Uma cinebiografia bastante eficiente, mostrando grande parte da vida de Malcolm e tendo a astúcia de não endeusá-lo. A transformação e amadurecimento de Malcolm X foi captada de forma tão sensata, como sua história de vida e a influência do islamismo em seu ativismo. Mais de uma hora mostrando a vida dele no crime, mas que é esquecida depois que ele sai da escuridão, da escravidão da mente. E aí você percebe a armadilha histórica do branco: marginalização do negro que o aliena, animaliza e o degrada. Porém, quando se sai dessa armadilha, percebe-se que a marginalização não é a natureza do negro. A partir daí, o filme passa a se organizar em torno desse inquietante X que assume como sobrenome. Daí por diante, Spike Lee narra a história de um homem que tenta se conhecer, romper a cadeia de ignorância que atingiu seu próprio nome. Também tenta conhecer aqueles que o cercam e, ao mesmo tempo, mover-se num universo de contradições raciais. Quanto ao FBI e a CIA eles com certeza sabiam do atentado, mas seria conveniente não interferir, afinal, um "inimigo" seria morto pelas mãos de outro "inimigo" do Estado. Jogada perfeita, não?
Sofia Coppola torna Maria Antonieta brilhante a partir do momento em que não condena as ações da difamada rainha. Do contrário, o filme tenta representar a dificuldade da juventude quando posta perante responsabilidades muito grandes. A diretora pede ao espectador que compreenda as confusões, paixões e mistérios dos jovens em lidar com a vida. Os personagens são típicos jovens indecisos removidos da perspectiva de vida ou qualquer verdadeiro sentido de consequência. Uma das chaves centrais na qual a diretora representa essa noção de juventude é a trilha sonora. Nunca imaginei que The Strokes poderia combinar tão bem com Idade Moderna. O universo particular da jovem rainha com todo o seu deslocamento social, tédio sem fim e comportamento controverso é que formam a estética do filme e, nesse sentido, ele é impecável no que se propõe!
A proposta é bacana, porem tudo acontece muito rápido, o roteiro vai atropelando, e diversas cenas dão a impressão que foram cortadas na metade, pulando pra próxima. Sem contar as inúmeras soluções absurdas tomadas pelos personagens, como a montagem das armas e as holofotes de luz invertida. Além do fato de eles serem sensíveis a pó de ferro, mas atravessarem estruturas também de ferro, não tem lógica alguma. Previsível em alguns pontos, mas também me surpreendeu em outros. Gostei particularmente do desfecho e da real origem das criaturas, rendendo uma cena que eu achei muito bonita.
Se você só espera um filme de comédia, não assista. Ele não foi feito para ser motivo apenas de risada, e sim motivo de reflexão. Em nenhum momento é entediante, fazendo com que os minutos sejam bem aproveitados ao longo da história. Curiosa a forma como esse filme nos faz sentir, Ned é um cara que aos olhos de muitos é só mais um ''retardado'' como mencionado no filme algumas vezes, porém para nós, que conhecemos o intimo de Ned, notamos facilmente a personalidade encantadora que ele possui, sempre dizendo a verdade, sendo sincero, vive a vida sem se preocupar com os outros e tem um amor incondicional pelo cachorro Willy Nelson. Ele faz você enxergar que a verdade, sendo dita, pode destruir lares, como os lares das irmãs dele. ou simplesmente admiramos a sua forma de ser feliz, sendo simplesmente ele mesmo. Mas a sensação de ver esse filme e depois refletir consigo mesmo: ''falta um pouco mais de Ned em mim'' é sensacional. Todos definitivamente deveriam ser como ele.
