"The Grand Budapest Hotel" é um bom filme. Direção de arte impecável, como é comum nos filmes do Wes Anderson. Entretanto, acho importante separar estilo de maneirismo. Nesse longa, o diretor repete fórmulas cansativas já usadas e abusadas em trabalhos anteriores. A obsessão pelos planos simétricos é completamente artificial: servem para identificar o cineasta e não para trazer de fato conteúdo à história. É meio preguiçoso usar esses recursos em todo filme, mesmo quando não necessariamente conversa com todo o resto. Os atores estão ótimos em seus papéis. Divertidos e carismáticos, são o que nos prendem à uma divertida narrativa, nem tão inovadora esteticamente.
"Poetry" é um belo filme sensível de viés contemplativo. As cenas são delicadamente montadas para que se passe a impressão de que, de fato, estamos em uma poesia. A atuação de Jeong-hie Yun é arrebatadora: a pureza, os gestos, o modo de falar. A adorável maneira de contar que não sabe escrever poesias. À primeira vista, talvez o filme pareça incompleto, uma vez que muitas questões não são realmente concluídas ou aprofundadas. Entretanto, é clara a intenção do diretor Lee Chang-dong em reduzir os outros problemas ao intimismo singelo da protagonista. Tudo é poético e triste. A justiça não chega, os momentos felizes não aparecem. É a vida, como ela é.
Embora divertido e carismático, "Finding Dory" é apenas uma sequência repetitiva e desnecessária. Muitos momentos são extremamente forçados para tentar conquistar o sorrisinho do expectador. Cheio de conveniências e pouco envolvimento.
É muito interessante a maneira como "The Silence of the Lambs" trabalha a questão do gênero em um thriller investigativo. De certa maneira, parte do drama possui uma carga feminina, que transcende outros filmes do gênero. A trilha sonora, as atuações de Jodie Foster e Anthony Hopkins, a montagem... tudo trabalha em conjunto para tornar a experiência ótima e ao mesmo tempo angustiante. Se pudesse apontar um único defeito do filme, diria que os flashbacks são descartáveis e as informações nele poderiam ter sido apresentados em conversas de Starring e Lecter.
"Cats", dirigido pelo já infelizmente conhecido Tom Hooper, é aterrorizante. Não por ser um filme de terror, mas sim porque mostra o quanto de propaganda e orçamento que um filme medíocre como esse pode ter em Hollywood. Os primeiros defeitos já começam na primeira cena: O tamanho desproporcional dos personagens tira totalmente o espectador da imersão. Aparentemente, não houve a menor preocupação por parte do diretor ou de qualquer outro envolvido com isso. Montagem super mal pensada. As músicas chamam a atenção pelo motivo errado. Quase todo o filme é musical e isso não seria um problema se de fato os números fossem bons. Entretanto, nenhum música sequer pode ser lembrada depois que termina de tocar. Ritmos e letras extremamente preguiçosos e genéricos. A má escrita da música para conduzir a história gera também um roteiro péssimo, forçado e com uma tentativa patética de criar empatia pelos personagens. Não dá pra comprar a história de nenhum deles, pois eles simplesmente são completamente artificiais, mal interpretados e mal desenvolvidos. Os efeitos visuais ridículos não param na falta de proporção: A impressão ao assistir o longa é de que os personagens mudam de animações para pessoas fantasias de uma hora para outra. Em certos momentos, há ainda o descuido de deixar o CGI extremamente visível. Não foi falta de dinheiro, é óbvio. "Cats" é simplesmente desleixado e porco. Todos esses elementos deploráveis transformam a adaptação do musical em um filme extremamente entediante, fraco e insuportável. Definitivamente uma das piores experiências que alguém poderia ter no cinema. Não há nada para se tirar de bom desse filme insignificante.
O clássico de Hitchcock apresentou, para a época, um roteiro verdadeiramente inovador e instigante. Mesmo tendo servido de inspiração para muitas obras depois de "Psycho", o filme ainda envolve o telespectador brilhantemente. Suspense super bem construído e resolução muito satisfatória. O único defeito que consigo encontrar é o diálogo final, que é expositivo demais.
