Quando dois pobres greasers, Johnny (Ralph Macchio) e Ponyboy (C. Thomas Howell), são atacados por uma gangue rival, os socs, Johnny acaba matando um dos agressores.
A partir daí, a tensão começa a aumentar entre as duas gangues, iniciando uma turbulenta cadeia de eventos que forçará Johnny e Ponyboy a viverem uma dura e longa jornada rumo ao amadurecimento.
O filme é lindamente fotografado e conta com algumas atuações emocionantes, sobretudo da dupla de protagonistas. Contudo, a história não me agradou tanto. Achei que ela dá muitas voltas e não desenvolve tão bem os arcos dramáticos. No fim, foi inevitável pensar: "roteiro sem rumo".
No entanto, definitivamente, vale a pena ser visto, afinal, trata-se de um filme dirigido por Coppola. Além disso, vários rostos conhecidos em início de carreira compõem o elenco, tornando o filme ainda mais atrativo: Patrick Swayze, Matt Dillon, Rob Lowe, Tom Cruise, Emilio Estevez e Diane Lane.
Leo e Remi, ambos de 13 anos, sempre foram amigos próximos, mas eles se distanciam um do outro depois que a natureza do relacionamento que há entre eles é questionada por colegas da escola.
Mais um filme de Lukas Dhont sensível, delicado e preocupado com as sutilezas. Uma história espantosamente bonita e triste, ao mesmo tempo, e que reflete a realidade de muitos meninos que, assim como eu, cresceram dentro de uma estrutura machista e cruel, cujo mantra entoado aos quatro cantos é: reprima-se, oprima-se e, mais importante, não chore.
Não quero entregar muito. Vou apenas aconselhar: se ainda não viu essa pérola, por favor, assista! Vale muito a pena.
Lars (Ryan Gosling) é um homem extremamente tímido que acha impossível fazer amigos ou socializar. Numa noite fria, ele anuncia a seu irmão e sua cunhada que tem uma namorada que conheceu na Internet: uma boneca sexual feita sob encomenda. O que era motivo de alegria acabou se tornando uma grande preocupação, porém, instruídos por uma médica, todos do convívio de Lars passam a aceitar e a concordar com seu delírio.
O roteiro, escrito por Nancy Oliver, aborda temas delicados, como isolamento, saúde mental e o poder do amor e da empatia. Por meio de uma narrativa original, somos convidados a refletir sobre conexões humanas e a importância da autoaceitação.
Ryan Gosling mergulhou fundo no estudo de sua personagem. Para se preparar para o papel, ele se isolou num vilarejo parecido com a cidade retratada no filme, a fim de compreender melhor a natureza e os desafios da solidão que Lars enfrentava.
O elenco de apoio, incluindo Emily Mortimer, Paul Schneider e Patricia Clarkson, também entrega performances sólidas, acrescentando camadas de complexidade aos relacionamentos dentro da trama.
A direção de Craig Gillespie é sutil, o que permite um desenvolvimento mais gradual e orgânico da narrativa. Ele equilibra habilmente o humor e o drama, criando momentos de ternura e introspecção.
Temos aqui um filme peculiar e cativante que mistura elementos de comédia, drama e romance, resultando em uma história surpreendente.
"LISTEN TO THEM. CHILDREN OF THE NIGHT. WHAT MUSIC THEY MAKE"
Dirigido por Francis Ford Coppola, "Drácula de Bram Stoker" é uma adaptação do clássico romance gótico escrito por Bram Stoker. Com uma estética impressionante, o filme se destaca como uma obra-prima do horror e do romance gótico.
Coppola e sua brilhante equipe de produção trouxeram à vida a atmosfera e a essência do romance. Apesar de acrescentar alguns elementos, o roteiro, escrito por James V. Hart, mantém-se próximo ao material original, honrando a riqueza e a complexidade da narrativa.
A combinação de elementos visuais marcantes, como a icônica utilização da cor vermelha para simbolizar a presença do mal e a habilidade de criar uma atmosfera sombria e opressiva, além do uso de efeitos práticos, em vez do excesso de efeitos digitais, também contribui para a imersão na obra. Coppola faz uso de nítidas referências do Expressionismo Alemão para recriar seu conto macabro.
Gary Oldman é o grande destaque do elenco, assumindo o papel-título com maestria e trazendo uma complexidade emocional tocante para um monstro repulsivo. Um trabalho belo e sensível. Definitivamente, a minha representação preferida de Vlad Tepes no Cinema.
"I HAVE CROSSED OCEANS OF TIME TO FIND YOU"
Os exuberantes figurinos do filme, projetados por Eiko Ishioka, renderam-lhe um mais do que merecido Oscar de Melhor Figurino. Os trajes detalhados e extravagantes capturaram a estética vitoriana, trazendo à tona a atmosfera gótica do filme.
A trilha sonora de Wojciech Kilar é algo muito especial. Arrebatadora, eu diria. Ela intensifica a atmosfera sombria e sensual do filme. Composições grandiosas e sinistras ecoam em nossos ouvidos, expandindo nossas sensações e aumentando a tensão das cenas, como acontece naquele prólogo extasiante em que Vlad renuncia seu temor a Deus, selando para sempre o seu destino.
Em "Drácula de Bram Stoker" somos convidados a refletir sobre a dualidade humana, a luta entre luz e trevas dentro de cada um de nós. O filme mergulha nas profundezas do animalesco que há em nós, explorando desejos permanentemente proibidos e a busca pela redenção.
Dirigido por Martin Scorsese, "Cassino" é um drama não convencional que retrata o mundo sombrio e corrupto dos cassinos em Las Vegas nos anos 1970.
Com um elenco estelar que conta com nomes como Robert De Niro, Sharon Stone e Joe Pesci, o filme se destaca não apenas pela sua narrativa densa e envolvente, mas também pela meticulosa recriação da época e pela atenção aos detalhes (que só o grande mestre Scorsese poderia fazer).
Baseado em eventos reais, o roteiro é escrito por Nicholas Pileggi e é inspirado no livro homônimo que relata a história verídica do cassino Stardust e suas ligações com a máfia de Las Vegas.
Scorsese utiliza técnicas visuais e narrativas de forma magistral (como sempre). A fotografia de Robert Richardson é deslumbrante. Captura a grandiosidade e o brilho artificial e decadente de Vegas, enquanto a trilha sonora, composta por vários sucessos da época, cria uma atmosfera nostálgica e imersiva.
O elenco entrega performances notáveis, destacando-se especialmente De Niro, como Sam "Ace" Rothstein, um diretor de cassino meticuloso e ambicioso, e Stone, como Ginger McKenna, uma mulher sedutora e complexa. A atuação de Stone, em particular, foi amplamente elogiada à época e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, em 1996 (sua única indicação até hoje).
Sou suspeito para falar de Pesci. Considero-o um dos maiores e mais subestimados atores de sua geração. Fico feliz em saber que Scorsese sempre se lembra dele em suas produções, extraindo grandes interpretações do ator. Aqui, mais uma vez, Pesci está excepcional.
A história é repleta de intriga, traição e ganância, explorando temas como poder, corrupção e as consequências da ambição desmedida. Scorsese mergulha profundamente nos relacionamentos complexos entre os personagens, retratando suas motivações e dilemas de forma sutil e multifacetada.
Scorsese examina os contrastes entre a extravagância e a decadência, a luxúria e a violência, criando uma interessantíssima reflexão sobre a natureza humana e os efeitos colaterais da ganância desenfreada.
0,5 descontado por causa da narração que vai do início ao fim (em +170 min de filme). Achei cansativa em certos momentos.
Uma mistura de ação, horror e western, "Vampiros" conta a história de um grupo de caçadores de vampiros. Embora tenha algumas qualidades interessantes, o filme parece não decolar em sua própria proposta, ficando no meio do caminho em alguns momentos.
O roteiro, adaptado do romance "Vampire$", de John Steakley, faz uma abordagem mais brutal, violenta (e, poderíamos dizer, até apelativa, em certas cenas) para a história, adicionando o estilo característico de ação e suspense do diretor John Carpenter.
O filme segue um grupo de caçadores de vampiros liderados por Jack Crow (James Woods). Eles se envolvem em uma batalha contra um poderoso vampiro (Thomas Ian Griffith), que está em busca de um objeto místico antigo capaz de permitir que os vampiros caminhem sob a luz do dia. A premissa é interessante e oferece espaço para sequências de ação empolgantes e confrontos sangrentos (o que, de fato, ocorre).
Em termos de atmosfera, Carpenter é reconhecido por conseguir criar uma estética interessante para os seus filmes. Em "Vampiros" não é diferente. Ele utiliza a fotografia sombria e a trilha sonora típica do gênero para criar uma atmosfera ingenuamente tensa e sexualmente opressiva.
A direção habilidosa de Carpenter cria momentos de suspense que resultam em algumas cenas memoráveis, como a sequência inicial em que o grupo de caçadores invade um covil cheio de vampiros.
"Vampiros" foi lançado em uma época favorável, em que filmes sobre os dentuços estavam voltando ao gosto do público, com várias produções explorando esse tema de diferentes maneiras (mas quase sempre igual rs).
Apesar de o filme não ter alcançado o mesmo sucesso comercial e aclamação crítica de outras obras do gênero lançadas na época, ele conseguiu encontrar um nicho de fãs (em que eu me incluo) que aprecia o estilo único e a abordagem mais violenta de Carpenter.
E embora eu tenha gostado, minimamente, da obra, confesso que algumas coisas nela envelheceram mal (pelo menos para mim). Além de alguns quesitos técnicos, como o desenvolvimento e o ritmo, algumas escolhas artísticas não me apeteceram, soando ora misóginas demais ora mal concebidas e executadas.
Dividido em três contos independentes, cada um apresentando uma história de terror diferente, "As Três Máscaras do Terror" apresenta uma estrutura narrativa peculiar que permite ao espectador experimentar diferentes subgêneros do terror dentro de um único longa-metragem.
Essa variedade de histórias oferece uma experiência diversificada aos fãs do gênero e (por que não?) do diretor italiano Mario Bava. E por falar em Bava, ele utiliza habilmente a iluminação e o espaço cênico para criar uma atmosfera sombria e tensa em cada narrativa.
A estética visual do filme é, particularmente, impressionante, com o uso de cores saturadas e contrastes expressivos que adicionam um toque artístico ao terror (o que eu adoro).
Embora seja um filme de terror, "Black Sabbath" contém elementos que o diferenciam de outras produções do gênero. O uso do suspense e do desconhecido é enfatizado em vez de confiar apenas em sustos e violência gráfica. Essa abordagem mais atmosférica pode agradar aqueles que apreciam uma coisa menos explícita.
No entanto, "Black Sabbath" também tem suas limitações. Alguns dos segmentos do filme podem apresentar ritmos desiguais, resultando em intensidades que variam e oscilam.
Além disso, a atuação em algumas cenas é meio caricatural (o que presumo fazer parte do conceito artístico e do gênero), mas isso pode afetar a imersão do público nas histórias.