David Cronenberg faz muito bem uma ficção científica distópica pós moderna a partir de diálogos filosóficos e metáforas muitas vezes até incompreensíveis. Assim como a próstata do protagonista principal é assimétrica, a vida também se deslinda assim, em nossas vivências cotidianas dissonantes; ele nos brinda de maneira fulgurante com um ensaio atemporal sobre a era capitalística em seu torrencial crepúsculo amalgamado. Cosmópolis é uma sátira ao capitalismo pós moderno exacerbado, notadamente em seu individualismo acentuado, a frieza de suas relações, especulações e meios de produções opressores, um filme interessantíssimo que merece ser revisto para que seja possível ser-lhe extraída todas as abordagens e interpretações possíveis.
Bela animação que é mais profunda do que aparenta. Na superfície parece meio louca e desconexa, com suas constantes inserções na realidade virtual de OZ. Mas olhando com mais cuidado, vemos que essa produção fala do valor da família, da união e de perdão. Também pode ser visto pelo ponto de vista de Kenji, o adolescente tímido que tem um crescimento de personalidade imenso durante o filme. Quando diversos problemas surgem ele precisa amadurecer para salvar a todos. Uma crítica à sociedade atual e suas necessidades, o ser humano necessitando a tecnologia. Todos esses temas são uma constante aqui e tratados de um modo bem eficiente e interessante. Por último pode ser enxergado como uma história de amor entre Kenji e Natsuki. É um filme fantástico que trata de diversos temas diferentes. Grande trabalho de Mamoru Hosoda.
Documentário original que funciona de maneira mais respeitosa com as vítimas que já assisti! Um acontecimento trágico que é detalhado em depoimentos de pessoas que estiveram no local descrevendo todos os seus sentimentos e suas ações naquela manhã de 1966. Se foca nas histórias de sobrevivência e heroísmo dos presentes e temos um olhar absurdamente humano, empático, e um tanto esperançoso acerca do ocorrido. O atirador não recebe atenção, que é justamente o que os monstros que praticam esse crime hediondo desejam. A torre onde se encontrava vira o simbolo de violência e opressão, estando acima de todos, dominante e quase onipresente. Incrível junção de rotoscópia com entrevistas atuais e gravações da época, criando uma liberdade de estilos e sentimentos para situações diferentes que apenas a animação pode dar, indo do lisérgico para monocromático em segundos. O som do filme de faz entrar na situação de forma quase cruel, as explosões de disparo são randômicas e constantes.
As encenações com atores criam dinamismo e tensão, se livrando do problema de documentários com muitos "talking heads" que se tornam as vezes enfadonhos, mas ao final temos finalmente os entrevistadores reais falando, uma decisão acertadíssima na minha opinião pois temos relatos muito emocionados e verdadeiros que fecham o terceiro ato com chave de ouro.
É uma abordagem diferente com um cinema sérvio bem produzido na medida do possível (mesmo com limitações) da realidade e da crueldade humana e pode tirar aprendizados e análises importantíssimas aqui, além de sair da 'bolha' do cinema, cultura, raciocínio americano que domina o Brasil, vale a pena respirar novos pensamentos, novos ares. Realmente engrena do meio pro final, onde vai sendo apresentado o extremo doentio, e realmente perturbador gosto extremo. Não recomendada para pessoas sensíveis, mas ao meu ver, trata-se de assuntos não muito distantes e incômodos da realidade, onde violência contra a mulher, abuso infantil e depravação sexual encarnam a torpeza embalada em sachês prontos para consumo, que não nos damos conta de digerirmos paulatinamente sob um fundo socialmente aceito e viabilizado pelas leis da oferta e demanda. Porém o que vale é a ideia, e só de conceber alguém se excitando com o que vi aqui já e tenso.
Tommy Boy é o arquétipo do filme de comédia. Chris Farley e David Spade estão no seu melhor e dão performances que definem a carreira. O centro-oeste é maravilhosamente representado e ridicularizado, e o filme tem muitas risadas que acontecem hoje! Tem tudo o que você poderia esperar de uma comédia! Um precursor dos filmes de Adam Sandler, "um cara imbecil com um grande coração que vence no final", Tommy Boy é ainda mais divertido por causa da camaradagem na tela e fora da tela entre Spade e Farley. Uma equipe de comédia clássica.
