídio. Esse extremo sacrifício é considerado um martírio em favor do amor, e diante do seu profundo impacto, as tribos resolvem incluir em suas tradições o casamento por amor.
Assim, o filme nos faz refletir que uma sociedade não é assimilada por outra por tornar suas tradições imutáveis, mas sim por torná-las mais flexíveis e dinâmicas, que tornem mais fácil sua mobilidade na direção da verdade e da justiça, que é um processo constante de aprendizado e de aperfeiçoamento social, que não ignora as necessidades reais da pessoas.
E é belo constatar o exemplo de alguns, que para conservar a verdade em si mesmos e contribuir para que ela alcançasse outras vidas, chegaram inclusive ao sacrifício máximo de darem as suas próprias vidas por isso. São exemplos a serem não somente louvados, mas também seguidos, inclusive ser for necessário um sacrifício máximo, pois diante de toda grande verdade que nos chegou, há sangue dos mártires que as amaram pioneiramente.
Poucas vezes vi um filme tão grotescamente injustiçado pela crítica como esse. Ele é uma joia cinematográfica, mas somente foi lembrado quando a crítica o quis ridicularizar, indicando-o ao "Framboesa de Ouro", como o pior filme do ano. E houve quem se referisse a ele como "cocô de galinha para a alma". E, lamentavelmente, o público de um modo geral tem seguido a crítica, pois parece constrangedor dizer que gostou de um filme que foi virulentamente criticado. Mds, quanta pessoa insensível, sem personalidade e sem gosto bem definido nesse mundo!
Note que há algo errado com a crítica de cinema, especialmente quando ela se expressa de forma tão desrespeitosa como no caso desse filme, cujo pano de fundo (background) mostra conflitos emocionais pela perda de pessoas queridas! Quem sabe o filme seria aceito e até aplaudido de pé se nele fossem colocadas algumas cenas inusitadas com vampiros, ou algumas cenas gratuitas de sexo, ou com sangue espirrando pelas paredes.
Mas não, o filme fala do sentido da vida e dos valores que nela construímos, ainda que seja num contexto de perda emocional. Nesse sentido, o filme é exuberante pelos pensamentos profundos e pelos sentimentos sublimes que nos sugerem, acerca daquilo que mais importa na existência humana, que é breve, pois a morte logo chega, e urge que aprendamos a amar a beleza da vida, ainda que essa beleza por vezes esteja oculta aos olhos, mas jamais ao coração.
Eu gostei muito do filme e acho que ele até merecia um Oscar, pelo que eu o recomendo com louvores!!! Não deixem de assisti-lo, pois o filme é belo, porém sua beleza, tal qual se vê no título sugestivo do filme, é oculta, especialmente aos olhos insensíveis da maioria da crítica.
Excelente filme, mas mal compreendido em sua proposta, dada a complexidade da interdependência de fatores dentro de sua temática principal, que é o chamado "sonho americano" (no seu sentido mais extenso), no qual as pessoas são compelidas a serem "bem sucedidas" em todas as áreas da vida.
Assim, de acordo com "sonho americano", as pessoas, no campo profissional, deveriam viver na riqueza e gozar das coisas que ela proporciona. No campo sentimental, deveriam ser casadas com outras pessoas bem sucedidas, que são admiradas por todos, seja pela sua beleza, seja por sua proeminência nos esportes, seja pelos bens que possuem, etc. No campo social, deveriam ser reconhecidas por todos como uma família de destaque, que transmite seu "status quo" a sua posteridade.
Ao que parece, o filme procura demonstrar não somente a inconsistência e futilidade do "sonho americano", mas também as suas próprias contradições, que são precursoras, por assim dizer, de um "pesadelo americano", quando atitudes extremistas e terroristas surgem como uma resposta natural ao opressivo "status quo".
Daí, pode se dizer, de acordo com o filme, que tanto quanto mais opressiva for a realidade vigente, tanto mais extremista será a realidade do porvir que se lhe opõe naturalmente. Esse extremismo é inaceitável, e sempre haverá de ser, mas quem não entende a realidade desse extremismo (mesmo não o aceitando) é porque ignora a opressividade de se manter alguém a duras penas no conformismo do "status quo".
Isso tudo é muito triste, mas é a realidade, lamentavelmente! Então, que esse filme possa nos levar a uma profunda reflexão sobre o vigente "status quo" social, para termos uma consciência esclarecida e uma resposta equilibrada diante dele, que seja adequada a uma mudança de valores na sociedade, que possa contribuir de fato com o bem comum.
Esse é um daqueles filmes que ninguém pode deixar de ver. Baseado em caso real, no qual o historiador David Irving processou por difamação a escritora e professora Deborah E. Lipstadt em razão dela ter questionado a honestidade e o caráter dele por negar o acontecimento histórico do holocausto.
Por incrível que pareça, ainda há pessoas desonestas ou ignorantes que negam o holocausto, por razões como estas: a) não há provas que o nazismo nem Hitler perseguiram os judeus; b) não há provas de tentativas de extermínio de judeus na Europa durante a segunda guerra mundial, sendo exagerado o número de mortes de judeus nesse período, e, os que morreram nessa ocasião, não foi por antissemitismo; c) o holocausto é um complô sionista para fazer propaganda nacionalista de Israel e de sua religião; d) que o campo de concentração de Auschwitz fazia parte da propaganda sionista, que jamais foi usado para extermínio de judeus, sendo que no lugar nunca houve um forno para incinerar judeus.
Assim, o roteiro do filme transcorre-se na coleta de provas desses fatos que foram negados (não se poderia usar como prova, o testemunho dos sobreviventes do holocausto), bem como daqueles relativos a desonestidade pessoal e intelectual do referido "historiador" por negar tais fatos, provas essas que depois seriam apresentadas em um julgamento histórico.
Por fim, o filme leva-nos a considerar que se um fato histórico (especialmente se ele teve tanta repercussão como o holocausto) é negado ao invés de reconhecido com repúdio por sua monstruosidade, então isso condena historicamente o mundo a repeti-lo, pois lhe retira a oportunidade de aprender lições humanitárias com isso. É que um erro monstruoso passado deve condicionar nossa conduta de repúdio no presente, para que ele não seja reprisado no futuro.
Esse filme revela o relacionamento afetivo que foi a base para a Suprema Corte Americana abolir a proibição de casamentos interraciais nos Estados Unidos, pois muitos Estados Americanos, após a abolição da escravatura com a Guerra da Secessão, ainda continuaram proibindo o casamento entre brancos e negros.
O filme é de uma simplicidade e de uma autenticidade comovente, pois procurou retratar fielmente o casal interracial, sem estrelismo desnecessário e deturpador da realidade. Ele, Richard Loving, um homem branco comum, um pedreiro muito quieto e responsável. Ela, Mildred Loving, uma mulher negra comum, uma simples dona de casa de temperamento tímido. Mas, entre eles, um amor verdadeiro que não admitia deixar de ser atestado por uma certidão que o tornasse público, e um amor forte que ousava desafiar a pena legal de prisão para o caso de casamento interracial.
