Alienação e relacionamentos vistos como jogos de soma zero, desejos reprimidos que se tornam estruturas de humilhação e opressão, e a perpetuação de valores como a repetição de uma tragédia.
Uma malícia diabólica permeia todo o filme, é uma presença profana que circunda o extracampo e nunca é capturada pela imagem. Talvez ela seja a sombra do cão latindo que se projeta nas colinas em torno do rancho, ou talvez seja o que de tortuoso cresce no âmago de seus moradores. Todos os personagens parecem estar presos a algo que lhes aflige individualmente, um passado que nunca se ramifica plenamente no presente devido ao seu caráter escuso.
Esse aspecto profano que paira sobre o rancho parece passar despercebido por todos, menos pelo protagonista Phil (Benedict Cumberbatch, incrível no papel) e em seu jovem algoz (Kodi Smit McPhee). Dentre todos os integrantes do rancho, somente ambos conseguem enxergar nas colinas algo além daquilo que se apresenta de forma concreta, como se fossem os únicos capazes de enxergar o mal que os circunda. Quando vemos o jovem cruzar as montanhas, numa espécie de aceitação e incorporação desse mal, ele logo se depara com o elemento da morte e da doença em seu caminho. Ele interage com esses elementos apenas para trazê-los de volta consigo. Em contrapartida, Phil parece ser um personagem que incorporou esse mal em sua persona controladora e colérica. Sua aparência suja e corroída parece refletir seu interior e suas intenções muito mais do a sua suposta aversão aos hábitos de higiene. O personagem toma banhos escondidos e continua sujo, algo que parece indicar que a sua sujeira está encrustada fundo em sua alma.
Há também um elemento homossexual na personalidade de ambos, elemento esse que os repele em um primeiro momento, mas que acaba fazendo-os convergir quando descobrem que possuem visões de mundo bastante similares. Porém, não há espaço para a bondade em Phil, e justamente quando ele tenta agir como um mentor para o jovem e lhe presentear com uma corda feita à mão (um símbolo de aceitação), a tragédia se abate sobre ele. Chega a ser interessante também como os signos em torno da corda são re-trabalhados ao longo do filme. Num primeiro momento, ela nada mais é do que um instrumento de trabalho. Pouco depois, ela passa a ser algo mais, torna-se um elemento de pertencimento até que uma revelação faz com que ela se transforme em um instrumento traumático. Tudo isso até que a corda se transforma em um catártico elemento de libertação, algo que na prática prende e aproxima, mas que aqui liberta aqueles que temem o animal aprisionado. E, ressignificando a maldade como um meio para um fim, encerra com as seguintes palavras: “Livrai a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida”.
William Tell é um morto-vivo, alguém incapaz de seguir vivendo com o peso de suas ações passadas como torturador do exército norte-americano. Ele se refugia nos cenários labirínticos dos cassinos estadunidenses, ambientes estes repletos de uma mesmice estática na qual ele almeja esquecer seus pecados passados e desaparecer. Tell não gosta do jogo das celebridades, ele gosta do jogo dos anônimos.
Se afirmamos que o ofício transforma o homem, temos também que nos questionar como o ofício da tortura transforma aqueles que assumem o papel de torturadores. E nesse aspecto, William Tell se considera além de qualquer redenção. Ele não somente vislumbrou toda a maldade de que os homens são capazes, ele tomou parte dela e gostou. Como Raskólnikov, em Crime e Castigo, o nosso protagonista aqui descobre que é impossível permanecer o mesmo após cometer o crime. É nesse momento, no ato da punição, que William Tillich se torna William Tell, um novo homem que herda os pecados do seu velho eu. E se a redenção não é uma opção, e se somos incapazes de perdoar a nós mesmos, então é questão de tempo até que voltemos a recorrer a velhos hábitos e comportamentos. É como diz Tell em determinado momento: “O corpo se lembra, ele guarda tudo”, e toda essa violência, quando não expiada, brevemente irá encontrar um novo alvo justificado.
Acabou que o plot da série é quase igual a letra da música Mr Roboto que abre o episódio 4x12. É um final tão acachapante que certamente marcará a forma de se fazer televisão.