Multi-reflexivo, divertido e dramático, trazendo a história de vários excluídos sociais. Não coloca um ponto final mas sim inicia a discussão. Faça a Coisa Certa é uma crítica contumaz à condição do negro na sociedade norte-americana. A película se passa no final dos anos 80, no Brooklyn, reduto dos afro-americanos, dos latino-americanos e dos mais pobres em geral. Falando especificamente do roteiro: Temos aqui uma história não-linear, sem início, meio e fim, marcada por vários fragmentos de narrativas distintas de múltiplos personagens. Histórias que se cruzam de maneira coesa, dando visibilidade para o coletivo. Se tivesse que escolher um protagonista nesse filme seria o Brooklin e os diferentes tipos humanos que ali vivem. Mais uma vez destaca-se a complexidade de seus personagens, que fogem completamente de seus esteriótipos iniciais, revelando-se muito crus e reais. Em suma, são pessoas comuns fazendo coisas comuns do dia-a-dia. Os diálogos são outro ponto forte do filme: intercala-se pensamentos banais do cotidiano com falas memoráveis anti-racistas. A fotografia com uso ostensivo de cores fortes, o figurino colorido, e a montagem em quadros também é belíssima, tornando-se a parte visual extremamente agradável e deliciosa de ver. Um filme, no fim das contas, indispensável!
O filme veio pra fechar a 4ª temporada que deixou várias lacunas em aberto e esse longa veio apenas para finalizar isso. Gostei de saber como tudo aconteceu e ao contrário do que dizem não acho esse episódio tão desnecessário assim. Foi muito bom entender o casamento, a morte, o depoimento de Michael Scofield, a mensagem que ele quis dizer a Sara e Lincoln. E ele relatado sobre a mensagem de códigos ,o origami e que ele os amava-os e eles estão livres.
O filme traz histórias paralelas que são bem desenvolvidas e nos aproximam do enredo principal. A primeira antes do ataque que dedica a narrar o cotidiano da família e outra a sobrevivência da mãe e do filho contra os ataques do cão. As longas cenas que se passam no carro são de uma tensão constante, tanto pela sensação de abandono por estarem presos ali, quanto pela agonia crescente que a fome, sede e calor causam. Você realmente se importa com o desespero de mãe e filho e torce para que eles consigam sobreviver. Há muita movimentação, desespero e medo que foram expressados precisamente, os ataques do cachorro são violentos e realmente amedrontadores e o diretor não nos poupa de gritos histéricos de criança e da aparência nojenta e assustadora do Cujo, que contribuiu para a construção do clima tenso que encorparia mais se tivesse uma trilha sonora marcante . Cujo é mal estruturado, entretanto suas cenas violentas no final e as boas atuações atenuam o fracasso.
O Roteiro simples se atém a uma história de intolerância apresentando esteriótipos e até maniqueísta em certos momentos, mais nada que diminua esse importante filme, o diretor quis apresentar dessa forma o ódio que passa de geração a geração sem motivo aparente e justificativa. A direção de Alan Parker é de grande qualidade, tanto nas cenas dramáticas, também nas cenas policiais de investigação, ele consegue transitar muito bem nesses gêneros, e ainda faz um importante documento de história na ambientação figurinos. Esse filme tem um grande valor histórico, trata do preconceito, a segregação racial, a questão do ódio que é ensinado desde da escola, as atrocidades feitas pelo Ku Klus Klan na época e reação das pessoas em relação a isso.
Acho interessante as metáforas em relação a política. Carpenter faz algumas sátiras aos valores errôneos em que nossa sociedade parece se afundar cada dia mais. Se assemelha ao primeiro filme mas tem muitos elementos a mais e os personagens continuam interessantes. Em um tom mais sério e fotografia mais escuro, mas mantendo a temática de gangues (influenciado talvez por The Warriors), Carpenter constrói um enredo envolvente e com um desenvolvimento muito bom. Apesar de o senso de real perigo para o protagonista não ter sido muito bem desenvolvido, Snake leva o filme nas costas, um dos maiores anti-heróis do cinema.