Ao julgamento final, onde seria decidido o processo acerca desse casamento interracial histórico, Richard decide não comparecer para preservar Mildred dos ataques pessoais. Mas, quando interpelado por seus advogados, que lhe perguntaram se ele queria que, em seu nome, fosse dito alguma coisa para os juízes da Suprema Corte, ele respondeu simplesmente que... (vejam o filme para ver a resposta). Após, a morte de Richard, Mildred foi entrevistada, e testemunhou sobre o amor que sentia por ele dizendo... (vejam isso no filme também).
Por fim, é interessante que o sobrenome do casal em questão fosse LOVING (significando amoroso, terno, etc), vez que é disso que tratou o caso judicial deles, porquanto o casamento entre seres humanos, independente da cor pele, é algo inato, tal qual o amor e a ternura que o justifica.
Esse filme tem sido avaliado de forma muito ruim, contudo isso se deve a uma falta de compreensão do seu sentido básico. Pode não ser um grande filme, mas tem uma mensagem bem consistente. É que o filme procura desenvolver a ideia de que uma pessoa possa ter passado por experiências ruins, possa ter cometido erros grosseiros e estar confusa com os seus sentimentos e com sua sexualidade, mas ainda assim precisa ter uma chance de mudar, corrigir o curso de sua vida e ser feliz.
Tanto isso é uma verdade, que o filme mostra o relacionamento de um casal (um homem e uma mulher), sendo que inicialmente ela é mostrada cometendo erros monstruosos, mas depois ele também é apresentado cometendo erros semelhantes. Daí, a mensagem do filme fica clara: nos relacionamentos afetivos, se não formos sensíveis e compreensivos com os erros que nossas parceiras (ou parceiros) cometem no curso do seu crescimento pessoal, de compreensão da vida e de aprendizado de amar, então, nem nós nem nossas amadas (ou amados) teríamos chance alguma de sermos pessoas e amantes melhores, bem como de sermos verdadeiramente felizes.
Filme essencialmente profundo, mas com roupagem didática e lírica dos contos de fadas. Fala de perda de pessoas queridas, mas fala também da possibilidade de nos perdermos quando perdemos pessoas amadas. Fala ainda do sofrimento de não querermos que partam dessa vida as pessoas a quem amamos, porém fala também da culpa contraditória que podemos sentir quando, já não mais suportando sofrer por ver o sofrimento daqueles que amamos, estamos propensos "a abrir mão da vida deles" para que partam. O filme nos faz mergulhar em sentimentos intensos...
Ninguém pode conhecer o mundo moderno sem conhecer a história de Edward Snowden, contada nesse filme. É que Snowden participou ativamente dos programas de espionagem/contra-espionagem do governo americano e ficou mundialmente conhecido por denunciar na imprensa como as agências governamentais de inteligência usam criminosamente os recursos da internet para vasculhar a vida e a intimidade das pessoas, com o propósito de chantageá-las para que satisfaçam algum interesse político ou econômico do país extorquidor.
Apesar do ordenamento jurídico constitucional das nações civilizadas consagrarem o princípio da inviolabilidade da intimidade das pessoas, salvo quando isso é autorizado judicialmente, certo é que essas agências de inteligência, especialmente a americana, ignoram cinicamente esse fato para assegurar sua supremacia econômica e militar.
E o interessante nisso, é que as grandes empresas do setor da internet (tais como Facebook, Google, Aple, Microsoft, etc) tem oferecido (sabe Deus, por quanto dinheiro ou privilégio quantificado financeiramente) os seus bancos de dados e, algumas vezes, até prestando serviços diretos e próprios de inteligência governamental, tais como experiências psicológicas relativas a mudança do comportamento humano através do poder de sugestão, com finalidade de manipular a vontade das massas populacionais para conquistar objetivos ilícitos.
Apesar de esse filme ser muito simples - e até ingênuo para alguns - posso dizer que o amei. Fala de um modo de vivenciar a adolescência e a juventude através da música e da poesia, mas não como uma forma alienada de fugir das realidades da vida, pois o filme mostra adolescentes e jovens refletindo sobre as suas identidades, vocações e missões como seres humanos no seu sentido mais elevado. E essa reflexão leva-los-ão a buscarem os seus sonhos e também a se oporem à tirania daqueles que, por serem ignorantes das realidades da vida, só se prestam para atrapalhar o caminho de autodescoberta dos outros.
O filme é interessante porque fala da realidade da Segunda Guerra Mundial no contexto de pais alemães que perderam seu filho em campo de batalha. Então, depois disso, eles partem para um questionamento velado ao regime nazista, escrevendo cartões de denúncia que são deixados anonimamente em vários lugares de Berlin. Mas daí eu me pergunto: será que alguém só vai ver a desgraça de uma guerra e ser militante contra ela quando sofrer grande perda pessoal por causa dela?
Aqui temos outro filme polêmico com temática religiosa do diretor Martin Scorsese, que antes já tinha dirigido "A Última Tentação de Cristo", onde supostamente Cristo é apresentado com dúvidas religiosas acerca de sua missão redentora, e agora mais recentemente dirigiu o presente filme, baseado no romance "O Silêncio" do escritor Shusaku Endo, onde padres católicos, ao invés de aceitarem o martírio para não renunciar sua fé cristã, acabam fazendo justamente o oposto para salvar cristãos da tortura.
Martin Scorcese, que iria ser padre na sua adolescência, fez esse filme para homenagear os cristãos japoneses e seus pastores, em face da perseguição desumana e cruel que enfrentaram no Japão no século XVII. E Liam Neeson, que interpretou o padre Ferreira no filme e que também professa o catolicismo, disse que o filme nos faz refletir sobre a realidade de Deus e da Religião.
Ainda que o filme trate especificamente da perseguição ao cristianismo quando de sua introdução no Japão, podemos vislumbrar que de um modo geral o filme nos faz refletir sobre a crença religiosa num contexto de violência.
Assim, somente para exemplificar, poderíamos aqui fazer uma indagação, dentre muitas outras que o filme implicitamente sugere: se as religiões visam a Deus (e Deus seria Santo e Justo, Amoroso e Misericordioso), então não seria contraditório que, no conflito de ideias religiosas, a questão teológica saísse do debate de ideias para acabar em perseguição intolerante, onde a tortura física e psicológica, bem como o assassinato, fossem plenamente justificáveis?
Ao meu humilde critério, se uma religião para prevalecer no mundo, contra outra religião ou para se perpetrar no meio da sociedade, precisar se impor pela violência, então essa religião não tem nada haver com Deus, e sua mensagem não é divina nem tem o poder de convencer pelo bom exemplo, antes é uma mera criação humana e uma expressão do pior que existe no gênero humano, pelo que deve ser repudiada como uma falsa espiritualidade.