Letrux é uma das artistas mais inventivas da nova cena musical brasileira. Em “Viver é um frenesi", um documentário de média-metragem, a cantora narra seus dias em São Pedro da Aldeia (RJ), pequena cidade litorânea onde se isolou durante a pandemia de Covid-19.
Nessa cidade, o filme percorre caminhos de descoberta a partir do resgate de diários da adolescência e vídeos de família feitos no início dos anos 90 na mesma casa onde ela se encontra naqueles dias: a casa de seus avós.
Do isolamento à volta aos palcos do Circo Voador, em 2022, o documentário traz uma reconstrução criativa de memórias e um encontro íntimo com o imaginário poético e bem-humorado de Letrux.
Trata-se de um belíssimo registro, feito com muita sensibilidade, que diz muito sobre Letrux, mas também sobre quem somos. Nossas memórias. Nossas lembranças mais pessoais e afetivas da infância.
Quem fomos. Quem ainda somos. O que restou de nós.
Ao ser enviada para morar com parentes no interior devido a uma doença respiratória, uma adolescente emocionalmente fragilizada fica obcecada por uma mansão abandonada à margem de um imenso lago e se apaixona por uma garota que lá vive.
Dirigido por Hiromasa Yonebayashi e produzido pelo Studio Ghibli em parceria com a Walt Disney e Universal Studios, "As Memórias de Marnie" é um drama de animação que mergulha nas complexidades da amizade, da solidão e das memórias.
O filme é baseado no romance britânico "When Marnie Was There", escrito por Joan G. Robinson. Essa adaptação para o cinema preserva a atmosfera delicada e o cenário encantador da história, transportando os espectadores para um mundo mágico de descoberta e mistério. O filme funciona incrivelmente bem tanto para as crianças quanto para os adultos.
Com um visual impressionante, destacando os belos cenários e uma paleta de cores suave e delicada que evoca uma sensação de nostalgia, a atenção aos detalhes contribui para a imersão na história e para um envolvimento emocional.
O filme explora temas profundos, como identidade, aceitação e conexão humana. A relação central entre a protagonista, Anna, e a misteriosa Marnie é desenvolvida de maneira sensível, destacando a importância da amizade e do apoio mútuo.
Contudo, a progressão narrativa pode ser lenta e um tanto confusa em certos momentos. A história se desenrola, gradualmente, fazendo revelações ao longo do tempo. Esse jeito meio arrastado de contar a história pode depor um pouco contra ela.
Outro ponto que pode afetar a experiência é a falta de desenvolvimento de alguns personagens secundários. Enquanto a relação entre Anna e Marnie é explorada em detalhes, outros personagens não recebem a mesma atenção e podem parecer superficiais ou subutilizados na trama.
Apesar disso, trata-se de um bom e bonito filme, sensível, delicado e emocionante, como só o Studio Ghibli consegue fazer.
No vale de Salinas, durante a Primeira Guerra Mundial, Cal Trask (James Dean) sente que deve competir com seu irmão (Richard Davalos) pelo amor de seu pai (Raymond Massey).
Ao reencontrar a sua mãe (Cathy Ames), que fugiu de casa quando ele e o irmão eram pequenos, Cal irá passar por uma jornada de autodescoberta, que culminará numa paixão proibida que sente por sua cunhada (Julie Harris).
O roteiro de Paul Osborn, que poderia ter sido escrito por Nelson Rodrigues ou Manoel Carlos, é uma adaptação da romance de John Steinbeck ("Vinhas da Ira" (1940) e "Viva Zapata!" (1952)) que remonta e reflete a mitologia bíblica de Caim e Abel, dois irmãos que carregam em si a bondade e a maldade, cuja coexistência é impossível.
A premissa é interessante. Até intrigante, eu diria. É difícil você conceber a história que se passa durante a primeira meia hora de filme. As peças vão se encaixando aos poucos, como um difícil quebra-cabeça.
O filme faz a estreia de James Dean no Cinema, que, até então, fazia apenas participações especiais ou não creditadas em séries de TV e curtas-metragens. Seria o pontapé da carreira de um dos maiores ícones da Era de Ouro da Hollywood, cuja trajetória foi tão curta quanto marcante.
Dean oscila no papel. Ora está muito bem, em momentos de tirar o fôlego, ora vai mal, com direito a trejeitos e expressões muito afetadas. A direção de Elia Kazan o ajuda bastante e é a grande responsável pelo saldo final ser mais positivo do que negativo.
O fato é que a atuação de Dean neste papel trouxe uma intensidade e vulnerabilidade que se tornaram suas marcas registradas. Foi uma estreia tão promissora que ele foi indicado ao Oscar póstumo por seu desempenho.
A cinematografia do filme é maravilhosa, destacando-se em certas sequências, como a icônica cena de Cal correndo em um campo de feijões.
Embora "Vidas Amarga" aborde temas universais, como o desejo de aprovação dos pais e a luta pela aceitação, algumas das mensagens do filme podem parecer simplistas ou excessivamente melodramáticas. Essa falta de sutileza na abordagem dos temas torna a história menos interessante, pelo menos para mim.
Dirigido por Bruno Barreto e baseado em eventos reais, "Última Parada 174" conta a história do sequestro do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janeiro, em 2000, e traz reflexões sobre a violência urbana, exclusão social e os desafios enfrentados por pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
O longa-metragem foi inspirado no documentário "Ônibus 174" (2002), dirigido por José Padilha, que retrata detalhadamente o sequestro e as circunstâncias que levaram àquela situação.
O filme apresenta uma abordagem não linear da narrativa. Ele intercala cenas do sequestro com flashbacks que mostram a difícil vida do protagonista, Sandro do Nascimento, desde a infância até o momento do crime. Essa estrutura narrativa contribui para a compreensão dos eventos e a construção de empatia em relação ao personagem central.
O elenco está formidável. Cris Viana, Douglas Silva, Gabriela Luiz, Anna Cotrim estão ótimos em seus papéis. Mas o destaque fica mesmo com a dupla Michel Gomes, que dá vida ao protagonista, e Marcello Melo Jr. Ambos estão fabulosos.
O ponto alto do filme é a sua crítica social. Ele aborda questões como a pobreza, o abandono, a violência e o descaso do Estado, destacando como esses fatores podem levar uma pessoa ao seu limite.
"Última Parada 174" é um filme impactante que busca compreender as circunstâncias complexas que levaram ao sequestro do ônibus 174. Ele proporciona uma profunda reflexão sobre as desigualdades sociais, despertando a consciência do público para as realidades enfrentadas por muitos.
O filme serve como uma poderosa ferramenta para promover discussões sobre inclusão social, justiça e a busca por soluções para as injustiças presentes na sociedade.
"O Homem que Não Vendeu sua Alma" traz uma representação do conflito entre o rei Henrique VIII, da Inglaterra, e seu Lorde Chanceler, Sir Thomas More, que se recusou a fazer o juramento de supremacia, declarando, assim, Henrique o chefe supremo da Igreja na Inglaterra.
Temos aqui um drama histórico que retrata a vida do estadista britânico Sir Thomas More (Paul Scofield) durante o reinado de Henrique VIII (Robert Shaw), um filme que combina atuações muito interessantes, um roteiro refinado e uma direção habilidosa para recriar um fato histórico um tanto quanto curioso.
Baseado na peça teatral homônima escrita por Robert Bolt, a história foi adaptada para o cinema pelo próprio autor, mantendo, assim, a riqueza literária do roteiro.
O desempenho do ator Paul Scofield, que interpreta Sir Thomas More, é simplesmente, magnífico. Sua interpretação sutil e contida dá vida ao personagem de maneira notável, transmitindo sua integridade, coragem e convicções profundas. Não à toa, Scofield foi merecidamente premiado com o Oscar de Melhor Ator por esse papel.
A atenção aos detalhes históricos é outro mérito a ser reparado. A reconstituição meticulosa da época, incluindo figurinos, cenários e ambientação, transporta o espectador para o século XVI, imergindo-o completamente no contexto histórico em que a trama se desenrola. Essa fidelidade histórica contribui para a autenticidade do filme e enriquece a experiência e imersão do público na obra.
No entanto, apesar de alguns considerarem o filme uma obra-prima, eu tenho cá meus problemas com ele. Além do ritmo ser um pouco exaustivo, o filme me soou excessivamente teatral em certos momentos.
A concentração em Thomas More em detrimento de outros personagens é outro fator que causa chateação. A falta de desenvolvimento de certos personagens secundários me deixou insatisfeito, de certa maneira.
Alguns personagens coadjuvantes não recebem a mesma atenção do roteiro. Para se ter uma ideia, Vanessa Redgrave, que vive Ana Bolena, entra muda e sai calada em sua única cena. Isso me deixou com uma sensação de desconexão e incompreensão desses personagens e suas motivações na história.
Dois guerreiros em busca de uma espada roubada e um fugitivo são levados até a impetuosa e habilidosa filha de um nobre, que se encontra em uma encruzilhada.
"O Tigre e o Dragão" combina de forma espetacular ação, romance e artes marciais em uma história cheia de mistérios e misticismo.
Este épico chinês, falado em mandarim, conquistou a crítica e foi aclamado pelo público mundialmente, tornando-se um marco da indústria cinematográfica. O filme foi baseado no 4º livro da série "Crônicas da Espada", escrita por Wang Dulu. O diretor Ang Lee decidiu fazer uma adaptação cinematográfica depois de se apaixonar pela história e pelos personagens cativantes da obra.
Estamos falando aqui do primeiro filme de língua estrangeira a ser indicado à categoria principal do Oscar, a de Melhor Filme. Se isso, por si só, não é o suficiente para chamar sua atenção, espere pelo resto.
O elenco conta com nomes como Chow Yun-fat, Michelle Yeoh e Zhang Ziyi. Esses talentosos atores trazem suas habilidades cênicas e em artes marciais para as cenas de luta, que são coreografadas de forma espetacular.
Vale mencionar que a maioria dos atores não tinha treinamento formal em artes marciais antes do filme, o que torna suas performances ainda mais impressionantes. As cenas de luta são coreografadas com elegância e fluidez, transformando cada movimento em uma verdadeira dança.
O longa dirigido por Ang Lee é um filme visualmente deslumbrante. As paisagens da China são exuberantes por natureza, mas a captação delas dá um show à parte, com uma direção de fotografia que ressalta a grandiosidade das locações.
A trilha sonora, composta por Tan Dun, complementa perfeitamente as cenas do filme, adicionando uma atmosfera inebriante de mistério e emoção. A música evoca as paisagens e as tradições culturais chinesas, aprofundando ainda mais a imersão do espectador na história.
Um aspecto notável é a representação das mulheres como personagens fortes e independentes. As personagens femininas desafiam as expectativas tradicionais e exibem habilidades excepcionais em artes marciais. No bom português, elas roubam a cena.
