Enquanto assistia ao filme, uma música cheia de significado na minha vida reverberava e batucava à mente a todo momento. Essa música, Bobby Jean, de Bruce Springsteen, possui uma conotação romântica à princípio mas que fala essencialmente sobre amizade. Entretanto, existe uma ambiguidade em sua letra que abre esse precedente para uma suposta compreensão distinta. E acho que em "Past Lives” essa ambiguidade se faz presente também.
E é isso. Está tudo ali ao mesmo tempo em que não está. O olhar diz tudo ao mesmo tempo que não diz nada. É um filme sobre o amor? Amizade? A ironia do destino? Não sei. O que eu sei é que existe, a partir dessa dualidade de possibilidades, um futuro.
Um futuro que se conecta ao passado ou a uma nova página para ser escrita? Não se sabe. São perguntas que ficam na nossa mente mesmo o filme tratando de maneiras diferentes o desejo dos protagonistas perante a relação de ambos. Duas personalidades distintas, conectadas por um elo que parece nunca ter sido desfeito.
E o que eu acho mais bonito é que a partir dos olhares, da interação silenciosa, se constrói um filme rico, complexo e repleto de nuances. Há sempre algo escondido atrás dos olhares. Uma palavra, uma frase, um desabafo, um desejo, algo que sempre quiseram falar um para o outro mas faltou… coragem, talvez? Me coloquei no lugar e pensei em quantas vezes não disse o que queria para alguém. E dói, machuca.
Esses olhares estabelecem a força motriz em um filme que não busca confortar o espectador e sim trazer uma perspectiva sobre as incertezas proporcionadas pela vida e as consequências (positivas ou negativas) que as nossas escolhas nos trazem.
E aí eu volto à música. Bobby Jean fala sobre um desencontro, uma despreparada despedida seguida de um reencontro, onde a nostalgia e a recordação de um passado marcante se faz presente. E depois… outro desencontro. Uma distância, uma barreira que impede, de certa forma, a reconexão. Mas os olhares, o sentimento, o amor, ali permanecem. E permanecerão, não importa o caminho que decidirem seguir.
Que filme lindo, meu deus.
"But maybe you'll be out there on that road somewhere Some bus or train that's traveling along In some motel room, there'll be a radio playing And you'll hear me sing this song Well, if you do, you'll know I'm thinking of you And all the miles in between And I'm just calling one last time Not to change your mind, but just to say I miss you, baby Good luck, goodbye, Bobby Jean."
Acho que desde "Hereditário" eu não ficava tão nervoso com um filme.
E é bom justamente por conseguir transitar a todo momento entre os sub-temas que aborda e o argumento central, o terror em si, seja ele representado pelo luto ou o trauma, seja pelo imagético, os espíritos e etc. É geral muito encaixado e pontual. Tem tudo pra cair no clichê e sempre consegue sair dessa armadilha de uma maneira eficiente, transformando uma premissa simples em algo que gera uma reflexão, proporcionando ao espectador um enfrentamento distinto perante a obra.
Tenso, angustiante e, de maneira bem surpreendente, um respiro possibilitador para um gênero que necessita de algo diferente. Possivelmente voltarei a ele algum dia, mas gostei bastante.
É interessante pois a partir de um trauma específico se escancaram outros traumas mais profundos. E quando isso acontece, se desencadeia um leque complexo de situações e sentimentos que em determinado momento parece que não possui uma coesão. Mas aí vem a última parte, o desfecho. E que desfecho.
É um filme que entende e evidencia as correlações sociais existentes no Brasil ao mesmo tempo em que as analisa, a partir de retratos bem familiares e rotineiros em nossa realidade, sob o espectro humano. O espectro real, palpável.
Esse trabalho é delicado, duro e também muito bonito. Joana transmite uma dor, algo quase que intrínseco, apenas com olhares. Tudo ao redor parece estar desajustado, quebrado. É o retrato fiel de um país que subsiste por entre contradições, onde quem paga o preço são as pessoas.
E apesar de toda angustia, sobra tempo para a generosidade. Sobra tempo para mostrar que o amor pode acalentar até mesmo as almas mais conturbadas.
Pouco menos de um ano atrás eu adentrava uma sala de cinema para assistir a esse filme pela primeira vez. Foi na mostra, em São Paulo, e era um dos únicos daquela edição do festival que eu queria muito ver. Por um desleixo, uma pequena distração, confundi o horário e perdi os 20 minutos iniciais. Era o primeiro dia de festival e aquilo me deixou muito, muito triste, pois sabia que não teria outra oportunidade naquele ano para reve-lo e que demoraria, no mínimo, meio ano pra aparecer em algum lugar na minha cidade. Mesmo perdendo uma parte, entrei na sessão para ver se conseguia, de alguma forma, entender no andar da carruagem mesmo, na marra. Notei que boa parte do que vi fez sentido e sabia que era um filme especial, diferente, único. Tive a noção do tamanho daquilo que tinha acabado de ver, mesmo que de forma desfalcada.