"I'm a Cyborg, But That's OK" é um filme de vertente surrealista que precisa que o público esteja de mente aberta, para atingir sua carga dramática. Por mais que os personagens sejam exageradas e muitas vezes suas ações não façam sentido, isso faz parte da própria proposta do filme. Desde as cenas iniciais somos indiretamente avisados para não esperar realismo algum. A relação entre os protagonistas é apaixonante e empática, de forma que busquemos respostas neles, assim como acabam buscando um no outro. Uma comédia que, conforme se desenvolve, torna-se mais maduro e sensível.As cenas finais são realmente lindas.
Seria muito injusto condenar "Different from the Others" pela falta de dinâmica. Afinal, muitas cenas foram perdias e sobrou apenas as suas descrições. É um filme extremamente corajoso e progressista pra época. As falas do sexólogo são praticamente irretocáveis. Destruído pelos nazistas, pois a razão e o amor os assustavam. Material histórico que deveria ser mais valorizado.
Um divisor de águas na filmografia do Lars Von Trier, "Anthchirst" aborda cruelmente temas como luto, violência, erotismo e sexismo. É difícil escrever sobre ele visando a racionalidade, uma vez que o próprio longa não busca isso. É sem dúvidas perturbador e forte, mas ao mesmo tempo também pedante. Vale muito pelas atuações e pela construção do clima!
Não posso negar a montagem criativa e o belo trabalho estético, mas é com certeza o pior do Wes Anderson que já assisti. "The Life Aquatic with Steve Zissou" possui, é claro, um nicho bem específico. Momentos surreais, comicidade na personalidade os personagens, protagonistas desprezíveis que conquistam a simpatia do publico... Ainda assim, nenhum dos personagens realmente cativa; muito menos a história e as motivações de cada um deles. Nada convence e, no fim, acaba decepcionando pela falta de sensibilidade ao tratar os relacionamentos apresentados. E também, é claro, temos desnecessariamente falas homofóbicas e machistas, que não adicionam em nada à trama. Envelheceu mal e nem é tão antigo assim.
"Kárhozat" tem uma fotografia muito interessante: os longos planos rondando os personagens, sempre acompanhados de uma ótima trilha sonora. O contraste preto e branco é bastante característico e bonito. Entretanto, não vai muito além disso. Em uma busca por mostrar personagens melancólicos da maneira mais deprimente possível, Béla Tarr esquece de nos apresentar qualquer argumento ou. pelo menos, um motivo para continuar assistindo. São personagens extremamente indiferentes, desinteressantes e antipáticos. O "protagonista", Karrer, apesar de dominar a maioria das cenas e diálogos, não passa verdade nem motivação nas suas ações e palavras. Assim, o filme se resume à uma contemplação existencial tediosa com uma linda fotografia, além de algumas frases interessantes. "O que está para acontecer aqui é apenas uma entre milhões de formas de ruína. Uma pequena amostra dela."
Genial a maneira como "Persona" constrói o clima perfeito para apresentar sua alegoria. É quase um estudo de psicanálise extremamente bem escrito, cheio de falas poderosas e altamente reflexivas. Quando você finalmente entende o que está acontecendo, você entende as ações que as personagens tomaram desde o início. Uma coisa que me chamou a atenção foi como Bergman decidiu filmar as protagonistas (principalmente depois da primeira metade do filme) com um jogo de sombras que acompanha a ideia da história, revelando novas facetas das personagens. Um dos mais interessantes que já assisti do diretor.
Aparentemente, se dedicaram tanto à mudar o visual do Sonic para agradar o público, que esqueceram de revisar o roteiro. É um perfeito conjunto de todos os clichês do gênero, com momentos de drama super apáticos e absolutamente nenhuma graça. Apesar da curta duração (ainda mais considerando que o filme ainda estica-se para: 1. mostrar um epílogo desnecessário e
Hitchcock traz à tona um cruel assassinato que serve de pano de fundo para uma festa muito estranha. É bastante direto ao ponto, mas desenvolve muito bem a tensão e o progresso de Rupert na descoberta do crime. Além disso, explora conceitos filosóficos polêmicos para a época (e até mesmo para os dias atuais) de uma maneira brilhante, com direito à um discurso subversivo no final. Ótimo!