Estamos diante de um clássico da Walt Disney que cativou gerações de espectadores com sua história encantadora e personagens inesquecíveis. O primeiro filme de animação a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme.
Este filme é uma preciosidade do Cinema. Traz consigo uma riqueza de memórias afetivas que nos transporta para um mundo de magia, romance e autodescoberta.
Desde o momento em que a icônica trilha sonora começa, somos imediatamente envolvidos em um conto de fadas encantador. A música desempenha um papel crucial na narrativa, com canções memoráveis como "Beauty and the Beast" e "Be Our Guest".
Um fato curioso é que este foi o último trabalho de composição sonora de Howard Ashman. Ele morreu 8 meses antes do lançamento do filme, que é dedicado a Ashman; no final dos créditos finais, você pode ler a dedicatória: "Ao nosso amigo Howard, que deu a uma sereia sua voz e a uma fera sua alma. Seremos eternamente gratos".
Os personagens são carismáticos. A doce e determinada Bela é uma heroína adorável, com sua paixão pela leitura e sua coragem em confrontar o desconhecido. A Fera, inicialmente intimidadora, revela-se um ser ferido, solitário e sensível.
A animação em si é deslumbrante. Cada cena é meticulosamente criada, com atenção aos detalhes e uma paleta de cores rica que nos transporta para os lugares onde se passa a história.
Os cenários exuberantes (alguns dos painéis e quadros mais bonitos que já vi numa animação estão aqui), os movimentos fluidos dos personagens e as expressões faciais cativantes dão vida a esse conto de fadas de uma maneira que, até então, ninguém havia visto num desenho animado.
Além disso, a mensagem subjacente do filme é profundamente poderosa. "A Bela e a Fera" ensina que a verdadeira beleza reside na aceitação de si mesmo e dos outros, independentemente de aparências físicas ou estereótipos sociais.
O longa nos lembra a importância de olhar além das primeiras impressões e valorizar a bondade, o amor e a gentileza no coração das pessoas, evocando uma sensação nostálgica de inocência e encantamento.
O filme segue a história de Julianne (Julia Roberts), uma mulher que percebe estar apaixonada por seu melhor amigo, Michael (Dermot Mulroney), quando ele anuncia que está prestes a se casar com Kimberly (Cameron Diaz).
O elenco carismático e talentoso é, definitivamente, o maior mérito do filme. Roberts brilha em sua interpretação, trazendo sua presença cativante e seu timing cômico impecável para o papel.
Enquanto Mulroney interpreta o interesse romântico da protagonista com charme e vulnerabilidade, Diaz traz uma energia contagiante para a noiva apaixonada.
E como se não bastasse, há ainda Rupert Everett, que rouba a cena como George, o melhor amigo gay de Julianne, com sua atuação divertida e afetuosa.
O roteiro apresenta diálogos afiados, situações hilárias e momentos emocionantes que mantêm o público envolvido do início ao fim, abordando temas como amizade, lealdade e a luta contra o medo de perder alguém que amamos.
Certamente, uma das características mais inesquecíveis do filme é a sua trilha sonora. As músicas do longa-metragem, como "I Say a Little Prayer", marcaram uma geração.
A dinâmica entre as personagens principais, especialmente entre Julianne e George, é uma das principais fontes de humor do filme, mas também, eu diria, é o coração dele. O que faz pulsar a história. A química entre os atores é palpável e contribui para a autenticidade das relações retratadas.
Contudo, embora seja um filme adorável e bem executado, pode ser considerado um tanto previsível em sua narrativa (apesar de possuir um dos finais mais corajosos já vistos numa comédia romântica).
A fórmula clássica é seguida de perto, o que pode ser um ponto negativo para aqueles que procuram por reviravoltas mais surpreendentes.
Porém, "O Casamento do meu Melhor Amigo" continua sendo uma delícia de conferir. Um clássico da Sessão da Tarde que envelheceu como vinho nesses últimos 25 anos.
P.S.: Como Julia Roberts era linda. Um dos sorrisos mais belos, verdadeiros e felizes que já vi.
Esta obra explora de forma poderosa a identidade de gênero, os preconceitos que uma pessoa trans sofre e a luta por dignidade e aceitação.
A trama gira em torno de Marina Vidal (Daniela Vega), uma mulher transgênero que enfrenta uma série de desafios após a morte repentina de seu parceiro mais velho, Orlando.
A história retrata a jornada de Marina em busca de justiça, respeito e reconhecimento de sua identidade, enquanto enfrenta a hostilidade de familiares e instituições que não conseguem compreender ou aceitar sua realidade.
Uma das maiores forças do filme é a atuação de Vega. Sua presença é magnética. Transmite uma mistura complexa de força, vulnerabilidade e determinação. Sua atuação é uma conquista notável para a representatividade da comunidade transgênero.
Além disso, a direção de Sebastián Lelio é sutil e habilidosa. Ele aborda o tema com sensibilidade e compreensão, evitando clichês e estereótipos. Lelio explora a solidão, a dor e a resiliência de Marina de forma poética, utilizando recursos visuais e simbólicos para transmitir sua luta interior e exterior.
O roteiro também merece elogios. Aborda questões sociais e culturais pertinentes, como a discriminação de gênero e a marginalização da comunidade trans. O filme confronta o espectador com as consequências devastadoras do preconceito e da intolerância, ao mesmo tempo em que exalta a força e a coragem de sua protagonista.
No entanto, o ritmo do filme é um pouco lento em certos momentos, o que pode exigir paciência do espectador menos interessado. Além disso, algumas das metáforas visuais e simbolismos podem ser um tanto abstratos demais (eu adorei, mas há quem não goste desse tipo de linguagem), o que exige uma interpretação mais cuidadosa.
Dirigido por Max Barbakow e estrelado por Andy Samberg e Cristin Milioti, "Palm Springs" entrega uma história envolvente e divertida que convida o público a ingressar numa jornada inusitada e imprevisível.
A trama gira em torno de Nyles (Samberg) e Sarah (Milioti), dois estranhos que se encontram presos em um loop temporal durante um casamento em Palm Springs.
Embora o conceito de viagem no tempo esteja longe de ser algo novo no Cinema, "Palm Springs" consegue trazer uma abordagem fresca e original ao explorar as implicações emocionais e existenciais de estar preso no mesmo dia, repetidamente, para todo o sempre. Uma espécie de repaginação de "Feitiço do Tempo" (1993).
Uma das maiores forças do filme é a química entre Samberg e Milioti, que entregam ótimas atuações, cheias de carisma. Eles são capazes de criar uma conexão genuína entre os personagens, fazendo com que o público torça por eles e se envolva com as suas questões.
A comédia é afiada e bem cronometrada, com diálogos perspicazes e situações que prometem arrancar algumas risadas.
Além disso, o filme consegue equilibrar habilmente os momentos engraçados com reflexões mais profundas sobre a vida, o amor e a importância de viver o presente.
O roteiro é habilmente escrito por Andy Siara. Explora temas como o arrependimento, a busca pela felicidade e a redenção pessoal, enquanto mantém um tom leve e divertido, garantindo um entretenimento despretensioso.
O filme consegue extrair significado desses temas sem se tornar excessivamente pesado ou cansativo, criando um equilíbrio perfeito entre comédia e drama.
No entanto, embora "Palm Springs" seja um filme divertido e bem executado, ele não se atém muito às explicações e implicações lógicas que tenta estabelecer ao longo da narrativa. Isso vai ficando meio pelo caminho, de um jeito meio preguiçoso, eu diria.
Assim, o filme opta por se concentrar mais nas emoções e nos relacionamentos das personagens, deixando algumas questões sobre a mecânica da viagem no tempo sem respostas. Isso não é um demérito em si, mas, para mim, faltou um pouco disso para deixar a obra mais redondinha.
Brad (Patrick Wilson) e Sarah (Kate Winslet) vivem uma tórrida paixão que não seria proibida caso não fossem casados. Em paralelo, as vidas de um criminoso sexual recém-libertado e um ex-policial se cruzam enquanto eles lutam para resistir às suas vulnerabilidades e tentações.
Mesmo o filme possuindo boas qualidades, como o roteiro de Tom Perrotta e a direção de Todd Field, seu ponto alto, certamente, é o elenco, que conta com atuações interessantes de Kate Winslet, Patrick Wilson, Jennifer Connelly, Jackie Earle Haley e Noah Emmerich.
A direção de Todd Field é excelente. Ele consegue criar uma atmosfera tensa e, ao mesmo tempo, melancólica que acompanha os personagens em suas sequências.
No entanto, para alguns, a trama do filme pode ser considerada um pouco lenta e arrastada, com momentos em que parece que nada de relevante está acontecendo.
Além disso, alguns dos personagens não são muito bem desenvolvidos, o que pode fazer com que o espectador tenha dificuldade em se conectar emocionalmente com eles, como são os casos de Kathy (Connelly), Ronnie (Haley) e Larry (Emmerich).
Outro aspecto que pode dividir a opinião do público é o tema abordado pelo filme que trata de questões delicadas, como adultério e p3d0f1l14; o que pode torná-lo desconfortável para algumas pessoas.
Também acho que o filme se perde um pouco em seu terço final. O roteiro parece não querer assumir os riscos que se propôs ao longo da narrativa. Algumas escolhas artísticas me deixaram um tanto decepcionado.
Contudo, temos aqui um filme bem feito e com atuações muito boas. Vale a pena ser conferido, mas pode não agradar todos os gostos.
Um clássico do Cinema baseado no romance de mesmo nome de Richard Llewellyn. O filme narra a história da família Morgan, que vive em uma pequena comunidade de mineiros no País de Gales durante o final do século XIX.
Uma das primeiras coisas que chama a atenção é a sua cinematografia em preto e branco (impressionante!). As imagens são lindamente compostas, com planos abertos que capturam as paisagens montanhosas do vale e os detalhes da vida cotidiana dos personagens ali retratados. O uso habilidoso da luz e sombra contribui para criar uma atmosfera envolvente e, ao mesmo tempo, melancólica.
O roteiro é outro ponto forte do filme. Ele retrata a vida dos mineiros e suas famílias com uma sensibilidade genuína. As lutas, a solidariedade e a dureza da vida são exploradas de forma autêntica. Os diálogos são repletos de humanidade.
O enredo também aborda questões sociais e políticas, como a exploração dos trabalhadores e o conflito entre as classes sociais, oferecendo uma crítica perspicaz ao sistema industrial da época (que, assustadoramente, aplica-se aos dias de hoje).
O elenco entrega performances notáveis. Desde o jovem protagonista Huw Morgan (Roddy McDowall) até os membros mais velhos da família, como o patriarca Gwilym Morgan (Donald Crisp), cada ator traz autenticidade e profundidade aos seus personagens.
Um aspecto marcante do filme é a sua trilha sonora, que conta com músicas tradicionais galesas. A música desempenha um papel importante na narrativa, ajudando a transmitir a cultura e o folclore da região, bem como a intensidade emocional das cenas.