E pouco menos de um ano depois, voltando a ele, finalmente, constatei o que já havia sentido, de certa forma, naquela vez: que é daqueles exemplares que marcam a alma. Eu nunca vou esquecer o que senti revendo essa maravilha.
Eu acho que ele representa e sintetiza as relações de uma maneira geral pois tudo na vida gira em torno desses ciclos, dessa não linearidade que ela nos impõe através da imprevisibilidade dos atos, dos acontecimentos, dos percalços. Eu não lembro a princípio de um filme que tenha retratado a amizade de uma forma tão pura, real e dura como aqui. E no fim das contas ela é assim mesmo; cíclica, instável, verdadeira e bonita. Se eu pensar em uma amizade verdadeira, que sobrevive ao tempo e a tudo, eu volto a esse filme.
O viver é constituído de encontros, em estabelecer relações, vínculos e elos, mas também de desencontros, desvios, possibilidades distintas que separam, naturalmente ou não, vidas que algum dia pareciam uma só. E mais do que qualquer coisa, enxergo “As Oito Montanhas” como um filme sobre a vida como ela é. É nas horas de aperto, de tristeza, nostalgia, que lembramos de quem a gente ama de verdade. Nossa família, pessoas que se foram, amigos próximos, ou distantes… não há beleza maior do que o amor que sentimos por quem nos complementa, por quem é essencial. E por mais implacável que o tempo seja, a vida trata de reajustar o que em algum momento se perdeu.
Eu queria muito conseguir falar mais sobre esse filme, de verdade. Mas simplesmente não consigo colocar em palavras suficientes o quanto ele me tocou.
É possivelmente o filme mais bonito sobre a mais singela e poderosa conexão que fazemos em vida: a amizade verdadeira.
Para um diretor que sempre se mostrou redundante em relação a concepção temática e narrativa, isso aqui chega a ser, de uma maneira extremamente positiva, renovador. É uma espécie de ruptura pessoal para o próprio Nolan. Em "Oppenheimer", ele se desprende completamente daquela incômoda amarra em prol de uma complexidade autoexplicativa que lhe é recorrente desde seu primeiro trabalho para adentrar o mundo crível, o mundo em que não há espaço para trejeitos ou saídas meramente fáceis. E, na realidade, é o que o tema requer. É sobre algo palpável, que não se fantasia ou se recria. É algo real.
Acho que independente de qualquer coisa, Nolan criou um filme que se atém a um certo tipo de cautela, e ele necessita dela para estabelecer a sua força. A montagem frenética fica em evidencia o tempo inteiro, dando dinamismo e eficiência ao retrato sem que ela soe premeditadamente imposta a fim de atender um certo padrão. Isso, especialmente, me surpreendeu porque o Nolan nunca escondeu a sua necessidade de buscar o inexplicável recorrendo ao perceptível.
É um Nolan mais consciente, maduro, preocupado em potencializar o drama, a análise de persona, o ambiente, seus desdobramentos. Se por um lado busca, através dos cortes rápidos em conjunto de um trabalho de som bastante coeso, tensionar a experiência (um dos grandes acertos do filme), por outro ele consegue proporcionar uma catarse nos momentos silenciosos (como, por exemplo, na cena da explosão) e ser certeiro, nunca exagerando na sua utilização. E a ambiguidade do seu relato corrobora a complexa versatilidade do próprio protagonista. Oppenheimer é frio, mas também possui algum tipo de bondade. O diretor não isenta sua figura, tampouco tenta demoniza-lo. A dúvida é um personagem importante para o entendimento sobre tudo. Enquanto houver dúvida, há o debate. Enquanto houver uma figura dúbia no centro, haverá no que se debruçar. Consequentemente, o alcance do retrato passa a ser maior e a figura central mais enigmática. Enquanto a história se desenhava e a Guerra Fria se aproximava, as peças no tabuleiro da nova ordem mundial se colocavam. O mundo nunca mais foi o mesmo. E nem deveria ser.
A dimensão que esse filme possui é gigantesca. É narrativamente poderoso, tematicamente propositivo e possui uma dinâmica estrutural que estonteia. Eu queria falar tanta coisa mais… mas não consigo.
"Oppenheimer" é um “respiro” criativo na carreira de um diretor comercialmente consistente mas que sempre pecou pelo exagero. É um filme que não busca apontar dedos, mas sim apresentar um olhar expansivo e repleto de nuances sobre uma das figuras mais controversas da humanidade.
Possivelmente o melhor filme da carreira do Nolan. E certamente meu favorito.
To embasbacado. "Barbie" assume a sua superficialidade e trabalha, a partir dela, tudo que nos é palpável como seres humanos. São temas e temas abordados de uma forma tão divertida e comprometida com a proposta que no fim tudo parece deixar de ser simplesmente raso. A Greta consegue transformar algo essencialmente banal em algo repleto de nuances e complexidades. É basicamente um retrato fidedigno da nossa própria vida.
