A estética de Goonies. E.T e Eerie Indiana com um plot Stephen King contado como se fosse um episódio de Arquivo X. Pra mim funcionou melhor no papel porque os personagens são genéricos, previsíveis e a escrita e o trama da série nunca estão a nível da direção de arte e das atuações
Prós:
+ Direção, arte, fotografia, a recriação dos 80s de um filme do Spielberg é perfeita + Atuações, especialmente da Winona e da 11 + É bem escuro e nas matas, que nem as melhores séries são (e raramnete uma série é tão escura)
Contras:
- Personagens genéricos com alguns subplots horríveis tipo o do playboy tentando comer a nerd. - Escrita fraca com vários diálogos meio embaraçosos. - Trama interessante mas sem nada de novo e com alguns problemas de consistência - A série força toda hora jogar referências à cultura pop na cara do expectador e nunca parece natural, e sim uma tática de merchandising. Alguém ensina a eles que referência a cultura pop é algo sutil e não gritar na tela o nome de outros produtos o tempo todo - A história esticou demais pra 8 episódios, e como várias séries Netflix, tem fillers bem fracos no meio desses 8 episódios, alguns onde não acontece nada, só enrolação. Podia ser uma série tipo Black Mirror onde cada episódio contava uma história diferente no universo da série e esse plot podia ser história pra 1 episódio só (ou pra um duplo). Ou mesmo um longa-metragem de 2h, se juntar os melhores momentos da série deve dar umas 2h mesmo, cortando todos os subplots fracos e fillers.
Ainda recomendo, mas pra quem curte tais temas em específico
A terceira temporada de The Wire volta o foco para os personagens e arcos da primeira, mas assim como a segunda, acrescenta uma nova instituição na narrativa: a política de Baltimore. Essa temporada vale mais que uma tese de pós-phd para entender muita coisa na sociedade. Hamsterdam, os corpos caindo, fones descartáveis, as situações políticas da cidade, a redenção do Cutty. O nível de detalhismo aqui com todos os vários temas levantados e até a "ficção" das drogas legalizadas e suas consequências positivas que uma sociedade conservadora se recusou a olhar são de cair o queixo, chocar. Eu fico sem ter o que falar porque paguei pau nos textos das duas temporadas anteriores e - de alguma forma - a série consegue ficar ainda melhor nessa obra-prima irrefutável de temporada. Apenas assista cada segundo que essa série produziu, a primeira e a segunda temporada são excepcionais, mas a terceira e a quarta são os prêmios pra quem ficou até ali. E na TV moderna, serializada e de complexas narrativas, as duas temporadas do meio de The Wire são o prêmio máximo.
Obs: Vale ver como o Tommy Carcetti, bem intencionado no começo, virou um político comum após ser orientado pela coordenadora de campanha. O carreirismo destruindo a ideologia.
A segunda temporada de The Wire é ainda superior a primeira. Ela toca numa questão muito negligenciada na sociedade: por onde entram as drogas no país? Aproveitando para estabelecer um arco inteiro baseado na entrada de drogas, prostitutas e aparelhos roubados nas zonas portuárias pelo mundo, The Wire apresenta o sindicado dos estivadores, trabalhadores de classe baixa que descarregam as mercadorias que entram no país. Ao mesmo tempo a série toca na corrupção e no "smuggling" das zonas portuárias em grandes cidades e na forma como a classe trabalhadora foi traída e abandonada. Dois coelhos numa cajadada só.
Arcos da primeira temporada são colocados em segundo plano, mas nunca negligenciados. A série - que não tem personagens principais - não tem medo nenhum de dar muito tempo de tela para novatos, que aproveitam muito bem - a família Sobotka, em atuação e importância, toma conta da temporada, com seus problemas funcionais. Frano Sobotka é o líder de um sindicado traído e falido, fazendo de tudo para reeguer. Nick e Ziggy, um dos personagens mais perturbados da série, são jovens de classe trabalhadora que entram no mundo das drogas por opção, não por obrigação como D'Angelo e os personagens da primeira temporada.
Novas perspectivas, arcos feitos de forma perfeccionista - as meninas mortas foi espetacular, Laura Palmer ao quadrado. A segunda temporada de The Wire foi mal recebida pelos fãs na época que não simpatizaram com as histórias entorno das docas - talvez porque a audiência branca se viu demais em Nick e Ziggy e se sentiu ofendida? Anos depois, já é consenso a obra-prima que foi a segunda encarnação de The Wire. E o assustador é que a série ainda iria melhorar mais...
The Wire é a narrativa mais perfeccionista talvez da história do entretenimento - contando séries e filmes. O show ignora todas as regras e estratégias de narrativa da TV e se constrói como se fosse um livro. O criador é um jornalista criminal que cobriu a maioria da situações da série, assim como o co-criador que é um ex-detetive da polícia de Baltimore. A sala de roteiristas de The Wire tem escritores de livros, não de roteiros. O trabalho de pesquisa é feito de forma praticamente acadêmica e direção, produção, sonorização são perfeccionistas - tirando series finale, a série só tem música quando ela toca em algum rádio na cena, toda a sonorização de The Wire é feita com gravações reais da parte da cidade de Baltimore onde foi filmada - onde o show é todo gravado, com vários atores locais, às vezes com personagens que existem na vida real, como a Snoop (que aparece na terceira temporada) e um antigo prefeito da cidade que aparece de figurante. Inspirado em grandes obras da literatura e tragédias gregas, The Wire não tem cliffhangers, mistérios ou recursos de série como coisas do tipo. A história é contada sem apelação nenhuma e é sustentada pela própria qualidade de primeira linha da narrativa, sem maquiagens - no final você até já sabe o que aconteceu há muito tempo, mas o desenrolar é incrível pela simples riqueza de detalhe. Dos produtos baseados na realidade, sem contar com livros, The Wire é imbatível e inalcançável. Nada foi feito igual. O décimo quinto personagem da série é mais interessante do que o protagonista da maioria das séries populares.
Aqui você tem a introdução ao mundo das escutas, a Guerra ás Drogas - onde a polícia nunca é colocada como herói, e sim como instituição falha, enquanto muitas vezes os traficantes são humanizados e é perfeitamente possível simpatizar com eles, presos naquele mundo. Como dito antes, a série tem dezenas de personagens inesquecíveis que poderiam ter uma série separada para si próprios.
Como a maioria da grandeza artística, leva um tempo para pegar. Dê uns 5 ou 6 episódios de chance à série. No começo, parece tudo confuso - não há apresentação didática como outras séries. Mas o final compensa - ninguém que viu essa série até o fim discorda que ela é um dos maiores dramas já feitos. Ou então você prefere partir para o prazer imediato fast-food da maioria das séries, com seus cliffhangers baratos, episódios explosivos de forma genérica e etc. Aliás, foi o que público fez na época que The Wire foi ao ar...
A mini 10ª temporada mostra que X-Files ainda tem muita lenha pra queimar - talvez tenha lenha pra queimar eternamente, com os episódios "monster of the week" podendo tratar sobre absolutamente qualquer coisa. Os 4 do 6 que são nesse formato são os melhores da volta; "Were-Monster" escrito pelo legendário Darin Morgan é o melhor de todos, um clássico instantâneo tão bom quanto qualquer um dos melhores episódios da série, fazendo jus a aclamação que os episódios mais humorosos da série recebem pelo tratamento humano que eles dão.
Founder's Mutation é um clássico monster of the week aterrorizante, bem dark e violento; o excelente "Babylon" é intrigante, toca em temas políticos atuais e é a loucura deliciosa que a série assumiu lá pra 6ª temporada. "Home Again" é mais dramático, um counterpart ao clássico "One Breathe", com uma grande atuação da Gillian Anderson, que sobra mais uma vez na série. É uma alegria ver a maravilhosa e inacabável química dela com o Duchovny, que nos momentos humorosos da série mandou demais, mostrando o que aprendeu em Californication (aliás, mesmo antes Duchovny já era um excelente ator humoroso)
O ponto forte da 10ª temporada é a passagem de tempo. Mulder e Scully, na meia-idade, se adaptando uns aos outros e ao mundo atual - inclusive a tecnologia - foi algo trabalhado de forma muito delicada. O clima político atual de 2016, passado o baque do 11 de Setembro, voltou a uma paranoia bem parecida com a dos anos 90, então temas atuais como excesso de tecnologia, isolamento, false flag e conspirações na Internet se adequaram perfeitamente à volta da série. A exploração do personagem do William fez todo sentido no cliffhanger.
A mitologia da série, com o primeiro e último episódio, foi menos consistente apesar de vários momentos memoráveis. Ficou parecendo que faltou tempo para desenvolver, e apareceram alguns momentos lame e principalmente inconsistências com o que a série estabeleceu lá trás. Mas estou confiante que deixou o terreno preparado para ser arrumado numa temporada mais longa. O mais legal é a porra toda ficando louca no final - algo que X-Files sempre evitou porque não podia largar a narrativa noir pra virar um Guerra dos Mundos. Mas o episódio final, mesmo com falhas, foi bombástico e o cliffhanger pra próxima temporada foi excelente - tem espaço pra uma nova temporada de 10 ou 12 episódios fácil, resolvendo a mitologia e trazendo mais monstros da semana. Seria legal a volta do Vince Gilligan (Breaking Bad e Better Call Saul), um dos melhores roteiristas da série nos 90s que hoje deve estar ainda melhor com as obras-primas que fez.
