Após 10 anos de espera por Thanos, depois de 18 filmes, conseguimos entender o MCU, na sua ousadia e na sua limitação.
De cara o maior valor do filme é o vilão, o protagonista do filme, o Thanos. Sem divagar em filosofia, sem frases feitas e sem grandes estratégias eloquentes, o Titã louco é trabalhado como um personagem central e determinante para todo o progresso da história. É possível ter empatia por ele, sentir sua emoção nas suas ações e quem sabe chorar com ele, graças também a impactante interpretação por baixo do realista CGI de Josh Brolin. Todo esse desenvolvimento é refinado pelo equilíbrio, como se os roteiristas de fato conhecessem Thanos, podendo ousar com sua presença que realmente cria temor nos heróis, criando um espectro de derrota iminente real. Valeu a pena esperá-lo. Além disso sua relação com suas filhas Gamora e Nebulosa se tornou mais importante e dramática do que nunca, graças também aos dois filmes dos Guardiões da Galáxia. Na verdade o filme é um grande crossover de fato, fazendo referências e frases a filmes anteriores com bom intuito narrativo de relacionar os personagens nos primeiros encontros. Todos coadjuvantes, com arcos bem definidos e coesos entre si em cada núcleo, funcionando naturalmente na aventura que expande o MCU, sem truncamentos ou exageros. É uma organização de se aplaudir, um filme feito quase no impossível.
E por ser feito na impossibilidade, não se atém apenas ao fato de produzir sentido ao absurdo e a confusão que um personagem grandioso pode causar, reverberando em tantas histórias conhecidas do universo, se atém também na montagem complexa que falha algumas vezes, nas inúmeras batalhas que tanto empolgava na ideia e nos quadrinhos que pode-se perder um pouco na criatividade, e principalmente se atém ao fato do que é o MCU. Depois de tantos filmes era certo que esse seria mais uma bela produção e tecnicamente pouco defeituosa, e transgressora de algo que haviamos visto, porém há um limite para esse longa-metragem com término em luto. Não é possível sentir por completo sua gravidade de epopeia e drasticidade grega de grandes clássicos, porque mesmo sendo vendido como plenamente fechado infelizmente não é, que torna a tristeza imposta, não naturalmente sentida.
Por isso essa obra grandiosa presente nos cinemas abala estranhamente as emoções, traz incertezas sobre o quanto o sensacional Doutor Estranho sabe sobre o destino, resignifica a misericórdia, quem sabe, traz Thomas Malthus na mente dos geógrafos nerds e se define como uma alegria decepcionante.
Um filme que exercita empatia, assim como o próprio roteiro fala sobre isso, sobre como os diferentes são tão iguais. A história é ampla, mostra vários pontos de vistas com tempo suficiente para cada personagem que tem algo profundo e importante para falar, pelo menos os que tem coração no ponto subetivo da diretora. A maravilha da fotografia contradiz com a tristeza que paira no ar dessas famílias que moram perto, com pequenas alegrias que a forografia alcança, como um personagem olhando o céu ou sendo marcado em silhueta pela luz solar do final da tarde. A contradição de modo algum é ruim, ela exalta as emoções. De forma negativa mesmo são como as vozes interiores da narração em off se tornam exageradas no terceiro ato, quando tudo está mais claro, sem necessidade de explicar sentimentos. Mundbound guarda aquela tristeza escondida por sua fotografia para o final...que final.
Uma comédia trágica? O filme é tão absurdo que gera humor e isso traz um sentimento ruim, acabando por enfatizar muito o que acontece no começo do filme com o personagem de Vincent D'Onofrio, gerando mais culpa ainda pela situação que às vezes beira o terror levemente. Por sinal o filme não tem fato um protagonista. Tem a fotografia geométrica que Kubrick ficou marcado no cinema, que é belíssima por sinal e o abordagem da guerra aqui é fazer um paralelo muito próximo entre a violência exagerada com a sexualidade descompromissada. Alem disso quando entramos na guerra tudo parece um playground com músicas pop-rocks tocando com um ar de entretimento, nem precisando está bem colocada no filme, apenas em momentos de planos abertos e tal. De fato é um filme estranho, que muitas vezes foge do convencional, algo que ja esperamos de Kubrick. Porém ao longo do filme parece que ele se perde na sua grande prepotência cinematográfica.
Família e família, esse filme fala sobre família essencialmente. Sobrevivência, contexto pós-apocalíptico...mas família permanece, cada integrante com sua missão. Além do mais, aqui nós valorizamos o grito, o de morrer, o de viver, o de se alegrar e o de temer. Um filme excelente que só peca em algumas repetições para se tornar icônico mas que irrita e algumas decisões burras dos personagens. É um terror, algumas são compreensíveis e outras não...atrapalha a experiencia sim. Mas no geral é um trabalho seguro, certeiro, com uma mixagem de som e edição de som em alto nível...parabéns John Krasinski e Emily Blunt...imagino o marido diretor extraindo emoção da esposa para as cenas...Emily atuou de forma fenomenal.
O filme acerta na sua grandiloquência destrutiva e bons exageros cinematográficos para a ação empolgante, mas quando foge disso falha com propostas desconjuntadas que nem The Rock consegue fazer funcionar.
Nesse filme o quanto mais absurda for a situação ou mais tosca melhor. De monstros destruindo a cidade, alguns sustos bons, um CGI com qualidade duvidável com cenas impactantes em alguns momentos, exagero de câmera lenta, destruição aleatória a The Rock conseguir se equiparar a monstruosidade dos gigantes. Além do fato de naturalmente, independente da performace de Dwayne Johnson ser duvidável, fora a ação que ele faz bem feita, você torce pelo personagem Okoye, o que já torna divertido. O último ato do filme é digno do jogo de arcade, além de bem adaptado também toca na essência dos filmes trash que encaixa perfeitamente para justificar esse filme. Outro fator bom é a relação do protagonista com o gorila George. Além do nome característico do primata, tanto a conversa quanto a comédia entre eles é convincente. E Jeffrey Dean Morgan é a cereja do bolo, sabendo se divertir e literalmente aparecer nos locais certos para mostrar como esse filme não se levava a sério em maioria. Isso foi importante.
Todavia a capacidade dos roteristas de criar algo mirabolante que pegue quase metade do filme sem quase nenhum aperitivo é bem desprazeroso. Apesar de da boa objetividade para o arco dos monstros, no meio disso tudo o drama do herói quanto a não se entender com humanos e a cientista em contraposição apresentando o lado humano que faltava no protagonista não é bem trabalhado, com diálogos expositivos sem nenhuma preocupação quanto a ritmo ou senso de drama e comédia, com piadas infames uma atrás da outra. Junto a isso a trilha sonora que não para de tocar se torna irritante e parece distoante em quase todos os momentos de diálogo. E para piorar os vilões são ridículos em nível negativo, sendo quase impossível enxergar algo positivo, seja na caricatura ou no humor nervoso. E o que mais decepciona é que até mesmo quando o filme acerta falta um ingrediente sanguinário que iria fundo no trash.
Então, é difícil aturar esse tipo de filme, no entanto há uma recompensa no final que muitos vão valorizar mais que o todo. Se pensar pouco durante a sessão há a garantia de diversão que mesmo sendo pequena não deixa de criar a sensação de gritar por cada slowmotion.
Spielberg mostra o porquê é símbolo da afirmação da cultura pop, não só revivendo o passado com easter eggs e clichês, mas também se atualizando no que essa cultura é hoje, conversando com dilemas atuais mesmo priorizando o entretenimento puro.
Quanto a técnica empregada dispensa elogios. O mundo de OASIS é tão bem rederizado e bem trabalhado quanto o mundo real é entulhado e bagunçado, um é brilhoso e detalhista em contrapartida Columbus é cinza que a tecnologia realmente brilha como única fuga da realidade, além das referências ao pop que tem cor diferencial. O mundo feito por Halliday é captado por Janusz Kaminski com empolgação e decência, fluindo e focando nas corridas recheadas da mesma forma usando muito contra-plongê nos avatares. Em Ohio a proposta é outra, não menos inspirada, seguindo o protagonista para locais mais fechados, sempre passeando calmamente do externo para o interno, além de usar agora o contra-plongê nos diálogos entre os vilões, visto que eles são mais fortes fora do virtual. Ao todo o que Spielberg nos traz é o paralelismo visual atrelado ao que é a mensagem do roteiro, com a infância e a velhice, o idealista e o capitalista, o real e o virtual, o Adventure e o Overwatch. Apenas esse grande diretor poderia trabalhar tão bem os pesos dentro do longa para alcançar um equilíbrio, progredindo narrativamente de maneira estonteante.
Quanto a progressão do filme, por mais que haja boas sacadas do filme para boas explicações viáveis, algumas lacunas e peças são deixadas de lado e desenvolvimentos são derrubados. É aceitável, mas permanece errôneo, incomoda. Não só as pausas para discussos que cria um rápido entendimento de tal personagem ou que serve de muleta para algum esquecimento, o clichê oitentista que as vezes causa bem estar por trazer o ar de filme antigo, também incomoda quando serve como desculpa do roteiro. Até a divisão dos High Five soa problemática no terceiro ato, quase exclusivamente com Sho.
Por fim, por mais moralista e ultrapassada a mensagem do filme soe, até mesmo Watt/Parzival sabe disso, é nessa tecla que o filme toca porque ela segue desde do passado ao futuro. Ela não muda. Amizade, amor, são coisas que fazem a realidade ser o que é, que a torna especial. OASIS poderia proporcionar um refúgio, mas ninguém realmente se conhecia ali. O didatismo aqui é tão ajustado que emociona. Os easter eggs são funcionais na história e empolgantes como precisavam, entretanto Ready Player One não se atém ao passado apenas por referências, mas para dá um salto real que vai marcar.
A capacidade de Steven Spielberg tornar um roteiro carregado em um filme dinâmico e instigante merece uma salva de palmas.