O tanto que eu ri não tá escrito. Gosling e Robbie estão incríveis, a presença de Will Ferrell é sempre uma pitada a mais e como se não bastasse isso, o filme entrega um bocado de reflexões e questionamentos socialmente importantes sem forçar a barra em momento algum. É tudo natural, fluido, homogêneo.
O amor pela vida, pelas pessoas, pelo desconhecido. É encontrar sentido em coisas que o levem a um caminho de felicidade. Alessia e Stephen encontraram esse caminho.
É como se a imensidão do oceano, que os ligou da maneira mais pura e bonita, fosse a representação de todo o carinho e altruísmo que um tinha pelo outro e consequentemente por todas as pessoas que os rodeavam. Existe um sentimento muito bonito entre aqueles seres humanos. E o documentário mostra essa nuance de um jeito quase que poético.
Típico filme que me pega muito. E o impacto foi forte.
É por vezes um tanto disperso, principalmente em sua primeira hora, mas é ao mesmo tempo um filme que escancara um Guy Ritchie mais sério e comprometido com algo palpável do ponto de vista humano, tendo a guerra como fator. E eu gostei muito do que vi. Além de intensificar o conflito com boas sequências de ação, Ritchie estabelece, a partir de uma amizade de certa forma improvável, o objeto de sustentação do seu retrato. Enquanto evidencia os terrores que soldados e moradores vivem, ele também cria o elo entre seus personagens e o espectador, que se importa com o destino daqueles dois homens. A consequência é um filme que a princípio aparentava ser apenas sobre a violência na guerra, mas que se torna um interessante olhar sobre amizade e companheirismo.
Sou fã do trabalho do diretor e me arrisco dizer que, caso ele explore mais esse seu outro lado, pode ser que dê muito certo. Independente do que venha a seguir, a certeza é que o homem entrega tudo sempre.
Faz um apanhado geral sobre as consequências que se sucederam a partir da dissolução da União Soviética e contextualiza, de uma forma sucinta e pouco expansiva - porém compreensível - o quanto seu fim trouxe ressentimento e fez emergir conflitos entre as antigas repúblicas, o que reflete diretamente no entendimento do novo mundo e seu tabuleiro geopolítico.
Fato é que o fim da União Soviética não trouxe melhora e nem liberdade ao povo russo. O agravamento da pobreza, da crise do poder econômico e social foi evidente e sentido pela parte mais sofrida da sociedade. O espectro soviético ainda paira por todo canto possível justamente pelo sentimento de falta, de que aquela gigante nação realmente abraçava seu povo de todas as maneiras possíveis, mesmo com seus equívocos.
E é fato também que sim, o fim da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica ocorrida no século XX. E para o povo, isso é vivenciado de uma forma bem mais penosa.
Eu tava gostando bastante, mas a insistência na mesmice e as inúmeras voltas que ele dá pra chegar em lugar algum, ou a um lugar em que, com antecedência, já conhecemos, me desagradou um pouco.
Vale muito pela atuação central e por podermos, de certa forma, perambular junto do protagonista em uma Nápoles que encanta e ao mesmo tempo intimida. Só que fica meio por isso mesmo.
Há nesse filme uma falta de equilíbrio entre a construção das relações constituídas pelos personagens (algo que os Dardenne sempre manejaram com maestria e fazem bem aqui) e a sua narrativa, que por vezes pouco verossímil, adentra um caminho não muito crível do ponto de vista geral.
É um bom filme, mas esse desequilíbrio entre sua estrutura - que deveria redefinir e direcionar o argumento abordado porém não o faz - e o ponto mais forte e contundente da incrível carreira dos irmãos belgas (seus personagens) o colocam em um lugar interessante e ao mesmo tempo pouco expansivo não apenas no fator narrativo, mas também no temático. A xenofobia, tema recorrente na filmografia dos diretores, já foi retratada e analisada por eles de maneira absolutamente genial e homogênea em um outro filme, o qual considero dos meus favoritos: A Promessa. Em Tori e Lokita, infelizmente, não vejo essa unidade.
Será sempre um cinema poderoso e relevante. Apesar de achar seus últimos trabalhos bem menos inspirados (esse incluso), é inegável que merece a atenção do espectador. Espero que o próximo Dardenne venha pra marcar, como já fizeram tantas vezes.
É desses repleto de bons momentos (principalmente quando se atém às cenas de ação) mas que se perde ao buscar coesão em uma narrativa multifacetada e que não foca necessariamente em nada. Tenta ser muito cheio de nuances e camadas, só que no fim das contas se mostra frágil ao tentar desenvolver as subtramas ligadas à trama em si, levando o filme a um lugar desfocado e confuso.
Mas não é de todo ruim. A primeira metade possui momentos inspirados na direção em conjunto de um chamativo exercício de gênero, onde experienciamos a tensão que a situação isoladamente já nos gera. E culmina em um clímax bem interessante e que faz o filme valer muito. Uma pena a parte estrutural não caminhar a todo momento junto da técnica.