Ficou a sensação que essa nova temporada foi a banda voltando a tocar junto, aquecendo os motores para retomar a grande forma, com mais calma, numa mais longa 11ª temporada, mas a 10ª temporada tem seus próprios méritos, é uma alegria ver Mulder e Scully de novo, fiéis a passagem do tempo em uma temporada que olha pra trás sem nunca se apoiar na nostalgia e olha pra hoje em dia sem nunca perder a identidade de saber onde veio.
PS: Não recomendo começarem por aqui. Dá pra entender, mas a passagem de tempo e os easter eggs são o mais legal dessa temporada. Só ver o Mulder com um telefone gigante por 202 episódios pra achar tanta graça nele tiozão perdido num smartphone.
Goofy, mas eventualmente interessante pela diversidade de gêneros (é uma série de detetive? advogado? política? a mistura é bem legal), por algumas sólidas atuações (a principal e o senhor gay que trabalha com o presidente) e alguns tapas nos conservadores. Mais coerência e verossimilidade na história e nos personagens (alguns só existem pra usar atores bonitos) é até injusto cobrar de uma série para esse tipo de público. E pra quem não pertence a ele, ainda é bem dispensável, mas, pra um novelão que é, Scandal arrisca e tenta cosias diferentes bem mais que o normal.
Uma série a frente do próprio tempo e única de várias formas, Millennium é uma obra de arte. É tanto uma série mais arty, bem influenciada pelo formato da sua série irmã X-Files, mas também por Twin Peaks e Se7en, com toques bíblicos e simbológicos, quanto um dos primeiros shows que mostrava o uso de tecnologia, profiling, autopsias e recursos assim na investigação criminal, anos antes de Criminal Minds ou CSI.
A atmosfera da série na chuvosa Seattle é uma das mais soturnas e obscuras já vistas na TV; e com certeza uma das séries mais violentas, deprimidas e perturbadas da história da TV aberta, algo que contribuiu no seu cancelamento e em muitos protestos de grupos religiosos na época. Só a primeira temporada de "True Detective", bem influenciada por Millennium, fez algo parecido em termo de densidade atmosférica, mas ainda assim na TV a cabo.
Millennium é, além de tudo, sobre o mal no mundo. A proposta da série nunca fica muito bem definida na primeira temporada, o que é ótimo pois deixa o terreno bem experimental, mas o ênfase é na maldade - sejam na forma mais sobrenatural, ou em vários episódios onde é simplesmente o mais puro mal humano mesmo - afinal, a série nasceu de "Irresistible", um dos poucos X-Files sem nada de sobrenatural.
A estrela é Lance Henriksen, grande e subestimado ator que aqui tem a melhor atuação de toda sua carreira. De 0 a 10, eu dou 20 pra atuação do Lance como Frank Black, o grande personagem da "1013 Productions", junto com Mulder e Scully.
Há muito a se debater tanto sobre a simbologia quanto sobre o lado humano da série. E na segunda temporada a série muda bastante de tom, começa a focar mais na mitologia que é bem tímida na primeira e acaba por ser ainda melhor. Mas a primeira temporada e seus casos perturbadíssimos tem seu valor, que é gigante.
Não é uma série pra todos, mas quem tiver estômago para encarar o que o ser humano tem de pior e habitar o mundo soturno e apocalíptico que a série passa, vai levar Millennium no coração pela vida.
Essa é a temporada mais experimental de X-Files, já que o filme estava sendo produzido, Duchovny e Gillian não estavam disponíveis para todos os episódios e então tiveram que se desapegar as formulas para fazer episódios únicos. Com isso, embora não atinja os high lights da 3ª e da 4ª temporada, essa é mais uma temporada do show no topo da sua forma, e o melhor, a temporada com mais episódios "únicos" que começaram a romper as fórmulas tradicionais da série, inclusive com escritores consagrados convidados para escrever episódios.
Destaques são a jóia absoluta "The Post Modern Prometheus", um dos melhores episódios da série, que homenageia Cher, quadrinhos e filmes antigos; "Unnusual Suspects", contando a história do Lone Gunman; "Detour", um episódio mais terror estilo as primeiras temporadas; "Travelers", um episódio de "época" que passa nos anos 50 e mostra o começo dos X-files, "Pine Bluff Variant" sobre bioterrorismo, e o excepcional double "Christmas Carol" e "Emily".
O dono da temporada é sem dúvidas o Vince Gilligan, que com as ocupações do Chris Carter no filme, escreveu vários episódios aqui, todos obras-primas à exceção da desapontante continuação do "Pusher". Seus melhores: Folie à Deux e o humoroso e genial "Bad Blood"
William Gibson, escritor cyberpunk do "Neuromancer", fez o espetacular "Kill Switch"; Stephen King fez o super creepy "Chinga".
Na mitologia, "Redux" é emotivo, encerrando o arco do câncer da Scully; "The End" prepara terreno pro filme. Mas talvez os dois melhores mythology da série são "Patient X" e "The Red And The Black", com o Krycek arrebentado, pois praticamente explicam tudo até aqui.
Mesmo pequena, a temporada quebra fórmulas, faz vários clássicos - e mesmo os não-clássicos ainda são ousados e interessantes - e entre os fãs da série é geralmente considerada uma das melhores.
É a despedida da primeira era de X-Files, que termina com o filme. Na sexta temporada, a série mudaria de Vancouver para Los Angeles e teria uma mudança grande na tonalidade dos episódios. (A mini-série que vai ao ar ano que vem voltará para Vancouver!)
Essa é uma das melhores temporadas da história da TV. Praticamente todos os episódios são impecáveis, cada um de uma forma e estilo diferente, dos 24 episódios tem umas 12 obras-primas, uns 8 excelentes e apenas uns 4 "apenas nota 7", que mesmo esses são perfeitamente apreciáveis porque a série é tão inventiva, versátil e original que funciona mesmo quando não funciona.
A gente pode separar por roteiristas pra falar dos méritos aqui. Primeiro, Glenn Morgan e James Wong, que voltaram pra série após o cancelamento de "Space: Above And Beyond", e depois saíram pra trabalhar em "Millennium". Esses dois são talvez os roteiristas mais importantes da história da série e os últimos e melhores episódios deles estão aqui.
Pra começar pelo ultra ofensivo, o episódio mais perturbado e assustador de X-Files até hoje, "Home", que além de tudo é uma obra-prima de roteiro e direção e certamente um dos pontos altos da série, apesar de ter sido banido logo após ter ido ao ar. "Home" mereceria um texto gigante a parte, mas vamos seguir com mais episódios da dupla; um sobre vidas passadas muito bonito, triste e original chamado "The Field Where I Died"; "Musings of a Cigarrete Smoking Man", clássico espetacular contando a vida do CSM; e "Never Again", episódio que tem desenvolvimento espetacular da Scully.
O próximo roteirista genial comandando essa temporada é Vince Gilligan, que mais tarde virou estrela por causa de Breaking Bad. Seus 3 episódios são perfeitos, 10/10 mesmo: "Unruhe" e "Paper Hearts", perturbadíssimos, especialmente esse último que é um dos meus favoritos da série, com brilhantes performances do Duchovny e do Mark Snow; e "Small Potatoes", um episódio de comédia genial que é tão sucessor dos episódios do Darin Morgan espiritualmente que o próprio Darin atua como o vilão.
Co-escrito por vários roteiristas está "Leonard Betts", mais um clássico, o episódio da série mais assistido de todos os tempos, que foi ao ar depois do Superbowl de 1997. Um episódio que é tudo que X-files é ao quadrado.
Chris Carter capricha como sempre nos episódios da mitologia. Os que abrem e fecham a temporada são tão cinematográficos que parecem ensaios pro filme que sairia no ano seguinte. "Tunguska/Terma" são ótimos pela excelente tensão - pra muitos sexual - entre o Krycek e o Mulder, mas os meus favoritos da mitologia dessa temporada são mesmo os mais humanizados "Tempus Fugit/Max", junto com a atuação incrível da Gillian Anderson em "Memento Mori"
O ultra gore e violento "Sanguinarium" é inacreditável de ter ido ao ar - e foi escrito por fãs que mandaram pelo correio; "Demons" foi escrito por um membro do crew que nem era roteirista e é uma obra-prima; "Elegy" é outra, redenção do roteirista John Shiban que tinha feito episódios mais fracos; "Zero-Sum" é um excelente episódio do Skinner
Você pode separar assim: a primeira temporada de X-Files, com um baixo orçamento, fez o show virar um cult-hit, com toda aquela atmosfera. A segunda temporada deu continuidade a isso, adicionando novas ideias e dando elasticidade a proposta da série. A terceira levou tudo a outro nível com orçamentos mais altos, episódios com novas propostas e a série ficando cada vez mais versátil.
A quarta temporada é onde enfim X-Files se tornou um mega hit, um programa assistido pelas massas, leadout do Superbowl daquele ano, com orçamentos grandes à disposição.