É impossível não sair transformado de Ad Astra. Se Bresson tivesse filmado uma ficção espacial, certamente seria algo próximo do que James Gray realizou aqui. Brad Pitt está incrível.
1° episódio - Divertido, mas a dinâmica do episódio logo se torna repetitiva. 2° episódio - Curto, sucinto, divertido e impactante. O melhor episódio até então. 3° episódio - Uma boa ideia, que deixa a impressão de não ter sido tão bem desenvolvida quanto poderia. A crítica social perde sua força por falta de sutileza. 4° episódio - Apesar de a trama ser bastante clichê, a sua construção, ritmo e atuações são o ponto alto. 5° episódio - Uma crítica infantil e previsível a atual situação política norte-americana. Apesar de a ideia ser atraente, o roteiro não a explora bem e tudo parece atrapalhado e corrido. A ironia do final talvez seja a melhor coisa deste episódio. 6° episódio: Muito bem feito, porém a trama não empolga e não cativa o espectador. 7° episódio: Terrível do começo ao fim. Facilmente, o pior dessa temporada.
O velho pistoleiro se entrega à morte para que o casal de jovens possa viver e representar a mudança dos tempos e a chegada de um novo mundo. Emblemático
"Não pedimos este salão ou esta música. Fomos convidados a entrar. Portanto, porque a escuridão nos rodeia, voltamos nossos olhos para a luz. Suportamos os momentos de dificuldade para agradecermos os de abundância. Foi nos dada a dor para nos surpreendermos com a alegria. Foi nos dada a vida para não aceitarmos a morte. Não pedimos este salão ou esta música. Mas já que estamos aqui, vamos dançar."
Apesar de ter grandes reviravoltas e um Kevin Spacey cada vez melhor, essa temporada tem um ritmo bastante complicado. Dá pra dizer que a temporada se divide nos 7 primeiros episódios fazendo o encerramento da terceira e os 6 restantes começando a 4 temporada de fato. E o final do episódio 13 é um baita soco na boca.
A série é ótima, as interações dos personagens (todos extremamente cativantes e originais) são muito bem construídas e não se entrega ao clichê em nenhum momento. Um ponto forte é a possibilidade de ser explicito ao dizer e mostrar o que a série quer, essa liberdade trás um frescor à série. O único episódio que me incomodou foi o da festa da música (8 ou 9), que achei irritante e chato, em algumas partes. Torcendo pra que role uma segunda temporada.
Dexter: Sangue Novo
3.7 396Que final patético.
Mayor of Kingstown (1ª Temporada)
4.2 23 Assista AgoraEssa série é tão discreta e, ao mesmo tempo, tão soberba. Jeremy Renner está dando aula e o roteiro do Sheridan é de sutileza ímpar.
Ataque dos Cães
3.7 933Alienação e relacionamentos vistos como jogos de soma zero, desejos reprimidos que se tornam estruturas de humilhação e opressão, e a perpetuação de valores como a repetição de uma tragédia.
Uma malícia diabólica permeia todo o filme, é uma presença profana que circunda o extracampo e nunca é capturada pela imagem. Talvez ela seja a sombra do cão latindo que se projeta nas colinas em torno do rancho, ou talvez seja o que de tortuoso cresce no âmago de seus moradores. Todos os personagens parecem estar presos a algo que lhes aflige individualmente, um passado que nunca se ramifica plenamente no presente devido ao seu caráter escuso.
Esse aspecto profano que paira sobre o rancho parece passar despercebido por todos, menos pelo protagonista Phil (Benedict Cumberbatch, incrível no papel) e em seu jovem algoz (Kodi Smit McPhee). Dentre todos os integrantes do rancho, somente ambos conseguem enxergar nas colinas algo além daquilo que se apresenta de forma concreta, como se fossem os únicos capazes de enxergar o mal que os circunda. Quando vemos o jovem cruzar as montanhas, numa espécie de aceitação e incorporação desse mal, ele logo se depara com o elemento da morte e da doença em seu caminho. Ele interage com esses elementos apenas para trazê-los de volta consigo. Em contrapartida, Phil parece ser um personagem que incorporou esse mal em sua persona controladora e colérica. Sua aparência suja e corroída parece refletir seu interior e suas intenções muito mais do a sua suposta aversão aos hábitos de higiene. O personagem toma banhos escondidos e continua sujo, algo que parece indicar que a sua sujeira está encrustada fundo em sua alma.