Este filme é triste e seu protagonista inspira compaixão, e há uma razão para isso. É que o protagonista, por ser viciado em álcool, já sofre a sua condição, mas o filme ainda faz dele a causa de uma tragédia ligada ao alcoolismo. E como se tudo isso já não bastasse, o filme ainda mergulha o protagonista em tremenda solidão, porquanto ele, vendo-se irremediavelmente vencido pelo alcoolismo, procura afastar a possibilidade de um relacionamento romântico para não ferir as pessoas a quem possa amar.
Considerando que, em nenhum momento, o protagonista é retratado procurando vencer sua dependência alcoólica, logo se constata que o sentido do filme não está no fato da possibilidade de remediar o vício pela reabilitação dos viciados, o que nos induziria a ver isso como um defeito do filme. Porém, ao que parece, o filme procurou nos chocar intensamente com a triste situação do protagonista como um modo de nos prevenir quanto ao fato de nos expormos ao vício.
Diante disso, concluímos que o filme segue a máxima de que "é melhor prevenir do que remediar". Isso é muito válido, pois os vícios reconhecidamente são difíceis de remediar, sendo que, muitas vezes, é necessário uma força de vontade hercúlea para os superar, pelo que é mais fácil prevenir do que remediar esse casos. Daí, pode se entender e justificar o filme pelo imenso sofrimento que revelou na pessoa do protagonista, pois esse fato é aplicação didática do choque emocional como fator decisivo para nos conscientizar eficazmente da necessidade de prevenir os riscos do vício.
Antes, Mel Gibson, como ator, já tinha figurado em um filme de guerra ("Fomos Heróis") mostrando-nos o heroísmo em campo de batalha, que significava matar muitos inimigos. Agora, como diretor, ele nos mostra um heroísmo diferente, no qual o herói (um opositor consciente da guerra) salva muitos dos seus companheiros e inclusive alguns inimigos, na qualidade de integrante do corpo médico do exército, pelo que acaba sendo condecorado como herói sem jamais te usado uma arma. Grande lição de vida, especialmente porque o filme é baseado em fatos reais, contando a história do primeiro Opositor Consciente a ganhar uma condecoração por heroísmo.
EXCELENTE FILME! Conta a história de mulheres negras (uma engenheira espacial, uma programadora de computador e uma especialista em cálculos matemáticos avançados), integrantes dos grupo de "computadoras negras" da NASA, que tiveram contribuição decisiva para o sucesso do programa espacial americano. Contar essa história, que o racismo e o machismo gostaria de ocultar, foi uma forma de resgatar a memória dessas três brilhantes mulheres negras e de lhes fazer justiça por reconhecer os seus méritos.
Segundo o modo como idealizo o mundo, esse filme tem as suas virtudes e os seus defeitos. As virtudes são mais facilmente notadas que os defeitos, daí vou me deter mais nos defeitos do que nas virtudes. Porém, antes de fazer uma crítica ao filme, irei fazer uma breve análise dele, para que assim minha crítica seja melhor compreendida.
Começando pela análise, devo salientar que ambos protagonistas são artistas que amam sua arte. Ele é um músico amante do Jazz, e ela é uma atriz/dramaturga que ama a representação dramática desde sua infância. E cada qual ama sua arte de tal maneira, que não conseguem entender a vida fora do aspecto particular de sua arte, pelo que estão dispostos até mesmo a sacrificar o relacionamento romântico entre eles se a permanência desse relacionamento significar abdicar dos seus respectivos sonhos artísticos.
Essa noção de sacrifício pela arte fica bem clara no final do filme, quando uma linha alternativa de fatos nos é apresentada para revelar que a manutenção do relacionamento romântico entre eles acarretaria a morte do sonho artístico, pois eles deixariam de ser artistas para serem respectivamente pai de família e dona de casa e, por consequência, somente meros apreciadores da arte.
Mas, um detalhe deve ser notado, que reside no fato de que há um contraste entre as suas artes, pois enquanto o Jazz está morrendo, a arte dramática está em franca ascensão. Assim, enquanto ele sonha abrir um clube (público restrito) para execução e divulgação das músicas do Jazz, já ela sonha compor e representar peças para o cinema (grande público), pelo que a ideia de sucesso para ambos é diferente, ainda que similar. Daí, o diretor do presente filme aparece para eliminar o referido contraste, porquanto, fazendo um filme sobre o Jazz - que certamente importou em algum sacrifício pessoal - ele coloca esse gênero musical diante do grande público do cinema, dando assim uma contribuição eficaz para a sua perpetuação.
Agora, já partindo para uma crítica, devo dizer que o filme padece de pelo menos dois defeitos, que a meu juízo são graves. Primeiramente, ele apresenta a arte como um fim em si mesmo, como um simples gosto pessoal que pode ser compartilhado com outros, o que deixa a arte alienada de sua vocação humanitária, especialmente como instrumento de despertamento da consciência para a necessidade de justiça social. Além disso, esse filme ainda apresenta a arte no contexto de sonho desvinculado de uma necessidade básica do gênero humano, onde o que mais importa são as falsas noções de sucesso pessoal e de projeção profissional, e onde a popularidade vale mais do que a autenticidade com que se vivencia sua arte como um modo de promover valores essenciais da nossa humanidade.
Esse filme nos leva a refletir como as circunstâncias da vida (pobreza, violência doméstica, etc) podem afetar o modo de ser das pessoas, e como os sentimentos delas (amor/ódio amizade/inimizade, etc) podem ser a força motriz do seu modo de agir.
Aí, eu me pergunto: As pessoas são o que são por causa das circunstâncias que passaram pela vida, ou pelo modo como processaram interiormente essas circunstâncias? O que nos define são as circunstâncias pelas quais passamos, ou o modo como reagimos a elas? Se sou movido por amor, tudo que faço é justificável? Se não faço para mim mesmo, mas para aqueles a quem amo, então tudo que faço nesse sentido é justificável? O amor é só um sentimento "lindo", ou também tem que ser ético.
Daí, eu me vejo respondendo: É compreensível que o pobre roube, mas jamais a sua pobreza injusta justificará os seus atos injustos. É compreensível que quem foi vítima de violência doméstica torne-se um adulto violento, mas jamais a violência será justificada por outra violência. É compreensível que, movidos por amor, façamos o bem a quem amamos, mas jamais esse amor poderá ser justificado se amar alguns significar odiar outros e se fazer o bem a alguns significar fazer o mal a outros.
Ah! Se todos entendessem que nosso caráter (aquilo que somos) só depende de nós mesmos, e não das circunstâncias passadas, e que nossa conduta presente (aquilo que fazemos) é uma decorrência natural do nosso caráter, que formamos no curso da nossa existência enquanto vivenciamos nossas experiências pessoais, quer sejam sob circunstâncias boas ou ruins. E só nós mesmos poderemos determinar como essas circunstâncias afetarão nossas vidas.
Ainda estou atordoado diante do impacto que me causou este filme. Fui assaltado por uma multidão de pensamentos e por uma avalanche de sentimentos, ao refletir sobre o exemplo de vida de uma mulher que, apesar de ser diagnosticada como portadora de um câncer de mama que lhe iria vitimar, seguiu com sua vida amando e rindo, ainda que entre lágrimas e dores, pois a vida jamais deixará de ser uma mistura de tudo isso.