E pro mérito de uma equipe no ápice da forma criativa, X-Files nunca amoleceu ou sequer se orientou para ficar mais apelativo a um público amplo. A fórmula da série após começar a ter 30 milhões de audiência foi justamente ficar mais dark, mais violenta, mais perturbada, mais assustadora. Os próprios Mulder e Scully não obedeciam os padrões de beleza da época e viraram ícones sexuais.
Tudo porque, numa série altamente experimental, escrita e dirigida por gente ultra-talentosa com altos níveis de permissão criativa - inclusive da censura que incrivelmente deixou passar muita coisa - é o show que controla a audiência, e não o contrário.
A terceira temporada de X-Files é simplesmente irretocável. Só um episódio (Teso Dos Bichos) está abaixo, e mesmo ele tem uma ótima direção. Nos demais, a regularidade é impressionante.
Os episódios da mitologia são praticamente filmes divididos em duas partes; eles nunca foram tão grandiosos, explosivos, super produzidos e cheios de acontecimentos. Tanto que a partir desses que começaram a produzir o filme que sairia anos depois. Os episódios stand-alone são clássicos, sempre variando o tema, o tom, o comentário social, o senso de época e o estilo. Comentam de chats de internet (que surgia nessa época) até a vida de imigrantes chineses; há episódios paranormais (como um excelente sobre sequestro), e episódios sobre conspirações e mensagens subliminares. Todos funcionam - até um ótimo episódio do Skinner tem.
Os diretores e roteiristas estão em plena forma, e nessa temporada X-Files aos poucos passava de fenômeno cult pra hit mainstream, ganhando em produção, mas sem perder a profundidade e atmosfera. Gillian Anderson é cada vez mais incrível e até David Duchovny tem seus belos momentos aqui.
O maior destaque mesmo é uma figura chamada Darin Morgan, irmão de outro roteirista, Glen Morgan, que estreou na série como... figurante, dentro do Flukman. Darin começou a escrever os episódios humorísticos (e cheios de informação) da série na segunda temporada, com o brilhante Humbug.
Aqui ele coloca três: Clyde Buckman's Final Response, War of the Coprophages e Jose Chung's Outerspace. Três obras-primas que não só estão entre os melhores que a série já fez, mas das coisas mais inteligentes e intrigantes de toda a TV.
Darin só escreveu esses 4 episódios; mas estará de volta ano que vem na minisérie.
- Fotografia soberba, espetacular, nota 11 - Direção excelente - Atmosfera fodida, dark - Personagens (todos que aparecem pela série, não só os principais) complexos, fodidos, cheio de problemas pessoais, ou então nojentos, cínicos e corruptos, todos com uma proposta muito bem definida e a passagem de tempo na trajetória deles bem legal. - A resolução do crime principal(quem matou o Caspere) foi muito, muito boa, a relação com os Riots de 1992 foi muito legal. Embora no final das contas esse crime mal importasse. - Comentário social. A atriz mentindo sobre assédio e ferrando a carreira do Paul; o policial acusando a Bez de aliciar ele como vingança; as reações do Velcoro e da Bez depois do estupro; Velcoro e a paternidade do filho dele; o conflito do Paul com sua sexualidade; às críticas ao governo, empresários, pessoas poderosas e à corrupção policial. São grandes momentos que podiam até ser mais explorados. - Buas atuações. Tirando alguns momentos fracos do Vince, todos os outros mandam muito bem. - Cenas de ação e violência super realistas e perturbadas. - Soundtrack excelente.
Baixos:
- Não chega aos pés da primeira temporada. Elas só tem o nome em comum. - Confusão demais em elaborar um plot muito complexo e pretensioso, que infelizmente até tinha potencial se fosse bem enxugado. Desenvolver 4 personagens em 8 episódios e ao mesmo tempo andar com o crime foi muita pretensão. - Mortes baratas e forçadas. Não tenho nada contra matar um personagem principal, desde que tenha algum desenvolvimento por trás. Frank morrendo no deserto porque não quis dar o terno pra um cara? Tendo alucinações bizarras? E o Velcoro, cheio de munição, já tinha matado dois caras, praticamente se entregando? - Sexo barato e forçado. A relação da Bez com o Velcoro foi patética. Eles eram bem distantes e de repente viraram parceiros sexuais? Wtf. Essa necessidade de ter sexo e ter casais em tudo fode com vários filmes. Porque fica tão barato e mal desenvolvido. - Esperava mais do Final da série, foi um bom episódio, começou eletrizante, mas que do meio pra frente foi mal desenvolvido e falhou em redimir a série dos maus momentos. - Roteiro desleixado, diálogos filosóficos meio vexatórios perto dos da primeira e que só engrenou a série a partir do final do quarto episódio. Nic Pizzolato, o gênio por trás da primeira temporada (ou os gênios eram Matthew e Woody?), é o único a se culpar.
Conclusão: a segunda temporada de TD não repete o nível da primeira, mas jamais falha porque deixou de tentar. Na real, esforço é o que não faltou. A temporada foi ambiciosa até demais. Há uma quantidade de informação gigante aqui, o que faltou foi filtrar e lembrar que são só 8 episódios. As coisas ficam boas mesmo no final do quarto em diante.
Mas pra quem tem a cabeça aberta, tem muito a se apreciar nessa temporada e mais uma vez eles provam que tem uma equipe talentosa por trás - sobretudo a parte artística. Eles merecem crédito, pela primeira temporada espetacular e pelos méritos que a segunda teve, para a terceira que vem ano que vem.
Dei nota máxima pra primeira temporada, dei 9 pra essa por não ter o "fator revolução" da estreia, mas poderia muito bem ter dado 10. É o mesmo show da temporada anterior, poucas dinâmicas foram mudadas, mas no que está dando certo não se mexe e tudo que já dava brilhantemente bem na primeira temporada é levado adiante aqui, com muitas ideias amadurecendo, vários episódios Monster-of-the-week são clássicos absolutos (The Host, Die Hand, Red Museum, Our Town, etc) alguns que não funcionam tão bem mas que mesmo assim tem fortes virtudes, como a atmosfera que sempre é memorável e compensa nas poucas vezes que a história não é tão bem desenvolvida, episódios que quebram a dinâmica padrão da série como o lindo One Breathe, o perturbador Irresistible e o bizarríssimo episódio "Humbug", inaugurando um estilo de humor negro que não existia antes na série; e enfim ,os episódios da mitologia que estão simplesmente impecáveis, de tirar o fôlego como nunca estiveram antes, e créditos pro David Duchovny que além de atuar, deu pitacos pro Chris Carter escrever dois dos melhores episódios da mitologia, "Colony" e "Anasazi". Nem preciso mencionar os méritos da Gillian Anderson (que sobra em termos de atuação), do gênio Chris Carter, dos roteiristas regulares e todos os usuais.
Essa é uma temporada de uma série especial em plena forma, com uma equipe extremamente talentosa e sem medo de experimentar por trás dela. Ideias magníficas da temporada de estreia são levadas à outro nível e a natureza aberta da série, aliada ao fenômeno na cultura popular que ela virou, já sinalizava, lá em 1995, que ainda vinha muito pela frente
X-Files mudou a televisão. Tomando inspiração no fenômeno de Twin Peaks, junto com séries antigas como Twilight Zone e Kolchack, Chris Carter teve a sensibilidade fazer o experimentalismo atingir o mainstream. Estruturando a série com dois tipos de episódio - mythology (seguindo a história principal) e monster-of-the-week (um caso independente) - ele contornou o que fez Twin Peaks ser cancelado poucos anos antes: perder um episódio raramente iria atrapalhar o entendimento da série, o que numa época pré-Internet contava muito, e ajudou X-files a atingir um grande público e virar um dos ícones da cultura pop dos anos 90.
X-Files, extremamente experimental, explora os limites da imaginação humana, sendo um ode a todos os tipos de mitos, conspirações, lendas, folclores relacionados à entidades espirituais, atividade paranormal, inteligência artificial, aliens (os principais) e, algumas vezes, apenas psicopatas. A natureza aberta da série evidentemente faz que alguns episódios não funcionem tão bem, mas eles nunca falham por falta de ambição.
Subversivo e paranoico, X-Files questiona os governos, as instituições, as empresas e principalmente a verdade o tempo todo. Uma série como essa nunca seria feita num mundo pós 911, como o próprio Chris Carter admitiu que o 11 de Setembro matou a série lá em 2002 (agora ela vai voltar).
X-Files abriu caminho para várias séries de diferentes estilos - Lost, Fringe, Bones, Supernatural, American Horror Story e etc. A primeira temporada é essencial para mostrar como a relação Mulder-Scully, uma das mais emblemáticas da TV, começou.
A trama ficaria ainda mais complexa nas temporadas seguintes, mas por tudo que representa, a primeira temporada permanece um clássico nos seus próprios méritos.
The Following chegou longe demais - depois de uma primeira temporada cheia de furos, mas com algumas virtudes e que chamou atenção e divertiu, os roteiristas conseguiram surpreendentemente uma sobrevida na segunda, mesmo com o arco já praticamente encerrado. O que aconteceu é que a segunda temporada conseguiu dar alguns dos melhores momentos da série, mas visivelmente se esgotou ao terminar.