No entanto, algumas das representações culturais e de gênero podem ser vistas como estereotipadas ou simplistas à luz dos avanços sociais e culturais ocorridos desde a sua produção.
"Como Era Verde o Meu Vale" permanece como um marco do Cinema, uma obra que captura a essência da condição humana, a luta dos trabalhadores, a força da comunidade e a importância da causa operária.
É um filme que nos transporta para um tempo e lugar específicos, enquanto aborda questões universais que ressoam até os dias de hoje.
E vale dizer que o filme venceu "Cidadão Kane" no Oscar de 1942.
Para as melhores amigas Becky (Grace Fulton) e Hunter (Virginia Gardner) a vida é sobre vencer medos e ultrapassar limites, mas depois de subirem 2.000 pés até o topo de uma torre de transmissão abandonada e que fica num lugar remoto, elas se veem presas e sem saída.
A "Queda"? Caiu.
Primeiro, vamos falar sobre o enredo. Aparentemente, os roteiristas decidiram que uma história coerente e envolvente era desnecessária. Em vez disso, fomos agraciados com uma sequência interminável de cenas embaraçosas e tediosas, que saltam de um lugar para o outro com o mínimo de preocupação e de bom senso.
Aparentemente, a narrativa foi escrita por alguém que jogou uma pilha de cartas de Tarô no ar e montou o filme de acordo com a ordem em que caíram. Com todo o respeito a quem pratica a leitura de cartas de Tarô, que, definitivamente, deve ser mais coerente.
As personagens... Bom, elas estão lá agindo e reagindo às agruras do roteiro de forma "comovente" (no pior sentido da palavra).
É como se elas tivessem sido retiradas de um manual de estereótipos e fossem jogadas em um liquidificador, resultando em uma mistura insossa e sem graça.
Para piorar, a protagonista é defendida por uma atriz que é tão boa em atuar quanto um peixe numa bicicleta. Espero que o tempo me faça morder a língua e ela evolua e melhore. Por enquanto... putz. Péssima, tadinha.
A direção de fotografia é um ponto positivo. Digamos que faz a tarefa de casa bem feita. Nem sempre está ótima, mas em boa parte do filme ela está boa. O plot, para mim, foi quase cômico. Eu fiquei com uma sensação de que a ideia era essa (ser engraçado), mas que o roteirista não conversou com o diretor (detalhe: ambos são a mesma pessoa).
Enfim, mais um filme ruim perdido no catálogo da Prime Video. Corra para ver. Afinal, é divertido passar raiva com filme ruim, gente.
No Japão, alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial, uma família muito pobre vende duas de suas filhas para trabalharem em uma casa de gueixas. Separadas na cidade grande, as irmãs seguem caminhos diferentes. Enquanto a mais velha consegue fugir, a mais nova fica para trás com os seus belos e peculiares olhos azuis.
Embora o filme tenha sido aclamado à época por conta de sua beleza visual e também pelas performances do elenco, ele enfrentou críticas por sua representação imprecisa (e às vezes insensível) da cultura japonesa.
Uma das principais críticas ao filme é a sua falta de compreensão cultural. Apesar de retratar um período histórico específico do Japão, o longa-metragem é amplamente baseado em estereótipos e generalizações, não conseguindo, portanto, fazer uma leitura precisa da cultura japonesa e de suas nuances.
Isso pode ser visto mais evidentemente na representação das gueixas, que são retratadas como meras cortesãs, em vez de artistas altamente qualificadas e respeitadas.
Além disso, o filme usa atores não-japoneses para retratar personagens japoneses, o que reforça a longa história de Hollywood de estereotipar pessoas de outras etnias.
Outra crítica ao filme é a sua representação objetificadora das mulheres. O longa retrata as gueixas como mulheres belas e exóticas cujo único propósito é satisfazer os homens, sobretudo, sexualmente.
Essa representação sexista e limitante é problemática, pois não reflete a verdadeira natureza das gueixas e de suas contribuições culturais para a sociedade japonesa.
Particularmente, também tive problemas com o plot central do roteiro. Quer dizer, num belo dia, um homem adulto conhece uma garotinha triste numa ponte e, desde aquele dia, ele vive secretamente apaixonado por ela? Isso é, no mínimo, problemático, uma vez que pode soar, sim, como uma romantização da p3d0f1l14.
Em resumo, "Memórias de uma Gueixa" pode ser apreciado por sua beleza visual e pelas performances do elenco, mas é importante reconhecer suas falhas na representação da cultura japonesa e das mulheres, além, é claro, dessa questão central que conduz e perpassa toda a narrativa.
Em 1959, 4 amigos de Castle Rock, Oregon, decidem embarcar em uma aventura para encontrar o corpo de um menino desaparecido.
Gordie (Wil Wheaton), Chris (River Phoenix), Teddy (Corey Feldman) e Vern (Jerry O'Connell) partem para a floresta em busca do corpo de Ray Brower, um menino que desapareceu enquanto brincava com seus amigos.
"Conta Comigo" é um daqueles filmes que retratam de maneira emocionante a jornada que há em amadurecer e a beleza que há nas amizades quando se tem 12 anos.
O filme é uma adaptação do conto de Stephen King, "O Corpo", sendo considerado pela crítica uma das melhores adaptações de sua obra (o próprio King já disse, certa vez, que o filme é "quase perfeito", além de a produção ter "capturado a essência de sua história original").
A narrativa é envolvente e emocionalmente carregada, tocando o espectador de diferentes maneiras. É difícil não se envolver com ela e deixar de ser cativado pelas personagens.
O elenco é excelente, especialmente River Phoenix em sua atuação marcante como Chris Chambers. É inevitável pensar durante todo o filme no quão triste foi sua partida precoce.
O roteiro é habilmente escrito e faz um ótimo trabalho em abordar questões como amizade, família, perda e crescimento. Outro ponto positivo do longa é o equilíbrio entre os momentos de comédia e drama. Tudo bem dosado e distribuído.
A cinematografia é deslumbrante e captura perfeitamente a atmosfera nostálgica dos anos 50 em que o filme é ambientado. A trilha sonora também é marcante e acrescenta outra bela camada ao filme.
"Conta Comigo" é uma obra-prima do Cinema. Um clássico atemporal. É uma história emocionante e bem contada que ressoa em pessoas de todas as idades.
Se você ainda não assistiu, definitivamente, deveria conferir.
Erin (Julia Roberts) é uma mãe de 3 filhos, divorciada e que precisa pagar suas contas. Ao trabalhar para um escritório de advocacia, ela encontra registros médicos que descrevem doenças em uma cidade próxima.
A partir daí, Erin começa a investigar e logo expõe um escândalo de intoxicação da água na região que renderá uma indenização milionária para toda a comunidade afetada.
Eu demorei muito para ver esse filme. Acho que a sinopse me causava imensa preguiça e aí eu fui postergando até que resolvi dar uma chance. Não me arrependi.
Trata-se de mais um filme de superação sobre uma pessoa ordinariamente comum. Ou seja, não é algo que Hollywood possa chamar de original. Ainda assim, é um bom filme (apesar do chatíssimo bla bla bla sobre resiliência e aquele papo furado sobre "american dream" ser a válvula motora do roteiro, envernizado por uma crítica à estrutura que não chega).
Julia Roberts incorporou e defendeu sua personagem-título com carisma, charme e inteligência (características muito particulares dela). Não à toa, recebeu um Oscar por causa disso (mas não só por isso, nós sabemos). Definitivamente, um dos melhores momentos de sua carreira. Afirmo sem medo de errar.
Não é aquele filme que vai mudar a sua vida, mas, como diz nossa musa Boscov, "durante aquela meia hora cria ali pra você um lugar tão aconchegante, tão reconfortante, tão capaz de reconstruir a sua fé na humanidade (...) que não tem preço".
Quando Ellen (Kathleen Chalfant), a matriarca da família Graham, morre, a família de sua filha (Toni Collett) começa a desvendar segredos enigmáticos e cada vez mais aterrorizantes sobre seus ancestrais.
"Hereditário" é um daqueles filmes que fica na sua cabeça por horas, quiçá dias depois que você termina de assistir. Ao final do filme, eu só pensava na minha pobre cabecinha desgraçada. Revisitá-lo continuou sendo uma experiência estupenda, embora eu tenha gostado mais na primeira vez que vi (dei nota máxima na época).
A proposta de Aster aqui foi, no mínimo, ousada e se revelou muito eficiente. O jovem diretor, ainda em seu início de carreira, soube entregar um exímio trabalho do que é fazer terror de verdade. O verdadeiro terror. Sem jump scares baratos e bizarrices gore sensacionalistas. Um verdadeiro suspiro para este gênero, há tanto tempo mal tratado e desgastado pelas grandes produtoras.
Temos um trabalho minucioso de Richard T. Olson com sua direção de arte somado à inquietante fotografia de Pawel Pogorzelski. A habilidosa direção de Aster, mais uma vez é importante destacar, demonstra um cuidado impressionante nas cenas.
Cada movimento de câmera e enquadramento não está ali à toa. Pelo contrário, o filme está repleto de simbologias que podem passar despercebidas por olhares mais distraídos. É necessária completa atenção do espectador em cada frame. Se piscar, pode perder uma informação importante para a compreensão do todo.
O elenco está ótimo, mas a interpretação de Toni Collette é de gabarito maior. Sua encarnação (desculpe o trocadilho infame) de uma mãe abalada pelos acontecimentos em sua volta é de arrepiar a espinha dorsal. Aqui, Collette é como uma Ferrari: vai do sublime à completa histeria em menos de 2 segundos. Não está menos que esplêndida. Destaque também para o jovem ator Alex Wolff, que também entrega um ótimo trabalho.
Contudo, definitivamente, "Hereditário" não é um filme para todos. Aliás, não é terror para todos. Assim como tudo na vida, divide opiniões. A mim agradou bastante pelo simples fato de não recorrer a lugares-comuns e efeitos dramáticos clichês. O resto é apenas a cereja do bolo.
Vidas Sem Rumo
3.8 259The Outsiders (1983)
Quando dois pobres greasers, Johnny (Ralph Macchio) e Ponyboy (C. Thomas Howell), são atacados por uma gangue rival, os socs, Johnny acaba matando um dos agressores.
A partir daí, a tensão começa a aumentar entre as duas gangues, iniciando uma turbulenta cadeia de eventos que forçará Johnny e Ponyboy a viverem uma dura e longa jornada rumo ao amadurecimento.
O filme é lindamente fotografado e conta com algumas atuações emocionantes, sobretudo da dupla de protagonistas. Contudo, a história não me agradou tanto. Achei que ela dá muitas voltas e não desenvolve tão bem os arcos dramáticos. No fim, foi inevitável pensar: "roteiro sem rumo".
No entanto, definitivamente, vale a pena ser visto, afinal, trata-se de um filme dirigido por Coppola. Além disso, vários rostos conhecidos em início de carreira compõem o elenco, tornando o filme ainda mais atrativo: Patrick Swayze, Matt Dillon, Rob Lowe, Tom Cruise, Emilio Estevez e Diane Lane.