O mundo criado para esse filme é muito criativo. Acho que juntaram muitas ideias que existiam na época sobre o futuro e mundo distópico. O visual é maravilhoso, provavelmente se sobrepõe à trama. Parece demais com os cenários de videogames que a gente iria curtir durante todos os anos noventa. Snake saiu dali direto pra franquia do Kojima, mas o que importa é que o Kurt Russel tá sensacional nesse filme, incorpora mesmo o clichê caricato do cara durão que viveu tudo que é merda. Parado pra quem espera um filme de ação frenético, mas inspirador até hoje pra quem procura uma construção de mundo que é impossível de fazer hoje em dia. Mas o filme tem um grande problema: o roteiro raso. Carpenter se prende tanto na ação que esquece totalmente do básico, a história é simples demais, sem reviravoltas, sem atrativos, sem diferencial, você pode se cansar rápido mesmo sendo um filme relativamente curto.
A evolução de um artista, sua obra, seus demônios e devaneios. A conquista do sucesso e da fama, dilacerando o seu ego, suas convicções, até terminar num anonimato quase total. Em paralelo, a trajetória de um jovem apaixonado por arte que redescobre esse talento quase esquecido. Criatura, criador, discípulo e mentor. E tanta coisa envolvida neste documentário. Fundamental pra quem respira arte, e sabe como ela pode ser utilizada e interpretada para vários fins, sejam eles nobres ou perversos.
Malcolm X
4.1 267 Assista AgoraUma cinebiografia bastante eficiente, mostrando grande parte da vida de Malcolm e tendo a astúcia de não endeusá-lo. A transformação e amadurecimento de Malcolm X foi captada de forma tão sensata, como sua história de vida e a influência do islamismo em seu ativismo. Mais de uma hora mostrando a vida dele no crime, mas que é esquecida depois que ele sai da escuridão, da escravidão da mente. E aí você percebe a armadilha histórica do branco: marginalização do negro que o aliena, animaliza e o degrada. Porém, quando se sai dessa armadilha, percebe-se que a marginalização não é a natureza do negro. A partir daí, o filme passa a se organizar em torno desse inquietante X que assume como sobrenome. Daí por diante, Spike Lee narra a história de um homem que tenta se conhecer, romper a cadeia de ignorância que atingiu seu próprio nome. Também tenta conhecer aqueles que o cercam e, ao mesmo tempo, mover-se num universo de contradições raciais. Quanto ao FBI e a CIA eles com certeza sabiam do atentado, mas seria conveniente não interferir, afinal, um "inimigo" seria morto pelas mãos de outro "inimigo" do Estado. Jogada perfeita, não?
Maria Antonieta
3.7 1,3K Assista AgoraSofia Coppola torna Maria Antonieta brilhante a partir do momento em que não condena as ações da difamada rainha. Do contrário, o filme tenta representar a dificuldade da juventude quando posta perante responsabilidades muito grandes. A diretora pede ao espectador que compreenda as confusões, paixões e mistérios dos jovens em lidar com a vida. Os personagens são típicos jovens indecisos removidos da perspectiva de vida ou qualquer verdadeiro sentido de consequência. Uma das chaves centrais na qual a diretora representa essa noção de juventude é a trilha sonora. Nunca imaginei que The Strokes poderia combinar tão bem com Idade Moderna. O universo particular da jovem rainha com todo o seu deslocamento social, tédio sem fim e comportamento controverso é que formam a estética do filme e, nesse sentido, ele é impecável no que se propõe!