O uso de várias informações, discussos e diálogos faz parte do âmbito político e jornalístico que o filme se dispõe a apresentar, que não cai no enfadonho pela excelente direção, fotografia e elenco. São esses 3 fatores que aliviam e engradecem o filme por sustentarem e qualificarem o roteiro. Spielberg é objetivo e organizado, dividindo momentos essênciais para cada coadjuvante, além de aproveitar suas estrelas Meryl Streep e Tom Hanks para rivalizarem amigavelmente entre o editor-chefe ousado, mas inseguro, e a sócia majoritária do jornal que preza pela boa política mas precisa ter autonomia. A atuação de cada um transforma o texto mais poderoso, e o diretor de fotografia aproveita vários ângulos para tanto dinamizar o enchimento de verbalização quanto captar perfomaces, passeando pelo Washington Post e movimentando horizontalmente a câmera com plongês e contra-plongês significativos para contrariar qualquer superficialidade. Fora todo esse esforço de arranjar o roteiro, este por si só já é bom o suficiente e combina com o diretor que é sincero no seus valores tradicionais de família como base, política como ágora e o jornal como fonte de luta pela verdade, sem ser pieguas, além de falar de assuntos feministas bem engajados com toda a proposta, denotando coerência, sem propaganda incidente.
Se há todo o esforço para fazer um filme forte no discusso sem ser pesado no ritmo, não há o que ser feito quanto ao clichê e falta de naturalidade do roteiro. É um detalhe que o filme se perde, que se apresenta falho mesmo com um plano bem estruturado de permanecer firme o ritmo, mas é inevitável com um texto tão altivo que nenhum ator, até mesmo o mais experientes, percam a face pela pela fala.
Afinal Spielberg se demonstra vivo, não se rendendo ao tempo de ficar parado, se desafiando até mesmo em um filme amigável. As instituições são importantes mesmo que passem por corrupções, e John Williams evidencia isso ao esbanjar som quando o filme foca na produção do jornal, nas máquinas, essas que imprimem o papel que faz o elo entre o governo e o governado.
Chadwick Bosman incorpora a figura de um advogado herói, mas também sabe se colocar bem nas cenas que o negro está em patamar inferior pelo contexto da época. Assim como seu parceiro Josh Gad entrega uma variação na auto-imposição do seu trabalho, entre o que aprende, o que se empolga e o que se firma nas leis. Falo dos dois porque eles são a maquina do filme, um negro e um judeu, em que o filme divide bem os meios em que eles vivem para tornar aquela união crível. Ao mesmo tempo que o filme se preocupa com questões raciais, ele se diverte com o sistema de tribunal de forma muito boa, desde da direção de fotografia quanto no texto. Parece muito episódico e por isso é tão bom, porque ao mesmo tempo que tem compromisso com o tema ele é leve em tratá-los, mesmo com uma figura pública tão importante abordada no filme que foi Marshall. Nos créditos sua importância é dada, mas durante o filme o diretor Reginald Hudlin sabe o limite entre o dever e a prepotência.
PS: ainda dá a sensação, sem incomodar como propaganda, um empoderamento social bem feito. Excelente filme. "Stand up for something" caiu como uma luva nos créditos.
O cara que inovou o blockbuster traz de novo a essência do blockbuster, divertir, levar o expectador as alturas, e porque não trazer uma mensagem atual. A mensagem não está apenas no roteiro clichê e que deixar rastros ao longo do caminho frenético, mas sim na montagem entre 2 realidades e como elas são transitadas de forma diferente e vão se moldando ao longo do filme. Além disso, tecnicamente, não só com os efeitos especiais de ótima qualidade que misturam as realidades, o filme é imersivo, desde do trabalho de som a fotografia de Kaminski que não para, como se tivessemos jogando o OASIS, focando a câmera durante a corrida ou mexendo no controle de video-game para visualizar melhor o ambiente. É estilosa e usual para conhecer aquele mundo, assim como para a realidade "real" transitar para o OASIS, imergindo nos VR. O fato das conversas em movimento serem gravadas em contra-plongê mensura os personagens assim como iguala os dois mundos na representação. Existe também a preocupação de close-ups nos rostos dos atores como nos avatares, criando uma sensação de estranheza que alavanca o filme. Por fim, sim é um filme que toca o coração nerd e dos que amam os anos 80, Spielberg e toda a cultura pop, e por acertadamente não parar em se contemplar dela, o filme vai direto ao ponto, atropelando lacunas importantes, resolvendo-as de formas fracas, mas não menos emotivas e compreensivas para que o filme fosse gostoso de ver e belo de se apreciar. Como um bom filme do Spielberg, há o equilíbrio de nos levar a irrealidade e nos trazer de volta para o real...porque a realidade é real sabe, você precisa dela para legitimar o seu salto.
-Obrigado ao Cinema com Rapadura por proporcionar uma pré-estreia tão empolgante no dia 27/03/2018 -
Um roteiro de boas ideias, inchado e que não se sustenta, não tem pilares cinematográficos para contá-lo, até porque ele é já é imperfeito. Denzel Washington faz o estudo do personagem mais que o filme tenta fazer. Ele é tão bom que realmente mereceu uma indicação arranjada, por ele não sustenta o filme, ele está além do filme, ele incorporou e amou tanto esse personagem que o expectador consegue entender a ideia magistral e terrivelmente executada por Gilroy por meio do ator. Todos os atores estão perdidos tanto pela direção vazia quanto pelo roteiro superficial. Quem sabe se Denzel tivesse dirigido como em Fences o filme realmente deslanchasse. Uma fotografia simples e bonita sem nenhum propósito que não fosse o estilo e caracterizar um filme do Gilroy com seus personagens urbanos controversos que chamam tanta atenção e exalam um peça social para entendermos nossa própria sociedade. A edição de som assim como a fotografia é repetida e óbvia para caracterizar o personagem, que já está nas boas mãos de Denzel, nem chegando aos pés da ambição da ideia central da história. É frustante a perda de uma grande filme, mas pelo menos a ideia está lá, mesmo que nem ela seja contada direita. Para os que gostam do Direito vale muito a pena, embora não tenha como não ser enfadonho, nem que por uns minutos.
Acho massa como a premissa é tão conhecida por muitos mas o filme surpreende usando esse mesmo clichê, já não restando dúvida da originalidade da história. Que 3D massa hein...não né, é um 2D fantástico. É fazendo com calma que vai longe, é isso que o japonês ensina aqui. Que filme.
Uma animação da Pixar com cara de Disney, com um roteiro básico sem muitas camadas, não típico do estúdio, mas que emociona pelo tema e pela música, descendo lágrimas inesquecíveis.
Por sinal é exatamente sobre o que o filme fala, lembrança, que o torna marcante, pois a musicalidade implementada, a cultura mexicana com Dia dos Mortos e a valorização do idoso, do patriarca ou matriarca que trazem consigo bagagem essêncial para o desenvolvimento familiar, são compostos do filme que formam uma substância sentimental e extremamente reconhecível para o mais variado público, adultos e crianças, como é de praxe do estúdio, um assunto tão conversado que é a lembrança, a memória que faz o ser, que perdura e desenvolve gerações. Agora sobre a parte técnica, a Pixar de novo demonstra qualidade diferencial, principalmente por entregar detalhes na fisionomia humana das personagens, desde do dedilhar no violão, com notas reais, as rugas de Mama Coco, e como anima a ação da paisagem, tornando mais próximo de uma fotografia sentida de live-action, evidente quando Miguel corre e o movimento é trazido a tona de forma mais completa, ou quando a vila no méxico da mesma forma o mundo dos mortos é apresentado por um passeio visual bem ritmado com a trilha. Por sinal, Michael Giacchino repete com estilo a inspiração das canções e aproveita notas semelhantes para implementar originalidade ao mesmo tempo.
Sobre repetir, o que não tem de inovação e por isso incomoda, por ser da Pixar, é o roteiro. Assim como em O Bom Dinossauro a simplicidade é sentida na forma de contar a história, porém o filme de 2015 apresentava uma visão mais dramática e profunda nas interações dos personagens ao longo de todo o filme que supria o clichê evidente, criando uma atmosfera de perdição e conforto com o mesmo mundo bucólico, pintando levemente uma originalidade na filmografia do estúdio. Em Viva todas as estruturas e elos são resolvidos com rapidez ou aliviadas com uma comicidade tipicamente infantil, remetendo uma estratégia mais semelhante abordada nas animações propriamente dos estúdios Disney. A partir disso enxerga-se uma irregularidade entre o humor e o drama que falha sutilmente, já que o formato consumível e aparentemente surpreendente chama mais atenção do que essencialmente o desenrolar da trama até chegar ao ápice da descoberta final da história. Mesmo que a desculpa da temporalidade, que é um dos conflitos do filme quanto a morte e a vida, seja plausível sobre as determinadas ações das personagens, ainda assim essas ações sofrem de probreza no diálogo e na emoção sincera que destoa do sentimentalismo eficiente que permeia na maior parte do filme.
Por mais que essa animação não funcione em seus perigos reais, mostrando mais ainda a fusão de dois estúdios, o valor que esse filme traz supera seus defeitos acomodados. A música "Remember-me" é fervorosa e familiar, exaltando qualquer emoção que o filme semeou, assim como Mama Coco resignifica a importância do idoso, mostrando que os mais velhos podem representar só uma lembrança de um passado, e esse "só" vale todo o choro.
É tudo tão rápido, tão passageiro, da mesma maneira a juventude tem os mesmos dilemas de qualquer filme do gênero, porém o estilo da direção de Greta Gewig invoca uma original naturalidade simplista, sem compromisso com outra coisa que não seja Lady Bird e o todo a sua volta.