Close
4.2 528 Assista AgoraClose (2022)
Leo e Remi, ambos de 13 anos, sempre foram amigos próximos, mas eles se distanciam um do outro depois que a natureza do relacionamento que há entre eles é questionada por colegas da escola.
Mais um filme de Lukas Dhont sensível, delicado e preocupado com as sutilezas. Uma história espantosamente bonita e triste, ao mesmo tempo, e que reflete a realidade de muitos meninos que, assim como eu, cresceram dentro de uma estrutura machista e cruel, cujo mantra entoado aos quatro cantos é: reprima-se, oprima-se e, mais importante, não chore.
Não quero entregar muito. Vou apenas aconselhar: se ainda não viu essa pérola, por favor, assista! Vale muito a pena.
A Garota Ideal
3.8 1,2K Assista AgoraLars and the Real Girl (2007)
Lars (Ryan Gosling) é um homem extremamente tímido que acha impossível fazer amigos ou socializar. Numa noite fria, ele anuncia a seu irmão e sua cunhada que tem uma namorada que conheceu na Internet: uma boneca sexual feita sob encomenda. O que era motivo de alegria acabou se tornando uma grande preocupação, porém, instruídos por uma médica, todos do convívio de Lars passam a aceitar e a concordar com seu delírio.
O roteiro, escrito por Nancy Oliver, aborda temas delicados, como isolamento, saúde mental e o poder do amor e da empatia. Por meio de uma narrativa original, somos convidados a refletir sobre conexões humanas e a importância da autoaceitação.
Ryan Gosling mergulhou fundo no estudo de sua personagem. Para se preparar para o papel, ele se isolou num vilarejo parecido com a cidade retratada no filme, a fim de compreender melhor a natureza e os desafios da solidão que Lars enfrentava.
O elenco de apoio, incluindo Emily Mortimer, Paul Schneider e Patricia Clarkson, também entrega performances sólidas, acrescentando camadas de complexidade aos relacionamentos dentro da trama.
A direção de Craig Gillespie é sutil, o que permite um desenvolvimento mais gradual e orgânico da narrativa. Ele equilibra habilmente o humor e o drama, criando momentos de ternura e introspecção.
Temos aqui um filme peculiar e cativante que mistura elementos de comédia, drama e romance, resultando em uma história surpreendente.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraBram Stoker's Dracula (1992)
"LISTEN TO THEM. CHILDREN OF THE NIGHT. WHAT MUSIC THEY MAKE"
Dirigido por Francis Ford Coppola, "Drácula de Bram Stoker" é uma adaptação do clássico romance gótico escrito por Bram Stoker. Com uma estética impressionante, o filme se destaca como uma obra-prima do horror e do romance gótico.
Coppola e sua brilhante equipe de produção trouxeram à vida a atmosfera e a essência do romance. Apesar de acrescentar alguns elementos, o roteiro, escrito por James V. Hart, mantém-se próximo ao material original, honrando a riqueza e a complexidade da narrativa.
A combinação de elementos visuais marcantes, como a icônica utilização da cor vermelha para simbolizar a presença do mal e a habilidade de criar uma atmosfera sombria e opressiva, além do uso de efeitos práticos, em vez do excesso de efeitos digitais, também contribui para a imersão na obra. Coppola faz uso de nítidas referências do Expressionismo Alemão para recriar seu conto macabro.
Gary Oldman é o grande destaque do elenco, assumindo o papel-título com maestria e trazendo uma complexidade emocional tocante para um monstro repulsivo. Um trabalho belo e sensível. Definitivamente, a minha representação preferida de Vlad Tepes no Cinema.
"I HAVE CROSSED OCEANS OF TIME TO FIND YOU"
Os exuberantes figurinos do filme, projetados por Eiko Ishioka, renderam-lhe um mais do que merecido Oscar de Melhor Figurino. Os trajes detalhados e extravagantes capturaram a estética vitoriana, trazendo à tona a atmosfera gótica do filme.
A trilha sonora de Wojciech Kilar é algo muito especial. Arrebatadora, eu diria. Ela intensifica a atmosfera sombria e sensual do filme. Composições grandiosas e sinistras ecoam em nossos ouvidos, expandindo nossas sensações e aumentando a tensão das cenas, como acontece naquele prólogo extasiante em que Vlad renuncia seu temor a Deus, selando para sempre o seu destino.
Em "Drácula de Bram Stoker" somos convidados a refletir sobre a dualidade humana, a luta entre luz e trevas dentro de cada um de nós. O filme mergulha nas profundezas do animalesco que há em nós, explorando desejos permanentemente proibidos e a busca pela redenção.
Cassino
4.2 651 Assista AgoraCasino (1995)
Dirigido por Martin Scorsese, "Cassino" é um drama não convencional que retrata o mundo sombrio e corrupto dos cassinos em Las Vegas nos anos 1970.
Com um elenco estelar que conta com nomes como Robert De Niro, Sharon Stone e Joe Pesci, o filme se destaca não apenas pela sua narrativa densa e envolvente, mas também pela meticulosa recriação da época e pela atenção aos detalhes (que só o grande mestre Scorsese poderia fazer).
Baseado em eventos reais, o roteiro é escrito por Nicholas Pileggi e é inspirado no livro homônimo que relata a história verídica do cassino Stardust e suas ligações com a máfia de Las Vegas.
Scorsese utiliza técnicas visuais e narrativas de forma magistral (como sempre). A fotografia de Robert Richardson é deslumbrante. Captura a grandiosidade e o brilho artificial e decadente de Vegas, enquanto a trilha sonora, composta por vários sucessos da época, cria uma atmosfera nostálgica e imersiva.
O elenco entrega performances notáveis, destacando-se especialmente De Niro, como Sam "Ace" Rothstein, um diretor de cassino meticuloso e ambicioso, e Stone, como Ginger McKenna, uma mulher sedutora e complexa. A atuação de Stone, em particular, foi amplamente elogiada à época e lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz, em 1996 (sua única indicação até hoje).
Sou suspeito para falar de Pesci. Considero-o um dos maiores e mais subestimados atores de sua geração. Fico feliz em saber que Scorsese sempre se lembra dele em suas produções, extraindo grandes interpretações do ator. Aqui, mais uma vez, Pesci está excepcional.
A história é repleta de intriga, traição e ganância, explorando temas como poder, corrupção e as consequências da ambição desmedida. Scorsese mergulha profundamente nos relacionamentos complexos entre os personagens, retratando suas motivações e dilemas de forma sutil e multifacetada.
Scorsese examina os contrastes entre a extravagância e a decadência, a luxúria e a violência, criando uma interessantíssima reflexão sobre a natureza humana e os efeitos colaterais da ganância desenfreada.
0,5 descontado por causa da narração que vai do início ao fim (em +170 min de filme). Achei cansativa em certos momentos.
Vampiros de John Carpenter
3.1 268 Assista AgoraVampires (1998)
Uma mistura de ação, horror e western, "Vampiros" conta a história de um grupo de caçadores de vampiros. Embora tenha algumas qualidades interessantes, o filme parece não decolar em sua própria proposta, ficando no meio do caminho em alguns momentos.
O roteiro, adaptado do romance "Vampire$", de John Steakley, faz uma abordagem mais brutal, violenta (e, poderíamos dizer, até apelativa, em certas cenas) para a história, adicionando o estilo característico de ação e suspense do diretor John Carpenter.
O filme segue um grupo de caçadores de vampiros liderados por Jack Crow (James Woods). Eles se envolvem em uma batalha contra um poderoso vampiro (Thomas Ian Griffith), que está em busca de um objeto místico antigo capaz de permitir que os vampiros caminhem sob a luz do dia. A premissa é interessante e oferece espaço para sequências de ação empolgantes e confrontos sangrentos (o que, de fato, ocorre).
Em termos de atmosfera, Carpenter é reconhecido por conseguir criar uma estética interessante para os seus filmes. Em "Vampiros" não é diferente. Ele utiliza a fotografia sombria e a trilha sonora típica do gênero para criar uma atmosfera ingenuamente tensa e sexualmente opressiva.
A direção habilidosa de Carpenter cria momentos de suspense que resultam em algumas cenas memoráveis, como a sequência inicial em que o grupo de caçadores invade um covil cheio de vampiros.
"Vampiros" foi lançado em uma época favorável, em que filmes sobre os dentuços estavam voltando ao gosto do público, com várias produções explorando esse tema de diferentes maneiras (mas quase sempre igual rs).
Apesar de o filme não ter alcançado o mesmo sucesso comercial e aclamação crítica de outras obras do gênero lançadas na época, ele conseguiu encontrar um nicho de fãs (em que eu me incluo) que aprecia o estilo único e a abordagem mais violenta de Carpenter.
E embora eu tenha gostado, minimamente, da obra, confesso que algumas coisas nela envelheceram mal (pelo menos para mim). Além de alguns quesitos técnicos, como o desenvolvimento e o ritmo, algumas escolhas artísticas não me apeteceram, soando ora misóginas demais ora mal concebidas e executadas.
As Três Máscaras do Terror
3.9 129 Assista AgoraBlack Sabbath (1963)
Dividido em três contos independentes, cada um apresentando uma história de terror diferente, "As Três Máscaras do Terror" apresenta uma estrutura narrativa peculiar que permite ao espectador experimentar diferentes subgêneros do terror dentro de um único longa-metragem.
Essa variedade de histórias oferece uma experiência diversificada aos fãs do gênero e (por que não?) do diretor italiano Mario Bava. E por falar em Bava, ele utiliza habilmente a iluminação e o espaço cênico para criar uma atmosfera sombria e tensa em cada narrativa.
A estética visual do filme é, particularmente, impressionante, com o uso de cores saturadas e contrastes expressivos que adicionam um toque artístico ao terror (o que eu adoro).
Embora seja um filme de terror, "Black Sabbath" contém elementos que o diferenciam de outras produções do gênero. O uso do suspense e do desconhecido é enfatizado em vez de confiar apenas em sustos e violência gráfica. Essa abordagem mais atmosférica pode agradar aqueles que apreciam uma coisa menos explícita.
No entanto, "Black Sabbath" também tem suas limitações. Alguns dos segmentos do filme podem apresentar ritmos desiguais, resultando em intensidades que variam e oscilam.
Além disso, a atuação em algumas cenas é meio caricatural (o que presumo fazer parte do conceito artístico e do gênero), mas isso pode afetar a imersão do público nas histórias.
Letrux: Viver é um Frenesi
4.0 2Letrux: Viver é um Frenesi (2023)
Letrux é uma das artistas mais inventivas da nova cena musical brasileira. Em “Viver é um frenesi", um documentário de média-metragem, a cantora narra seus dias em São Pedro da Aldeia (RJ), pequena cidade litorânea onde se isolou durante a pandemia de Covid-19.