É provavelmente o "coming of age" com os atores mais dedicados e confortáveis nos papéis que já assisti. As atuações realmente dão aos personagens características únicas que convencem muito bem. O tema é abordado de maneira honesta. Entretanto, alguns pontos me tiraram do filme. Pessoalmente, foi um pouco difícil para mim simpatizar com o Finch. Momentos que eram pra, supostamente, serem fofos, acabaram me desconectando da história pela prepotência do personagem. Ainda assim, sua relação com Violet é bem construída, o que aliviou um pouco a antipatia pelo personagem. Outro ponto negativo é que, apesar da boa construção, os relacionamento dos protagonistas se torna raso depois de um tempo. É esquisito para o público acompanhar personagens tão profundos e cheios de coisas para dizer, se tornarem superficiais quando começam a se relacionar. Muitos diálogos também são muito simplórios, tornando as interações distantes de conversas verdadeiras. No mais, "All the Bright Places" é um filme mediano que se esforça para contar uma mensagem, mas que se perde pela falta de profundidade e realismo.
É difícil falar de "Jules Et Jim" sem considerar sua importância para a Nouvelle Vague. Apontando sua câmera para os relacionamentos amorosos, François Truffaut exibe seus personagens que quebram e reconstroem laços ao longo de 105 minutos. Apesar de apresentar elementos muito interessantes, como ótimas atuações, as questões envolvendo poliamor e a inesquecível Catherine, que encanta e irrita com sua bipolaridade e honestidade, o filme é pouco envolvente. É preciso paciência para acompanhar os repetitivos acontecimentos na história e "perdoar" os personagens por, às vezes, agirem de maneira tão contraditória. No entanto, continua sendo um dos melhores exemplos do que foi a Nouvelle Vague e o que ela buscava apresentar através do cinema.
"Eu invejo o quão amplamente você lança sua rede..." - Jules
"Uncut Gems" nos conduz brilhantemente para uma série de quedas e ascensões, através de reviravoltas que, mesmo quando esperadas, ainda impactam fortemente quem assiste. Isso se deve, claro, ao meu protagonista que nos mantêm em um ciclo de amor e ódio: sempre querendo que ele cale a boca, mas sempre querendo que tudo dê certo para ele. A atuação do Adam Sandler surpreende. Não lembro de ter visto um filme onde ele realmente tivesse se entregado ao papel, como fez nesse. Mesmo sendo um filme de mais de 2h, sequer consegue-se sentir o tempo passar. O roteiro equilibra perfeitamente os momentos de tensão e alívio. Os últimos 30 minutos do filme geram uma ansiedade gigante, super bem construída. Ao fundo é uma obra muito complexa: os vícios, a superficialidade, o capitalismo, os desejos mais profundos das pessoas. E todos esses elementos ficam mais claros ainda no desfecho.
A sequência, apesar de amadurecer o relacionamento, esquece da autenticidade dos personagens, incluindo a protagonista. O ponto alto do filme é quando Lara Jean tem uma importante reflexão onde cita o "jung". Contudo, excedendo esse momento especial, o longa é um grande clichê (e não mais um clichê melhorado como era o primeiro filme) que falha até mesmo em divertir. É uma repetição cansativa de tudo que vimos no primeiro filme, estruturalmente e visualmente falando. Infelizmente não tiveram interesse em manter o modo natural como os personagens agiam. As interações super bem feitas no primeiro da franquia (como no diálogo de Lara e Peter sobre perdas na família) foram substituídas por momentos que, na pretensão de serem "fofos", apagam a personalidade e unicidade dos personagens. Uma decepção para quem apreciava essas qualidades no anterior. (Abrindo um espaço para um reclamação extremamente pessoal: acho profundamente irritante o quanto todos os personagens de alívio 'engraçadinhos' - as duas irmãs, principalmente a mais nova; o amigo gay dela; a melhor amiga dela; aquela mulher que ofereceu bebida pra ela etc. - usam sempre o mesmo esquema de ironia/sarcasmo bastante previsível. Sério, é muito irritante. É como se eles não conseguissem fazer um personagem engraçado sem ele precisar ter essas tiradas debochadas.)
"Y tu Mamá También" demora um pouco para ficar interessante mas, quando fica, conquista. O maior trunfo do filme é a relação entre os protagonistas, bastante convincentes em seus personagens. Cenas cruas de sexo que trazem uma beleza singular à obra. A cada diálogo do trio, nos tornamos mais íntimos dos personagens e desconstruímos os estereótipos que formamos no primeiro ato do longa. Em uma cena, quando os personagens expõe seus desejos e sentimentos mais genuínos, é quando o Alfonso Cuarón reforça e finaliza a mensagem que havia sido construída durante o filme. Ponto negativo: a narração é desnecessária. Embora tenha a pretensão de situar o público nas questões sociopolíticas do México e servir como uma maneira de pular o tempo, é preguiçosa e desinteressante. O que, é claro, não torna as outras qualidades menores. Bom filme!