Algo que é comprovado com a decisão em seguir em frente com mais uma temporada. A terceira temporada de The Following é o primeiro momento onde a série, com todos seus zilhões defeitos, conseguiu ficar completamente desinteressante. A história ficou mais lenta e ainda pior e o interesse em seguir as investigações em novos casos que não tem a ver com o arco que no final das contas era o principal da série - com o Joe Carrol - é zero.
Alguns episódios salvam - como os últimos momentos do próprio Joe - e o próprio desfecho final da série é muito legal, mas 80% desses 15 episódios mostram uma temporada irrelevante de uma série que mesmo com suas virtudes, será mais lembrada com risadas.
A segunda temporada de The Following dá um passo a frente em relação a primeira com tramas um pouco mais bem trabalhadas. Os furos e personagens constrangedores continuam, mas novos personagens não-tão-ruins quanto os da primeira aparecem, como a sobrinha do Ryan e os gêmeos. A direção, as cenas de investigação e ação que sempre salvaram a série aparecem em dobro, e a série cresce a ponto de me permitir afirmar que foi a melhor que o show teve, especialmente com episódios finais excelentes e o Joe Carrol levando a série nas costas.
Claro, ainda há os momentos de vergonha alheia típicos de The Following, mas encare a segunda temporada com a seriedade que a série merece e você terá a violência gratuita que está procurando.
The Following é tão ruim que é bom. Uma série onde praticamente todos os personagens são pífios, todo mundo é estúpido (em especial o FBI) e o bom senso é uma coisa que ninguém nunca ouviu falar, a direção boa, e o ritmo frenético, cheio de ação e uma história que mesmo mais furada que queijo suíço, nunca pára de se desenvolver garantem diversão imediata pra quem gosta de thrillers, psicopatas, jump scares, matanças sem sentido nenhum e violência gratuita.
O melhor que se pode fazer é rir do quão ridículos são as situações e os personagens: Ryan Hardy, um detetive que lhe gera mais constrangimento do que comoção; seus companheiros do FBI, completamente genéricos e que se ligam ao Ryan por... terem feito um TCC sobre ele!; Claire, que cria um triângulo amoroso entre o assassino e o herói, e fora isso, só serve pra atrapalhar o FBI; o filho dela, que tem uns 9 anos e inteligência de 3; e todos os membros do culto, um mais idiota que o outro, em especial os dois gays/pseudogays e o triângulo amoroso com a Emma, no ápice de vergonha alheia que a série pode chegar.
A exceção é o Joe Carrol, que também é um personagem tosco e falho, mas a atuação e o jeitão britânico do Purefoy conseguem fazer dele talvez o único personagem interessante da série.
Na real, eu acho que The Following é uma disputa eterna entre o FBI e o Culto para ver quem ganha o troféu de organização mais estúpida. E ainda assim, talvez a parte mais estranha de uma série tão bisonha, é que quem está assistindo não vai ficar entediado por um segundo sequer.
Essa série é uma obra-prima perdida. Super absorvente e atmosférica, tem uma das fotografias mais incríveis que já vi na TV. A direção é impecável também.
O melhor mesmo é a mensagem que passa, tanto sendo uma das melhores descrições sobre cultura de estupro que já vi, além de principalmente com a GJ e as moças de Paradise, comentar espetacularmente sobre ser mulher, com toques de poesia e simbolismo.
Os atores, todos eles, trabalham bem demais, sem exceção. Especialmente a Elizabeth Moss com um personagem perturbado, mas que sempre encontra coragem pra seguir em frente, muitas vezes sozinha.
É improvável que vai agradar as massas ou atingir um grande público, uma vez que o pace é mais calmo e trabalhado do que as séries mainstream americanas (embora fiquei surpreso e feliz que vá ter uma segunda temporada!), mesmo assim, considero Top of the lake uma obra de arte, indispensável pra qualquer pessoa com algum tipo de interesse em feminismo.
Os momentos de decaída da série não são suficientes pra tirar uma casquinha da quinta das cinco estrelas que dei. Primeiro porque, por questões de formato e inovação, Twin Peaks é a série que definiu a TV de lá pra cá e muito desse legado está também na segunda temporada. Tudo que falei no post sobre a primeira temporada se aplica aqui, até o episódio onde o assassino de Laura é revelado, a série é perfeita e sem erros. Depois disso, há um desgaste natural em séries (quer dizer, que começaria a ser natural a partir dali, uma vez que esta série inaugurava esse tipo de território) e várias situações apenas cotidianas são mostradas. Se o brilhantismo é às vezes perdido, a qualidade não; nunca ruim, sempre bom. O mistério da morte da Laura é o que define a série, mas a aparição de Windom Earle nessa segunda metade da segunda temporada é um "substituto" a altura. Quem mais caiu foi a família Horne, Ben, Audrey e Jerry eram personagens intrigantes e após a revelação do assassinato passaram por irregularidades.
O romance de Cooper e Audrey nunca acontecer, apesar da boa natureza platônia, foi uma grande baixa, principalmente porque tiveram romances com personagens recém-introduzidos, algo que quebrou a natureza íntima da série - apesar de Jack e principalmente Annie serem ótimos personagens.
O episódio que o assassino é revelado é o melhor da série. O último é intrigante, embora fuja do convencional demais - apesar do crédito massivo pra Lynch, não é só dos momentos dele que a série viveu seu ápice - e o final deixa aberto para uma terceira temporada. O filme Fire Walk With Me parece fechar as pontas, mas eu ainda não o vi. Comento na página dele quando ver.
"Flawless" É difícil encontrar algo na primeira temporada de Twin Peaks que não tenha dado brilhantemente certo. Todas as fórmulas são pensadas de forma muito criativa e executadas com classe e estilo. Histórias, tanto a principal quanto as paralelas, onde todas se encontram, com personagens muito excêntricos, colocados de forma inédita para um programa de TV. A série mostra o choque entre dois mundos - a vida real, politicamente correta, onde todos se conhecem e vivem em harmonia em Twin Peaks- e a vida paralela de cada personagem, com casos extraconjugais, segredos comprometedores, drogas e prostituição, em uma crítica direta a hipocrisia da sociedade contemporânea. Só a originalidade do tema e a forma como ele é abordado já renderia a nota máxima, mas não para por aí, pois Frost, Lynch e cia. criam em cada canto de cada episódio, adicionando novas informações, dando toques tanto de humor e irreverência quanto de perturbação, fazendo referências a outras obras - a linda Audrey é inspirada no Hollywood dos anos 50 - flertando tanto com o surrealismo quanto com o film-noir, e claro, preenchendo tudo com a brilhante soundtrack do brilhante Angelo Badalamenti, que não tentou criar a atmosfera apenas com um fundo instrumental, mas compôs uma trilha com apenas cerca de 8 ou 9 lindas melodias, inseridas cada uma em seu momento certo durante os episódios da temporada. Aliada a beleza das faixas, a familiaridade que o espectador cria ao ouvir as mesmas melodias episódio pós episódio faz um vínculo emocional entre ele e as tantas cenas e situações que onde as músicas aconteceram. Se Badalamenti dá uma aula de como fazer uma trilha sonora, Frost e Lynch mudam pra sempre a história da TV e o formato de seus mais variados programas serializados. Twin Peaks é uma obra prima e um dos melhores e mais importantes momentos da cultura pop nos fim do século XX.
Temporada inicial de impacto imediato, direto no brilhantismo do episódio inicial, literalmente, Piloto. O mais impressionante é que o nível foi mantido durante toda a temporada, por mais de 20 episódios (junto com a segunda, a mais longa da série). Todos os personagens são extremamente bem explorados - muitas vezes a "Ilha" e os mistérios é apenas um background para a exploração da história particular de cada um deles - as atuações são excelentes, há momentos assustadores, engraçados, dramáticos, de suspense, a série é visualmente excelente e tem trilhas sonoras marcantes, há milhões de referências a outras obras, e etc. Lost criou um grande universo ao seu redor que nenhuma outra série de TV conseguiu igualar em profundidade - basta lembrar da grande febre que foram os meados dos anos 2000 pela série. Sua primeira temporada tem tantos acertos em tantas frentes diferentes que o colocam como sua principal série de sua época e um dos eventos televisivos/cinematográficos mais revolucionários do século 21. A série teve outros excelentes momentos depois, mas o melhor de Lost está aqui, na sua temporada inicial.
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Stranger Things (1ª Temporada)
4.5 2,7K Assista AgoraA estética de Goonies. E.T e Eerie Indiana com um plot Stephen King contado como se fosse um episódio de Arquivo X. Pra mim funcionou melhor no papel porque os personagens são genéricos, previsíveis e a escrita e o trama da série nunca estão a nível da direção de arte e das atuações
Prós:
+ Direção, arte, fotografia, a recriação dos 80s de um filme do Spielberg é perfeita
+ Atuações, especialmente da Winona e da 11
+ É bem escuro e nas matas, que nem as melhores séries são (e raramnete uma série é tão escura)
Contras:
- Personagens genéricos com alguns subplots horríveis tipo o do playboy tentando comer a nerd.