Nessa cidade, o filme percorre caminhos de descoberta a partir do resgate de diários da adolescência e vídeos de família feitos no início dos anos 90 na mesma casa onde ela se encontra naqueles dias: a casa de seus avós.
Do isolamento à volta aos palcos do Circo Voador, em 2022, o documentário traz uma reconstrução criativa de memórias e um encontro íntimo com o imaginário poético e bem-humorado de Letrux.
Trata-se de um belíssimo registro, feito com muita sensibilidade, que diz muito sobre Letrux, mas também sobre quem somos. Nossas memórias. Nossas lembranças mais pessoais e afetivas da infância.
Quem fomos. Quem ainda somos. O que restou de nós.
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista AgoraOmoide no Marnie (2014)
Ao ser enviada para morar com parentes no interior devido a uma doença respiratória, uma adolescente emocionalmente fragilizada fica obcecada por uma mansão abandonada à margem de um imenso lago e se apaixona por uma garota que lá vive.
Dirigido por Hiromasa Yonebayashi e produzido pelo Studio Ghibli em parceria com a Walt Disney e Universal Studios, "As Memórias de Marnie" é um drama de animação que mergulha nas complexidades da amizade, da solidão e das memórias.
O filme é baseado no romance britânico "When Marnie Was There", escrito por Joan G. Robinson. Essa adaptação para o cinema preserva a atmosfera delicada e o cenário encantador da história, transportando os espectadores para um mundo mágico de descoberta e mistério. O filme funciona incrivelmente bem tanto para as crianças quanto para os adultos.
Com um visual impressionante, destacando os belos cenários e uma paleta de cores suave e delicada que evoca uma sensação de nostalgia, a atenção aos detalhes contribui para a imersão na história e para um envolvimento emocional.
O filme explora temas profundos, como identidade, aceitação e conexão humana. A relação central entre a protagonista, Anna, e a misteriosa Marnie é desenvolvida de maneira sensível, destacando a importância da amizade e do apoio mútuo.
Contudo, a progressão narrativa pode ser lenta e um tanto confusa em certos momentos. A história se desenrola, gradualmente, fazendo revelações ao longo do tempo. Esse jeito meio arrastado de contar a história pode depor um pouco contra ela.
Outro ponto que pode afetar a experiência é a falta de desenvolvimento de alguns personagens secundários. Enquanto a relação entre Anna e Marnie é explorada em detalhes, outros personagens não recebem a mesma atenção e podem parecer superficiais ou subutilizados na trama.
Apesar disso, trata-se de um bom e bonito filme, sensível, delicado e emocionante, como só o Studio Ghibli consegue fazer.
Vidas Amargas
4.2 177 Assista AgoraEast of Eden (1955)
No vale de Salinas, durante a Primeira Guerra Mundial, Cal Trask (James Dean) sente que deve competir com seu irmão (Richard Davalos) pelo amor de seu pai (Raymond Massey).
Ao reencontrar a sua mãe (Cathy Ames), que fugiu de casa quando ele e o irmão eram pequenos, Cal irá passar por uma jornada de autodescoberta, que culminará numa paixão proibida que sente por sua cunhada (Julie Harris).
O roteiro de Paul Osborn, que poderia ter sido escrito por Nelson Rodrigues ou Manoel Carlos, é uma adaptação da romance de John Steinbeck ("Vinhas da Ira" (1940) e "Viva Zapata!" (1952)) que remonta e reflete a mitologia bíblica de Caim e Abel, dois irmãos que carregam em si a bondade e a maldade, cuja coexistência é impossível.
A premissa é interessante. Até intrigante, eu diria. É difícil você conceber a história que se passa durante a primeira meia hora de filme. As peças vão se encaixando aos poucos, como um difícil quebra-cabeça.
O filme faz a estreia de James Dean no Cinema, que, até então, fazia apenas participações especiais ou não creditadas em séries de TV e curtas-metragens. Seria o pontapé da carreira de um dos maiores ícones da Era de Ouro da Hollywood, cuja trajetória foi tão curta quanto marcante.
Dean oscila no papel. Ora está muito bem, em momentos de tirar o fôlego, ora vai mal, com direito a trejeitos e expressões muito afetadas. A direção de Elia Kazan o ajuda bastante e é a grande responsável pelo saldo final ser mais positivo do que negativo.
O fato é que a atuação de Dean neste papel trouxe uma intensidade e vulnerabilidade que se tornaram suas marcas registradas. Foi uma estreia tão promissora que ele foi indicado ao Oscar póstumo por seu desempenho.
A cinematografia do filme é maravilhosa, destacando-se em certas sequências, como a icônica cena de Cal correndo em um campo de feijões.
Embora "Vidas Amarga" aborde temas universais, como o desejo de aprovação dos pais e a luta pela aceitação, algumas das mensagens do filme podem parecer simplistas ou excessivamente melodramáticas. Essa falta de sutileza na abordagem dos temas torna a história menos interessante, pelo menos para mim.
Última Parada 174
3.5 601Última Parada 174 (2008)
Dirigido por Bruno Barreto e baseado em eventos reais, "Última Parada 174" conta a história do sequestro do ônibus 174, ocorrido no Rio de Janeiro, em 2000, e traz reflexões sobre a violência urbana, exclusão social e os desafios enfrentados por pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica.
O longa-metragem foi inspirado no documentário "Ônibus 174" (2002), dirigido por José Padilha, que retrata detalhadamente o sequestro e as circunstâncias que levaram àquela situação.
O filme apresenta uma abordagem não linear da narrativa. Ele intercala cenas do sequestro com flashbacks que mostram a difícil vida do protagonista, Sandro do Nascimento, desde a infância até o momento do crime. Essa estrutura narrativa contribui para a compreensão dos eventos e a construção de empatia em relação ao personagem central.
O elenco está formidável. Cris Viana, Douglas Silva, Gabriela Luiz, Anna Cotrim estão ótimos em seus papéis. Mas o destaque fica mesmo com a dupla Michel Gomes, que dá vida ao protagonista, e Marcello Melo Jr. Ambos estão fabulosos.
O ponto alto do filme é a sua crítica social. Ele aborda questões como a pobreza, o abandono, a violência e o descaso do Estado, destacando como esses fatores podem levar uma pessoa ao seu limite.
"Última Parada 174" é um filme impactante que busca compreender as circunstâncias complexas que levaram ao sequestro do ônibus 174. Ele proporciona uma profunda reflexão sobre as desigualdades sociais, despertando a consciência do público para as realidades enfrentadas por muitos.
O filme serve como uma poderosa ferramenta para promover discussões sobre inclusão social, justiça e a busca por soluções para as injustiças presentes na sociedade.
O Homem Que Não Vendeu Sua Alma
3.9 96 Assista AgoraA Man for All Seasons (1966)
"O Homem que Não Vendeu sua Alma" traz uma representação do conflito entre o rei Henrique VIII, da Inglaterra, e seu Lorde Chanceler, Sir Thomas More, que se recusou a fazer o juramento de supremacia, declarando, assim, Henrique o chefe supremo da Igreja na Inglaterra.
Temos aqui um drama histórico que retrata a vida do estadista britânico Sir Thomas More (Paul Scofield) durante o reinado de Henrique VIII (Robert Shaw), um filme que combina atuações muito interessantes, um roteiro refinado e uma direção habilidosa para recriar um fato histórico um tanto quanto curioso.
Baseado na peça teatral homônima escrita por Robert Bolt, a história foi adaptada para o cinema pelo próprio autor, mantendo, assim, a riqueza literária do roteiro.
O desempenho do ator Paul Scofield, que interpreta Sir Thomas More, é simplesmente, magnífico. Sua interpretação sutil e contida dá vida ao personagem de maneira notável, transmitindo sua integridade, coragem e convicções profundas. Não à toa, Scofield foi merecidamente premiado com o Oscar de Melhor Ator por esse papel.
A atenção aos detalhes históricos é outro mérito a ser reparado. A reconstituição meticulosa da época, incluindo figurinos, cenários e ambientação, transporta o espectador para o século XVI, imergindo-o completamente no contexto histórico em que a trama se desenrola. Essa fidelidade histórica contribui para a autenticidade do filme e enriquece a experiência e imersão do público na obra.
No entanto, apesar de alguns considerarem o filme uma obra-prima, eu tenho cá meus problemas com ele. Além do ritmo ser um pouco exaustivo, o filme me soou excessivamente teatral em certos momentos.
A concentração em Thomas More em detrimento de outros personagens é outro fator que causa chateação. A falta de desenvolvimento de certos personagens secundários me deixou insatisfeito, de certa maneira.
Alguns personagens coadjuvantes não recebem a mesma atenção do roteiro. Para se ter uma ideia, Vanessa Redgrave, que vive Ana Bolena, entra muda e sai calada em sua única cena. Isso me deixou com uma sensação de desconexão e incompreensão desses personagens e suas motivações na história.
O Tigre e o Dragão
3.6 455 Assista AgoraCrouching Tiger, Hidden Dragon (2000)
Dois guerreiros em busca de uma espada roubada e um fugitivo são levados até a impetuosa e habilidosa filha de um nobre, que se encontra em uma encruzilhada.
"O Tigre e o Dragão" combina de forma espetacular ação, romance e artes marciais em uma história cheia de mistérios e misticismo.
Este épico chinês, falado em mandarim, conquistou a crítica e foi aclamado pelo público mundialmente, tornando-se um marco da indústria cinematográfica. O filme foi baseado no 4º livro da série "Crônicas da Espada", escrita por Wang Dulu. O diretor Ang Lee decidiu fazer uma adaptação cinematográfica depois de se apaixonar pela história e pelos personagens cativantes da obra.
Estamos falando aqui do primeiro filme de língua estrangeira a ser indicado à categoria principal do Oscar, a de Melhor Filme. Se isso, por si só, não é o suficiente para chamar sua atenção, espere pelo resto.
O elenco conta com nomes como Chow Yun-fat, Michelle Yeoh e Zhang Ziyi. Esses talentosos atores trazem suas habilidades cênicas e em artes marciais para as cenas de luta, que são coreografadas de forma espetacular.
Vale mencionar que a maioria dos atores não tinha treinamento formal em artes marciais antes do filme, o que torna suas performances ainda mais impressionantes. As cenas de luta são coreografadas com elegância e fluidez, transformando cada movimento em uma verdadeira dança.
O longa dirigido por Ang Lee é um filme visualmente deslumbrante. As paisagens da China são exuberantes por natureza, mas a captação delas dá um show à parte, com uma direção de fotografia que ressalta a grandiosidade das locações.
A trilha sonora, composta por Tan Dun, complementa perfeitamente as cenas do filme, adicionando uma atmosfera inebriante de mistério e emoção. A música evoca as paisagens e as tradições culturais chinesas, aprofundando ainda mais a imersão do espectador na história.
Um aspecto notável é a representação das mulheres como personagens fortes e independentes. As personagens femininas desafiam as expectativas tradicionais e exibem habilidades excepcionais em artes marciais. No bom português, elas roubam a cena.