Personagens super realistas (e que mesmo com seus defeitos geram bastante empatia) numa jornada frenética que, no fim, é sobre o amor que os irmãos sentem um pelo outro. Isso fica bem claro no final, inclusive. A atuação do Robert Pattinson criou um personagem único e memorável, talvez um dos melhores trabalhos da sua carreira. As cenas em que ele sorri, chora, grita... sempre rouba a cena. A única coisa que eu talvez tenha sentido falta é a falta de um roteiro mais consistente. Os plot twists acabaram não sendo tão impactantes, por não estarem posicionados corretamente na história. Às vezes uma revelação importante é jogada como qualquer outra informação. No mais, um ótimo thriller.
O que o Hitchcok fez em "Rear Window" é algo que dificilmente será superado tão cedo. O uso da música e dos sons (e às vezes a falta deles) contam a história de maneira genuinamente hipnotizadora. Os planos rondando a vizinhança nos envolvem de uma maneira da qual, mesmo os personagens que sequer possuem falas, geram uma empatia a ponto de nos preocuparmos com eles. É inevitável pensar se algo ruim pode acontecer com algum dos personagens que Jeff observa. E falando mais dos personagens, a interação entre o trio Jeff, Lisa e Stella é tão bem escrita que chega a ser deliciosa de assistir. Tiradas muito inteligentes e um jogo de palavras muito interessante. Além disso, as cenas de suspense foram muito bem feitas, gerando verdadeiramente uma tensão e um temor pelos personagens. De nada adiantaria estas mesmas cenas se os personagens não tivessem tanta carisma (mérito do roteiro e dos atores). Tão gostoso de assistir que mal se vê a hora passar. Um filme para se rever muitas vezes, merecidamente considerado um clássico do cinema. Preciso ver mais filmes do diretor!
"The Host" é interessante por apresentar, sem fazer tanto estardalhaço, a reflexão que realmente importa quando pensamos sobre o horror e qual sua origem. Apesar de o monstro ser assustador por si só, o verdadeiro terror surge quando os verdadeiros culpados são humanos. Entretanto, a mensagem foi passada de uma maneira extremamente rasa. O roteiro segue conveniências e utiliza-se de clichês para emocionar a todo custo, falhando vergonhosamente. As cenas de humor/alívio cômico não adicionam em nada à narrativa. É um trabalho interessante, porém superestimado. Em suma, um filme trash com a pretensão de ser crítico, mesmo que desorganizadamente.
A importância de "The Hate U Give" talvez acabe sobrepondo suas qualidades narrativas. Antes de mais nada, é bem clara a intenção do diretor em expor o problema social acima de tudo. Visando isso, o filme apresenta diálogos expositivos que simplificam a mensagem a ser passada. As cenas, as falas e principalmente a narração da protagonista em alguns momentos, são estrategicamente colocados para informar e criticar. Ou seja, é um filme para falar sobre um tema, da forma mais clara possível. Sendo assim, a qualidade do filme é perdida por subestimar o público, o colocando como um espectador passivo e irreflexivo. Embora seja eficiente em informar (e talvez seja interessante seu uso para falar sobre racismo e violência policial), pouco se preocupa em, utilizando-se de recursos do audiovisual, passar emoções reais e situações mais honestas. Com exceção da cena do protesto, quase todo o resto do filme falha em emocionar. A atuação da Amandla Stenberg é muito verossímil e satisfatória, mas é difícil trabalhar com um roteiro que te obriga a falar em discurso político quase o tempo inteiro.
O Grande Hotel Budapeste
4.2 3,0K"The Grand Budapest Hotel" é um bom filme. Direção de arte impecável, como é comum nos filmes do Wes Anderson. Entretanto, acho importante separar estilo de maneirismo. Nesse longa, o diretor repete fórmulas cansativas já usadas e abusadas em trabalhos anteriores. A obsessão pelos planos simétricos é completamente artificial: servem para identificar o cineasta e não para trazer de fato conteúdo à história. É meio preguiçoso usar esses recursos em todo filme, mesmo quando não necessariamente conversa com todo o resto.
Os atores estão ótimos em seus papéis. Divertidos e carismáticos, são o que nos prendem à uma divertida narrativa, nem tão inovadora esteticamente.