Acho que o grande trunfo do filme reside nessa ambiguidade proposta pelo diretor que coloca no cerne um debate muito atual, delicado e necessário. Não acho que seja sobre culpa ou inocência. É sobre algo bem maior, que coloca em discussão a moral humana de maneira geral. Acredito, acima de tudo, que Attal procure nos colocar como um juiz, um pai, ou uma mãe do ponto de vista onipresente, para que não necessariamente julguemos algo ou alguém, mas para que possamos sentir, de todos os lados, os mais duros e complexos sentimentos.
A decisão em não explicitar o acontecimento se mostra acertada pois nos coloca nesse lugar. Um lugar de questionamento, principalmente. É, como exercício de gênero, um trabalho que pouco presume, mas que essencialmente nos leva a uma profunda reflexão.
É interessante pois ao mesmo tempo em que é um filme eficientemente tenso, é também insosso e pouco homogêneo. A temática clama por algo que tire o espectador de sua zona de conforto e o filme consegue atingir esse aspecto, mas também se delimita a explorar o retrato a partir de um único espectro e isso joga o filme em um lugar não muito promissor do ponto de vista narrativo.
Falta uma pujança, mesmo sendo um filme forte por si só.
É aquele tipo de filme que ambiciona uma grandeza consequente das suas inúmeras nuances (ou pseudo nuances?) mas que no fim das contas é só medíocre mesmo.
Como é bom experienciar o cinema de Cristian Mungiu. A intolerância observada a partir de um olhar minucioso, que coloca em análise seu objeto de estudo principal - a Romênia - mas que expõe, naturalmente, um problema claramente intrínseco à própria realidade européia: a xenofobia. É um recorte fascinante e emblemático sobre a complexa e tensa situação da Europa moderna, onde a hipocrisia impera e perpetua, consequentemente, comportamentos que fogem à qualquer compreensão do que se entende por humanidade.
Há um problema latente de transição la pela metade do filme que evidencia um roteiro substancialmente irregular e que, de certa forma, quase me perdeu ao gerar saídas narrativas muito fáceis e contestáveis. Mas a construção, principalmente a do 1º ato, dá gás e respiro aos próximos atos e sustentam a força do retrato na medida do possível.
É interessante ao escancarar a hipocrisia do fundamentalismo religioso e todo seu aparato humano como fator de perpetuação desse comportamento podre. Não acho consistente o tempo todo, só que quando necessita demonstrar força, o faz de maneira pontual. Pra se rever.
Onde algumas pessoas enxergaram maniqueísmo e manipulação sentimental através do melodrama, eu enxerguei sensibilidade. Pura e simples. Aronofsky sabe muito como trabalhar essa problemática do ser humano como espécie e consegue, partindo do ponto de vista mais extremo, identificar suas camadas e destrincha-las a fim de conceber um retrato palpável e realista de uma determinada situação. Em “A Baleia” não é diferente. A partir de sub-temas como sexualidade, religião e relações familiares, o diretor desenvolve um estudo mais pessoal sobre a condição humana e busca, a partir desse entendimento, analisar as causas e consequências dessa condição em um panorama geral. É bem claro que Charlie busca uma espécie de redenção. Não para sobreviver, se salvar ou tentar escapar de algo iminente. Mas para se reconectar com quem ele realmente ama (e amou) apesar de todos os seus erros. E é interessante que o diretor vá no cerne temático (a obesidade, os problemas acarretados a partir dela e até mesmo a depressão) e consiga, através disso, alcançar um entendimento sobre os problemas que permeiam a vida das pessoas como um todo. A real faceta da frágil existência da nossa espécie evidenciada a partir de um homem que já sabe que não tem saída.
Afinal… temos?
É um filme muito forte e reflexivo. Incomodou e agradou. E, ao meu ver, entregou. Vai ficar comigo por um bom tempo.
Retratos Fantasmas
4.2 231 Assista AgoraUma carta de amor ao cinema e uma ode à memória. Filme gigantesco.
Vidas Passadas
4.2 754 Assista AgoraEnquanto assistia ao filme, uma música cheia de significado na minha vida reverberava e batucava à mente a todo momento. Essa música, Bobby Jean, de Bruce Springsteen, possui uma conotação romântica à princípio mas que fala essencialmente sobre amizade. Entretanto, existe uma ambiguidade em sua letra que abre esse precedente para uma suposta compreensão distinta. E acho que em "Past Lives” essa ambiguidade se faz presente também.
E é isso. Está tudo ali ao mesmo tempo em que não está. O olhar diz tudo ao mesmo tempo que não diz nada. É um filme sobre o amor? Amizade? A ironia do destino? Não sei. O que eu sei é que existe, a partir dessa dualidade de possibilidades, um futuro.