Com certeza a maior notabilidade do filme é a Saoirse Ronan. Primeiro pela forma que se enquadra no mise-en-scène, dando vida ao ambiente com uma atuação madura. Segundo que seu trabalho entrega uma personagem tão real em seus defeitos e aberta sobre seus anseios que cria um potencial forte de repulsa ao mesmo tempo que pode ser compreendida por suas escolhas. Isso tem a ver com o fato da diretora desenvolver um filme muito pessoal quando alcança essa escolha desafiadora sobre a sua "musa". Greta tem o estilo do subgênero cinematografico Mumblecore que planta a informalidade, assim como escolhas básicas de fotografia, montagem sem excessos, produçao de baixo orçamento, objetividade narrativa e senso de verossimilhança. Isso leva ao terceiro ponto que torna Saoirse notável, pois a direção de atuação acaba por evidenciar-se dianteba técnica do filme e torna-se peça chave para a força do filme.
Além disso, o que torna tudo vivo em toda simplicidade do filme é a história, sobre o que é a história e como ela é construída. Como é costume do subgênero citado, a época retratada é o pós 11 de Setembro, um tempo de descrença, e Christine sofre com isso em Sacramento e com sua mãe. Esses dois fatores, local e coadjuvante, que junto são agregados personagens realmente não desenvolvidos com um intuito certeiro de focar em uma mensagem linear, acabam por ser mais cativantes que a própria protagonista e trazem com eles uma grande lição. Laurie Metcalf é extremamente realista em sua perfomace materna e muito bem afinada com Ronan, assim como a cidade, a escola, e todos os "figurantes" que criam um ar de conforto, algo que momento algum Lady Bird quer passar ao público, já que ela não se sente apaziguada. Todas essas peças do roteiro são de suma importancia para um filme com quase 90 minutos, apenas, concluir a mensagem de amadurecimento de forma emocionalmente sincera.
Não é catártico, não tem a melhor técnica, mas tem uma proposta dinâmica e concisa. É um plano infalível pela falta de sobras na obra, deixando gostoso esse "coming age" independente.
O que mais é admirado em PTA é como ele transforma um simples em arte. Nenhum take é por acaso, nenhum ângulo é convencional...é uma ousadia constante que te convida a decifrar esse roteiro que se revela como uma trama fantasma de fato. E para completar, Daniel Day-Lewis exercita o seu melhor com a parceria suave e evidente de Vicky Krieps. Por mais o que o roteiro não seja o melhor, o que a câmera e um vestido não podem contar? Arte sobre a arte.
É um filme que não deixa a peteca cair, mesmo que a peteca esteja prestes a perder o ritmo. Acho incrível como Spielberg com um roteiro inchado consegue produzir tensão pelas próximas cenas sem necessariamente deixar de ser clichê. O jeito de abordar um texto conservador me agrada por ser sincero, ao mesmo tempo que discute questão de empoderamento feminino com refino além da performance de Meryl Streep. Tudo é encaixado aqui de uma forma surpreendente quando muita coisa tem a se falar e muitos personagens a se focar, e aí que Kami´nsky, o diretor de fotografia atua nos planos-sequência, dinamização do filme, close ups, movimento de câmera preciso em um diálog...é uma maravilha a proposta. Junto a isso Micheal Kahn como sempre editando os filmes do Spielberg implementa bem a ideia do diretor e tudo fica coeso, as transições são suaves(como de costume) e o resultado é uma das obras marcantes sobre o jornalismo estadunidense.
Um filme que trabalha muito bem o discurso falado, a direção é muito boa de atores, especificamente do Gary Oldman que realmente tem todas as variações possíveis de interpretação para provar seu valor, assim como fazer o público se cativar com Winston Chuchil. Em relação a fidelidade é estranha, pois Winston historicamente não é essa pessoa da tela, isso incomoda um pouco pela discordância dos fatos históricos, não os ocorridos, mas o jeito como é transmitido todo o heroísmo. Alguns dirão que é licença poética, e isso mesmo pode indicar um defeito. Quanto a qualidade da fotografia do filme ela sim exalta um dubiedade intrigante quando faz um jogo de luzes e sombras que abrange a política, tons de cinza, sem maniqueísmo. Já um defeito que o filme demonstra é a tentativa fracassada de criar urgência e tensão pela contagem do tempo e pela trilha, sobrando tédio em algumas partes do filme, pois as cenas dramáticas são pinceladas com pouca força ou até falsidade, menos por parte de Gary Oldman. É um ótimo filme mesmo com pesares, pois o texto e a montagem constituem um filme firme e com propósito pouco ufanista.
Um sonho do diretor e roterista Ryan Coogler de trazer ao cinema o herói com responsabilidade e profundidade social foi realizado com sucesso.
Comecemos a falar da trilha sonora, uma nova dedicação do MCU, que transmite cultura, com batidas africanas, heroísmo, com o épico, e australidade dramática com violinos e tons íntimos, uma trilha própria assim como o texto do filme, discutindo por meio da ficcional Wakanda questões sociológicas de isolamento cultural, representatividade, papel governalmental e a historicidade negra, marcada pela escravidão em contraste ao historico da tecnológica cidade escondida nas montanhas. Com base nas diferenças ambos herói e vilão travam sua luta tanto em ação quanto em ideologia. O arco de T'Challa está intríseco ao arco do vilão, que seu conflito entre reinado e heroísmo é inflamado, demonstrado muito bem pela atuação de Chadwick Boseman, demonstrado fraqueza e força com naturalidade ao longo dos seus conflitos internos e externos. Killmonger, vivido por Micheal. B. Jordan, é a causa e a consequência dessa briga interna da alteza, é um antagonista engajado, um vilão paupável que tanto cresce sozinho como personagem ao mesmo tempo do protagonista. Com origens e pensamentos diferentes eles mesmo assim se complementam para uma conclusão textual reflexiva, criativa, consistente e importante.
Entretanto um filme não vive de texto. Há todo um conjunto da obra e as dedicações secundárias que influenciam diretamente no todo que culmina na imperfeição natural de qualquer longa, seja por um setor mal trabalhado na pós-produção. Aqui os efeitos especiais e as cenas de ação deixam a desejar. Os efeitos apenas incomodam de fato no terceiro ato do filme, principalmente pela montagem do ato em consonância com os efeitos. Em relação as cenas de ação, o defeito de Spider-Man: Homecoming estranhamente se repete na direção de Coogler, com determinados embates não emplacarem por causa dos cortes excessivos e fechamento de câmera, ainda que sejam cenas marcantes pelo contexto, mas não pela intensidade da ação proposta.
Enfim, um filme da Marvel evidentemente mais autoral, utilizando as características da forma com um propósito maior de ousadia, força e propriedade de assunto. Ficará na lembrança a cena dos garotos negros jogando basquete em Oakland, reconhecendo, agora, que eles tem um herói só deles que amadureceu ao ponto de dizer apenas com a postura, sem palavras, quem ele é, trazendo à mente com alegria. O heróísmo foi de novo repensado no cinema.
Contar uma biografia que faça valer a pena ser vista, que mostre um diferencial, não é tão fácil quanto se parece. Não basta estilizar ou achar um ator parecido, a forma como você conta vai ditar um ponto de vista. Que maravilhoso que esse filme subjetiva as coisas, com meios criativos de usar a linguagem do cinema.
Apropriar-se de uma ideia documental e quebrar a quarta parede com essa mesma ideia trazendo a polêmica história da patinadora Tonya Harding é ousado e ambicioso que anima o expectador. Mostrar uma verdade que pode não ser completamente verdadeira e abordando isso no próprio roteiro, conversando com o público sobre isso coloca-o dentro do filme, logo as emoções são sobressaltadas. É um estudo de linguagem e contação biográfica diferente. Junto a isso as atuações são mais exigidas e muito bem entregues. Margot Robbie se mostra mais uma vez capaz de performaces de alto porte. Raiva, tristeza, dúvida, paixão, tudo é bem interpretado e bem construído na sua personagem graças a ela. Mesmo quando passa a ser um pouco coadjuvante da sua história o filme ganha pela sua proposta biográfica e mostra o potencial dos atores em meio a raiva que o filme traz, as injustiças principalmente que causa emoções animalescas. Sebastian Stan traz loucura, Alisson Janey é a pior e mais maléfica mãe de todas, Paul Walter é o pior parceiro e mais irritante personagens de todas, e Julliane Nicholson é estranhamente o porto de calmaria no filme. Além do elenco que vale a pena ser nomeado, a fotografia e a mixagem de som entregam bem a sinestesia da cena e os ruidos da época respectivamente, mais a montagem do filme que dita um ritmo instigante de assistir e caminhar na vida de Tonya, com cortes ou planos-sequencia bem sicronizados como uma dança na patinação.
Mesmo sendo um filmão ainda apresenta defeitos. As músicas maravilhosas como "Devil Woman" e "Barracuda" que tanto falavam sobre a personagem quanto sobre o momento na cena acabam prejudicando a dramaticidade do momento. Muitos sentimentos não são sentidos, apenas compreendidos, suavizando a intensidade do filme, infelizmente.
Não se justifica, não se perdoa, se culpabiliza e se maltrata, um filme que esbanja raiva de uma mulher extremamente acusada, não necessariamente injustiçada, se batessem ela batia, a criação de um monstro no contexto monstruoso. Por isso que todas as cenas de patinação são momentos a parte no filme, porque Tonya tinha uma vida contrastante com o esporte que sempre quer mostrar beleza e bom comportamento. Ela deu um salto triplo da vitória para derrota.
O que esperar de uma continuação de Jumanji? Ainda bem que a proposta desse filme revelou melhor do que as maiorias das sequências, um filme divertido, que implementa modernidade na medida que podia fazer isso, trazendo a ideia de um jogo atemporal que é o Jumanji.