Poesia
4.1 189"Poetry" é um belo filme sensível de viés contemplativo. As cenas são delicadamente montadas para que se passe a impressão de que, de fato, estamos em uma poesia. A atuação de Jeong-hie Yun é arrebatadora: a pureza, os gestos, o modo de falar. A adorável maneira de contar que não sabe escrever poesias.
À primeira vista, talvez o filme pareça incompleto, uma vez que muitas questões não são realmente concluídas ou aprofundadas. Entretanto, é clara a intenção do diretor Lee Chang-dong em reduzir os outros problemas ao intimismo singelo da protagonista. Tudo é poético e triste. A justiça não chega, os momentos felizes não aparecem. É a vida, como ela é.
Procurando Dory
4.0 1,8K Assista AgoraEmbora divertido e carismático, "Finding Dory" é apenas uma sequência repetitiva e desnecessária. Muitos momentos são extremamente forçados para tentar conquistar o sorrisinho do expectador. Cheio de conveniências e pouco envolvimento.
O Silêncio dos Inocentes
4.4 2,8K Assista AgoraÉ muito interessante a maneira como "The Silence of the Lambs" trabalha a questão do gênero em um thriller investigativo. De certa maneira, parte do drama possui uma carga feminina, que transcende outros filmes do gênero. A trilha sonora, as atuações de Jodie Foster e Anthony Hopkins, a montagem... tudo trabalha em conjunto para tornar a experiência ótima e ao mesmo tempo angustiante.
Se pudesse apontar um único defeito do filme, diria que os flashbacks são descartáveis e as informações nele poderiam ter sido apresentados em conversas de Starring e Lecter.
Cats
1.7 375 Assista Agora"Cats", dirigido pelo já infelizmente conhecido Tom Hooper, é aterrorizante. Não por ser um filme de terror, mas sim porque mostra o quanto de propaganda e orçamento que um filme medíocre como esse pode ter em Hollywood.
Os primeiros defeitos já começam na primeira cena: O tamanho desproporcional dos personagens tira totalmente o espectador da imersão. Aparentemente, não houve a menor preocupação por parte do diretor ou de qualquer outro envolvido com isso. Montagem super mal pensada. As músicas chamam a atenção pelo motivo errado. Quase todo o filme é musical e isso não seria um problema se de fato os números fossem bons. Entretanto, nenhum música sequer pode ser lembrada depois que termina de tocar. Ritmos e letras extremamente preguiçosos e genéricos. A má escrita da música para conduzir a história gera também um roteiro péssimo, forçado e com uma tentativa patética de criar empatia pelos personagens. Não dá pra comprar a história de nenhum deles, pois eles simplesmente são completamente artificiais, mal interpretados e mal desenvolvidos.
Os efeitos visuais ridículos não param na falta de proporção: A impressão ao assistir o longa é de que os personagens mudam de animações para pessoas fantasias de uma hora para outra. Em certos momentos, há ainda o descuido de deixar o CGI extremamente visível. Não foi falta de dinheiro, é óbvio. "Cats" é simplesmente desleixado e porco.
Todos esses elementos deploráveis transformam a adaptação do musical em um filme extremamente entediante, fraco e insuportável. Definitivamente uma das piores experiências que alguém poderia ter no cinema. Não há nada para se tirar de bom desse filme insignificante.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraO clássico de Hitchcock apresentou, para a época, um roteiro verdadeiramente inovador e instigante. Mesmo tendo servido de inspiração para muitas obras depois de "Psycho", o filme ainda envolve o telespectador brilhantemente. Suspense super bem construído e resolução muito satisfatória.
O único defeito que consigo encontrar é o diálogo final, que é expositivo demais.
Eu Sou um Cyborg, e Daí?
3.9 186"I'm a Cyborg, But That's OK" é um filme de vertente surrealista que precisa que o público esteja de mente aberta, para atingir sua carga dramática. Por mais que os personagens sejam exageradas e muitas vezes suas ações não façam sentido, isso faz parte da própria proposta do filme. Desde as cenas iniciais somos indiretamente avisados para não esperar realismo algum.
A relação entre os protagonistas é apaixonante e empática, de forma que busquemos respostas neles, assim como acabam buscando um no outro. Uma comédia que, conforme se desenvolve, torna-se mais maduro e sensível.As cenas finais são realmente lindas.
A Dama e o Vagabundo
3.6 181 Assista AgoraPode não ser uma obra prima memorável, mas definitivamente é o melhor live action da Disney até o momento. Cores e músicas lindas!