Um futuro que se conecta ao passado ou a uma nova página para ser escrita? Não se sabe. São perguntas que ficam na nossa mente mesmo o filme tratando de maneiras diferentes o desejo dos protagonistas perante a relação de ambos. Duas personalidades distintas, conectadas por um elo que parece nunca ter sido desfeito.
E o que eu acho mais bonito é que a partir dos olhares, da interação silenciosa, se constrói um filme rico, complexo e repleto de nuances. Há sempre algo escondido atrás dos olhares. Uma palavra, uma frase, um desabafo, um desejo, algo que sempre quiseram falar um para o outro mas faltou… coragem, talvez? Me coloquei no lugar e pensei em quantas vezes não disse o que queria para alguém. E dói, machuca.
Esses olhares estabelecem a força motriz em um filme que não busca confortar o espectador e sim trazer uma perspectiva sobre as incertezas proporcionadas pela vida e as consequências (positivas ou negativas) que as nossas escolhas nos trazem.
E aí eu volto à música. Bobby Jean fala sobre um desencontro, uma despreparada despedida seguida de um reencontro, onde a nostalgia e a recordação de um passado marcante se faz presente. E depois… outro desencontro. Uma distância, uma barreira que impede, de certa forma, a reconexão. Mas os olhares, o sentimento, o amor, ali permanecem. E permanecerão, não importa o caminho que decidirem seguir.
Que filme lindo, meu deus.
"But maybe you'll be out there on that road somewhere
Some bus or train that's traveling along
In some motel room, there'll be a radio playing
And you'll hear me sing this song
Well, if you do, you'll know I'm thinking of you
And all the miles in between
And I'm just calling one last time
Not to change your mind, but just to say I miss you, baby
Good luck, goodbye, Bobby Jean."
Fale Comigo
3.6 968 Assista AgoraAcho que desde "Hereditário" eu não ficava tão nervoso com um filme.
E é bom justamente por conseguir transitar a todo momento entre os sub-temas que aborda e o argumento central, o terror em si, seja ele representado pelo luto ou o trauma, seja pelo imagético, os espíritos e etc. É geral muito encaixado e pontual. Tem tudo pra cair no clichê e sempre consegue sair dessa armadilha de uma maneira eficiente, transformando uma premissa simples em algo que gera uma reflexão, proporcionando ao espectador um enfrentamento distinto perante a obra.
Tenso, angustiante e, de maneira bem surpreendente, um respiro possibilitador para um gênero que necessita de algo diferente. Possivelmente voltarei a ele algum dia, mas gostei bastante.
O Acidente
3.2 6É interessante pois a partir de um trauma específico se escancaram outros traumas mais profundos. E quando isso acontece, se desencadeia um leque complexo de situações e sentimentos que em determinado momento parece que não possui uma coesão. Mas aí vem a última parte, o desfecho. E que desfecho.
É um filme que entende e evidencia as correlações sociais existentes no Brasil ao mesmo tempo em que as analisa, a partir de retratos bem familiares e rotineiros em nossa realidade, sob o espectro humano. O espectro real, palpável.
Esse trabalho é delicado, duro e também muito bonito. Joana transmite uma dor, algo quase que intrínseco, apenas com olhares. Tudo ao redor parece estar desajustado, quebrado. É o retrato fiel de um país que subsiste por entre contradições, onde quem paga o preço são as pessoas.
E apesar de toda angustia, sobra tempo para a generosidade. Sobra tempo para mostrar que o amor pode acalentar até mesmo as almas mais conturbadas.
O final reflete bem isso.
Meu País Imaginário
3.8 1"A história é nossa e a fazem os povos."
— Salvador Allende
As Oito Montanhas
4.0 25Pouco menos de um ano atrás eu adentrava uma sala de cinema para assistir a esse filme pela primeira vez. Foi na mostra, em São Paulo, e era um dos únicos daquela edição do festival que eu queria muito ver. Por um desleixo, uma pequena distração, confundi o horário e perdi os 20 minutos iniciais. Era o primeiro dia de festival e aquilo me deixou muito, muito triste, pois sabia que não teria outra oportunidade naquele ano para reve-lo e que demoraria, no mínimo, meio ano pra aparecer em algum lugar na minha cidade. Mesmo perdendo uma parte, entrei na sessão para ver se conseguia, de alguma forma, entender no andar da carruagem mesmo, na marra. Notei que boa parte do que vi fez sentido e sabia que era um filme especial, diferente, único. Tive a noção do tamanho daquilo que tinha acabado de ver, mesmo que de forma desfalcada.
E pouco menos de um ano depois, voltando a ele, finalmente, constatei o que já havia sentido, de certa forma, naquela vez: que é daqueles exemplares que marcam a alma. Eu nunca vou esquecer o que senti revendo essa maravilha.