É um filme que joga com os clichês de uma forma hilária. É preciso entender que nem todo clichê é ruim, ele pode ser usado em prol de uma história, pode ser bem feito, e aqui a piada esperada e as interações dos personagens previsíveis se tornam engraçadas e usuais pelo contexto. O video-game tem sempre um básico a contar, os desafios, os chefões, as vidas perdidas por besteiras. Mas nada disso seria realmente bom se os atores não fossem excelentes em representar tudo isso. Por mais que as substituições pelos avatares fossem de novo óbvias, o que cada ator faz para representar o eu interior do mundo real vale cada previsibilidade. The Rock e Jack Black conseguiram fazer um show de perfomace, com uma comédia física marcante. Todo o conjunto de atores, exceto Nick Jonas, combinam nas situações e dilemas dentro do jogo.
Porém, como qualquer jogo, há quem perca também nisso tudo. Os clichês ruins também se evidenciam, principalmente quando eles não são assumidos pelo filme. Exemplo disso é a piada constante do ator Kevin Hart de ser um zoólogo como avatar e sempre se perguntar o porquê sabia tanto sobre animais. Isso é programado, não precisa justificar uma estranheza que pertence a própria situação em sim. O próprio Dwayne Johnson tem uma piada semelhante seguindo o programado, e os próprios colegas estranham, tornando o clichê bem funcional e engraçado. E outra coisa que é defeituoso no filme é a transposição da vida real sobre a vida virtual. As nuances de algo mais complexo se mostra como potencial, então quando as discussões da vida real se tornam simples soa decepcionante.
Enfim, é prazeroso ver esse filme como todo, é gratificante ter ideias boas usando clichê e enchendo o cinema de risadas genuínas, de piadas muito bem feitas fisicamente e um pouco no texto. Os absurdos aqui são os melhores, e mesmo que seja estranho como as fases se apresentem e o próprio vilão apareça, ainda há uma mensagem pé no chão. No Jumanji antigo era o "grow up", enquanto nesse novo é o "live up". Selva, perigo, em qualquer geração Jumanji ensinará alguma coisa.
Os musicais no cinema têm aquele aspecto de escapismo, algo idealizado, uma alegria ou até mesmo uma tristeza estilosa. Tudo isso é maravilhosamente implementado nesse filme, mas quando chega no ponto dramatúrgico e do conflito, tudo fica apenas na letra da canção.
Porém vamos falar as coisas boas, porque na verdade o filme é ótimo, pois a história do P.T Barnum fala sobre ludibriar as pessoas, sobre o showbusiness e sobre o circo, um recheado picadeiro teatral diversificado. Isso é bem exposto aqui. Ora, The Greatest Showman faz isso, traz um modelo teatral para sala de cinema assim como fez Moulin Rouge anos atrás. Há aquela tocante rima visual para mostrar passagem de tempo ou transição de cena, há aquela magia sonhadora presente nas músicas, e o que o expectador acaba querendo é que toda aquela felicidade continue, pois esse jovem diretor faz direitinho o ritmo de entretenimento enclausurado, escondendo defeitos. Um outro fator que ajuda no encantamento desse filme é o elenco. Hugh Jackman se demonstra cada vez mais convicente nos mais variados papeis, pelo carisma e pela competência em viver o personagem, além de cantando. O resto do elenco entrega bem, e falando de voz a Zendaya chama muita atenção, e quando é chamada para atuar também.
Agora vem a parte problemática. O filme começa com música, e esperava-se que seria mais um Miseráveis cantando. Por um lado é bom que não seja colocado música em todo momento, no entanto a qualidade dos diálogos, do conflito e do trabalho de personagens pelo roteiro é essêncial para que valha a pena sair do momento musical, para que não tenha substância apenas lá. O momento claro que demonstra isso é todo o contexto envolvendo a personagem da Rebecca Ferguson. A personagem é instigante, a canção que interpreta, "Never Enough", é o cerne da problematização que o aparentemente e estranhamente perfeito P.T Barnum trouxe da sua vida passada, mas então Zac Efron chega e o assunto da diversidade, com respeito ao diferente, exaltando as características incomuns, problematiza-se envolvendo Zendaya e uma romance incomum para época, apagando a jornada do protagonista de maneira intransigente, mesmo que enriqueça o filme. Além disso a própria relação de Hugh Jackman com seus funcionários do teatro circo é falsa, mas isso não se torna um ponto desenvolvido fora de "This is Me", a grande pérola não por acaso.
Logo, temos um filme de gênero que joga discussões discutidas superficialmente, mas é injusto falar que não cumpriu quase perfeitamente a ideia de um musical, que energiza qualquer pessoa que assiste com letras, ritmos modernos e bem elaborados, ironicamente discutindo fora e dentro do filme, sutilmente, o que é um show de verdade ou se há o real nisso. "Come Alive".
Stephen Chbosky demonstrou a capacidade de escrever um livro feito por cartas e adaptar para o cinema ele próprio em As Vantagens de Ser Invisível, implementando um pouco da linguagem do livro mas correspondendo ao formato da película. Por mais que o esforço tenha causado lágrimas e admiração, há um didatismo nesse filme que não parece pertencer a sétima arte.
É maravilhoso como o filme capta as variadas pespectivas. No livro isso pode ser mais facilmente feito, ou até mesmo em uma série, mas em um filme o desafio é bem maior, para não desmantelar a estrutura agradável. A dificuldade vai além da edição, existe todo o protagonismo variado, as conexões ou como tudo isso flui junto. Esse fator adaptativo realmente foi necessário para tornar o filme peculiar. O apelo não focado em August é reconfortante e angustiante ao mesmo tempo, pois o drama é generalizado e sentido de formas diferentes. As atuações entregam bem o processo apelativo que na maior parte não é forçado porque conhecemos bem todo o contexto por olhos diferentes, exemplificando a personagem da irmã que ganha força ao longo do filme.
O que realmente é insatisfatório é que a tentativa boa também causa uma certa ruína. O filme continua bom, mas o seu maior trunfo nunca chega ao seu auge e atrapalha o protagonismo de August também. A simplicidade do filme não impede que a edição possa ser mais calma, não impede que haja menos narrações sobre fatos mostrados e também não impede que o filme abranja a própria proposta. Ora, parece que sempre há intenção de mostrar vários arcos sem a devida atenção. Summer sofre com isso, o cachorro sofre com isso e até a mãe sofre com isso na narrativa. Não é um desastre, mas quando o filme se torna inteligente em mostrar o bulliyng e o sofrimento com vários ângulos espera-se que a ideia jovial traga mais jovialidade ao resto do filme.
De fato a mensagem de Wonder é extraordinária, com mais uma bela jornada do herói com direito a ótimas referências do espaço, porém apostar no sentimentalismo e arriscar sem se arriscar de verdade pode até causar arrepios naturais, mas tudo se torna passageiro no final...tudo não, ao menos a abordagem do instrospectivo de August, a metáfora do capacete, isso sim será trazido a tona com as melhores cenas de corredor.
O jeito como a Itália é viva, o jeito como Luca dirige calmamente, não lentamente, e transmite naturalismo com cenas de bicicleta por exemplo...é tudo muito romântico, o contexto perfeito para uma relação amorosa e para os apreciadores de filme assistirem. TIMOTHEE pode até não ganhar o Oscar esse ano, mas está mais perto do que se imagina. A dramaturgia desse cara é COISA DE OUTRO MUNDO. Um outro ponto positivo a mais que devo citar é a trilha sonora e todo o arranjo musical de mixagem de som, etc. "Mistery of Love" combina muito, a escolha de músicas clássicas, "Love My Way" que se eterniza com um momento de discoteca e mise-en-scène maravilhoso. Porém, a ideia de amadurecimento, a mistura do erótico e sensual e a atuação de Armie Hammer são pontos duvidosos. Por mais que tenha uma história crível, mesmo sendo razoavelmente idealizado sem problema algum, e o discurso do pai seja bem esclarecedor e um momento chave, ainda assim a conclusão soa estranha com essa ideia de amadurecer, mesmo que o sentimento seja compreensível, graças à performance do Timothee(é preciso elogia-lo mais de uma vez). O erótico e sensual misturados vai variar para cada um até que limite isso combina com o todo. Em relação ao Armie Hammer, ele contracena com um ator sensacional, e mesmo que a química entre eles desenvolva-se bem as reações do ator não convencem no drama, na preocupação, só em momentos felizes ou de dança...digo isso baseado em seus trabalhos diversos que ainda não o revelaram tão bom assim(não vi Mine ainda, infelizmente).
PS: "Love my way, it's a new road I follow where my mind goes"
Del Toro fez uma obra que já nasce clássica, concebida com todo o estilo clássico, um filme fora de sua época e por isso soa tão gostoso. É como se fosse uma história de folclore, uma poesia trazida para o cinema há muito tempo escrita. Ele não é forte o suficiente para se emocionar ou para um encantamento pleno porque existe uma preocupação em abordar pesares, crítica e utilizar a caricatura permitida pelo o fantasioso para vomitar algo, expor um tema social. Talvez ele se perca nisso, pois para não destoar do clima leve e aquático tudo além da fantasia é tornado didático. Porém isso é ao mesmo tempo parte da magia do filme, tudo vai depender se você compra uma estranha relação folclórica e o amor de Del Toro pelos monstros, pelo estranho e pelo cinema.
PS: Desplat, Desplat...uma trilha sonora maravilhosa para um conto como esse.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista AgoraApós 10 anos de espera por Thanos, depois de 18 filmes, conseguimos entender o MCU, na sua ousadia e na sua limitação.