- Escrita fraca com vários diálogos meio embaraçosos.
- Trama interessante mas sem nada de novo e com alguns problemas de consistência
- A série força toda hora jogar referências à cultura pop na cara do expectador e nunca parece natural, e sim uma tática de merchandising. Alguém ensina a eles que referência a cultura pop é algo sutil e não gritar na tela o nome de outros produtos o tempo todo
- A história esticou demais pra 8 episódios, e como várias séries Netflix, tem fillers bem fracos no meio desses 8 episódios, alguns onde não acontece nada, só enrolação. Podia ser uma série tipo Black Mirror onde cada episódio contava uma história diferente no universo da série e esse plot podia ser história pra 1 episódio só (ou pra um duplo). Ou mesmo um longa-metragem de 2h, se juntar os melhores momentos da série deve dar umas 2h mesmo, cortando todos os subplots fracos e fillers.
Ainda recomendo, mas pra quem curte tais temas em específico
The Wire (3ª Temporada)
4.7 78A terceira temporada de The Wire volta o foco para os personagens e arcos da primeira, mas assim como a segunda, acrescenta uma nova instituição na narrativa: a política de Baltimore. Essa temporada vale mais que uma tese de pós-phd para entender muita coisa na sociedade. Hamsterdam, os corpos caindo, fones descartáveis, as situações políticas da cidade, a redenção do Cutty. O nível de detalhismo aqui com todos os vários temas levantados e até a "ficção" das drogas legalizadas e suas consequências positivas que uma sociedade conservadora se recusou a olhar são de cair o queixo, chocar. Eu fico sem ter o que falar porque paguei pau nos textos das duas temporadas anteriores e - de alguma forma - a série consegue ficar ainda melhor nessa obra-prima irrefutável de temporada. Apenas assista cada segundo que essa série produziu, a primeira e a segunda temporada são excepcionais, mas a terceira e a quarta são os prêmios pra quem ficou até ali. E na TV moderna, serializada e de complexas narrativas, as duas temporadas do meio de The Wire são o prêmio máximo.
Obs: Vale ver como o Tommy Carcetti, bem intencionado no começo, virou um político comum após ser orientado pela coordenadora de campanha. O carreirismo destruindo a ideologia.
The Wire (2ª Temporada)
4.4 73A segunda temporada de The Wire é ainda superior a primeira. Ela toca numa questão muito negligenciada na sociedade: por onde entram as drogas no país? Aproveitando para estabelecer um arco inteiro baseado na entrada de drogas, prostitutas e aparelhos roubados nas zonas portuárias pelo mundo, The Wire apresenta o sindicado dos estivadores, trabalhadores de classe baixa que descarregam as mercadorias que entram no país. Ao mesmo tempo a série toca na corrupção e no "smuggling" das zonas portuárias em grandes cidades e na forma como a classe trabalhadora foi traída e abandonada. Dois coelhos numa cajadada só.
Arcos da primeira temporada são colocados em segundo plano, mas nunca negligenciados. A série - que não tem personagens principais - não tem medo nenhum de dar muito tempo de tela para novatos, que aproveitam muito bem - a família Sobotka, em atuação e importância, toma conta da temporada, com seus problemas funcionais. Frano Sobotka é o líder de um sindicado traído e falido, fazendo de tudo para reeguer. Nick e Ziggy, um dos personagens mais perturbados da série, são jovens de classe trabalhadora que entram no mundo das drogas por opção, não por obrigação como D'Angelo e os personagens da primeira temporada.
Novas perspectivas, arcos feitos de forma perfeccionista - as meninas mortas foi espetacular, Laura Palmer ao quadrado. A segunda temporada de The Wire foi mal recebida pelos fãs na época que não simpatizaram com as histórias entorno das docas - talvez porque a audiência branca se viu demais em Nick e Ziggy e se sentiu ofendida? Anos depois, já é consenso a obra-prima que foi a segunda encarnação de The Wire. E o assustador é que a série ainda iria melhorar mais...
The Wire (1ª Temporada)
4.6 170 Assista AgoraThe Wire é a narrativa mais perfeccionista talvez da história do entretenimento - contando séries e filmes. O show ignora todas as regras e estratégias de narrativa da TV e se constrói como se fosse um livro. O criador é um jornalista criminal que cobriu a maioria da situações da série, assim como o co-criador que é um ex-detetive da polícia de Baltimore. A sala de roteiristas de The Wire tem escritores de livros, não de roteiros. O trabalho de pesquisa é feito de forma praticamente acadêmica e direção, produção, sonorização são perfeccionistas - tirando series finale, a série só tem música quando ela toca em algum rádio na cena, toda a sonorização de The Wire é feita com gravações reais da parte da cidade de Baltimore onde foi filmada - onde o show é todo gravado, com vários atores locais, às vezes com personagens que existem na vida real, como a Snoop (que aparece na terceira temporada) e um antigo prefeito da cidade que aparece de figurante. Inspirado em grandes obras da literatura e tragédias gregas, The Wire não tem cliffhangers, mistérios ou recursos de série como coisas do tipo. A história é contada sem apelação nenhuma e é sustentada pela própria qualidade de primeira linha da narrativa, sem maquiagens - no final você até já sabe o que aconteceu há muito tempo, mas o desenrolar é incrível pela simples riqueza de detalhe. Dos produtos baseados na realidade, sem contar com livros, The Wire é imbatível e inalcançável. Nada foi feito igual. O décimo quinto personagem da série é mais interessante do que o protagonista da maioria das séries populares.
Aqui você tem a introdução ao mundo das escutas, a Guerra ás Drogas - onde a polícia nunca é colocada como herói, e sim como instituição falha, enquanto muitas vezes os traficantes são humanizados e é perfeitamente possível simpatizar com eles, presos naquele mundo. Como dito antes, a série tem dezenas de personagens inesquecíveis que poderiam ter uma série separada para si próprios.
Como a maioria da grandeza artística, leva um tempo para pegar. Dê uns 5 ou 6 episódios de chance à série. No começo, parece tudo confuso - não há apresentação didática como outras séries. Mas o final compensa - ninguém que viu essa série até o fim discorda que ela é um dos maiores dramas já feitos. Ou então você prefere partir para o prazer imediato fast-food da maioria das séries, com seus cliffhangers baratos, episódios explosivos de forma genérica e etc. Aliás, foi o que público fez na época que The Wire foi ao ar...
Arquivo X (10ª Temporada)
3.8 192 Assista AgoraA mini 10ª temporada mostra que X-Files ainda tem muita lenha pra queimar - talvez tenha lenha pra queimar eternamente, com os episódios "monster of the week" podendo tratar sobre absolutamente qualquer coisa. Os 4 do 6 que são nesse formato são os melhores da volta; "Were-Monster" escrito pelo legendário Darin Morgan é o melhor de todos, um clássico instantâneo tão bom quanto qualquer um dos melhores episódios da série, fazendo jus a aclamação que os episódios mais humorosos da série recebem pelo tratamento humano que eles dão.
Founder's Mutation é um clássico monster of the week aterrorizante, bem dark e violento; o excelente "Babylon" é intrigante, toca em temas políticos atuais e é a loucura deliciosa que a série assumiu lá pra 6ª temporada. "Home Again" é mais dramático, um counterpart ao clássico "One Breathe", com uma grande atuação da Gillian Anderson, que sobra mais uma vez na série. É uma alegria ver a maravilhosa e inacabável química dela com o Duchovny, que nos momentos humorosos da série mandou demais, mostrando o que aprendeu em Californication (aliás, mesmo antes Duchovny já era um excelente ator humoroso)
O ponto forte da 10ª temporada é a passagem de tempo. Mulder e Scully, na meia-idade, se adaptando uns aos outros e ao mundo atual - inclusive a tecnologia - foi algo trabalhado de forma muito delicada. O clima político atual de 2016, passado o baque do 11 de Setembro, voltou a uma paranoia bem parecida com a dos anos 90, então temas atuais como excesso de tecnologia, isolamento, false flag e conspirações na Internet se adequaram perfeitamente à volta da série. A exploração do personagem do William fez todo sentido no cliffhanger.
A mitologia da série, com o primeiro e último episódio, foi menos consistente apesar de vários momentos memoráveis. Ficou parecendo que faltou tempo para desenvolver, e apareceram alguns momentos lame e principalmente inconsistências com o que a série estabeleceu lá trás. Mas estou confiante que deixou o terreno preparado para ser arrumado numa temporada mais longa. O mais legal é a porra toda ficando louca no final - algo que X-Files sempre evitou porque não podia largar a narrativa noir pra virar um Guerra dos Mundos. Mas o episódio final, mesmo com falhas, foi bombástico e o cliffhanger pra próxima temporada foi excelente - tem espaço pra uma nova temporada de 10 ou 12 episódios fácil, resolvendo a mitologia e trazendo mais monstros da semana. Seria legal a volta do Vince Gilligan (Breaking Bad e Better Call Saul), um dos melhores roteiristas da série nos 90s que hoje deve estar ainda melhor com as obras-primas que fez.