Eu acho que ele representa e sintetiza as relações de uma maneira geral pois tudo na vida gira em torno desses ciclos, dessa não linearidade que ela nos impõe através da imprevisibilidade dos atos, dos acontecimentos, dos percalços. Eu não lembro a princípio de um filme que tenha retratado a amizade de uma forma tão pura, real e dura como aqui. E no fim das contas ela é assim mesmo; cíclica, instável, verdadeira e bonita. Se eu pensar em uma amizade verdadeira, que sobrevive ao tempo e a tudo, eu volto a esse filme.
O viver é constituído de encontros, em estabelecer relações, vínculos e elos, mas também de desencontros, desvios, possibilidades distintas que separam, naturalmente ou não, vidas que algum dia pareciam uma só. E mais do que qualquer coisa, enxergo “As Oito Montanhas” como um filme sobre a vida como ela é. É nas horas de aperto, de tristeza, nostalgia, que lembramos de quem a gente ama de verdade. Nossa família, pessoas que se foram, amigos próximos, ou distantes… não há beleza maior do que o amor que sentimos por quem nos complementa, por quem é essencial. E por mais implacável que o tempo seja, a vida trata de reajustar o que em algum momento se perdeu.
Eu queria muito conseguir falar mais sobre esse filme, de verdade. Mas simplesmente não consigo colocar em palavras suficientes o quanto ele me tocou.
É possivelmente o filme mais bonito sobre a mais singela e poderosa conexão que fazemos em vida: a amizade verdadeira.
Oppenheimer
4.0 1,1KPara um diretor que sempre se mostrou redundante em relação a concepção temática e narrativa, isso aqui chega a ser, de uma maneira extremamente positiva, renovador. É uma espécie de ruptura pessoal para o próprio Nolan. Em "Oppenheimer", ele se desprende completamente daquela incômoda amarra em prol de uma complexidade autoexplicativa que lhe é recorrente desde seu primeiro trabalho para adentrar o mundo crível, o mundo em que não há espaço para trejeitos ou saídas meramente fáceis. E, na realidade, é o que o tema requer. É sobre algo palpável, que não se fantasia ou se recria. É algo real.
Acho que independente de qualquer coisa, Nolan criou um filme que se atém a um certo tipo de cautela, e ele necessita dela para estabelecer a sua força. A montagem frenética fica em evidencia o tempo inteiro, dando dinamismo e eficiência ao retrato sem que ela soe premeditadamente imposta a fim de atender um certo padrão. Isso, especialmente, me surpreendeu porque o Nolan nunca escondeu a sua necessidade de buscar o inexplicável recorrendo ao perceptível.
É um Nolan mais consciente, maduro, preocupado em potencializar o drama, a análise de persona, o ambiente, seus desdobramentos. Se por um lado busca, através dos cortes rápidos em conjunto de um trabalho de som bastante coeso, tensionar a experiência (um dos grandes acertos do filme), por outro ele consegue proporcionar uma catarse nos momentos silenciosos (como, por exemplo, na cena da explosão) e ser certeiro, nunca exagerando na sua utilização. E a ambiguidade do seu relato corrobora a complexa versatilidade do próprio protagonista. Oppenheimer é frio, mas também possui algum tipo de bondade. O diretor não isenta sua figura, tampouco tenta demoniza-lo. A dúvida é um personagem importante para o entendimento sobre tudo. Enquanto houver dúvida, há o debate. Enquanto houver uma figura dúbia no centro, haverá no que se debruçar. Consequentemente, o alcance do retrato passa a ser maior e a figura central mais enigmática. Enquanto a história se desenhava e a Guerra Fria se aproximava, as peças no tabuleiro da nova ordem mundial se colocavam. O mundo nunca mais foi o mesmo. E nem deveria ser.
A dimensão que esse filme possui é gigantesca. É narrativamente poderoso, tematicamente propositivo e possui uma dinâmica estrutural que estonteia. Eu queria falar tanta coisa mais… mas não consigo.
"Oppenheimer" é um “respiro” criativo na carreira de um diretor comercialmente consistente mas que sempre pecou pelo exagero. É um filme que não busca apontar dedos, mas sim apresentar um olhar expansivo e repleto de nuances sobre uma das figuras mais controversas da humanidade.
Possivelmente o melhor filme da carreira do Nolan. E certamente meu favorito.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraTo embasbacado. "Barbie" assume a sua superficialidade e trabalha, a partir dela, tudo que nos é palpável como seres humanos. São temas e temas abordados de uma forma tão divertida e comprometida com a proposta que no fim tudo parece deixar de ser simplesmente raso. A Greta consegue transformar algo essencialmente banal em algo repleto de nuances e complexidades. É basicamente um retrato fidedigno da nossa própria vida.
O tanto que eu ri não tá escrito. Gosling e Robbie estão incríveis, a presença de Will Ferrell é sempre uma pitada a mais e como se não bastasse isso, o filme entrega um bocado de reflexões e questionamentos socialmente importantes sem forçar a barra em momento algum. É tudo natural, fluido, homogêneo.
Valeu muito a espera. E já to pronto pra rever.
De Tirar o Fôlego
4.0 35 Assista Agora"The Deepest Breath" é sobre o amor.