De cara o maior valor do filme é o vilão, o protagonista do filme, o Thanos. Sem divagar em filosofia, sem frases feitas e sem grandes estratégias eloquentes, o Titã louco é trabalhado como um personagem central e determinante para todo o progresso da história. É possível ter empatia por ele, sentir sua emoção nas suas ações e quem sabe chorar com ele, graças também a impactante interpretação por baixo do realista CGI de Josh Brolin. Todo esse desenvolvimento é refinado pelo equilíbrio, como se os roteiristas de fato conhecessem Thanos, podendo ousar com sua presença que realmente cria temor nos heróis, criando um espectro de derrota iminente real. Valeu a pena esperá-lo. Além disso sua relação com suas filhas Gamora e Nebulosa se tornou mais importante e dramática do que nunca, graças também aos dois filmes dos Guardiões da Galáxia. Na verdade o filme é um grande crossover de fato, fazendo referências e frases a filmes anteriores com bom intuito narrativo de relacionar os personagens nos primeiros encontros. Todos coadjuvantes, com arcos bem definidos e coesos entre si em cada núcleo, funcionando naturalmente na aventura que expande o MCU, sem truncamentos ou exageros. É uma organização de se aplaudir, um filme feito quase no impossível.
E por ser feito na impossibilidade, não se atém apenas ao fato de produzir sentido ao absurdo e a confusão que um personagem grandioso pode causar, reverberando em tantas histórias conhecidas do universo, se atém também na montagem complexa que falha algumas vezes, nas inúmeras batalhas que tanto empolgava na ideia e nos quadrinhos que pode-se perder um pouco na criatividade, e principalmente se atém ao fato do que é o MCU. Depois de tantos filmes era certo que esse seria mais uma bela produção e tecnicamente pouco defeituosa, e transgressora de algo que haviamos visto, porém há um limite para esse longa-metragem com término em luto. Não é possível sentir por completo sua gravidade de epopeia e drasticidade grega de grandes clássicos, porque mesmo sendo vendido como plenamente fechado infelizmente não é, que torna a tristeza imposta, não naturalmente sentida.
Por isso essa obra grandiosa presente nos cinemas abala estranhamente as emoções, traz incertezas sobre o quanto o sensacional Doutor Estranho sabe sobre o destino, resignifica a misericórdia, quem sabe, traz Thomas Malthus na mente dos geógrafos nerds e se define como uma alegria decepcionante.
Vingadores: Guerra Infinita
4.3 2,6K Assista Agora......Thanos....a misericordia foi reinterpretada.....eu agora vou ter que fazer um esforço colosssal pra digerir esse filme.
Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi
4.1 323 Assista AgoraUm filme que exercita empatia, assim como o próprio roteiro fala sobre isso, sobre como os diferentes são tão iguais. A história é ampla, mostra vários pontos de vistas com tempo suficiente para cada personagem que tem algo profundo e importante para falar, pelo menos os que tem coração no ponto subetivo da diretora. A maravilha da fotografia contradiz com a tristeza que paira no ar dessas famílias que moram perto, com pequenas alegrias que a forografia alcança, como um personagem olhando o céu ou sendo marcado em silhueta pela luz solar do final da tarde. A contradição de modo algum é ruim, ela exalta as emoções. De forma negativa mesmo são como as vozes interiores da narração em off se tornam exageradas no terceiro ato, quando tudo está mais claro, sem necessidade de explicar sentimentos. Mundbound guarda aquela tristeza escondida por sua fotografia para o final...que final.
Nascido Para Matar
4.3 1,1K Assista AgoraUma comédia trágica? O filme é tão absurdo que gera humor e isso traz um sentimento ruim, acabando por enfatizar muito o que acontece no começo do filme com o personagem de Vincent D'Onofrio, gerando mais culpa ainda pela situação que às vezes beira o terror levemente. Por sinal o filme não tem fato um protagonista. Tem a fotografia geométrica que Kubrick ficou marcado no cinema, que é belíssima por sinal e o abordagem da guerra aqui é fazer um paralelo muito próximo entre a violência exagerada com a sexualidade descompromissada. Alem disso quando entramos na guerra tudo parece um playground com músicas pop-rocks tocando com um ar de entretimento, nem precisando está bem colocada no filme, apenas em momentos de planos abertos e tal. De fato é um filme estranho, que muitas vezes foge do convencional, algo que ja esperamos de Kubrick. Porém ao longo do filme parece que ele se perde na sua grande prepotência cinematográfica.
Um Lugar Silencioso
4.0 3,0K Assista AgoraFamília e família, esse filme fala sobre família essencialmente. Sobrevivência, contexto pós-apocalíptico...mas família permanece, cada integrante com sua missão. Além do mais, aqui nós valorizamos o grito, o de morrer, o de viver, o de se alegrar e o de temer. Um filme excelente que só peca em algumas repetições para se tornar icônico mas que irrita e algumas decisões burras dos personagens. É um terror, algumas são compreensíveis e outras não...atrapalha a experiencia sim. Mas no geral é um trabalho seguro, certeiro, com uma mixagem de som e edição de som em alto nível...parabéns John Krasinski e Emily Blunt...imagino o marido diretor extraindo emoção da esposa para as cenas...Emily atuou de forma fenomenal.
Rampage: Destruição Total
3.0 537 Assista AgoraO filme acerta na sua grandiloquência destrutiva e bons exageros cinematográficos para a ação empolgante, mas quando foge disso falha com propostas desconjuntadas que nem The Rock consegue fazer funcionar.
Nesse filme o quanto mais absurda for a situação ou mais tosca melhor. De monstros destruindo a cidade, alguns sustos bons, um CGI com qualidade duvidável com cenas impactantes em alguns momentos, exagero de câmera lenta, destruição aleatória a The Rock conseguir se equiparar a monstruosidade dos gigantes. Além do fato de naturalmente, independente da performace de Dwayne Johnson ser duvidável, fora a ação que ele faz bem feita, você torce pelo personagem Okoye, o que já torna divertido. O último ato do filme é digno do jogo de arcade, além de bem adaptado também toca na essência dos filmes trash que encaixa perfeitamente para justificar esse filme. Outro fator bom é a relação do protagonista com o gorila George. Além do nome característico do primata, tanto a conversa quanto a comédia entre eles é convincente. E Jeffrey Dean Morgan é a cereja do bolo, sabendo se divertir e literalmente aparecer nos locais certos para mostrar como esse filme não se levava a sério em maioria. Isso foi importante.
Todavia a capacidade dos roteristas de criar algo mirabolante que pegue quase metade do filme sem quase nenhum aperitivo é bem desprazeroso. Apesar de da boa objetividade para o arco dos monstros, no meio disso tudo o drama do herói quanto a não se entender com humanos e a cientista em contraposição apresentando o lado humano que faltava no protagonista não é bem trabalhado, com diálogos expositivos sem nenhuma preocupação quanto a ritmo ou senso de drama e comédia, com piadas infames uma atrás da outra. Junto a isso a trilha sonora que não para de tocar se torna irritante e parece distoante em quase todos os momentos de diálogo. E para piorar os vilões são ridículos em nível negativo, sendo quase impossível enxergar algo positivo, seja na caricatura ou no humor nervoso. E o que mais decepciona é que até mesmo quando o filme acerta falta um ingrediente sanguinário que iria fundo no trash.
Então, é difícil aturar esse tipo de filme, no entanto há uma recompensa no final que muitos vão valorizar mais que o todo. Se pensar pouco durante a sessão há a garantia de diversão que mesmo sendo pequena não deixa de criar a sensação de gritar por cada slowmotion.
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraSpielberg mostra o porquê é símbolo da afirmação da cultura pop, não só revivendo o passado com easter eggs e clichês, mas também se atualizando no que essa cultura é hoje, conversando com dilemas atuais mesmo priorizando o entretenimento puro.
Quanto a técnica empregada dispensa elogios. O mundo de OASIS é tão bem rederizado e bem trabalhado quanto o mundo real é entulhado e bagunçado, um é brilhoso e detalhista em contrapartida Columbus é cinza que a tecnologia realmente brilha como única fuga da realidade, além das referências ao pop que tem cor diferencial. O mundo feito por Halliday é captado por Janusz Kaminski com empolgação e decência, fluindo e focando nas corridas recheadas da mesma forma usando muito contra-plongê nos avatares. Em Ohio a proposta é outra, não menos inspirada, seguindo o protagonista para locais mais fechados, sempre passeando calmamente do externo para o interno, além de usar agora o contra-plongê nos diálogos entre os vilões, visto que eles são mais fortes fora do virtual. Ao todo o que Spielberg nos traz é o paralelismo visual atrelado ao que é a mensagem do roteiro, com a infância e a velhice, o idealista e o capitalista, o real e o virtual, o Adventure e o Overwatch. Apenas esse grande diretor poderia trabalhar tão bem os pesos dentro do longa para alcançar um equilíbrio, progredindo narrativamente de maneira estonteante.
Quanto a progressão do filme, por mais que haja boas sacadas do filme para boas explicações viáveis, algumas lacunas e peças são deixadas de lado e desenvolvimentos são derrubados. É aceitável, mas permanece errôneo, incomoda. Não só as pausas para discussos que cria um rápido entendimento de tal personagem ou que serve de muleta para algum esquecimento, o clichê oitentista que as vezes causa bem estar por trazer o ar de filme antigo, também incomoda quando serve como desculpa do roteiro. Até a divisão dos High Five soa problemática no terceiro ato, quase exclusivamente com Sho.
Por fim, por mais moralista e ultrapassada a mensagem do filme soe, até mesmo Watt/Parzival sabe disso, é nessa tecla que o filme toca porque ela segue desde do passado ao futuro. Ela não muda. Amizade, amor, são coisas que fazem a realidade ser o que é, que a torna especial. OASIS poderia proporcionar um refúgio, mas ninguém realmente se conhecia ali. O didatismo aqui é tão ajustado que emociona. Os easter eggs são funcionais na história e empolgantes como precisavam, entretanto Ready Player One não se atém ao passado apenas por referências, mas para dá um salto real que vai marcar.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraA capacidade de Steven Spielberg tornar um roteiro carregado em um filme dinâmico e instigante merece uma salva de palmas.