Deixando de lado a excelente atuação de Amy Adams, parece que o filme quer nos levar a refletir sobre as decisões que tomamos, deixando-nos a advertência de que os nossos erros, ainda que mais tarde possamos nos arrepender deles, podem ter consequências catastróficas que não podem mais serem mudadas.
É que Susan (Amy Adans) tomou uma decisão errada ao não seguir o seu coração, deixando de assumir um relacionamento com Edward (Jake Gylenhaal), que a poderia fazer feliz. Além disso, ela chegou mesmo ao absurdo de fazer um aborto de um filho que seria dele. Posteriormente em sua vida, estando infeliz, ela constata os seus erros do passado, mas as consequências dele já não podem mais serem mudadas.
Mas há um ponto negativo na mensagem do filme, porquanto nele não há oportunidade para o perdão. Ora, todos nós cometemos erros na vida, e erros que muitas vezes terão consequências incontornáveis, pelo que afastar a possibilidade de arrependimento e a necessidade de perdão é levar a vida a um fatalismo cruel que rejeita a ideia de que podemos crescer aprendendo com nossos erros e assim nos tornarmos pessoas melhores, ao invés de simplesmente nos tornarmos pessoas amargas e tristes sob o peso de uma culpa monstruosa.
Essa própria temática de ausência de arrependimento e de necessidade de perdão pode ser vista na relação de Susan com sua mãe. De fato, a mãe de Susan cometeu erros que exigiam arrependimento, mas isso não aconteceu, enquanto Susan, por sua vez, não perdoou os erros de sua mãe, que era necessário acontecer para que Susan fosse liberada desse sentimento negativo. O resultado disso é que ela acabou se tornando exatamente aquilo que ela criticava em sua mãe, reprisando assim os erros desta.
Ainda que o filme tenha o mérito de tirar da tela o sorriso clichê do Tom Cruise, os personagens não cativam nem o enredo convence. Decepcionei-me com o filme, e só lhe dei uma nota acima da média por pura generosidade da minha parte, na lembrança de momentos melhores do Cruise.
Simplesmente triste, mas deslumbrante pelas interpretações de Vikander, Fassbender e Weisz. Acima de tudo, um filme que nos deixa lições de vida, especialmente da necessidade de sabermos lidar com as situações difíceis da vida e perdoarmos as injustiças sofridas.
Elis
3.5 522 Assista AgoraMaravilhoso tributo à cantora Elis Regina, uma das maiores cantoras da MPB.
Gostei muito do filme, especialmente porque amo as canções interpretadas por ela, contudo tenho uma crítica a fazer, porquanto o filme fala mais da cantora do que da própria pessoa da Elis Regina, pelo que nesse aspecto o filme é deficiente.
Ao que parece, há uma tendência de mitificar os artistas, especialmente se eles são muito talentosos, como se fossem personalidade sobre humanas, e não simplesmente seres humanos como quaisquer outros, a despeito da genialidade e do lirismo de sua arte, pelo que seria politicamente incorreto apresentar suas deficiências, até porque isso não dá muito ibope.
Mas, não se pode isolar a arte de uma pessoa daquilo que ela é na realidade, se é que procuramos refletir sobre a vida e crescer como pessoas através dos filmes que assistimos, ao invés de somente procuramos um entretenimento agradável com eles. No caso desse filme, enfatizou-se o canto da Elis, pelo que a vida pessoal dela foi passada por alto e sem muita profundidade, especialmente sua maneira de ser, sua vida afetiva e sua militância "política".
Considerando que nós próprios, bem como as pessoas que nos rodeiam, aprendemos mais com "nossos defeitos" do que com "nossas virtudes", pois todos somos seres humanos passíveis de erros e com vocação de nos aperfeiçoarmos como pessoas, então não há razão para deixar de mencionar as deficiências da Elis, algumas bem parecidas com as nossas, porquanto não se faz isso para julgar desnecessariamente alguém, mas sim para aprendermos a amar as pessoas a despeito dos seus defeitos.
Para quem pensa que a grande luta da Elis foi contra as drogas, que acabaram por vitimá-la, devo dizer que isso provavelmente é um engano, porque tudo indica que ela lutava com ela mesma, com sua instabilidade emocional, por causa de sua aparente personalidade borderline, com tendência de amplificar suas emoções, sejam positivas ou negativas, que por fim a levaram as drogas. Se você não sabe o que significa transtorno de personalidade borderline (TPB), veja um excelente artigo no site da psiconlinews sobre isso.
Os dois grandes amores de Elis bem demonstram a realidade de suas emoções. No segundo, ele (Cesar Camargo Mariano) não conseguiu entender o modo de ser dela (borderline). E, no primeiro, foi ela que ainda não tinha conseguido entender que esse seu modo de ser (borderline), aliado com o modo de ser de Ronaldo Bôscoli (mulherengo egoísta), tinha tudo para tornar esse relacionamento fracassado, a despeito de ter sido muito importante para Elis, pois tanto quanto ela o odiava no início, o venerava depois, amor que ela viu bem retratado na canção Fascinação, que ela interpretou como ninguém, e que falava assim:
Os sonhos mais lindos sonhei
De quimeras mil um castelo ergui
E no teu olhar
Tonto de emoção
Com sofreguidão
Mil venturas previ
O teu corpo é luz, sedução
Poema divino cheio de esplendor
Teu sorriso prende, inebria, entontece
És fascinação, amor
A despeito disso tudo, posso dizer que sou "apaixonado" pela Elias Regina, por sua pessoa, por sua arte e por suas lutas, apesar dos seus pesares.
A Garota Desconhecida
3.2 112 Assista AgoraEis aqui mais um filme incompreendido, daí sua avaliação ser mediana!
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Ela é uma médica competente e exigente com seus estagiários, mas um fato chocante irá fazê-la refletir sobre seu humanismo. É que ela, quando está encerrando seu expediente diário, deixa de atender uma mulher que aperta a campainha de seu consultório, e essa mulher é encontrada morta no dia seguinte bem perto dali.
Em face disso, essa médica irá procurar saber quem é essa mulher e irá procurar por pessoas que a conhecem, pois supõe que ela tivesse uma família que irá procurá-la sem saber que ela já morreu. E, nessa procura angustiante, ela resgatará seu humanismo, mostrando que se importa com as pessoas, o que não é muito comum nas cidades grandes, onde cada um ignora o outro e é indiferente ao sofrimento alheio.
Por isso, o filme tem poucos diálogos, porquanto a angústia é um sentimento interior difícil de se expressar com palavras, mas plenamente reconhecido pelas expressões faciais e pelas atitudes concretas que dele decorrem. E foi justamente isso que algumas pessoas acharam monótono no filme.
Por tudo isso, pode se dizer que o filme fala de autêntica solidariedade, daquele tipo que vai além das palavras para se expressar em atitudes concretas, que a revelam!
Um Homem Chamado Ove
4.2 382 Assista AgoraEis aqui um filme sueco de muita sensibilidade, que também concorre ao Oscar/2017 como melhor filme estrangeiro.