Diferente dos Outros
4.0 28Seria muito injusto condenar "Different from the Others" pela falta de dinâmica. Afinal, muitas cenas foram perdias e sobrou apenas as suas descrições. É um filme extremamente corajoso e progressista pra época. As falas do sexólogo são praticamente irretocáveis. Destruído pelos nazistas, pois a razão e o amor os assustavam. Material histórico que deveria ser mais valorizado.
Anticristo
3.5 2,2K Assista AgoraUm divisor de águas na filmografia do Lars Von Trier, "Anthchirst" aborda cruelmente temas como luto, violência, erotismo e sexismo. É difícil escrever sobre ele visando a racionalidade, uma vez que o próprio longa não busca isso. É sem dúvidas perturbador e forte, mas ao mesmo tempo também pedante. Vale muito pelas atuações e pela construção do clima!
A Vida Marinha com Steve Zissou
3.8 455 Assista AgoraNão posso negar a montagem criativa e o belo trabalho estético, mas é com certeza o pior do Wes Anderson que já assisti.
"The Life Aquatic with Steve Zissou" possui, é claro, um nicho bem específico. Momentos surreais, comicidade na personalidade os personagens, protagonistas desprezíveis que conquistam a simpatia do publico... Ainda assim, nenhum dos personagens realmente cativa; muito menos a história e as motivações de cada um deles. Nada convence e, no fim, acaba decepcionando pela falta de sensibilidade ao tratar os relacionamentos apresentados. E também, é claro, temos desnecessariamente falas homofóbicas e machistas, que não adicionam em nada à trama. Envelheceu mal e nem é tão antigo assim.
Danação
4.1 51"Kárhozat" tem uma fotografia muito interessante: os longos planos rondando os personagens, sempre acompanhados de uma ótima trilha sonora. O contraste preto e branco é bastante característico e bonito. Entretanto, não vai muito além disso.
Em uma busca por mostrar personagens melancólicos da maneira mais deprimente possível, Béla Tarr esquece de nos apresentar qualquer argumento ou. pelo menos, um motivo para continuar assistindo. São personagens extremamente indiferentes, desinteressantes e antipáticos. O "protagonista", Karrer, apesar de dominar a maioria das cenas e diálogos, não passa verdade nem motivação nas suas ações e palavras. Assim, o filme se resume à uma contemplação existencial tediosa com uma linda fotografia, além de algumas frases interessantes.
"O que está para acontecer aqui é apenas uma entre milhões de formas de ruína. Uma pequena amostra dela."
Quando Duas Mulheres Pecam
4.4 1,1K Assista AgoraGenial a maneira como "Persona" constrói o clima perfeito para apresentar sua alegoria. É quase um estudo de psicanálise extremamente bem escrito, cheio de falas poderosas e altamente reflexivas. Quando você finalmente entende o que está acontecendo, você entende as ações que as personagens tomaram desde o início.
Uma coisa que me chamou a atenção foi como Bergman decidiu filmar as protagonistas (principalmente depois da primeira metade do filme) com um jogo de sombras que acompanha a ideia da história, revelando novas facetas das personagens. Um dos mais interessantes que já assisti do diretor.
Sonic: O Filme
3.4 712 Assista AgoraAparentemente, se dedicaram tanto à mudar o visual do Sonic para agradar o público, que esqueceram de revisar o roteiro. É um perfeito conjunto de todos os clichês do gênero, com momentos de drama super apáticos e absolutamente nenhuma graça.
Apesar da curta duração (ainda mais considerando que o filme ainda estica-se para: 1. mostrar um epílogo desnecessário e
2. uma cena pós-credito infelizmente anunciando uma sequência),
Festim Diabólico
4.3 885 Assista AgoraHitchcock traz à tona um cruel assassinato que serve de pano de fundo para uma festa muito estranha. É bastante direto ao ponto, mas desenvolve muito bem a tensão e o progresso de Rupert na descoberta do crime. Além disso, explora conceitos filosóficos polêmicos para a época (e até mesmo para os dias atuais) de uma maneira brilhante, com direito à um discurso subversivo no final. Ótimo!
Por Lugares Incríveis
3.2 630 Assista AgoraÉ provavelmente o "coming of age" com os atores mais dedicados e confortáveis nos papéis que já assisti. As atuações realmente dão aos personagens características únicas que convencem muito bem. O tema é abordado de maneira honesta. Entretanto, alguns pontos me tiraram do filme.