O uso de várias informações, discussos e diálogos faz parte do âmbito político e jornalístico que o filme se dispõe a apresentar, que não cai no enfadonho pela excelente direção, fotografia e elenco. São esses 3 fatores que aliviam e engradecem o filme por sustentarem e qualificarem o roteiro. Spielberg é objetivo e organizado, dividindo momentos essênciais para cada coadjuvante, além de aproveitar suas estrelas Meryl Streep e Tom Hanks para rivalizarem amigavelmente entre o editor-chefe ousado, mas inseguro, e a sócia majoritária do jornal que preza pela boa política mas precisa ter autonomia. A atuação de cada um transforma o texto mais poderoso, e o diretor de fotografia aproveita vários ângulos para tanto dinamizar o enchimento de verbalização quanto captar perfomaces, passeando pelo Washington Post e movimentando horizontalmente a câmera com plongês e contra-plongês significativos para contrariar qualquer superficialidade. Fora todo esse esforço de arranjar o roteiro, este por si só já é bom o suficiente e combina com o diretor que é sincero no seus valores tradicionais de família como base, política como ágora e o jornal como fonte de luta pela verdade, sem ser pieguas, além de falar de assuntos feministas bem engajados com toda a proposta, denotando coerência, sem propaganda incidente.
Se há todo o esforço para fazer um filme forte no discusso sem ser pesado no ritmo, não há o que ser feito quanto ao clichê e falta de naturalidade do roteiro. É um detalhe que o filme se perde, que se apresenta falho mesmo com um plano bem estruturado de permanecer firme o ritmo, mas é inevitável com um texto tão altivo que nenhum ator, até mesmo o mais experientes, percam a face pela pela fala.
Afinal Spielberg se demonstra vivo, não se rendendo ao tempo de ficar parado, se desafiando até mesmo em um filme amigável. As instituições são importantes mesmo que passem por corrupções, e John Williams evidencia isso ao esbanjar som quando o filme foca na produção do jornal, nas máquinas, essas que imprimem o papel que faz o elo entre o governo e o governado.
Marshall: Igualdade e Justiça
3.8 130 Assista AgoraChadwick Bosman incorpora a figura de um advogado herói, mas também sabe se colocar bem nas cenas que o negro está em patamar inferior pelo contexto da época. Assim como seu parceiro Josh Gad entrega uma variação na auto-imposição do seu trabalho, entre o que aprende, o que se empolga e o que se firma nas leis. Falo dos dois porque eles são a maquina do filme, um negro e um judeu, em que o filme divide bem os meios em que eles vivem para tornar aquela união crível. Ao mesmo tempo que o filme se preocupa com questões raciais, ele se diverte com o sistema de tribunal de forma muito boa, desde da direção de fotografia quanto no texto. Parece muito episódico e por isso é tão bom, porque ao mesmo tempo que tem compromisso com o tema ele é leve em tratá-los, mesmo com uma figura pública tão importante abordada no filme que foi Marshall. Nos créditos sua importância é dada, mas durante o filme o diretor Reginald Hudlin sabe o limite entre o dever e a prepotência.
PS: ainda dá a sensação, sem incomodar como propaganda, um empoderamento social bem feito. Excelente filme. "Stand up for something" caiu como uma luva nos créditos.
Jogador Nº 1
3.9 1,4K Assista AgoraO cara que inovou o blockbuster traz de novo a essência do blockbuster, divertir, levar o expectador as alturas, e porque não trazer uma mensagem atual. A mensagem não está apenas no roteiro clichê e que deixar rastros ao longo do caminho frenético, mas sim na montagem entre 2 realidades e como elas são transitadas de forma diferente e vão se moldando ao longo do filme. Além disso, tecnicamente, não só com os efeitos especiais de ótima qualidade que misturam as realidades, o filme é imersivo, desde do trabalho de som a fotografia de Kaminski que não para, como se tivessemos jogando o OASIS, focando a câmera durante a corrida ou mexendo no controle de video-game para visualizar melhor o ambiente. É estilosa e usual para conhecer aquele mundo, assim como para a realidade "real" transitar para o OASIS, imergindo nos VR. O fato das conversas em movimento serem gravadas em contra-plongê mensura os personagens assim como iguala os dois mundos na representação. Existe também a preocupação de close-ups nos rostos dos atores como nos avatares, criando uma sensação de estranheza que alavanca o filme. Por fim, sim é um filme que toca o coração nerd e dos que amam os anos 80, Spielberg e toda a cultura pop, e por acertadamente não parar em se contemplar dela, o filme vai direto ao ponto, atropelando lacunas importantes, resolvendo-as de formas fracas, mas não menos emotivas e compreensivas para que o filme fosse gostoso de ver e belo de se apreciar.
Como um bom filme do Spielberg, há o equilíbrio de nos levar a irrealidade e nos trazer de volta para o real...porque a realidade é real sabe, você precisa dela para legitimar o seu salto.
-Obrigado ao Cinema com Rapadura por proporcionar uma pré-estreia tão empolgante no dia 27/03/2018 -
Roman J. Israel
3.2 209 Assista AgoraUm roteiro de boas ideias, inchado e que não se sustenta, não tem pilares cinematográficos para contá-lo, até porque ele é já é imperfeito. Denzel Washington faz o estudo do personagem mais que o filme tenta fazer. Ele é tão bom que realmente mereceu uma indicação arranjada, por ele não sustenta o filme, ele está além do filme, ele incorporou e amou tanto esse personagem que o expectador consegue entender a ideia magistral e terrivelmente executada por Gilroy por meio do ator. Todos os atores estão perdidos tanto pela direção vazia quanto pelo roteiro superficial. Quem sabe se Denzel tivesse dirigido como em Fences o filme realmente deslanchasse. Uma fotografia simples e bonita sem nenhum propósito que não fosse o estilo e caracterizar um filme do Gilroy com seus personagens urbanos controversos que chamam tanta atenção e exalam um peça social para entendermos nossa própria sociedade. A edição de som assim como a fotografia é repetida e óbvia para caracterizar o personagem, que já está nas boas mãos de Denzel, nem chegando aos pés da ambição da ideia central da história. É frustante a perda de uma grande filme, mas pelo menos a ideia está lá, mesmo que nem ela seja contada direita. Para os que gostam do Direito vale muito a pena, embora não tenha como não ser enfadonho, nem que por uns minutos.
Seu Nome
4.5 1,4K Assista AgoraAcho massa como a premissa é tão conhecida por muitos mas o filme surpreende usando esse mesmo clichê, já não restando dúvida da originalidade da história. Que 3D massa hein...não né, é um 2D fantástico. É fazendo com calma que vai longe, é isso que o japonês ensina aqui. Que filme.
Viva: A Vida é Uma Festa
4.5 2,5K Assista AgoraUma animação da Pixar com cara de Disney, com um roteiro básico sem muitas camadas, não típico do estúdio, mas que emociona pelo tema e pela música, descendo lágrimas inesquecíveis.
Por sinal é exatamente sobre o que o filme fala, lembrança, que o torna marcante, pois a musicalidade implementada, a cultura mexicana com Dia dos Mortos e a valorização do idoso, do patriarca ou matriarca que trazem consigo bagagem essêncial para o desenvolvimento familiar, são compostos do filme que formam uma substância sentimental e extremamente reconhecível para o mais variado público, adultos e crianças, como é de praxe do estúdio, um assunto tão conversado que é a lembrança, a memória que faz o ser, que perdura e desenvolve gerações. Agora sobre a parte técnica, a Pixar de novo demonstra qualidade diferencial, principalmente por entregar detalhes na fisionomia humana das personagens, desde do dedilhar no violão, com notas reais, as rugas de Mama Coco, e como anima a ação da paisagem, tornando mais próximo de uma fotografia sentida de live-action, evidente quando Miguel corre e o movimento é trazido a tona de forma mais completa, ou quando a vila no méxico da mesma forma o mundo dos mortos é apresentado por um passeio visual bem ritmado com a trilha. Por sinal, Michael Giacchino repete com estilo a inspiração das canções e aproveita notas semelhantes para implementar originalidade ao mesmo tempo.
Sobre repetir, o que não tem de inovação e por isso incomoda, por ser da Pixar, é o roteiro. Assim como em O Bom Dinossauro a simplicidade é sentida na forma de contar a história, porém o filme de 2015 apresentava uma visão mais dramática e profunda nas interações dos personagens ao longo de todo o filme que supria o clichê evidente, criando uma atmosfera de perdição e conforto com o mesmo mundo bucólico, pintando levemente uma originalidade na filmografia do estúdio. Em Viva todas as estruturas e elos são resolvidos com rapidez ou aliviadas com uma comicidade tipicamente infantil, remetendo uma estratégia mais semelhante abordada nas animações propriamente dos estúdios Disney. A partir disso enxerga-se uma irregularidade entre o humor e o drama que falha sutilmente, já que o formato consumível e aparentemente surpreendente chama mais atenção do que essencialmente o desenrolar da trama até chegar ao ápice da descoberta final da história. Mesmo que a desculpa da temporalidade, que é um dos conflitos do filme quanto a morte e a vida, seja plausível sobre as determinadas ações das personagens, ainda assim essas ações sofrem de probreza no diálogo e na emoção sincera que destoa do sentimentalismo eficiente que permeia na maior parte do filme.
Por mais que essa animação não funcione em seus perigos reais, mostrando mais ainda a fusão de dois estúdios, o valor que esse filme traz supera seus defeitos acomodados. A música "Remember-me" é fervorosa e familiar, exaltando qualquer emoção que o filme semeou, assim como Mama Coco resignifica a importância do idoso, mostrando que os mais velhos podem representar só uma lembrança de um passado, e esse "só" vale todo o choro.
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraÉ tudo tão rápido, tão passageiro, da mesma maneira a juventude tem os mesmos dilemas de qualquer filme do gênero, porém o estilo da direção de Greta Gewig invoca uma original naturalidade simplista, sem compromisso com outra coisa que não seja Lady Bird e o todo a sua volta.