Spectral
3.2 247 Assista AgoraA proposta é bacana, porem tudo acontece muito rápido, o roteiro vai atropelando, e diversas cenas dão a impressão que foram cortadas na metade, pulando pra próxima. Sem contar as inúmeras soluções absurdas tomadas pelos personagens, como a montagem das armas e as holofotes de luz invertida. Além do fato de eles serem sensíveis a pó de ferro, mas atravessarem estruturas também de ferro, não tem lógica alguma. Previsível em alguns pontos, mas também me surpreendeu em outros. Gostei particularmente do desfecho e da real origem das criaturas, rendendo uma cena que eu achei muito bonita.
O Idiota do Meu Irmão
3.3 475Se você só espera um filme de comédia, não assista. Ele não foi feito para ser motivo apenas de risada, e sim motivo de reflexão. Em nenhum momento é entediante, fazendo com que os minutos sejam bem aproveitados ao longo da história. Curiosa a forma como esse filme nos faz sentir, Ned é um cara que aos olhos de muitos é só mais um ''retardado'' como mencionado no filme algumas vezes, porém para nós, que conhecemos o intimo de Ned, notamos facilmente a personalidade encantadora que ele possui, sempre dizendo a verdade, sendo sincero, vive a vida sem se preocupar com os outros e tem um amor incondicional pelo cachorro Willy Nelson. Ele faz você enxergar que a verdade, sendo dita, pode destruir lares, como os lares das irmãs dele. ou simplesmente admiramos a sua forma de ser feliz, sendo simplesmente ele mesmo. Mas a sensação de ver esse filme e depois refletir consigo mesmo: ''falta um pouco mais de Ned em mim'' é sensacional. Todos definitivamente deveriam ser como ele.
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraDavid Cronenberg faz muito bem uma ficção científica distópica pós moderna a partir de diálogos filosóficos e metáforas muitas vezes até incompreensíveis. Assim como a próstata do protagonista principal é assimétrica, a vida também se deslinda assim, em nossas vivências cotidianas dissonantes; ele nos brinda de maneira fulgurante com um ensaio atemporal sobre a era capitalística em seu torrencial crepúsculo amalgamado. Cosmópolis é uma sátira ao capitalismo pós moderno exacerbado, notadamente em seu individualismo acentuado, a frieza de suas relações, especulações e meios de produções opressores, um filme interessantíssimo que merece ser revisto para que seja possível ser-lhe extraída todas as abordagens e interpretações possíveis.
Guerras de Verão
4.0 105 Assista AgoraBela animação que é mais profunda do que aparenta. Na superfície parece meio louca e desconexa, com suas constantes inserções na realidade virtual de OZ. Mas olhando com mais cuidado, vemos que essa produção fala do valor da família, da união e de perdão. Também pode ser visto pelo ponto de vista de Kenji, o adolescente tímido que tem um crescimento de personalidade imenso durante o filme. Quando diversos problemas surgem ele precisa amadurecer para salvar a todos. Uma crítica à sociedade atual e suas necessidades, o ser humano necessitando a tecnologia. Todos esses temas são uma constante aqui e tratados de um modo bem eficiente e interessante. Por último pode ser enxergado como uma história de amor entre Kenji e Natsuki. É um filme fantástico que trata de diversos temas diferentes. Grande trabalho de Mamoru Hosoda.
Tower
4.2 28Documentário original que funciona de maneira mais respeitosa com as vítimas que já assisti! Um acontecimento trágico que é detalhado em depoimentos de pessoas que estiveram no local descrevendo todos os seus sentimentos e suas ações naquela manhã de 1966. Se foca nas histórias de sobrevivência e heroísmo dos presentes e temos um olhar absurdamente humano, empático, e um tanto esperançoso acerca do ocorrido. O atirador não recebe atenção, que é justamente o que os monstros que praticam esse crime hediondo desejam. A torre onde se encontrava vira o simbolo de violência e opressão, estando acima de todos, dominante e quase onipresente. Incrível junção de rotoscópia com entrevistas atuais e gravações da época, criando uma liberdade de estilos e sentimentos para situações diferentes que apenas a animação pode dar, indo do lisérgico para monocromático em segundos. O som do filme de faz entrar na situação de forma quase cruel, as explosões de disparo são randômicas e constantes.