Pessoalmente, foi um pouco difícil para mim simpatizar com o Finch. Momentos que eram pra, supostamente, serem fofos, acabaram me desconectando da história pela prepotência do personagem. Ainda assim, sua relação com Violet é bem construída, o que aliviou um pouco a antipatia pelo personagem.
Outro ponto negativo é que, apesar da boa construção, os relacionamento dos protagonistas se torna raso depois de um tempo. É esquisito para o público acompanhar personagens tão profundos e cheios de coisas para dizer, se tornarem superficiais quando começam a se relacionar. Muitos diálogos também são muito simplórios, tornando as interações distantes de conversas verdadeiras.
No mais, "All the Bright Places" é um filme mediano que se esforça para contar uma mensagem, mas que se perde pela falta de profundidade e realismo.
Jules e Jim - Uma Mulher Para Dois
4.1 335 Assista AgoraÉ difícil falar de "Jules Et Jim" sem considerar sua importância para a Nouvelle Vague. Apontando sua câmera para os relacionamentos amorosos, François Truffaut exibe seus personagens que quebram e reconstroem laços ao longo de 105 minutos.
Apesar de apresentar elementos muito interessantes, como ótimas atuações, as questões envolvendo poliamor e a inesquecível Catherine, que encanta e irrita com sua bipolaridade e honestidade, o filme é pouco envolvente. É preciso paciência para acompanhar os repetitivos acontecimentos na história e "perdoar" os personagens por, às vezes, agirem de maneira tão contraditória. No entanto, continua sendo um dos melhores exemplos do que foi a Nouvelle Vague e o que ela buscava apresentar através do cinema.
"Eu invejo o quão amplamente você lança sua rede..." - Jules
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista Agora"Uncut Gems" nos conduz brilhantemente para uma série de quedas e ascensões, através de reviravoltas que, mesmo quando esperadas, ainda impactam fortemente quem assiste. Isso se deve, claro, ao meu protagonista que nos mantêm em um ciclo de amor e ódio: sempre querendo que ele cale a boca, mas sempre querendo que tudo dê certo para ele. A atuação do Adam Sandler surpreende. Não lembro de ter visto um filme onde ele realmente tivesse se entregado ao papel, como fez nesse.
Mesmo sendo um filme de mais de 2h, sequer consegue-se sentir o tempo passar. O roteiro equilibra perfeitamente os momentos de tensão e alívio. Os últimos 30 minutos do filme geram uma ansiedade gigante, super bem construída. Ao fundo é uma obra muito complexa: os vícios, a superficialidade, o capitalismo, os desejos mais profundos das pessoas. E todos esses elementos ficam mais claros ainda no desfecho.
Para Todos os Garotos: P.S. Ainda Amo Você
3.1 482 Assista AgoraA sequência, apesar de amadurecer o relacionamento, esquece da autenticidade dos personagens, incluindo a protagonista. O ponto alto do filme é quando Lara Jean tem uma importante reflexão onde cita o "jung". Contudo, excedendo esse momento especial, o longa é um grande clichê (e não mais um clichê melhorado como era o primeiro filme) que falha até mesmo em divertir. É uma repetição cansativa de tudo que vimos no primeiro filme, estruturalmente e visualmente falando.
Infelizmente não tiveram interesse em manter o modo natural como os personagens agiam. As interações super bem feitas no primeiro da franquia (como no diálogo de Lara e Peter sobre perdas na família) foram substituídas por momentos que, na pretensão de serem "fofos", apagam a personalidade e unicidade dos personagens. Uma decepção para quem apreciava essas qualidades no anterior.
(Abrindo um espaço para um reclamação extremamente pessoal: acho profundamente irritante o quanto todos os personagens de alívio 'engraçadinhos' - as duas irmãs, principalmente a mais nova; o amigo gay dela; a melhor amiga dela; aquela mulher que ofereceu bebida pra ela etc. - usam sempre o mesmo esquema de ironia/sarcasmo bastante previsível. Sério, é muito irritante. É como se eles não conseguissem fazer um personagem engraçado sem ele precisar ter essas tiradas debochadas.)
E Sua Mãe Também
4.0 519"Y tu Mamá También" demora um pouco para ficar interessante mas, quando fica, conquista.