O amor pela vida, pelas pessoas, pelo desconhecido. É encontrar sentido em coisas que o levem a um caminho de felicidade. Alessia e Stephen encontraram esse caminho.
É como se a imensidão do oceano, que os ligou da maneira mais pura e bonita, fosse a representação de todo o carinho e altruísmo que um tinha pelo outro e consequentemente por todas as pessoas que os rodeavam. Existe um sentimento muito bonito entre aqueles seres humanos. E o documentário mostra essa nuance de um jeito quase que poético.
Típico filme que me pega muito. E o impacto foi forte.
O Pacto
3.9 242 Assista AgoraÉ por vezes um tanto disperso, principalmente em sua primeira hora, mas é ao mesmo tempo um filme que escancara um Guy Ritchie mais sério e comprometido com algo palpável do ponto de vista humano, tendo a guerra como fator. E eu gostei muito do que vi. Além de intensificar o conflito com boas sequências de ação, Ritchie estabelece, a partir de uma amizade de certa forma improvável, o objeto de sustentação do seu retrato. Enquanto evidencia os terrores que soldados e moradores vivem, ele também cria o elo entre seus personagens e o espectador, que se importa com o destino daqueles dois homens. A consequência é um filme que a princípio aparentava ser apenas sobre a violência na guerra, mas que se torna um interessante olhar sobre amizade e companheirismo.
Sou fã do trabalho do diretor e me arrisco dizer que, caso ele explore mais esse seu outro lado, pode ser que dê muito certo. Independente do que venha a seguir, a certeza é que o homem entrega tudo sempre.
Força Bruta
3.3 26 Assista AgoraAssistir Ma Dong-seok esmurrando tudo o que vê pela frente não tem preço. Que filme delicioso, pqp.
Legacy of a Superpower: 30 Years After the Collapse of …
3.8 1Faz um apanhado geral sobre as consequências que se sucederam a partir da dissolução da União Soviética e contextualiza, de uma forma sucinta e pouco expansiva - porém compreensível - o quanto seu fim trouxe ressentimento e fez emergir conflitos entre as antigas repúblicas, o que reflete diretamente no entendimento do novo mundo e seu tabuleiro geopolítico.
Fato é que o fim da União Soviética não trouxe melhora e nem liberdade ao povo russo. O agravamento da pobreza, da crise do poder econômico e social foi evidente e sentido pela parte mais sofrida da sociedade. O espectro soviético ainda paira por todo canto possível justamente pelo sentimento de falta, de que aquela gigante nação realmente abraçava seu povo de todas as maneiras possíveis, mesmo com seus equívocos.
E é fato também que sim, o fim da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica ocorrida no século XX. E para o povo, isso é vivenciado de uma forma bem mais penosa.
Esquema de Risco: Operação Fortune
3.0 99 Assista AgoraAdmito que ver Jason Statham arregaçando tudo em um filme do Guy Ritchie me pega muito.
Nostalgia
3.3 12 Assista AgoraEu tava gostando bastante, mas a insistência na mesmice e as inúmeras voltas que ele dá pra chegar em lugar algum, ou a um lugar em que, com antecedência, já conhecemos, me desagradou um pouco.
Vale muito pela atuação central e por podermos, de certa forma, perambular junto do protagonista em uma Nápoles que encanta e ao mesmo tempo intimida. Só que fica meio por isso mesmo.
É bom, mas tinha potencial pra ser grande.
Tori e Lokita
3.8 8Há nesse filme uma falta de equilíbrio entre a construção das relações constituídas pelos personagens (algo que os Dardenne sempre manejaram com maestria e fazem bem aqui) e a sua narrativa, que por vezes pouco verossímil, adentra um caminho não muito crível do ponto de vista geral.
É um bom filme, mas esse desequilíbrio entre sua estrutura - que deveria redefinir e direcionar o argumento abordado porém não o faz - e o ponto mais forte e contundente da incrível carreira dos irmãos belgas (seus personagens) o colocam em um lugar interessante e ao mesmo tempo pouco expansivo não apenas no fator narrativo, mas também no temático. A xenofobia, tema recorrente na filmografia dos diretores, já foi retratada e analisada por eles de maneira absolutamente genial e homogênea em um outro filme, o qual considero dos meus favoritos: A Promessa. Em Tori e Lokita, infelizmente, não vejo essa unidade.
Será sempre um cinema poderoso e relevante. Apesar de achar seus últimos trabalhos bem menos inspirados (esse incluso), é inegável que merece a atenção do espectador. Espero que o próximo Dardenne venha pra marcar, como já fizeram tantas vezes.
Sisu: Uma História De Determinação
3.5 226 Assista AgoraAbraça o absurdo de um jeito que não tem como não sair de alma lavada.
Baba Yaga finlandês.