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Ove, o protagonista do filme, perdeu sua mãe muito cedo, quando ainda era uma criança, e isso foi muito difícil para ele. Depois, quando jovem, veio a perder seu pai, a quem tanto amava. Por fim, achou o seu grande amor numa mulher, que veio a ser sua esposa, mas acabou perdendo-a (bem como o filho que ela carregava em seu ventre) em um trágico acidente. Diante disso, ele perdeu o interesse na existência humana, tornou-se ranzinza e procurava tirar sua vida, algumas vezes de forma trágica e outras de forma hilária.
Assim, o filme fala de afetos e de ternura, fala de amor sensível, mas também fala da brevidade da existência humana. A vida é assim, umas pessoas vão deixando nossa convivência e outras vão entrando nela, mas o amor que sentimos por todas elas jamais há de passar, pois sempre estará conosco, em nosso coração. Mas, a cada perda pessoal, Ove foi amargurando-se até que chegou no seu limite de suportar perdas, pelo que não conseguia entender o amor nem a vida, pois tudo quanto desejava era partir para ir ao encontro de sua falecida esposa.
Contudo, isso passará a mudar com chegada de uma família de "desprezíveis imigrantes persas", e com o contato de um "indesejado amigo gay", quando Ove começará a compreender melhor a realidade da existência humana, na qual as perdas pessoais não nos incapacitam para o amor, e na qual os conflitos emocionais profundos são superados pelo exemplo e pela convivência com pessoas que os têm vencido.
Terra de Minas
4.2 260 Assista AgoraExcelente filme dinamarquês, um dos indicados ao Oscar/2017 para melhor filme estrangeiro. Trata de um grupo de soldados alemães que, após o término da Segunda Guerra Mundial, são obrigados a permanecer em solo dinamarquês para retirar as minas (bombas) que foram colocadas aí pelo exército alemão por achar que seria pela Dinamarca que os aliados invadiriam a Alemanha Nazista.
Considerando que ao final da Segunda Guerra Mundial, o exército alemão praticamente tinha sido dizimado, então se pode concluir, como bem mostra esse filme, que são soldados alemães remanescentes, todos adolescentes, quem irão retirar as minas deixadas no solo dinamarquês, onde serão tiranizados e expostos a grande risco de vida para concluir essa obrigação. Assim, o filme denuncia que, ao final da Segunda Guerra Mundial, havia um revanchismo, pelo qual os aliados se viam no direito de abusar dos vencidos alemães pelos abusos que o exército alemão cometeu durante essa guerra lamentável.
Mas, esse filme vai além desse fato, para nos fazer refletir que nenhuma injustiça atual pode ser justificada por outra anterior, e que, em todos os contextos da vida (especialmente num contexto de pós-guerra), a justiça e até a compaixão devem falar mais alto do que a vingança e a retaliação, se é que de fato a humanidade repudiou a barbárie para abraçar a civilidade. Tanto isso é verdade, que um sargento aliado (dinamarquês), inicialmente apresentado a tiranizar "os meninos-soldados alemães", finalmente se revela sensível ao sofrimento deles.
Tanna
3.3 73 Assista AgoraQue filme precioso! Uma joia de enredo cinematográfico. Concorre ao Oscar/2017 como melhor filme estrangeiro.
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Era uma tribo de nativos, que procurava manter sua identidade cultural e resistir a assimilação de outras culturas. Para sobrevivência da tribo, uma tradição deve ser mantida, a do casamento arranjado por conveniência política. Mas, uma nativa (Wawa) prometida a outra tribo, ama um nativo (Dain) de sua própria tribo, da mesma forma que é amado por ele.
O casal se opõe ao casamento arranjado e, por isso, são tidos como rebeldes e contra uma tradição que poderia salvar sua tribo da extinção. Diante da perseguição que sofrem, o casal não tem outra alterativa, senão cometer o suicídio. Esse extremo sacrifício é considerado um martírio em favor do amor, e diante do seu profundo impacto, as tribos resolvem incluir em suas tradições o casamento por amor.
Assim, o filme nos faz refletir que uma sociedade não é assimilada por outra por tornar suas tradições imutáveis, mas sim por torná-las mais flexíveis e dinâmicas, que tornem mais fácil sua mobilidade na direção da verdade e da justiça, que é um processo constante de aprendizado e de aperfeiçoamento social, que não ignora as necessidades reais da pessoas.
E é belo constatar o exemplo de alguns, que para conservar a verdade em si mesmos e contribuir para que ela alcançasse outras vidas, chegaram inclusive ao sacrifício máximo de darem as suas próprias vidas por isso. São exemplos a serem não somente louvados, mas também seguidos, inclusive ser for necessário um sacrifício máximo, pois diante de toda grande verdade que nos chegou, há sangue dos mártires que as amaram pioneiramente.
Beleza Oculta
3.7 887 Assista AgoraPoucas vezes vi um filme tão grotescamente injustiçado pela crítica como esse. Ele é uma joia cinematográfica, mas somente foi lembrado quando a crítica o quis ridicularizar, indicando-o ao "Framboesa de Ouro", como o pior filme do ano. E houve quem se referisse a ele como "cocô de galinha para a alma". E, lamentavelmente, o público de um modo geral tem seguido a crítica, pois parece constrangedor dizer que gostou de um filme que foi virulentamente criticado. Mds, quanta pessoa insensível, sem personalidade e sem gosto bem definido nesse mundo!
Note que há algo errado com a crítica de cinema, especialmente quando ela se expressa de forma tão desrespeitosa como no caso desse filme, cujo pano de fundo (background) mostra conflitos emocionais pela perda de pessoas queridas! Quem sabe o filme seria aceito e até aplaudido de pé se nele fossem colocadas algumas cenas inusitadas com vampiros, ou algumas cenas gratuitas de sexo, ou com sangue espirrando pelas paredes.
Mas não, o filme fala do sentido da vida e dos valores que nela construímos, ainda que seja num contexto de perda emocional. Nesse sentido, o filme é exuberante pelos pensamentos profundos e pelos sentimentos sublimes que nos sugerem, acerca daquilo que mais importa na existência humana, que é breve, pois a morte logo chega, e urge que aprendamos a amar a beleza da vida, ainda que essa beleza por vezes esteja oculta aos olhos, mas jamais ao coração.
Eu gostei muito do filme e acho que ele até merecia um Oscar, pelo que eu o recomendo com louvores!!! Não deixem de assisti-lo, pois o filme é belo, porém sua beleza, tal qual se vê no título sugestivo do filme, é oculta, especialmente aos olhos insensíveis da maioria da crítica.
Pastoral Americana
3.1 103 Assista AgoraExcelente filme, mas mal compreendido em sua proposta, dada a complexidade da interdependência de fatores dentro de sua temática principal, que é o chamado "sonho americano" (no seu sentido mais extenso), no qual as pessoas são compelidas a serem "bem sucedidas" em todas as áreas da vida.