Ficou a sensação que essa nova temporada foi a banda voltando a tocar junto, aquecendo os motores para retomar a grande forma, com mais calma, numa mais longa 11ª temporada, mas a 10ª temporada tem seus próprios méritos, é uma alegria ver Mulder e Scully de novo, fiéis a passagem do tempo em uma temporada que olha pra trás sem nunca se apoiar na nostalgia e olha pra hoje em dia sem nunca perder a identidade de saber onde veio.
PS: Não recomendo começarem por aqui. Dá pra entender, mas a passagem de tempo e os easter eggs são o mais legal dessa temporada. Só ver o Mulder com um telefone gigante por 202 episódios pra achar tanta graça nele tiozão perdido num smartphone.
Escândalos: Os Bastidores do Poder (1ª Temporada)
4.2 147 Assista AgoraGoofy, mas eventualmente interessante pela diversidade de gêneros (é uma série de detetive? advogado? política? a mistura é bem legal), por algumas sólidas atuações (a principal e o senhor gay que trabalha com o presidente) e alguns tapas nos conservadores. Mais coerência e verossimilidade na história e nos personagens (alguns só existem pra usar atores bonitos) é até injusto cobrar de uma série para esse tipo de público. E pra quem não pertence a ele, ainda é bem dispensável, mas, pra um novelão que é, Scandal arrisca e tenta cosias diferentes bem mais que o normal.
Millennium (1ª Temporada)
4.1 17Uma série a frente do próprio tempo e única de várias formas, Millennium é uma obra de arte. É tanto uma série mais arty, bem influenciada pelo formato da sua série irmã X-Files, mas também por Twin Peaks e Se7en, com toques bíblicos e simbológicos, quanto um dos primeiros shows que mostrava o uso de tecnologia, profiling, autopsias e recursos assim na investigação criminal, anos antes de Criminal Minds ou CSI.
A atmosfera da série na chuvosa Seattle é uma das mais soturnas e obscuras já vistas na TV; e com certeza uma das séries mais violentas, deprimidas e perturbadas da história da TV aberta, algo que contribuiu no seu cancelamento e em muitos protestos de grupos religiosos na época. Só a primeira temporada de "True Detective", bem influenciada por Millennium, fez algo parecido em termo de densidade atmosférica, mas ainda assim na TV a cabo.
Millennium é, além de tudo, sobre o mal no mundo. A proposta da série nunca fica muito bem definida na primeira temporada, o que é ótimo pois deixa o terreno bem experimental, mas o ênfase é na maldade - sejam na forma mais sobrenatural, ou em vários episódios onde é simplesmente o mais puro mal humano mesmo - afinal, a série nasceu de "Irresistible", um dos poucos X-Files sem nada de sobrenatural.
A estrela é Lance Henriksen, grande e subestimado ator que aqui tem a melhor atuação de toda sua carreira. De 0 a 10, eu dou 20 pra atuação do Lance como Frank Black, o grande personagem da "1013 Productions", junto com Mulder e Scully.
Há muito a se debater tanto sobre a simbologia quanto sobre o lado humano da série. E na segunda temporada a série muda bastante de tom, começa a focar mais na mitologia que é bem tímida na primeira e acaba por ser ainda melhor. Mas a primeira temporada e seus casos perturbadíssimos tem seu valor, que é gigante.
Não é uma série pra todos, mas quem tiver estômago para encarar o que o ser humano tem de pior e habitar o mundo soturno e apocalíptico que a série passa, vai levar Millennium no coração pela vida.
Arquivo X (5ª Temporada)
4.5 58 Assista AgoraEssa é a temporada mais experimental de X-Files, já que o filme estava sendo produzido, Duchovny e Gillian não estavam disponíveis para todos os episódios e então tiveram que se desapegar as formulas para fazer episódios únicos. Com isso, embora não atinja os high lights da 3ª e da 4ª temporada, essa é mais uma temporada do show no topo da sua forma, e o melhor, a temporada com mais episódios "únicos" que começaram a romper as fórmulas tradicionais da série, inclusive com escritores consagrados convidados para escrever episódios.
Destaques são a jóia absoluta "The Post Modern Prometheus", um dos melhores episódios da série, que homenageia Cher, quadrinhos e filmes antigos; "Unnusual Suspects", contando a história do Lone Gunman; "Detour", um episódio mais terror estilo as primeiras temporadas; "Travelers", um episódio de "época" que passa nos anos 50 e mostra o começo dos X-files, "Pine Bluff Variant" sobre bioterrorismo, e o excepcional double "Christmas Carol" e "Emily".
O dono da temporada é sem dúvidas o Vince Gilligan, que com as ocupações do Chris Carter no filme, escreveu vários episódios aqui, todos obras-primas à exceção da desapontante continuação do "Pusher". Seus melhores: Folie à Deux e o humoroso e genial "Bad Blood"
William Gibson, escritor cyberpunk do "Neuromancer", fez o espetacular "Kill Switch"; Stephen King fez o super creepy "Chinga".
Na mitologia, "Redux" é emotivo, encerrando o arco do câncer da Scully; "The End" prepara terreno pro filme. Mas talvez os dois melhores mythology da série são "Patient X" e "The Red And The Black", com o Krycek arrebentado, pois praticamente explicam tudo até aqui.
Mesmo pequena, a temporada quebra fórmulas, faz vários clássicos - e mesmo os não-clássicos ainda são ousados e interessantes - e entre os fãs da série é geralmente considerada uma das melhores.
É a despedida da primeira era de X-Files, que termina com o filme. Na sexta temporada, a série mudaria de Vancouver para Los Angeles e teria uma mudança grande na tonalidade dos episódios. (A mini-série que vai ao ar ano que vem voltará para Vancouver!)
Arquivo X (4ª Temporada)
4.5 90 Assista AgoraEssa é uma das melhores temporadas da história da TV. Praticamente todos os episódios são impecáveis, cada um de uma forma e estilo diferente, dos 24 episódios tem umas 12 obras-primas, uns 8 excelentes e apenas uns 4 "apenas nota 7", que mesmo esses são perfeitamente apreciáveis porque a série é tão inventiva, versátil e original que funciona mesmo quando não funciona.
A gente pode separar por roteiristas pra falar dos méritos aqui. Primeiro, Glenn Morgan e James Wong, que voltaram pra série após o cancelamento de "Space: Above And Beyond", e depois saíram pra trabalhar em "Millennium". Esses dois são talvez os roteiristas mais importantes da história da série e os últimos e melhores episódios deles estão aqui.
Pra começar pelo ultra ofensivo, o episódio mais perturbado e assustador de X-Files até hoje, "Home", que além de tudo é uma obra-prima de roteiro e direção e certamente um dos pontos altos da série, apesar de ter sido banido logo após ter ido ao ar. "Home" mereceria um texto gigante a parte, mas vamos seguir com mais episódios da dupla; um sobre vidas passadas muito bonito, triste e original chamado "The Field Where I Died"; "Musings of a Cigarrete Smoking Man", clássico espetacular contando a vida do CSM; e "Never Again", episódio que tem desenvolvimento espetacular da Scully.
O próximo roteirista genial comandando essa temporada é Vince Gilligan, que mais tarde virou estrela por causa de Breaking Bad. Seus 3 episódios são perfeitos, 10/10 mesmo: "Unruhe" e "Paper Hearts", perturbadíssimos, especialmente esse último que é um dos meus favoritos da série, com brilhantes performances do Duchovny e do Mark Snow; e "Small Potatoes", um episódio de comédia genial que é tão sucessor dos episódios do Darin Morgan espiritualmente que o próprio Darin atua como o vilão.
Co-escrito por vários roteiristas está "Leonard Betts", mais um clássico, o episódio da série mais assistido de todos os tempos, que foi ao ar depois do Superbowl de 1997. Um episódio que é tudo que X-files é ao quadrado.
Chris Carter capricha como sempre nos episódios da mitologia. Os que abrem e fecham a temporada são tão cinematográficos que parecem ensaios pro filme que sairia no ano seguinte. "Tunguska/Terma" são ótimos pela excelente tensão - pra muitos sexual - entre o Krycek e o Mulder, mas os meus favoritos da mitologia dessa temporada são mesmo os mais humanizados "Tempus Fugit/Max", junto com a atuação incrível da Gillian Anderson em "Memento Mori"
O ultra gore e violento "Sanguinarium" é inacreditável de ter ido ao ar - e foi escrito por fãs que mandaram pelo correio; "Demons" foi escrito por um membro do crew que nem era roteirista e é uma obra-prima; "Elegy" é outra, redenção do roteirista John Shiban que tinha feito episódios mais fracos; "Zero-Sum" é um excelente episódio do Skinner
Você pode separar assim: a primeira temporada de X-Files, com um baixo orçamento, fez o show virar um cult-hit, com toda aquela atmosfera. A segunda temporada deu continuidade a isso, adicionando novas ideias e dando elasticidade a proposta da série. A terceira levou tudo a outro nível com orçamentos mais altos, episódios com novas propostas e a série ficando cada vez mais versátil.
A quarta temporada é onde enfim X-Files se tornou um mega hit, um programa assistido pelas massas, leadout do Superbowl daquele ano, com orçamentos grandes à disposição.