O maior trunfo do filme é a relação entre os protagonistas, bastante convincentes em seus personagens. Cenas cruas de sexo que trazem uma beleza singular à obra. A cada diálogo do trio, nos tornamos mais íntimos dos personagens e desconstruímos os estereótipos que formamos no primeiro ato do longa.
Em uma cena, quando os personagens expõe seus desejos e sentimentos mais genuínos, é quando o Alfonso Cuarón reforça e finaliza a mensagem que havia sido construída durante o filme.
Ponto negativo: a narração é desnecessária. Embora tenha a pretensão de situar o público nas questões sociopolíticas do México e servir como uma maneira de pular o tempo, é preguiçosa e desinteressante. O que, é claro, não torna as outras qualidades menores. Bom filme!
Bom Comportamento
3.8 392Personagens super realistas (e que mesmo com seus defeitos geram bastante empatia) numa jornada frenética que, no fim, é sobre o amor que os irmãos sentem um pelo outro. Isso fica bem claro no final, inclusive.
A atuação do Robert Pattinson criou um personagem único e memorável, talvez um dos melhores trabalhos da sua carreira. As cenas em que ele sorri, chora, grita... sempre rouba a cena.
A única coisa que eu talvez tenha sentido falta é a falta de um roteiro mais consistente. Os plot twists acabaram não sendo tão impactantes, por não estarem posicionados corretamente na história. Às vezes uma revelação importante é jogada como qualquer outra informação. No mais, um ótimo thriller.
Janela Indiscreta
4.3 1,2K Assista AgoraO que o Hitchcok fez em "Rear Window" é algo que dificilmente será superado tão cedo. O uso da música e dos sons (e às vezes a falta deles) contam a história de maneira genuinamente hipnotizadora.
Os planos rondando a vizinhança nos envolvem de uma maneira da qual, mesmo os personagens que sequer possuem falas, geram uma empatia a ponto de nos preocuparmos com eles. É inevitável pensar se algo ruim pode acontecer com algum dos personagens que Jeff observa.
E falando mais dos personagens, a interação entre o trio Jeff, Lisa e Stella é tão bem escrita que chega a ser deliciosa de assistir. Tiradas muito inteligentes e um jogo de palavras muito interessante. Além disso, as cenas de suspense foram muito bem feitas, gerando verdadeiramente uma tensão e um temor pelos personagens. De nada adiantaria estas mesmas cenas se os personagens não tivessem tanta carisma (mérito do roteiro e dos atores).
Tão gostoso de assistir que mal se vê a hora passar. Um filme para se rever muitas vezes, merecidamente considerado um clássico do cinema. Preciso ver mais filmes do diretor!
O Hospedeiro
3.6 550 Assista Agora"The Host" é interessante por apresentar, sem fazer tanto estardalhaço, a reflexão que realmente importa quando pensamos sobre o horror e qual sua origem.
Apesar de o monstro ser assustador por si só, o verdadeiro terror surge quando os verdadeiros culpados são humanos. Entretanto, a mensagem foi passada de uma maneira extremamente rasa. O roteiro segue conveniências e utiliza-se de clichês para emocionar a todo custo, falhando vergonhosamente. As cenas de humor/alívio cômico não adicionam em nada à narrativa. É um trabalho interessante, porém superestimado. Em suma, um filme trash com a pretensão de ser crítico, mesmo que desorganizadamente.
O Ódio que Você Semeia
4.3 457A importância de "The Hate U Give" talvez acabe sobrepondo suas qualidades narrativas.
Antes de mais nada, é bem clara a intenção do diretor em expor o problema social acima de tudo. Visando isso, o filme apresenta diálogos expositivos que simplificam a mensagem a ser passada. As cenas, as falas e principalmente a narração da protagonista em alguns momentos, são estrategicamente colocados para informar e criticar. Ou seja, é um filme para falar sobre um tema, da forma mais clara possível.
Sendo assim, a qualidade do filme é perdida por subestimar o público, o colocando como um espectador passivo e irreflexivo. Embora seja eficiente em informar (e talvez seja interessante seu uso para falar sobre racismo e violência policial), pouco se preocupa em, utilizando-se de recursos do audiovisual, passar emoções reais e situações mais honestas. Com exceção da cena do protesto, quase todo o resto do filme falha em emocionar.
A atuação da Amandla Stenberg é muito verossímil e satisfatória, mas é difícil trabalhar com um roteiro que te obriga a falar em discurso político quase o tempo inteiro.