Operação Hunt
3.0 13É desses repleto de bons momentos (principalmente quando se atém às cenas de ação) mas que se perde ao buscar coesão em uma narrativa multifacetada e que não foca necessariamente em nada. Tenta ser muito cheio de nuances e camadas, só que no fim das contas se mostra frágil ao tentar desenvolver as subtramas ligadas à trama em si, levando o filme a um lugar desfocado e confuso.
Mas não é de todo ruim. A primeira metade possui momentos inspirados na direção em conjunto de um chamativo exercício de gênero, onde experienciamos a tensão que a situação isoladamente já nos gera. E culmina em um clímax bem interessante e que faz o filme valer muito. Uma pena a parte estrutural não caminhar a todo momento junto da técnica.
A Acusação
3.9 14Acho que o grande trunfo do filme reside nessa ambiguidade proposta pelo diretor que coloca no cerne um debate muito atual, delicado e necessário. Não acho que seja sobre culpa ou inocência. É sobre algo bem maior, que coloca em discussão a moral humana de maneira geral. Acredito, acima de tudo, que Attal procure nos colocar como um juiz, um pai, ou uma mãe do ponto de vista onipresente, para que não necessariamente julguemos algo ou alguém, mas para que possamos sentir, de todos os lados, os mais duros e complexos sentimentos.
A decisão em não explicitar o acontecimento se mostra acertada pois nos coloca nesse lugar. Um lugar de questionamento, principalmente. É, como exercício de gênero, um trabalho que pouco presume, mas que essencialmente nos leva a uma profunda reflexão.
1976: Um Segredo na Ditadura
3.5 20 Assista AgoraÉ interessante pois ao mesmo tempo em que é um filme eficientemente tenso, é também insosso e pouco homogêneo. A temática clama por algo que tire o espectador de sua zona de conforto e o filme consegue atingir esse aspecto, mas também se delimita a explorar o retrato a partir de um único espectro e isso joga o filme em um lugar não muito promissor do ponto de vista narrativo.
Falta uma pujança, mesmo sendo um filme forte por si só.
O Menu
3.6 1,0K Assista AgoraÉ aquele tipo de filme que ambiciona uma grandeza consequente das suas inúmeras nuances (ou pseudo nuances?) mas que no fim das contas é só medíocre mesmo.
Lars Von Trier deve ter invejado isso aqui.
R.M.N.
3.8 12Como é bom experienciar o cinema de Cristian Mungiu. A intolerância observada a partir de um olhar minucioso, que coloca em análise seu objeto de estudo principal - a Romênia - mas que expõe, naturalmente, um problema claramente intrínseco à própria realidade européia: a xenofobia. É um recorte fascinante e emblemático sobre a complexa e tensa situação da Europa moderna, onde a hipocrisia impera e perpetua, consequentemente, comportamentos que fogem à qualquer compreensão do que se entende por humanidade.
Um soco no peito. E muito bem dado.
Holy Spider
4.0 123 Assista AgoraHá um problema latente de transição la pela metade do filme que evidencia um roteiro substancialmente irregular e que, de certa forma, quase me perdeu ao gerar saídas narrativas muito fáceis e contestáveis. Mas a construção, principalmente a do 1º ato, dá gás e respiro aos próximos atos e sustentam a força do retrato na medida do possível.
É interessante ao escancarar a hipocrisia do fundamentalismo religioso e todo seu aparato humano como fator de perpetuação desse comportamento podre. Não acho consistente o tempo todo, só que quando necessita demonstrar força, o faz de maneira pontual. Pra se rever.
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraOnde algumas pessoas enxergaram maniqueísmo e manipulação sentimental através do melodrama, eu enxerguei sensibilidade. Pura e simples. Aronofsky sabe muito como trabalhar essa problemática do ser humano como espécie e consegue, partindo do ponto de vista mais extremo, identificar suas camadas e destrincha-las a fim de conceber um retrato palpável e realista de uma determinada situação. Em “A Baleia” não é diferente. A partir de sub-temas como sexualidade, religião e relações familiares, o diretor desenvolve um estudo mais pessoal sobre a condição humana e busca, a partir desse entendimento, analisar as causas e consequências dessa condição em um panorama geral. É bem claro que Charlie busca uma espécie de redenção. Não para sobreviver, se salvar ou tentar escapar de algo iminente. Mas para se reconectar com quem ele realmente ama (e amou) apesar de todos os seus erros. E é interessante que o diretor vá no cerne temático (a obesidade, os problemas acarretados a partir dela e até mesmo a depressão) e consiga, através disso, alcançar um entendimento sobre os problemas que permeiam a vida das pessoas como um todo. A real faceta da frágil existência da nossa espécie evidenciada a partir de um homem que já sabe que não tem saída.
Afinal… temos?
É um filme muito forte e reflexivo. Incomodou e agradou. E, ao meu ver, entregou. Vai ficar comigo por um bom tempo.
Vulcões: A Tragédia de Katia e Maurice Krafft
3.9 68 Assista Agora"You fall hard for what you know. Harder for what you don’t."