Assim, de acordo com "sonho americano", as pessoas, no campo profissional, deveriam viver na riqueza e gozar das coisas que ela proporciona. No campo sentimental, deveriam ser casadas com outras pessoas bem sucedidas, que são admiradas por todos, seja pela sua beleza, seja por sua proeminência nos esportes, seja pelos bens que possuem, etc. No campo social, deveriam ser reconhecidas por todos como uma família de destaque, que transmite seu "status quo" a sua posteridade.
Ao que parece, o filme procura demonstrar não somente a inconsistência e futilidade do "sonho americano", mas também as suas próprias contradições, que são precursoras, por assim dizer, de um "pesadelo americano", quando atitudes extremistas e terroristas surgem como uma resposta natural ao opressivo "status quo".
Daí, pode se dizer, de acordo com o filme, que tanto quanto mais opressiva for a realidade vigente, tanto mais extremista será a realidade do porvir que se lhe opõe naturalmente. Esse extremismo é inaceitável, e sempre haverá de ser, mas quem não entende a realidade desse extremismo (mesmo não o aceitando) é porque ignora a opressividade de se manter alguém a duras penas no conformismo do "status quo".
Isso tudo é muito triste, mas é a realidade, lamentavelmente! Então, que esse filme possa nos levar a uma profunda reflexão sobre o vigente "status quo" social, para termos uma consciência esclarecida e uma resposta equilibrada diante dele, que seja adequada a uma mudança de valores na sociedade, que possa contribuir de fato com o bem comum.
Negação
3.8 132 Assista AgoraEsse é um daqueles filmes que ninguém pode deixar de ver. Baseado em caso real, no qual o historiador David Irving processou por difamação a escritora e professora Deborah E. Lipstadt em razão dela ter questionado a honestidade e o caráter dele por negar o acontecimento histórico do holocausto.
Por incrível que pareça, ainda há pessoas desonestas ou ignorantes que negam o holocausto, por razões como estas: a) não há provas que o nazismo nem Hitler perseguiram os judeus; b) não há provas de tentativas de extermínio de judeus na Europa durante a segunda guerra mundial, sendo exagerado o número de mortes de judeus nesse período, e, os que morreram nessa ocasião, não foi por antissemitismo; c) o holocausto é um complô sionista para fazer propaganda nacionalista de Israel e de sua religião; d) que o campo de concentração de Auschwitz fazia parte da propaganda sionista, que jamais foi usado para extermínio de judeus, sendo que no lugar nunca houve um forno para incinerar judeus.
Assim, o roteiro do filme transcorre-se na coleta de provas desses fatos que foram negados (não se poderia usar como prova, o testemunho dos sobreviventes do holocausto), bem como daqueles relativos a desonestidade pessoal e intelectual do referido "historiador" por negar tais fatos, provas essas que depois seriam apresentadas em um julgamento histórico.
Por fim, o filme leva-nos a considerar que se um fato histórico (especialmente se ele teve tanta repercussão como o holocausto) é negado ao invés de reconhecido com repúdio por sua monstruosidade, então isso condena historicamente o mundo a repeti-lo, pois lhe retira a oportunidade de aprender lições humanitárias com isso. É que um erro monstruoso passado deve condicionar nossa conduta de repúdio no presente, para que ele não seja reprisado no futuro.
Loving: Uma História de Amor
3.7 292 Assista AgoraEsse filme revela o relacionamento afetivo que foi a base para a Suprema Corte Americana abolir a proibição de casamentos interraciais nos Estados Unidos, pois muitos Estados Americanos, após a abolição da escravatura com a Guerra da Secessão, ainda continuaram proibindo o casamento entre brancos e negros.
O filme é de uma simplicidade e de uma autenticidade comovente, pois procurou retratar fielmente o casal interracial, sem estrelismo desnecessário e deturpador da realidade. Ele, Richard Loving, um homem branco comum, um pedreiro muito quieto e responsável. Ela, Mildred Loving, uma mulher negra comum, uma simples dona de casa de temperamento tímido. Mas, entre eles, um amor verdadeiro que não admitia deixar de ser atestado por uma certidão que o tornasse público, e um amor forte que ousava desafiar a pena legal de prisão para o caso de casamento interracial.
Ao julgamento final, onde seria decidido o processo acerca desse casamento interracial histórico, Richard decide não comparecer para preservar Mildred dos ataques pessoais. Mas, quando interpelado por seus advogados, que lhe perguntaram se ele queria que, em seu nome, fosse dito alguma coisa para os juízes da Suprema Corte, ele respondeu simplesmente que... (vejam o filme para ver a resposta). Após, a morte de Richard, Mildred foi entrevistada, e testemunhou sobre o amor que sentia por ele dizendo... (vejam isso no filme também).
Por fim, é interessante que o sobrenome do casal em questão fosse LOVING (significando amoroso, terno, etc), vez que é disso que tratou o caso judicial deles, porquanto o casamento entre seres humanos, independente da cor pele, é algo inato, tal qual o amor e a ternura que o justifica.
Frank & Lola: Amor Obsessivo
2.7 45 Assista AgoraEsse filme tem sido avaliado de forma muito ruim, contudo isso se deve a uma falta de compreensão do seu sentido básico. Pode não ser um grande filme, mas tem uma mensagem bem consistente. É que o filme procura desenvolver a ideia de que uma pessoa possa ter passado por experiências ruins, possa ter cometido erros grosseiros e estar confusa com os seus sentimentos e com sua sexualidade, mas ainda assim precisa ter uma chance de mudar, corrigir o curso de sua vida e ser feliz.
Tanto isso é uma verdade, que o filme mostra o relacionamento de um casal (um homem e uma mulher), sendo que inicialmente ela é mostrada cometendo erros monstruosos, mas depois ele também é apresentado cometendo erros semelhantes. Daí, a mensagem do filme fica clara: nos relacionamentos afetivos, se não formos sensíveis e compreensivos com os erros que nossas parceiras (ou parceiros) cometem no curso do seu crescimento pessoal, de compreensão da vida e de aprendizado de amar, então, nem nós nem nossas amadas (ou amados) teríamos chance alguma de sermos pessoas e amantes melhores, bem como de sermos verdadeiramente felizes.
Sete Minutos Depois da Meia-Noite
4.1 992 Assista AgoraFilme essencialmente profundo, mas com roupagem didática e lírica dos contos de fadas. Fala de perda de pessoas queridas, mas fala também da possibilidade de nos perdermos quando perdemos pessoas amadas. Fala ainda do sofrimento de não querermos que partam dessa vida as pessoas a quem amamos, porém fala também da culpa contraditória que podemos sentir quando, já não mais suportando sofrer por ver o sofrimento daqueles que amamos, estamos propensos "a abrir mão da vida deles" para que partam. O filme nos faz mergulhar em sentimentos intensos...
Snowden: Herói ou Traidor
3.8 411 Assista AgoraNinguém pode conhecer o mundo moderno sem conhecer a história de Edward Snowden, contada nesse filme. É que Snowden participou ativamente dos programas de espionagem/contra-espionagem do governo americano e ficou mundialmente conhecido por denunciar na imprensa como as agências governamentais de inteligência usam criminosamente os recursos da internet para vasculhar a vida e a intimidade das pessoas, com o propósito de chantageá-las para que satisfaçam algum interesse político ou econômico do país extorquidor.