E pro mérito de uma equipe no ápice da forma criativa, X-Files nunca amoleceu ou sequer se orientou para ficar mais apelativo a um público amplo. A fórmula da série após começar a ter 30 milhões de audiência foi justamente ficar mais dark, mais violenta, mais perturbada, mais assustadora. Os próprios Mulder e Scully não obedeciam os padrões de beleza da época e viraram ícones sexuais.
Tudo porque, numa série altamente experimental, escrita e dirigida por gente ultra-talentosa com altos níveis de permissão criativa - inclusive da censura que incrivelmente deixou passar muita coisa - é o show que controla a audiência, e não o contrário.
Arquivo X (3ª Temporada)
4.5 113 Assista AgoraA terceira temporada de X-Files é simplesmente irretocável. Só um episódio (Teso Dos Bichos) está abaixo, e mesmo ele tem uma ótima direção. Nos demais, a regularidade é impressionante.
Os episódios da mitologia são praticamente filmes divididos em duas partes; eles nunca foram tão grandiosos, explosivos, super produzidos e cheios de acontecimentos. Tanto que a partir desses que começaram a produzir o filme que sairia anos depois. Os episódios stand-alone são clássicos, sempre variando o tema, o tom, o comentário social, o senso de época e o estilo. Comentam de chats de internet (que surgia nessa época) até a vida de imigrantes chineses; há episódios paranormais (como um excelente sobre sequestro), e episódios sobre conspirações e mensagens subliminares. Todos funcionam - até um ótimo episódio do Skinner tem.
Os diretores e roteiristas estão em plena forma, e nessa temporada X-Files aos poucos passava de fenômeno cult pra hit mainstream, ganhando em produção, mas sem perder a profundidade e atmosfera. Gillian Anderson é cada vez mais incrível e até David Duchovny tem seus belos momentos aqui.
O maior destaque mesmo é uma figura chamada Darin Morgan, irmão de outro roteirista, Glen Morgan, que estreou na série como... figurante, dentro do Flukman. Darin começou a escrever os episódios humorísticos (e cheios de informação) da série na segunda temporada, com o brilhante Humbug.
Aqui ele coloca três: Clyde Buckman's Final Response, War of the Coprophages e Jose Chung's Outerspace. Três obras-primas que não só estão entre os melhores que a série já fez, mas das coisas mais inteligentes e intrigantes de toda a TV.
Darin só escreveu esses 4 episódios; mas estará de volta ano que vem na minisérie.
Minhas notas:
03x01: 8
03x02: 10
03x03: 8
03x04: 10
03x05: 8
03x06: 8
03x07: 9
03x08: 9
03x09: 9
03x10: 10
03x11: 7
03x12: 10
03x13: 8
03x14: 7
03x15: 10
03x16: 10
03x17: 10
03x18: 6
03x19: 8
03x20: 10
03x21: 9
03x22: 8
03x23: 9
03x24: 10
True Detective (2ª Temporada)
3.6 772Essa temporada teve muita coisa dando certo e muita coisa dando errando:
Altos:
- Fotografia soberba, espetacular, nota 11
- Direção excelente
- Atmosfera fodida, dark
- Personagens (todos que aparecem pela série, não só os principais) complexos, fodidos, cheio de problemas pessoais, ou então nojentos, cínicos e corruptos, todos com uma proposta muito bem definida e a passagem de tempo na trajetória deles bem legal.
- A resolução do crime principal(quem matou o Caspere) foi muito, muito boa, a relação com os Riots de 1992 foi muito legal. Embora no final das contas esse crime mal importasse.
- Comentário social. A atriz mentindo sobre assédio e ferrando a carreira do Paul; o policial acusando a Bez de aliciar ele como vingança; as reações do Velcoro e da Bez depois do estupro; Velcoro e a paternidade do filho dele; o conflito do Paul com sua sexualidade; às críticas ao governo, empresários, pessoas poderosas e à corrupção policial. São grandes momentos que podiam até ser mais explorados.
- Buas atuações. Tirando alguns momentos fracos do Vince, todos os outros mandam muito bem.
- Cenas de ação e violência super realistas e perturbadas.
- Soundtrack excelente.
Baixos:
- Não chega aos pés da primeira temporada. Elas só tem o nome em comum.
- Confusão demais em elaborar um plot muito complexo e pretensioso, que infelizmente até tinha potencial se fosse bem enxugado. Desenvolver 4 personagens em 8 episódios e ao mesmo tempo andar com o crime foi muita pretensão.
- Mortes baratas e forçadas. Não tenho nada contra matar um personagem principal, desde que tenha algum desenvolvimento por trás. Frank morrendo no deserto porque não quis dar o terno pra um cara? Tendo alucinações bizarras? E o Velcoro, cheio de munição, já tinha matado dois caras, praticamente se entregando?
- Sexo barato e forçado. A relação da Bez com o Velcoro foi patética. Eles eram bem distantes e de repente viraram parceiros sexuais? Wtf. Essa necessidade de ter sexo e ter casais em tudo fode com vários filmes. Porque fica tão barato e mal desenvolvido.
- Esperava mais do Final da série, foi um bom episódio, começou eletrizante, mas que do meio pra frente foi mal desenvolvido e falhou em redimir a série dos maus momentos.
- Roteiro desleixado, diálogos filosóficos meio vexatórios perto dos da primeira e que só engrenou a série a partir do final do quarto episódio. Nic Pizzolato, o gênio por trás da primeira temporada (ou os gênios eram Matthew e Woody?), é o único a se culpar.
Conclusão: a segunda temporada de TD não repete o nível da primeira, mas jamais falha porque deixou de tentar. Na real, esforço é o que não faltou. A temporada foi ambiciosa até demais. Há uma quantidade de informação gigante aqui, o que faltou foi filtrar e lembrar que são só 8 episódios. As coisas ficam boas mesmo no final do quarto em diante.
Mas pra quem tem a cabeça aberta, tem muito a se apreciar nessa temporada e mais uma vez eles provam que tem uma equipe talentosa por trás - sobretudo a parte artística. Eles merecem crédito, pela primeira temporada espetacular e pelos méritos que a segunda teve, para a terceira que vem ano que vem.
Arquivo X (2ª Temporada)
4.5 123 Assista AgoraDei nota máxima pra primeira temporada, dei 9 pra essa por não ter o "fator revolução" da estreia, mas poderia muito bem ter dado 10. É o mesmo show da temporada anterior, poucas dinâmicas foram mudadas, mas no que está dando certo não se mexe e tudo que já dava brilhantemente bem na primeira temporada é levado adiante aqui, com muitas ideias amadurecendo, vários episódios Monster-of-the-week são clássicos absolutos (The Host, Die Hand, Red Museum, Our Town, etc) alguns que não funcionam tão bem mas que mesmo assim tem fortes virtudes, como a atmosfera que sempre é memorável e compensa nas poucas vezes que a história não é tão bem desenvolvida, episódios que quebram a dinâmica padrão da série como o lindo One Breathe, o perturbador Irresistible e o bizarríssimo episódio "Humbug", inaugurando um estilo de humor negro que não existia antes na série; e enfim ,os episódios da mitologia que estão simplesmente impecáveis, de tirar o fôlego como nunca estiveram antes, e créditos pro David Duchovny que além de atuar, deu pitacos pro Chris Carter escrever dois dos melhores episódios da mitologia, "Colony" e "Anasazi". Nem preciso mencionar os méritos da Gillian Anderson (que sobra em termos de atuação), do gênio Chris Carter, dos roteiristas regulares e todos os usuais.
Essa é uma temporada de uma série especial em plena forma, com uma equipe extremamente talentosa e sem medo de experimentar por trás dela. Ideias magníficas da temporada de estreia são levadas à outro nível e a natureza aberta da série, aliada ao fenômeno na cultura popular que ela virou, já sinalizava, lá em 1995, que ainda vinha muito pela frente
Arquivo X (1ª Temporada)
4.5 310 Assista AgoraX-Files mudou a televisão. Tomando inspiração no fenômeno de Twin Peaks, junto com séries antigas como Twilight Zone e Kolchack, Chris Carter teve a sensibilidade fazer o experimentalismo atingir o mainstream. Estruturando a série com dois tipos de episódio - mythology (seguindo a história principal) e monster-of-the-week (um caso independente) - ele contornou o que fez Twin Peaks ser cancelado poucos anos antes: perder um episódio raramente iria atrapalhar o entendimento da série, o que numa época pré-Internet contava muito, e ajudou X-files a atingir um grande público e virar um dos ícones da cultura pop dos anos 90.
X-Files, extremamente experimental, explora os limites da imaginação humana, sendo um ode a todos os tipos de mitos, conspirações, lendas, folclores relacionados à entidades espirituais, atividade paranormal, inteligência artificial, aliens (os principais) e, algumas vezes, apenas psicopatas. A natureza aberta da série evidentemente faz que alguns episódios não funcionem tão bem, mas eles nunca falham por falta de ambição.
Subversivo e paranoico, X-Files questiona os governos, as instituições, as empresas e principalmente a verdade o tempo todo. Uma série como essa nunca seria feita num mundo pós 911, como o próprio Chris Carter admitiu que o 11 de Setembro matou a série lá em 2002 (agora ela vai voltar).