A Bela e a Fera
4.1 1,1K Assista AgoraBeauty and the Beast (1991)
Estamos diante de um clássico da Walt Disney que cativou gerações de espectadores com sua história encantadora e personagens inesquecíveis. O primeiro filme de animação a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme.
Este filme é uma preciosidade do Cinema. Traz consigo uma riqueza de memórias afetivas que nos transporta para um mundo de magia, romance e autodescoberta.
Desde o momento em que a icônica trilha sonora começa, somos imediatamente envolvidos em um conto de fadas encantador. A música desempenha um papel crucial na narrativa, com canções memoráveis como "Beauty and the Beast" e "Be Our Guest".
Um fato curioso é que este foi o último trabalho de composição sonora de Howard Ashman. Ele morreu 8 meses antes do lançamento do filme, que é dedicado a Ashman; no final dos créditos finais, você pode ler a dedicatória: "Ao nosso amigo Howard, que deu a uma sereia sua voz e a uma fera sua alma. Seremos eternamente gratos".
Os personagens são carismáticos. A doce e determinada Bela é uma heroína adorável, com sua paixão pela leitura e sua coragem em confrontar o desconhecido. A Fera, inicialmente intimidadora, revela-se um ser ferido, solitário e sensível.
A animação em si é deslumbrante. Cada cena é meticulosamente criada, com atenção aos detalhes e uma paleta de cores rica que nos transporta para os lugares onde se passa a história.
Os cenários exuberantes (alguns dos painéis e quadros mais bonitos que já vi numa animação estão aqui), os movimentos fluidos dos personagens e as expressões faciais cativantes dão vida a esse conto de fadas de uma maneira que, até então, ninguém havia visto num desenho animado.
Além disso, a mensagem subjacente do filme é profundamente poderosa. "A Bela e a Fera" ensina que a verdadeira beleza reside na aceitação de si mesmo e dos outros, independentemente de aparências físicas ou estereótipos sociais.
O longa nos lembra a importância de olhar além das primeiras impressões e valorizar a bondade, o amor e a gentileza no coração das pessoas, evocando uma sensação nostálgica de inocência e encantamento.
O Casamento do Meu Melhor Amigo
3.4 902 Assista AgoraMy Best Friend's Wedding (1997)
O filme segue a história de Julianne (Julia Roberts), uma mulher que percebe estar apaixonada por seu melhor amigo, Michael (Dermot Mulroney), quando ele anuncia que está prestes a se casar com Kimberly (Cameron Diaz).
O elenco carismático e talentoso é, definitivamente, o maior mérito do filme. Roberts brilha em sua interpretação, trazendo sua presença cativante e seu timing cômico impecável para o papel.
Enquanto Mulroney interpreta o interesse romântico da protagonista com charme e vulnerabilidade, Diaz traz uma energia contagiante para a noiva apaixonada.
E como se não bastasse, há ainda Rupert Everett, que rouba a cena como George, o melhor amigo gay de Julianne, com sua atuação divertida e afetuosa.
O roteiro apresenta diálogos afiados, situações hilárias e momentos emocionantes que mantêm o público envolvido do início ao fim, abordando temas como amizade, lealdade e a luta contra o medo de perder alguém que amamos.
Certamente, uma das características mais inesquecíveis do filme é a sua trilha sonora. As músicas do longa-metragem, como "I Say a Little Prayer", marcaram uma geração.
A dinâmica entre as personagens principais, especialmente entre Julianne e George, é uma das principais fontes de humor do filme, mas também, eu diria, é o coração dele. O que faz pulsar a história. A química entre os atores é palpável e contribui para a autenticidade das relações retratadas.
Contudo, embora seja um filme adorável e bem executado, pode ser considerado um tanto previsível em sua narrativa (apesar de possuir um dos finais mais corajosos já vistos numa comédia romântica).
A fórmula clássica é seguida de perto, o que pode ser um ponto negativo para aqueles que procuram por reviravoltas mais surpreendentes.
Porém, "O Casamento do meu Melhor Amigo" continua sendo uma delícia de conferir. Um clássico da Sessão da Tarde que envelheceu como vinho nesses últimos 25 anos.
P.S.: Como Julia Roberts era linda. Um dos sorrisos mais belos, verdadeiros e felizes que já vi.
Uma Mulher Fantástica
4.1 422 Assista AgoraUna Mujer Fantastica (2017)
Esta obra explora de forma poderosa a identidade de gênero, os preconceitos que uma pessoa trans sofre e a luta por dignidade e aceitação.
A trama gira em torno de Marina Vidal (Daniela Vega), uma mulher transgênero que enfrenta uma série de desafios após a morte repentina de seu parceiro mais velho, Orlando.
A história retrata a jornada de Marina em busca de justiça, respeito e reconhecimento de sua identidade, enquanto enfrenta a hostilidade de familiares e instituições que não conseguem compreender ou aceitar sua realidade.
Uma das maiores forças do filme é a atuação de Vega. Sua presença é magnética. Transmite uma mistura complexa de força, vulnerabilidade e determinação. Sua atuação é uma conquista notável para a representatividade da comunidade transgênero.
Além disso, a direção de Sebastián Lelio é sutil e habilidosa. Ele aborda o tema com sensibilidade e compreensão, evitando clichês e estereótipos. Lelio explora a solidão, a dor e a resiliência de Marina de forma poética, utilizando recursos visuais e simbólicos para transmitir sua luta interior e exterior.
O roteiro também merece elogios. Aborda questões sociais e culturais pertinentes, como a discriminação de gênero e a marginalização da comunidade trans. O filme confronta o espectador com as consequências devastadoras do preconceito e da intolerância, ao mesmo tempo em que exalta a força e a coragem de sua protagonista.
No entanto, o ritmo do filme é um pouco lento em certos momentos, o que pode exigir paciência do espectador menos interessado. Além disso, algumas das metáforas visuais e simbolismos podem ser um tanto abstratos demais (eu adorei, mas há quem não goste desse tipo de linguagem), o que exige uma interpretação mais cuidadosa.
Palm Springs
3.7 468 Assista AgoraPalm Springs (2020)
Dirigido por Max Barbakow e estrelado por Andy Samberg e Cristin Milioti, "Palm Springs" entrega uma história envolvente e divertida que convida o público a ingressar numa jornada inusitada e imprevisível.
A trama gira em torno de Nyles (Samberg) e Sarah (Milioti), dois estranhos que se encontram presos em um loop temporal durante um casamento em Palm Springs.
Embora o conceito de viagem no tempo esteja longe de ser algo novo no Cinema, "Palm Springs" consegue trazer uma abordagem fresca e original ao explorar as implicações emocionais e existenciais de estar preso no mesmo dia, repetidamente, para todo o sempre. Uma espécie de repaginação de "Feitiço do Tempo" (1993).
Uma das maiores forças do filme é a química entre Samberg e Milioti, que entregam ótimas atuações, cheias de carisma. Eles são capazes de criar uma conexão genuína entre os personagens, fazendo com que o público torça por eles e se envolva com as suas questões.
A comédia é afiada e bem cronometrada, com diálogos perspicazes e situações que prometem arrancar algumas risadas.
Além disso, o filme consegue equilibrar habilmente os momentos engraçados com reflexões mais profundas sobre a vida, o amor e a importância de viver o presente.
O roteiro é habilmente escrito por Andy Siara. Explora temas como o arrependimento, a busca pela felicidade e a redenção pessoal, enquanto mantém um tom leve e divertido, garantindo um entretenimento despretensioso.
O filme consegue extrair significado desses temas sem se tornar excessivamente pesado ou cansativo, criando um equilíbrio perfeito entre comédia e drama.
No entanto, embora "Palm Springs" seja um filme divertido e bem executado, ele não se atém muito às explicações e implicações lógicas que tenta estabelecer ao longo da narrativa. Isso vai ficando meio pelo caminho, de um jeito meio preguiçoso, eu diria.
Assim, o filme opta por se concentrar mais nas emoções e nos relacionamentos das personagens, deixando algumas questões sobre a mecânica da viagem no tempo sem respostas. Isso não é um demérito em si, mas, para mim, faltou um pouco disso para deixar a obra mais redondinha.
Pecados Íntimos
3.8 570 Assista AgoraLittle Children (2006)
Brad (Patrick Wilson) e Sarah (Kate Winslet) vivem uma tórrida paixão que não seria proibida caso não fossem casados. Em paralelo, as vidas de um criminoso sexual recém-libertado e um ex-policial se cruzam enquanto eles lutam para resistir às suas vulnerabilidades e tentações.
Mesmo o filme possuindo boas qualidades, como o roteiro de Tom Perrotta e a direção de Todd Field, seu ponto alto, certamente, é o elenco, que conta com atuações interessantes de Kate Winslet, Patrick Wilson, Jennifer Connelly, Jackie Earle Haley e Noah Emmerich.
A direção de Todd Field é excelente. Ele consegue criar uma atmosfera tensa e, ao mesmo tempo, melancólica que acompanha os personagens em suas sequências.
No entanto, para alguns, a trama do filme pode ser considerada um pouco lenta e arrastada, com momentos em que parece que nada de relevante está acontecendo.
Além disso, alguns dos personagens não são muito bem desenvolvidos, o que pode fazer com que o espectador tenha dificuldade em se conectar emocionalmente com eles, como são os casos de Kathy (Connelly), Ronnie (Haley) e Larry (Emmerich).
Outro aspecto que pode dividir a opinião do público é o tema abordado pelo filme que trata de questões delicadas, como adultério e p3d0f1l14; o que pode torná-lo desconfortável para algumas pessoas.
Também acho que o filme se perde um pouco em seu terço final. O roteiro parece não querer assumir os riscos que se propôs ao longo da narrativa. Algumas escolhas artísticas me deixaram um tanto decepcionado.
Contudo, temos aqui um filme bem feito e com atuações muito boas. Vale a pena ser conferido, mas pode não agradar todos os gostos.
Como Era Verde Meu Vale
4.1 152 Assista Agora"How Green Was My Valley" (1941)
Um clássico do Cinema baseado no romance de mesmo nome de Richard Llewellyn. O filme narra a história da família Morgan, que vive em uma pequena comunidade de mineiros no País de Gales durante o final do século XIX.
Uma das primeiras coisas que chama a atenção é a sua cinematografia em preto e branco (impressionante!). As imagens são lindamente compostas, com planos abertos que capturam as paisagens montanhosas do vale e os detalhes da vida cotidiana dos personagens ali retratados. O uso habilidoso da luz e sombra contribui para criar uma atmosfera envolvente e, ao mesmo tempo, melancólica.
O roteiro é outro ponto forte do filme. Ele retrata a vida dos mineiros e suas famílias com uma sensibilidade genuína. As lutas, a solidariedade e a dureza da vida são exploradas de forma autêntica. Os diálogos são repletos de humanidade.
O enredo também aborda questões sociais e políticas, como a exploração dos trabalhadores e o conflito entre as classes sociais, oferecendo uma crítica perspicaz ao sistema industrial da época (que, assustadoramente, aplica-se aos dias de hoje).