Apesar do ordenamento jurídico constitucional das nações civilizadas consagrarem o princípio da inviolabilidade da intimidade das pessoas, salvo quando isso é autorizado judicialmente, certo é que essas agências de inteligência, especialmente a americana, ignoram cinicamente esse fato para assegurar sua supremacia econômica e militar.
E o interessante nisso, é que as grandes empresas do setor da internet (tais como Facebook, Google, Aple, Microsoft, etc) tem oferecido (sabe Deus, por quanto dinheiro ou privilégio quantificado financeiramente) os seus bancos de dados e, algumas vezes, até prestando serviços diretos e próprios de inteligência governamental, tais como experiências psicológicas relativas a mudança do comportamento humano através do poder de sugestão, com finalidade de manipular a vontade das massas populacionais para conquistar objetivos ilícitos.
Sing Street - Música e Sonho
4.1 714 Assista AgoraApesar de esse filme ser muito simples - e até ingênuo para alguns - posso dizer que o amei. Fala de um modo de vivenciar a adolescência e a juventude através da música e da poesia, mas não como uma forma alienada de fugir das realidades da vida, pois o filme mostra adolescentes e jovens refletindo sobre as suas identidades, vocações e missões como seres humanos no seu sentido mais elevado. E essa reflexão leva-los-ão a buscarem os seus sonhos e também a se oporem à tirania daqueles que, por serem ignorantes das realidades da vida, só se prestam para atrapalhar o caminho de autodescoberta dos outros.
Sozinhos em Berlim
3.6 19O filme é interessante porque fala da realidade da Segunda Guerra Mundial no contexto de pais alemães que perderam seu filho em campo de batalha. Então, depois disso, eles partem para um questionamento velado ao regime nazista, escrevendo cartões de denúncia que são deixados anonimamente em vários lugares de Berlin. Mas daí eu me pergunto: será que alguém só vai ver a desgraça de uma guerra e ser militante contra ela quando sofrer grande perda pessoal por causa dela?
Silêncio
3.8 576Aqui temos outro filme polêmico com temática religiosa do diretor Martin Scorsese, que antes já tinha dirigido "A Última Tentação de Cristo", onde supostamente Cristo é apresentado com dúvidas religiosas acerca de sua missão redentora, e agora mais recentemente dirigiu o presente filme, baseado no romance "O Silêncio" do escritor Shusaku Endo, onde padres católicos, ao invés de aceitarem o martírio para não renunciar sua fé cristã, acabam fazendo justamente o oposto para salvar cristãos da tortura.
Martin Scorcese, que iria ser padre na sua adolescência, fez esse filme para homenagear os cristãos japoneses e seus pastores, em face da perseguição desumana e cruel que enfrentaram no Japão no século XVII. E Liam Neeson, que interpretou o padre Ferreira no filme e que também professa o catolicismo, disse que o filme nos faz refletir sobre a realidade de Deus e da Religião.
Ainda que o filme trate especificamente da perseguição ao cristianismo quando de sua introdução no Japão, podemos vislumbrar que de um modo geral o filme nos faz refletir sobre a crença religiosa num contexto de violência.
Assim, somente para exemplificar, poderíamos aqui fazer uma indagação, dentre muitas outras que o filme implicitamente sugere: se as religiões visam a Deus (e Deus seria Santo e Justo, Amoroso e Misericordioso), então não seria contraditório que, no conflito de ideias religiosas, a questão teológica saísse do debate de ideias para acabar em perseguição intolerante, onde a tortura física e psicológica, bem como o assassinato, fossem plenamente justificáveis?
Ao meu humilde critério, se uma religião para prevalecer no mundo, contra outra religião ou para se perpetrar no meio da sociedade, precisar se impor pela violência, então essa religião não tem nada haver com Deus, e sua mensagem não é divina nem tem o poder de convencer pelo bom exemplo, antes é uma mera criação humana e uma expressão do pior que existe no gênero humano, pelo que deve ser repudiada como uma falsa espiritualidade.
Recomendo
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraEste filme é triste e seu protagonista inspira compaixão, e há uma razão para isso. É que o protagonista, por ser viciado em álcool, já sofre a sua condição, mas o filme ainda faz dele a causa de uma tragédia ligada ao alcoolismo. E como se tudo isso já não bastasse, o filme ainda mergulha o protagonista em tremenda solidão, porquanto ele, vendo-se irremediavelmente vencido pelo alcoolismo, procura afastar a possibilidade de um relacionamento romântico para não ferir as pessoas a quem possa amar.
Considerando que, em nenhum momento, o protagonista é retratado procurando vencer sua dependência alcoólica, logo se constata que o sentido do filme não está no fato da possibilidade de remediar o vício pela reabilitação dos viciados, o que nos induziria a ver isso como um defeito do filme. Porém, ao que parece, o filme procurou nos chocar intensamente com a triste situação do protagonista como um modo de nos prevenir quanto ao fato de nos expormos ao vício.
Diante disso, concluímos que o filme segue a máxima de que "é melhor prevenir do que remediar". Isso é muito válido, pois os vícios reconhecidamente são difíceis de remediar, sendo que, muitas vezes, é necessário uma força de vontade hercúlea para os superar, pelo que é mais fácil prevenir do que remediar esse casos. Daí, pode se entender e justificar o filme pelo imenso sofrimento que revelou na pessoa do protagonista, pois esse fato é aplicação didática do choque emocional como fator decisivo para nos conscientizar eficazmente da necessidade de prevenir os riscos do vício.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraAntes, Mel Gibson, como ator, já tinha figurado em um filme de guerra ("Fomos Heróis") mostrando-nos o heroísmo em campo de batalha, que significava matar muitos inimigos. Agora, como diretor, ele nos mostra um heroísmo diferente, no qual o herói (um opositor consciente da guerra) salva muitos dos seus companheiros e inclusive alguns inimigos, na qualidade de integrante do corpo médico do exército, pelo que acaba sendo condecorado como herói sem jamais te usado uma arma. Grande lição de vida, especialmente porque o filme é baseado em fatos reais, contando a história do primeiro Opositor Consciente a ganhar uma condecoração por heroísmo.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraEXCELENTE FILME! Conta a história de mulheres negras (uma engenheira espacial, uma programadora de computador e uma especialista em cálculos matemáticos avançados), integrantes dos grupo de "computadoras negras" da NASA, que tiveram contribuição decisiva para o sucesso do programa espacial americano. Contar essa história, que o racismo e o machismo gostaria de ocultar, foi uma forma de resgatar a memória dessas três brilhantes mulheres negras e de lhes fazer justiça por reconhecer os seus méritos.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraSegundo o modo como idealizo o mundo, esse filme tem as suas virtudes e os seus defeitos. As virtudes são mais facilmente notadas que os defeitos, daí vou me deter mais nos defeitos do que nas virtudes. Porém, antes de fazer uma crítica ao filme, irei fazer uma breve análise dele, para que assim minha crítica seja melhor compreendida.