X-Files abriu caminho para várias séries de diferentes estilos - Lost, Fringe, Bones, Supernatural, American Horror Story e etc. A primeira temporada é essencial para mostrar como a relação Mulder-Scully, uma das mais emblemáticas da TV, começou.
A trama ficaria ainda mais complexa nas temporadas seguintes, mas por tudo que representa, a primeira temporada permanece um clássico nos seus próprios méritos.
The Following (3ª Temporada)
3.7 216The Following chegou longe demais - depois de uma primeira temporada cheia de furos, mas com algumas virtudes e que chamou atenção e divertiu, os roteiristas conseguiram surpreendentemente uma sobrevida na segunda, mesmo com o arco já praticamente encerrado. O que aconteceu é que a segunda temporada conseguiu dar alguns dos melhores momentos da série, mas visivelmente se esgotou ao terminar.
Algo que é comprovado com a decisão em seguir em frente com mais uma temporada. A terceira temporada de The Following é o primeiro momento onde a série, com todos seus zilhões defeitos, conseguiu ficar completamente desinteressante. A história ficou mais lenta e ainda pior e o interesse em seguir as investigações em novos casos que não tem a ver com o arco que no final das contas era o principal da série - com o Joe Carrol - é zero.
Alguns episódios salvam - como os últimos momentos do próprio Joe - e o próprio desfecho final da série é muito legal, mas 80% desses 15 episódios mostram uma temporada irrelevante de uma série que mesmo com suas virtudes, será mais lembrada com risadas.
The Following (2ª Temporada)
3.8 344A segunda temporada de The Following dá um passo a frente em relação a primeira com tramas um pouco mais bem trabalhadas. Os furos e personagens constrangedores continuam, mas novos personagens não-tão-ruins quanto os da primeira aparecem, como a sobrinha do Ryan e os gêmeos. A direção, as cenas de investigação e ação que sempre salvaram a série aparecem em dobro, e a série cresce a ponto de me permitir afirmar que foi a melhor que o show teve, especialmente com episódios finais excelentes e o Joe Carrol levando a série nas costas.
Claro, ainda há os momentos de vergonha alheia típicos de The Following, mas encare a segunda temporada com a seriedade que a série merece e você terá a violência gratuita que está procurando.
The Following (1ª Temporada)
4.0 946The Following é tão ruim que é bom. Uma série onde praticamente todos os personagens são pífios, todo mundo é estúpido (em especial o FBI) e o bom senso é uma coisa que ninguém nunca ouviu falar, a direção boa, e o ritmo frenético, cheio de ação e uma história que mesmo mais furada que queijo suíço, nunca pára de se desenvolver garantem diversão imediata pra quem gosta de thrillers, psicopatas, jump scares, matanças sem sentido nenhum e violência gratuita.
O melhor que se pode fazer é rir do quão ridículos são as situações e os personagens: Ryan Hardy, um detetive que lhe gera mais constrangimento do que comoção; seus companheiros do FBI, completamente genéricos e que se ligam ao Ryan por... terem feito um TCC sobre ele!; Claire, que cria um triângulo amoroso entre o assassino e o herói, e fora isso, só serve pra atrapalhar o FBI; o filho dela, que tem uns 9 anos e inteligência de 3; e todos os membros do culto, um mais idiota que o outro, em especial os dois gays/pseudogays e o triângulo amoroso com a Emma, no ápice de vergonha alheia que a série pode chegar.
A exceção é o Joe Carrol, que também é um personagem tosco e falho, mas a atuação e o jeitão britânico do Purefoy conseguem fazer dele talvez o único personagem interessante da série.
Na real, eu acho que The Following é uma disputa eterna entre o FBI e o Culto para ver quem ganha o troféu de organização mais estúpida. E ainda assim, talvez a parte mais estranha de uma série tão bisonha, é que quem está assistindo não vai ficar entediado por um segundo sequer.
Top of the Lake (1ª Temporada)
4.0 100 Assista AgoraEssa série é uma obra-prima perdida.
Super absorvente e atmosférica, tem uma das fotografias mais incríveis que já vi na TV. A direção é impecável também.
O melhor mesmo é a mensagem que passa, tanto sendo uma das melhores descrições sobre cultura de estupro que já vi, além de principalmente com a GJ e as moças de Paradise, comentar espetacularmente sobre ser mulher, com toques de poesia e simbolismo.
Os atores, todos eles, trabalham bem demais, sem exceção. Especialmente a Elizabeth Moss com um personagem perturbado, mas que sempre encontra coragem pra seguir em frente, muitas vezes sozinha.
É improvável que vai agradar as massas ou atingir um grande público, uma vez que o pace é mais calmo e trabalhado do que as séries mainstream americanas (embora fiquei surpreso e feliz que vá ter uma segunda temporada!), mesmo assim, considero Top of the lake uma obra de arte, indispensável pra qualquer pessoa com algum tipo de interesse em feminismo.
Twin Peaks (2ª Temporada)
4.2 299Os momentos de decaída da série não são suficientes pra tirar uma casquinha da quinta das cinco estrelas que dei. Primeiro porque, por questões de formato e inovação, Twin Peaks é a série que definiu a TV de lá pra cá e muito desse legado está também na segunda temporada. Tudo que falei no post sobre a primeira temporada se aplica aqui, até o episódio onde o assassino de Laura é revelado, a série é perfeita e sem erros. Depois disso, há um desgaste natural em séries (quer dizer, que começaria a ser natural a partir dali, uma vez que esta série inaugurava esse tipo de território) e várias situações apenas cotidianas são mostradas. Se o brilhantismo é às vezes perdido, a qualidade não; nunca ruim, sempre bom. O mistério da morte da Laura é o que define a série, mas a aparição de Windom Earle nessa segunda metade da segunda temporada é um "substituto" a altura. Quem mais caiu foi a família Horne, Ben, Audrey e Jerry eram personagens intrigantes e após a revelação do assassinato passaram por irregularidades.
O romance de Cooper e Audrey nunca acontecer, apesar da boa natureza platônia, foi uma grande baixa, principalmente porque tiveram romances com personagens recém-introduzidos, algo que quebrou a natureza íntima da série - apesar de Jack e principalmente Annie serem ótimos personagens.
Twin Peaks (1ª Temporada)
4.5 523"Flawless"
É difícil encontrar algo na primeira temporada de Twin Peaks que não tenha dado brilhantemente certo. Todas as fórmulas são pensadas de forma muito criativa e executadas com classe e estilo.
Histórias, tanto a principal quanto as paralelas, onde todas se encontram, com personagens muito excêntricos, colocados de forma inédita para um programa de TV.
A série mostra o choque entre dois mundos - a vida real, politicamente correta, onde todos se conhecem e vivem em harmonia em Twin Peaks- e a vida paralela de cada personagem, com casos extraconjugais, segredos comprometedores, drogas e prostituição, em uma crítica direta a hipocrisia da sociedade contemporânea.
Só a originalidade do tema e a forma como ele é abordado já renderia a nota máxima, mas não para por aí, pois Frost, Lynch e cia. criam em cada canto de cada episódio, adicionando novas informações, dando toques tanto de humor e irreverência quanto de perturbação, fazendo referências a outras obras - a linda Audrey é inspirada no Hollywood dos anos 50 - flertando tanto com o surrealismo quanto com o film-noir, e claro, preenchendo tudo com a brilhante soundtrack do brilhante Angelo Badalamenti, que não tentou criar a atmosfera apenas com um fundo instrumental, mas compôs uma trilha com apenas cerca de 8 ou 9 lindas melodias, inseridas cada uma em seu momento certo durante os episódios da temporada. Aliada a beleza das faixas, a familiaridade que o espectador cria ao ouvir as mesmas melodias episódio pós episódio faz um vínculo emocional entre ele e as tantas cenas e situações que onde as músicas aconteceram.
Se Badalamenti dá uma aula de como fazer uma trilha sonora, Frost e Lynch mudam pra sempre a história da TV e o formato de seus mais variados programas serializados. Twin Peaks é uma obra prima e um dos melhores e mais importantes momentos da cultura pop nos fim do século XX.
Lost (1ª Temporada)
4.5 773 Assista AgoraTemporada inicial de impacto imediato, direto no brilhantismo do episódio inicial, literalmente, Piloto. O mais impressionante é que o nível foi mantido durante toda a temporada, por mais de 20 episódios (junto com a segunda, a mais longa da série). Todos os personagens são extremamente bem explorados - muitas vezes a "Ilha" e os mistérios é apenas um background para a exploração da história particular de cada um deles - as atuações são excelentes, há momentos assustadores, engraçados, dramáticos, de suspense, a série é visualmente excelente e tem trilhas sonoras marcantes, há milhões de referências a outras obras, e etc. Lost criou um grande universo ao seu redor que nenhuma outra série de TV conseguiu igualar em profundidade - basta lembrar da grande febre que foram os meados dos anos 2000 pela série. Sua primeira temporada tem tantos acertos em tantas frentes diferentes que o colocam como sua principal série de sua época e um dos eventos televisivos/cinematográficos mais revolucionários do século 21. A série teve outros excelentes momentos depois, mas o melhor de Lost está aqui, na sua temporada inicial.