As encenações com atores criam dinamismo e tensão, se livrando do problema de documentários com muitos "talking heads" que se tornam as vezes enfadonhos, mas ao final temos finalmente os entrevistadores reais falando, uma decisão acertadíssima na minha opinião pois temos relatos muito emocionados e verdadeiros que fecham o terceiro ato com chave de ouro.
A Serbian Film: Terror Sem Limites
2.5 2,0KÉ uma abordagem diferente com um cinema sérvio bem produzido na medida do possível (mesmo com limitações) da realidade e da crueldade humana e pode tirar aprendizados e análises importantíssimas aqui, além de sair da 'bolha' do cinema, cultura, raciocínio americano que domina o Brasil, vale a pena respirar novos pensamentos, novos ares. Realmente engrena do meio pro final, onde vai sendo apresentado o extremo doentio, e realmente perturbador gosto extremo. Não recomendada para pessoas sensíveis, mas ao meu ver, trata-se de assuntos não muito distantes e incômodos da realidade, onde violência contra a mulher, abuso infantil e depravação sexual encarnam a torpeza embalada em sachês prontos para consumo, que não nos damos conta de digerirmos paulatinamente sob um fundo socialmente aceito e viabilizado pelas leis da oferta e demanda. Porém o que vale é a ideia, e só de conceber alguém se excitando com o que vi aqui já e tenso.
Mong e Lóide
2.5 68 Assista AgoraTommy Boy é o arquétipo do filme de comédia. Chris Farley e David Spade estão no seu melhor e dão performances que definem a carreira. O centro-oeste é maravilhosamente representado e ridicularizado, e o filme tem muitas risadas que acontecem hoje! Tem tudo o que você poderia esperar de uma comédia! Um precursor dos filmes de Adam Sandler, "um cara imbecil com um grande coração que vence no final", Tommy Boy é ainda mais divertido por causa da camaradagem na tela e fora da tela entre Spade e Farley. Uma equipe de comédia clássica.
Faça a Coisa Certa
4.2 398Multi-reflexivo, divertido e dramático, trazendo a história de vários excluídos sociais. Não coloca um ponto final mas sim inicia a discussão. Faça a Coisa Certa é uma crítica contumaz à condição do negro na sociedade norte-americana. A película se passa no final dos anos 80, no Brooklyn, reduto dos afro-americanos, dos latino-americanos e dos mais pobres em geral. Falando especificamente do roteiro: Temos aqui uma história não-linear, sem início, meio e fim, marcada por vários fragmentos de narrativas distintas de múltiplos personagens. Histórias que se cruzam de maneira coesa, dando visibilidade para o coletivo. Se tivesse que escolher um protagonista nesse filme seria o Brooklin e os diferentes tipos humanos que ali vivem. Mais uma vez destaca-se a complexidade de seus personagens, que fogem completamente de seus esteriótipos iniciais, revelando-se muito crus e reais. Em suma, são pessoas comuns fazendo coisas comuns do dia-a-dia. Os diálogos são outro ponto forte do filme: intercala-se pensamentos banais do cotidiano com falas memoráveis anti-racistas. A fotografia com uso ostensivo de cores fortes, o figurino colorido, e a montagem em quadros também é belíssima, tornando-se a parte visual extremamente agradável e deliciosa de ver. Um filme, no fim das contas, indispensável!
Prison Break - O Resgate Final
4.0 334O filme veio pra fechar a 4ª temporada que deixou várias lacunas em aberto e esse longa veio apenas para finalizar isso. Gostei de saber como tudo aconteceu e ao contrário do que dizem não acho esse episódio tão desnecessário assim. Foi muito bom entender o casamento, a morte, o depoimento de Michael Scofield, a mensagem que ele quis dizer a Sara e Lincoln. E ele relatado sobre a mensagem de códigos ,o origami e que ele os amava-os e eles estão livres.