Com certeza a maior notabilidade do filme é a Saoirse Ronan. Primeiro pela forma que se enquadra no mise-en-scène, dando vida ao ambiente com uma atuação madura. Segundo que seu trabalho entrega uma personagem tão real em seus defeitos e aberta sobre seus anseios que cria um potencial forte de repulsa ao mesmo tempo que pode ser compreendida por suas escolhas. Isso tem a ver com o fato da diretora desenvolver um filme muito pessoal quando alcança essa escolha desafiadora sobre a sua "musa". Greta tem o estilo do subgênero cinematografico Mumblecore que planta a informalidade, assim como escolhas básicas de fotografia, montagem sem excessos, produçao de baixo orçamento, objetividade narrativa e senso de verossimilhança. Isso leva ao terceiro ponto que torna Saoirse notável, pois a direção de atuação acaba por evidenciar-se dianteba técnica do filme e torna-se peça chave para a força do filme.
Além disso, o que torna tudo vivo em toda simplicidade do filme é a história, sobre o que é a história e como ela é construída. Como é costume do subgênero citado, a época retratada é o pós 11 de Setembro, um tempo de descrença, e Christine sofre com isso em Sacramento e com sua mãe. Esses dois fatores, local e coadjuvante, que junto são agregados personagens realmente não desenvolvidos com um intuito certeiro de focar em uma mensagem linear, acabam por ser mais cativantes que a própria protagonista e trazem com eles uma grande lição. Laurie Metcalf é extremamente realista em sua perfomace materna e muito bem afinada com Ronan, assim como a cidade, a escola, e todos os "figurantes" que criam um ar de conforto, algo que momento algum Lady Bird quer passar ao público, já que ela não se sente apaziguada. Todas essas peças do roteiro são de suma importancia para um filme com quase 90 minutos, apenas, concluir a mensagem de amadurecimento de forma emocionalmente sincera.
Não é catártico, não tem a melhor técnica, mas tem uma proposta dinâmica e concisa. É um plano infalível pela falta de sobras na obra, deixando gostoso esse "coming age" independente.
Trama Fantasma
3.7 804 Assista AgoraO que mais é admirado em PTA é como ele transforma um simples em arte. Nenhum take é por acaso, nenhum ângulo é convencional...é uma ousadia constante que te convida a decifrar esse roteiro que se revela como uma trama fantasma de fato. E para completar, Daniel Day-Lewis exercita o seu melhor com a parceria suave e evidente de Vicky Krieps. Por mais o que o roteiro não seja o melhor, o que a câmera e um vestido não podem contar? Arte sobre a arte.
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraÉ um filme que não deixa a peteca cair, mesmo que a peteca esteja prestes a perder o ritmo. Acho incrível como Spielberg com um roteiro inchado consegue produzir tensão pelas próximas cenas sem necessariamente deixar de ser clichê. O jeito de abordar um texto conservador me agrada por ser sincero, ao mesmo tempo que discute questão de empoderamento feminino com refino além da performance de Meryl Streep. Tudo é encaixado aqui de uma forma surpreendente quando muita coisa tem a se falar e muitos personagens a se focar, e aí que Kami´nsky, o diretor de fotografia atua nos planos-sequência, dinamização do filme, close ups, movimento de câmera preciso em um diálog...é uma maravilha a proposta. Junto a isso Micheal Kahn como sempre editando os filmes do Spielberg implementa bem a ideia do diretor e tudo fica coeso, as transições são suaves(como de costume) e o resultado é uma das obras marcantes sobre o jornalismo estadunidense.
O Destino de Uma Nação
3.7 723 Assista AgoraUm filme que trabalha muito bem o discurso falado, a direção é muito boa de atores, especificamente do Gary Oldman que realmente tem todas as variações possíveis de interpretação para provar seu valor, assim como fazer o público se cativar com Winston Chuchil. Em relação a fidelidade é estranha, pois Winston historicamente não é essa pessoa da tela, isso incomoda um pouco pela discordância dos fatos históricos, não os ocorridos, mas o jeito como é transmitido todo o heroísmo. Alguns dirão que é licença poética, e isso mesmo pode indicar um defeito. Quanto a qualidade da fotografia do filme ela sim exalta um dubiedade intrigante quando faz um jogo de luzes e sombras que abrange a política, tons de cinza, sem maniqueísmo. Já um defeito que o filme demonstra é a tentativa fracassada de criar urgência e tensão pela contagem do tempo e pela trilha, sobrando tédio em algumas partes do filme, pois as cenas dramáticas são pinceladas com pouca força ou até falsidade, menos por parte de Gary Oldman. É um ótimo filme mesmo com pesares, pois o texto e a montagem constituem um filme firme e com propósito pouco ufanista.
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista AgoraUm sonho do diretor e roterista Ryan Coogler de trazer ao cinema o herói com responsabilidade e profundidade social foi realizado com sucesso.
Comecemos a falar da trilha sonora, uma nova dedicação do MCU, que transmite cultura, com batidas africanas, heroísmo, com o épico, e australidade dramática com violinos e tons íntimos, uma trilha própria assim como o texto do filme, discutindo por meio da ficcional Wakanda questões sociológicas de isolamento cultural, representatividade, papel governalmental e a historicidade negra, marcada pela escravidão em contraste ao historico da tecnológica cidade escondida nas montanhas. Com base nas diferenças ambos herói e vilão travam sua luta tanto em ação quanto em ideologia. O arco de T'Challa está intríseco ao arco do vilão, que seu conflito entre reinado e heroísmo é inflamado, demonstrado muito bem pela atuação de Chadwick Boseman, demonstrado fraqueza e força com naturalidade ao longo dos seus conflitos internos e externos. Killmonger, vivido por Micheal. B. Jordan, é a causa e a consequência dessa briga interna da alteza, é um antagonista engajado, um vilão paupável que tanto cresce sozinho como personagem ao mesmo tempo do protagonista. Com origens e pensamentos diferentes eles mesmo assim se complementam para uma conclusão textual reflexiva, criativa, consistente e importante.
Entretanto um filme não vive de texto. Há todo um conjunto da obra e as dedicações secundárias que influenciam diretamente no todo que culmina na imperfeição natural de qualquer longa, seja por um setor mal trabalhado na pós-produção. Aqui os efeitos especiais e as cenas de ação deixam a desejar. Os efeitos apenas incomodam de fato no terceiro ato do filme, principalmente pela montagem do ato em consonância com os efeitos. Em relação as cenas de ação, o defeito de Spider-Man: Homecoming estranhamente se repete na direção de Coogler, com determinados embates não emplacarem por causa dos cortes excessivos e fechamento de câmera, ainda que sejam cenas marcantes pelo contexto, mas não pela intensidade da ação proposta.
Enfim, um filme da Marvel evidentemente mais autoral, utilizando as características da forma com um propósito maior de ousadia, força e propriedade de assunto. Ficará na lembrança a cena dos garotos negros jogando basquete em Oakland, reconhecendo, agora, que eles tem um herói só deles que amadureceu ao ponto de dizer apenas com a postura, sem palavras, quem ele é, trazendo à mente com alegria. O heróísmo foi de novo repensado no cinema.
Eu, Tonya
4.1 1,4K Assista AgoraContar uma biografia que faça valer a pena ser vista, que mostre um diferencial, não é tão fácil quanto se parece. Não basta estilizar ou achar um ator parecido, a forma como você conta vai ditar um ponto de vista. Que maravilhoso que esse filme subjetiva as coisas, com meios criativos de usar a linguagem do cinema.
Apropriar-se de uma ideia documental e quebrar a quarta parede com essa mesma ideia trazendo a polêmica história da patinadora Tonya Harding é ousado e ambicioso que anima o expectador. Mostrar uma verdade que pode não ser completamente verdadeira e abordando isso no próprio roteiro, conversando com o público sobre isso coloca-o dentro do filme, logo as emoções são sobressaltadas. É um estudo de linguagem e contação biográfica diferente. Junto a isso as atuações são mais exigidas e muito bem entregues. Margot Robbie se mostra mais uma vez capaz de performaces de alto porte. Raiva, tristeza, dúvida, paixão, tudo é bem interpretado e bem construído na sua personagem graças a ela. Mesmo quando passa a ser um pouco coadjuvante da sua história o filme ganha pela sua proposta biográfica e mostra o potencial dos atores em meio a raiva que o filme traz, as injustiças principalmente que causa emoções animalescas. Sebastian Stan traz loucura, Alisson Janey é a pior e mais maléfica mãe de todas, Paul Walter é o pior parceiro e mais irritante personagens de todas, e Julliane Nicholson é estranhamente o porto de calmaria no filme. Além do elenco que vale a pena ser nomeado, a fotografia e a mixagem de som entregam bem a sinestesia da cena e os ruidos da época respectivamente, mais a montagem do filme que dita um ritmo instigante de assistir e caminhar na vida de Tonya, com cortes ou planos-sequencia bem sicronizados como uma dança na patinação.
Mesmo sendo um filmão ainda apresenta defeitos. As músicas maravilhosas como "Devil Woman" e "Barracuda" que tanto falavam sobre a personagem quanto sobre o momento na cena acabam prejudicando a dramaticidade do momento. Muitos sentimentos não são sentidos, apenas compreendidos, suavizando a intensidade do filme, infelizmente.
Não se justifica, não se perdoa, se culpabiliza e se maltrata, um filme que esbanja raiva de uma mulher extremamente acusada, não necessariamente injustiçada, se batessem ela batia, a criação de um monstro no contexto monstruoso. Por isso que todas as cenas de patinação são momentos a parte no filme, porque Tonya tinha uma vida contrastante com o esporte que sempre quer mostrar beleza e bom comportamento. Ela deu um salto triplo da vitória para derrota.