O elenco entrega performances notáveis. Desde o jovem protagonista Huw Morgan (Roddy McDowall) até os membros mais velhos da família, como o patriarca Gwilym Morgan (Donald Crisp), cada ator traz autenticidade e profundidade aos seus personagens.
Um aspecto marcante do filme é a sua trilha sonora, que conta com músicas tradicionais galesas. A música desempenha um papel importante na narrativa, ajudando a transmitir a cultura e o folclore da região, bem como a intensidade emocional das cenas.
No entanto, algumas das representações culturais e de gênero podem ser vistas como estereotipadas ou simplistas à luz dos avanços sociais e culturais ocorridos desde a sua produção.
"Como Era Verde o Meu Vale" permanece como um marco do Cinema, uma obra que captura a essência da condição humana, a luta dos trabalhadores, a força da comunidade e a importância da causa operária.
É um filme que nos transporta para um tempo e lugar específicos, enquanto aborda questões universais que ressoam até os dias de hoje.
E vale dizer que o filme venceu "Cidadão Kane" no Oscar de 1942.
A Queda
3.2 743 Assista AgoraFall (2022)
Para as melhores amigas Becky (Grace Fulton) e Hunter (Virginia Gardner) a vida é sobre vencer medos e ultrapassar limites, mas depois de subirem 2.000 pés até o topo de uma torre de transmissão abandonada e que fica num lugar remoto, elas se veem presas e sem saída.
A "Queda"? Caiu.
Primeiro, vamos falar sobre o enredo. Aparentemente, os roteiristas decidiram que uma história coerente e envolvente era desnecessária. Em vez disso, fomos agraciados com uma sequência interminável de cenas embaraçosas e tediosas, que saltam de um lugar para o outro com o mínimo de preocupação e de bom senso.
Aparentemente, a narrativa foi escrita por alguém que jogou uma pilha de cartas de Tarô no ar e montou o filme de acordo com a ordem em que caíram. Com todo o respeito a quem pratica a leitura de cartas de Tarô, que, definitivamente, deve ser mais coerente.
As personagens... Bom, elas estão lá agindo e reagindo às agruras do roteiro de forma "comovente" (no pior sentido da palavra).
É como se elas tivessem sido retiradas de um manual de estereótipos e fossem jogadas em um liquidificador, resultando em uma mistura insossa e sem graça.
Para piorar, a protagonista é defendida por uma atriz que é tão boa em atuar quanto um peixe numa bicicleta. Espero que o tempo me faça morder a língua e ela evolua e melhore. Por enquanto... putz. Péssima, tadinha.
A direção de fotografia é um ponto positivo. Digamos que faz a tarefa de casa bem feita. Nem sempre está ótima, mas em boa parte do filme ela está boa. O plot, para mim, foi quase cômico. Eu fiquei com uma sensação de que a ideia era essa (ser engraçado), mas que o roteirista não conversou com o diretor (detalhe: ambos são a mesma pessoa).
Enfim, mais um filme ruim perdido no catálogo da Prime Video. Corra para ver. Afinal, é divertido passar raiva com filme ruim, gente.
Memórias de uma Gueixa
4.1 1,4K Assista AgoraMemoirs os a Geisha (2005)
No Japão, alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial, uma família muito pobre vende duas de suas filhas para trabalharem em uma casa de gueixas. Separadas na cidade grande, as irmãs seguem caminhos diferentes. Enquanto a mais velha consegue fugir, a mais nova fica para trás com os seus belos e peculiares olhos azuis.
Embora o filme tenha sido aclamado à época por conta de sua beleza visual e também pelas performances do elenco, ele enfrentou críticas por sua representação imprecisa (e às vezes insensível) da cultura japonesa.
Uma das principais críticas ao filme é a sua falta de compreensão cultural. Apesar de retratar um período histórico específico do Japão, o longa-metragem é amplamente baseado em estereótipos e generalizações, não conseguindo, portanto, fazer uma leitura precisa da cultura japonesa e de suas nuances.
Isso pode ser visto mais evidentemente na representação das gueixas, que são retratadas como meras cortesãs, em vez de artistas altamente qualificadas e respeitadas.
Além disso, o filme usa atores não-japoneses para retratar personagens japoneses, o que reforça a longa história de Hollywood de estereotipar pessoas de outras etnias.
Outra crítica ao filme é a sua representação objetificadora das mulheres. O longa retrata as gueixas como mulheres belas e exóticas cujo único propósito é satisfazer os homens, sobretudo, sexualmente.
Essa representação sexista e limitante é problemática, pois não reflete a verdadeira natureza das gueixas e de suas contribuições culturais para a sociedade japonesa.
Particularmente, também tive problemas com o plot central do roteiro. Quer dizer, num belo dia, um homem adulto conhece uma garotinha triste numa ponte e, desde aquele dia, ele vive secretamente apaixonado por ela? Isso é, no mínimo, problemático, uma vez que pode soar, sim, como uma romantização da p3d0f1l14.
Em resumo, "Memórias de uma Gueixa" pode ser apreciado por sua beleza visual e pelas performances do elenco, mas é importante reconhecer suas falhas na representação da cultura japonesa e das mulheres, além, é claro, dessa questão central que conduz e perpassa toda a narrativa.
Conta Comigo
4.3 1,9K Assista AgoraStand By Me (1986)
Em 1959, 4 amigos de Castle Rock, Oregon, decidem embarcar em uma aventura para encontrar o corpo de um menino desaparecido.
Gordie (Wil Wheaton), Chris (River Phoenix), Teddy (Corey Feldman) e Vern (Jerry O'Connell) partem para a floresta em busca do corpo de Ray Brower, um menino que desapareceu enquanto brincava com seus amigos.
"Conta Comigo" é um daqueles filmes que retratam de maneira emocionante a jornada que há em amadurecer e a beleza que há nas amizades quando se tem 12 anos.
O filme é uma adaptação do conto de Stephen King, "O Corpo", sendo considerado pela crítica uma das melhores adaptações de sua obra (o próprio King já disse, certa vez, que o filme é "quase perfeito", além de a produção ter "capturado a essência de sua história original").
A narrativa é envolvente e emocionalmente carregada, tocando o espectador de diferentes maneiras. É difícil não se envolver com ela e deixar de ser cativado pelas personagens.
O elenco é excelente, especialmente River Phoenix em sua atuação marcante como Chris Chambers. É inevitável pensar durante todo o filme no quão triste foi sua partida precoce.
O roteiro é habilmente escrito e faz um ótimo trabalho em abordar questões como amizade, família, perda e crescimento. Outro ponto positivo do longa é o equilíbrio entre os momentos de comédia e drama. Tudo bem dosado e distribuído.
A cinematografia é deslumbrante e captura perfeitamente a atmosfera nostálgica dos anos 50 em que o filme é ambientado. A trilha sonora também é marcante e acrescenta outra bela camada ao filme.
"Conta Comigo" é uma obra-prima do Cinema. Um clássico atemporal. É uma história emocionante e bem contada que ressoa em pessoas de todas as idades.
Se você ainda não assistiu, definitivamente, deveria conferir.
Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento
3.8 585 Assista AgoraErin Brockovich (2000)
Erin (Julia Roberts) é uma mãe de 3 filhos, divorciada e que precisa pagar suas contas. Ao trabalhar para um escritório de advocacia, ela encontra registros médicos que descrevem doenças em uma cidade próxima.
A partir daí, Erin começa a investigar e logo expõe um escândalo de intoxicação da água na região que renderá uma indenização milionária para toda a comunidade afetada.
Eu demorei muito para ver esse filme. Acho que a sinopse me causava imensa preguiça e aí eu fui postergando até que resolvi dar uma chance. Não me arrependi.
Trata-se de mais um filme de superação sobre uma pessoa ordinariamente comum. Ou seja, não é algo que Hollywood possa chamar de original. Ainda assim, é um bom filme (apesar do chatíssimo bla bla bla sobre resiliência e aquele papo furado sobre "american dream" ser a válvula motora do roteiro, envernizado por uma crítica à estrutura que não chega).
Julia Roberts incorporou e defendeu sua personagem-título com carisma, charme e inteligência (características muito particulares dela). Não à toa, recebeu um Oscar por causa disso (mas não só por isso, nós sabemos). Definitivamente, um dos melhores momentos de sua carreira. Afirmo sem medo de errar.
Não é aquele filme que vai mudar a sua vida, mas, como diz nossa musa Boscov, "durante aquela meia hora cria ali pra você um lugar tão aconchegante, tão reconfortante, tão capaz de reconstruir a sua fé na humanidade (...) que não tem preço".
Hereditário
3.8 3,0K Assista AgoraHereditary (2018)
Quando Ellen (Kathleen Chalfant), a matriarca da família Graham, morre, a família de sua filha (Toni Collett) começa a desvendar segredos enigmáticos e cada vez mais aterrorizantes sobre seus ancestrais.
"Hereditário" é um daqueles filmes que fica na sua cabeça por horas, quiçá dias depois que você termina de assistir. Ao final do filme, eu só pensava na minha pobre cabecinha desgraçada. Revisitá-lo continuou sendo uma experiência estupenda, embora eu tenha gostado mais na primeira vez que vi (dei nota máxima na época).
A proposta de Aster aqui foi, no mínimo, ousada e se revelou muito eficiente. O jovem diretor, ainda em seu início de carreira, soube entregar um exímio trabalho do que é fazer terror de verdade. O verdadeiro terror. Sem jump scares baratos e bizarrices gore sensacionalistas. Um verdadeiro suspiro para este gênero, há tanto tempo mal tratado e desgastado pelas grandes produtoras.
Temos um trabalho minucioso de Richard T. Olson com sua direção de arte somado à inquietante fotografia de Pawel Pogorzelski. A habilidosa direção de Aster, mais uma vez é importante destacar, demonstra um cuidado impressionante nas cenas.
Cada movimento de câmera e enquadramento não está ali à toa. Pelo contrário, o filme está repleto de simbologias que podem passar despercebidas por olhares mais distraídos. É necessária completa atenção do espectador em cada frame. Se piscar, pode perder uma informação importante para a compreensão do todo.
O elenco está ótimo, mas a interpretação de Toni Collette é de gabarito maior. Sua encarnação (desculpe o trocadilho infame) de uma mãe abalada pelos acontecimentos em sua volta é de arrepiar a espinha dorsal. Aqui, Collette é como uma Ferrari: vai do sublime à completa histeria em menos de 2 segundos. Não está menos que esplêndida. Destaque também para o jovem ator Alex Wolff, que também entrega um ótimo trabalho.
Contudo, definitivamente, "Hereditário" não é um filme para todos. Aliás, não é terror para todos. Assim como tudo na vida, divide opiniões. A mim agradou bastante pelo simples fato de não recorrer a lugares-comuns e efeitos dramáticos clichês. O resto é apenas a cereja do bolo.