Cujo
3.3 439 Assista AgoraO filme traz histórias paralelas que são bem desenvolvidas e nos aproximam do enredo principal. A primeira antes do ataque que dedica a narrar o cotidiano da família e outra a sobrevivência da mãe e do filho contra os ataques do cão. As longas cenas que se passam no carro são de uma tensão constante, tanto pela sensação de abandono por estarem presos ali, quanto pela agonia crescente que a fome, sede e calor causam. Você realmente se importa com o desespero de mãe e filho e torce para que eles consigam sobreviver. Há muita movimentação, desespero e medo que foram expressados precisamente, os ataques do cachorro são violentos e realmente amedrontadores e o diretor não nos poupa de gritos histéricos de criança e da aparência nojenta e assustadora do Cujo, que contribuiu para a construção do clima tenso que encorparia mais se tivesse uma trilha sonora marcante . Cujo é mal estruturado, entretanto suas cenas violentas no final e as boas atuações atenuam o fracasso.
Mississipi em Chamas
4.2 332 Assista AgoraO Roteiro simples se atém a uma história de intolerância apresentando esteriótipos e até maniqueísta em certos momentos, mais nada que diminua esse importante filme, o diretor quis apresentar dessa forma o ódio que passa de geração a geração sem motivo aparente e justificativa. A direção de Alan Parker é de grande qualidade, tanto nas cenas dramáticas, também nas cenas policiais de investigação, ele consegue transitar muito bem nesses gêneros, e ainda faz um importante documento de história na ambientação figurinos. Esse filme tem um grande valor histórico, trata do preconceito, a segregação racial, a questão do ódio que é ensinado desde da escola, as atrocidades feitas pelo Ku Klus Klan na época e reação das pessoas em relação a isso.
Fuga de Los Angeles
3.0 179 Assista AgoraAcho interessante as metáforas em relação a política. Carpenter faz algumas sátiras aos valores errôneos em que nossa sociedade parece se afundar cada dia mais. Se assemelha ao primeiro filme mas tem muitos elementos a mais e os personagens continuam interessantes. Em um tom mais sério e fotografia mais escuro, mas mantendo a temática de gangues (influenciado talvez por The Warriors), Carpenter constrói um enredo envolvente e com um desenvolvimento muito bom. Apesar de o senso de real perigo para o protagonista não ter sido muito bem desenvolvido, Snake leva o filme nas costas, um dos maiores anti-heróis do cinema.
Fuga de Nova York
3.5 301 Assista AgoraO mundo criado para esse filme é muito criativo. Acho que juntaram muitas ideias que existiam na época sobre o futuro e mundo distópico. O visual é maravilhoso, provavelmente se sobrepõe à trama. Parece demais com os cenários de videogames que a gente iria curtir durante todos os anos noventa. Snake saiu dali direto pra franquia do Kojima, mas o que importa é que o Kurt Russel tá sensacional nesse filme, incorpora mesmo o clichê caricato do cara durão que viveu tudo que é merda. Parado pra quem espera um filme de ação frenético, mas inspirador até hoje pra quem procura uma construção de mundo que é impossível de fazer hoje em dia. Mas o filme tem um grande problema: o roteiro raso. Carpenter se prende tanto na ação que esquece totalmente do básico, a história é simples demais, sem reviravoltas, sem atrativos, sem diferencial, você pode se cansar rápido mesmo sendo um filme relativamente curto.
A Vida e a Arte de Stanislaw Szukalski
4.3 21 Assista AgoraA evolução de um artista, sua obra, seus demônios e devaneios. A conquista do sucesso e da fama, dilacerando o seu ego, suas convicções, até terminar num anonimato quase total. Em paralelo, a trajetória de um jovem apaixonado por arte que redescobre esse talento quase esquecido. Criatura, criador, discípulo e mentor. E tanta coisa envolvida neste documentário. Fundamental pra quem respira arte, e sabe como ela pode ser utilizada e interpretada para vários fins, sejam eles nobres ou perversos.