Jumanji: Bem-Vindo à Selva
3.4 1,2K Assista AgoraO que esperar de uma continuação de Jumanji? Ainda bem que a proposta desse filme revelou melhor do que as maiorias das sequências, um filme divertido, que implementa modernidade na medida que podia fazer isso, trazendo a ideia de um jogo atemporal que é o Jumanji.
É um filme que joga com os clichês de uma forma hilária. É preciso entender que nem todo clichê é ruim, ele pode ser usado em prol de uma história, pode ser bem feito, e aqui a piada esperada e as interações dos personagens previsíveis se tornam engraçadas e usuais pelo contexto. O video-game tem sempre um básico a contar, os desafios, os chefões, as vidas perdidas por besteiras. Mas nada disso seria realmente bom se os atores não fossem excelentes em representar tudo isso. Por mais que as substituições pelos avatares fossem de novo óbvias, o que cada ator faz para representar o eu interior do mundo real vale cada previsibilidade. The Rock e Jack Black conseguiram fazer um show de perfomace, com uma comédia física marcante. Todo o conjunto de atores, exceto Nick Jonas, combinam nas situações e dilemas dentro do jogo.
Porém, como qualquer jogo, há quem perca também nisso tudo. Os clichês ruins também se evidenciam, principalmente quando eles não são assumidos pelo filme. Exemplo disso é a piada constante do ator Kevin Hart de ser um zoólogo como avatar e sempre se perguntar o porquê sabia tanto sobre animais. Isso é programado, não precisa justificar uma estranheza que pertence a própria situação em sim. O próprio Dwayne Johnson tem uma piada semelhante seguindo o programado, e os próprios colegas estranham, tornando o clichê bem funcional e engraçado. E outra coisa que é defeituoso no filme é a transposição da vida real sobre a vida virtual. As nuances de algo mais complexo se mostra como potencial, então quando as discussões da vida real se tornam simples soa decepcionante.
Enfim, é prazeroso ver esse filme como todo, é gratificante ter ideias boas usando clichê e enchendo o cinema de risadas genuínas, de piadas muito bem feitas fisicamente e um pouco no texto. Os absurdos aqui são os melhores, e mesmo que seja estranho como as fases se apresentem e o próprio vilão apareça, ainda há uma mensagem pé no chão. No Jumanji antigo era o "grow up", enquanto nesse novo é o "live up". Selva, perigo, em qualquer geração Jumanji ensinará alguma coisa.
O Rei do Show
3.9 897 Assista AgoraOs musicais no cinema têm aquele aspecto de escapismo, algo idealizado, uma alegria ou até mesmo uma tristeza estilosa. Tudo isso é maravilhosamente implementado nesse filme, mas quando chega no ponto dramatúrgico e do conflito, tudo fica apenas na letra da canção.
Porém vamos falar as coisas boas, porque na verdade o filme é ótimo, pois a história do P.T Barnum fala sobre ludibriar as pessoas, sobre o showbusiness e sobre o circo, um recheado picadeiro teatral diversificado. Isso é bem exposto aqui. Ora, The Greatest Showman faz isso, traz um modelo teatral para sala de cinema assim como fez Moulin Rouge anos atrás. Há aquela tocante rima visual para mostrar passagem de tempo ou transição de cena, há aquela magia sonhadora presente nas músicas, e o que o expectador acaba querendo é que toda aquela felicidade continue, pois esse jovem diretor faz direitinho o ritmo de entretenimento enclausurado, escondendo defeitos. Um outro fator que ajuda no encantamento desse filme é o elenco. Hugh Jackman se demonstra cada vez mais convicente nos mais variados papeis, pelo carisma e pela competência em viver o personagem, além de cantando. O resto do elenco entrega bem, e falando de voz a Zendaya chama muita atenção, e quando é chamada para atuar também.
Agora vem a parte problemática. O filme começa com música, e esperava-se que seria mais um Miseráveis cantando. Por um lado é bom que não seja colocado música em todo momento, no entanto a qualidade dos diálogos, do conflito e do trabalho de personagens pelo roteiro é essêncial para que valha a pena sair do momento musical, para que não tenha substância apenas lá. O momento claro que demonstra isso é todo o contexto envolvendo a personagem da Rebecca Ferguson. A personagem é instigante, a canção que interpreta, "Never Enough", é o cerne da problematização que o aparentemente e estranhamente perfeito P.T Barnum trouxe da sua vida passada, mas então Zac Efron chega e o assunto da diversidade, com respeito ao diferente, exaltando as características incomuns, problematiza-se envolvendo Zendaya e uma romance incomum para época, apagando a jornada do protagonista de maneira intransigente, mesmo que enriqueça o filme. Além disso a própria relação de Hugh Jackman com seus funcionários do teatro circo é falsa, mas isso não se torna um ponto desenvolvido fora de "This is Me", a grande pérola não por acaso.
Logo, temos um filme de gênero que joga discussões discutidas superficialmente, mas é injusto falar que não cumpriu quase perfeitamente a ideia de um musical, que energiza qualquer pessoa que assiste com letras, ritmos modernos e bem elaborados, ironicamente discutindo fora e dentro do filme, sutilmente, o que é um show de verdade ou se há o real nisso. "Come Alive".
Extraordinário
4.3 2,1K Assista AgoraStephen Chbosky demonstrou a capacidade de escrever um livro feito por cartas e adaptar para o cinema ele próprio em As Vantagens de Ser Invisível, implementando um pouco da linguagem do livro mas correspondendo ao formato da película. Por mais que o esforço tenha causado lágrimas e admiração, há um didatismo nesse filme que não parece pertencer a sétima arte.
É maravilhoso como o filme capta as variadas pespectivas. No livro isso pode ser mais facilmente feito, ou até mesmo em uma série, mas em um filme o desafio é bem maior, para não desmantelar a estrutura agradável. A dificuldade vai além da edição, existe todo o protagonismo variado, as conexões ou como tudo isso flui junto. Esse fator adaptativo realmente foi necessário para tornar o filme peculiar. O apelo não focado em August é reconfortante e angustiante ao mesmo tempo, pois o drama é generalizado e sentido de formas diferentes. As atuações entregam bem o processo apelativo que na maior parte não é forçado porque conhecemos bem todo o contexto por olhos diferentes, exemplificando a personagem da irmã que ganha força ao longo do filme.
O que realmente é insatisfatório é que a tentativa boa também causa uma certa ruína. O filme continua bom, mas o seu maior trunfo nunca chega ao seu auge e atrapalha o protagonismo de August também. A simplicidade do filme não impede que a edição possa ser mais calma, não impede que haja menos narrações sobre fatos mostrados e também não impede que o filme abranja a própria proposta. Ora, parece que sempre há intenção de mostrar vários arcos sem a devida atenção. Summer sofre com isso, o cachorro sofre com isso e até a mãe sofre com isso na narrativa. Não é um desastre, mas quando o filme se torna inteligente em mostrar o bulliyng e o sofrimento com vários ângulos espera-se que a ideia jovial traga mais jovialidade ao resto do filme.
De fato a mensagem de Wonder é extraordinária, com mais uma bela jornada do herói com direito a ótimas referências do espaço, porém apostar no sentimentalismo e arriscar sem se arriscar de verdade pode até causar arrepios naturais, mas tudo se torna passageiro no final...tudo não, ao menos a abordagem do instrospectivo de August, a metáfora do capacete, isso sim será trazido a tona com as melhores cenas de corredor.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraO jeito como a Itália é viva, o jeito como Luca dirige calmamente, não lentamente, e transmite naturalismo com cenas de bicicleta por exemplo...é tudo muito romântico, o contexto perfeito para uma relação amorosa e para os apreciadores de filme assistirem. TIMOTHEE pode até não ganhar o Oscar esse ano, mas está mais perto do que se imagina. A dramaturgia desse cara é COISA DE OUTRO MUNDO. Um outro ponto positivo a mais que devo citar é a trilha sonora e todo o arranjo musical de mixagem de som, etc. "Mistery of Love" combina muito, a escolha de músicas clássicas, "Love My Way" que se eterniza com um momento de discoteca e mise-en-scène maravilhoso. Porém, a ideia de amadurecimento, a mistura do erótico e sensual e a atuação de Armie Hammer são pontos duvidosos. Por mais que tenha uma história crível, mesmo sendo razoavelmente idealizado sem problema algum, e o discurso do pai seja bem esclarecedor e um momento chave, ainda assim a conclusão soa estranha com essa ideia de amadurecer, mesmo que o sentimento seja compreensível, graças à performance do Timothee(é preciso elogia-lo mais de uma vez). O erótico e sensual misturados vai variar para cada um até que limite isso combina com o todo. Em relação ao Armie Hammer, ele contracena com um ator sensacional, e mesmo que a química entre eles desenvolva-se bem as reações do ator não convencem no drama, na preocupação, só em momentos felizes ou de dança...digo isso baseado em seus trabalhos diversos que ainda não o revelaram tão bom assim(não vi Mine ainda, infelizmente).
PS: "Love my way, it's a new road
I follow where my mind goes"
A Forma da Água
3.9 2,7KDel Toro fez uma obra que já nasce clássica, concebida com todo o estilo clássico, um filme fora de sua época e por isso soa tão gostoso. É como se fosse uma história de folclore, uma poesia trazida para o cinema há muito tempo escrita. Ele não é forte o suficiente para se emocionar ou para um encantamento pleno porque existe uma preocupação em abordar pesares, crítica e utilizar a caricatura permitida pelo o fantasioso para vomitar algo, expor um tema social. Talvez ele se perca nisso, pois para não destoar do clima leve e aquático tudo além da fantasia é tornado didático. Porém isso é ao mesmo tempo parte da magia do filme, tudo vai depender se você compra uma estranha relação folclórica e o amor de Del Toro pelos monstros, pelo estranho e pelo cinema.
PS: Desplat, Desplat...uma trilha sonora maravilhosa para um conto como esse.