Começando pela análise, devo salientar que ambos protagonistas são artistas que amam sua arte. Ele é um músico amante do Jazz, e ela é uma atriz/dramaturga que ama a representação dramática desde sua infância. E cada qual ama sua arte de tal maneira, que não conseguem entender a vida fora do aspecto particular de sua arte, pelo que estão dispostos até mesmo a sacrificar o relacionamento romântico entre eles se a permanência desse relacionamento significar abdicar dos seus respectivos sonhos artísticos.
Essa noção de sacrifício pela arte fica bem clara no final do filme, quando uma linha alternativa de fatos nos é apresentada para revelar que a manutenção do relacionamento romântico entre eles acarretaria a morte do sonho artístico, pois eles deixariam de ser artistas para serem respectivamente pai de família e dona de casa e, por consequência, somente meros apreciadores da arte.
Mas, um detalhe deve ser notado, que reside no fato de que há um contraste entre as suas artes, pois enquanto o Jazz está morrendo, a arte dramática está em franca ascensão. Assim, enquanto ele sonha abrir um clube (público restrito) para execução e divulgação das músicas do Jazz, já ela sonha compor e representar peças para o cinema (grande público), pelo que a ideia de sucesso para ambos é diferente, ainda que similar. Daí, o diretor do presente filme aparece para eliminar o referido contraste, porquanto, fazendo um filme sobre o Jazz - que certamente importou em algum sacrifício pessoal - ele coloca esse gênero musical diante do grande público do cinema, dando assim uma contribuição eficaz para a sua perpetuação.
Agora, já partindo para uma crítica, devo dizer que o filme padece de pelo menos dois defeitos, que a meu juízo são graves. Primeiramente, ele apresenta a arte como um fim em si mesmo, como um simples gosto pessoal que pode ser compartilhado com outros, o que deixa a arte alienada de sua vocação humanitária, especialmente como instrumento de despertamento da consciência para a necessidade de justiça social. Além disso, esse filme ainda apresenta a arte no contexto de sonho desvinculado de uma necessidade básica do gênero humano, onde o que mais importa são as falsas noções de sucesso pessoal e de projeção profissional, e onde a popularidade vale mais do que a autenticidade com que se vivencia sua arte como um modo de promover valores essenciais da nossa humanidade.
A Qualquer Custo
3.8 803 Assista AgoraEsse filme nos leva a refletir como as circunstâncias da vida (pobreza, violência doméstica, etc) podem afetar o modo de ser das pessoas, e como os sentimentos delas (amor/ódio amizade/inimizade, etc) podem ser a força motriz do seu modo de agir.
Aí, eu me pergunto: As pessoas são o que são por causa das circunstâncias que passaram pela vida, ou pelo modo como processaram interiormente essas circunstâncias? O que nos define são as circunstâncias pelas quais passamos, ou o modo como reagimos a elas? Se sou movido por amor, tudo que faço é justificável? Se não faço para mim mesmo, mas para aqueles a quem amo, então tudo que faço nesse sentido é justificável? O amor é só um sentimento "lindo", ou também tem que ser ético.
Daí, eu me vejo respondendo: É compreensível que o pobre roube, mas jamais a sua pobreza injusta justificará os seus atos injustos. É compreensível que quem foi vítima de violência doméstica torne-se um adulto violento, mas jamais a violência será justificada por outra violência. É compreensível que, movidos por amor, façamos o bem a quem amamos, mas jamais esse amor poderá ser justificado se amar alguns significar odiar outros e se fazer o bem a alguns significar fazer o mal a outros.
Ah! Se todos entendessem que nosso caráter (aquilo que somos) só depende de nós mesmos, e não das circunstâncias passadas, e que nossa conduta presente (aquilo que fazemos) é uma decorrência natural do nosso caráter, que formamos no curso da nossa existência enquanto vivenciamos nossas experiências pessoais, quer sejam sob circunstâncias boas ou ruins. E só nós mesmos poderemos determinar como essas circunstâncias afetarão nossas vidas.
Ma Ma
3.6 64 Assista AgoraAinda estou atordoado diante do impacto que me causou este filme. Fui assaltado por uma multidão de pensamentos e por uma avalanche de sentimentos, ao refletir sobre o exemplo de vida de uma mulher que, apesar de ser diagnosticada como portadora de um câncer de mama que lhe iria vitimar, seguiu com sua vida amando e rindo, ainda que entre lágrimas e dores, pois a vida jamais deixará de ser uma mistura de tudo isso.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraDeixando de lado a excelente atuação de Amy Adams, parece que o filme quer nos levar a refletir sobre as decisões que tomamos, deixando-nos a advertência de que os nossos erros, ainda que mais tarde possamos nos arrepender deles, podem ter consequências catastróficas que não podem mais serem mudadas.
É que Susan (Amy Adans) tomou uma decisão errada ao não seguir o seu coração, deixando de assumir um relacionamento com Edward (Jake Gylenhaal), que a poderia fazer feliz. Além disso, ela chegou mesmo ao absurdo de fazer um aborto de um filho que seria dele. Posteriormente em sua vida, estando infeliz, ela constata os seus erros do passado, mas as consequências dele já não podem mais serem mudadas.
Mas há um ponto negativo na mensagem do filme, porquanto nele não há oportunidade para o perdão. Ora, todos nós cometemos erros na vida, e erros que muitas vezes terão consequências incontornáveis, pelo que afastar a possibilidade de arrependimento e a necessidade de perdão é levar a vida a um fatalismo cruel que rejeita a ideia de que podemos crescer aprendendo com nossos erros e assim nos tornarmos pessoas melhores, ao invés de simplesmente nos tornarmos pessoas amargas e tristes sob o peso de uma culpa monstruosa.
Essa própria temática de ausência de arrependimento e de necessidade de perdão pode ser vista na relação de Susan com sua mãe. De fato, a mãe de Susan cometeu erros que exigiam arrependimento, mas isso não aconteceu, enquanto Susan, por sua vez, não perdoou os erros de sua mãe, que era necessário acontecer para que Susan fosse liberada desse sentimento negativo. O resultado disso é que ela acabou se tornando exatamente aquilo que ela criticava em sua mãe, reprisando assim os erros desta.
Jack Reacher: Sem Retorno
3.1 329 Assista AgoraAinda que o filme tenha o mérito de tirar da tela o sorriso clichê do Tom Cruise, os personagens não cativam nem o enredo convence. Decepcionei-me com o filme, e só lhe dei uma nota acima da média por pura generosidade da minha parte, na lembrança de momentos melhores do Cruise.
A Luz Entre Oceanos
3.8 358 Assista AgoraSimplesmente triste, mas deslumbrante pelas interpretações de Vikander, Fassbender e Weisz. Acima de tudo, um filme que nos deixa lições de vida, especialmente da necessidade de sabermos lidar com as situações difíceis da vida e perdoarmos as injustiças sofridas.