Há também um elemento homossexual na personalidade de ambos, elemento esse que os repele em um primeiro momento, mas que acaba fazendo-os convergir quando descobrem que possuem visões de mundo bastante similares. Porém, não há espaço para a bondade em Phil, e justamente quando ele tenta agir como um mentor para o jovem e lhe presentear com uma corda feita à mão (um símbolo de aceitação), a tragédia se abate sobre ele. Chega a ser interessante também como os signos em torno da corda são re-trabalhados ao longo do filme. Num primeiro momento, ela nada mais é do que um instrumento de trabalho. Pouco depois, ela passa a ser algo mais, torna-se um elemento de pertencimento até que uma revelação faz com que ela se transforme em um instrumento traumático. Tudo isso até que a corda se transforma em um catártico elemento de libertação, algo que na prática prende e aproxima, mas que aqui liberta aqueles que temem o animal aprisionado. E, ressignificando a maldade como um meio para um fim, encerra com as seguintes palavras: “Livrai a minha alma da espada, e, das presas do cão, a minha vida”.
O Contador de Cartas
3.1 83 Assista Agora“Real life is going on. World Series of Torture”.
William Tell é um morto-vivo, alguém incapaz de seguir vivendo com o peso de suas ações passadas como torturador do exército norte-americano. Ele se refugia nos cenários labirínticos dos cassinos estadunidenses, ambientes estes repletos de uma mesmice estática na qual ele almeja esquecer seus pecados passados e desaparecer. Tell não gosta do jogo das celebridades, ele gosta do jogo dos anônimos.
Se afirmamos que o ofício transforma o homem, temos também que nos questionar como o ofício da tortura transforma aqueles que assumem o papel de torturadores. E nesse aspecto, William Tell se considera além de qualquer redenção. Ele não somente vislumbrou toda a maldade de que os homens são capazes, ele tomou parte dela e gostou. Como Raskólnikov, em Crime e Castigo, o nosso protagonista aqui descobre que é impossível permanecer o mesmo após cometer o crime. É nesse momento, no ato da punição, que William Tillich se torna William Tell, um novo homem que herda os pecados do seu velho eu. E se a redenção não é uma opção, e se somos incapazes de perdoar a nós mesmos, então é questão de tempo até que voltemos a recorrer a velhos hábitos e comportamentos. É como diz Tell em determinado momento: “O corpo se lembra, ele guarda tudo”, e toda essa violência, quando não expiada, brevemente irá encontrar um novo alvo justificado.
Mr. Robot (4ª Temporada)
4.6 369Acabou que o plot da série é quase igual a letra da música Mr Roboto que abre o episódio 4x12. É um final tão acachapante que certamente marcará a forma de se fazer televisão.
Ad Astra: Rumo às Estrelas
3.3 852 Assista AgoraÉ impossível não sair transformado de Ad Astra. Se Bresson tivesse filmado uma ficção espacial, certamente seria algo próximo do que James Gray realizou aqui. Brad Pitt está incrível.
The Twilight Zone (1ª Temporada)
3.5 174 Assista Agora1° episódio - Divertido, mas a dinâmica do episódio logo se torna repetitiva.
2° episódio - Curto, sucinto, divertido e impactante. O melhor episódio até então.
3° episódio - Uma boa ideia, que deixa a impressão de não ter sido tão bem desenvolvida quanto poderia. A crítica social perde sua força por falta de sutileza.
4° episódio - Apesar de a trama ser bastante clichê, a sua construção, ritmo e atuações são o ponto alto.
5° episódio - Uma crítica infantil e previsível a atual situação política norte-americana. Apesar de a ideia ser atraente, o roteiro não a explora bem e tudo parece atrapalhado e corrido. A ironia do final talvez seja a melhor coisa deste episódio.
6° episódio: Muito bem feito, porém a trama não empolga e não cativa o espectador.
7° episódio: Terrível do começo ao fim. Facilmente, o pior dessa temporada.
Star Wars, Episódio VIII: Os Últimos Jedi
4.1 1,6K Assista AgoraPessoal se impressiona muito fácil.
Pistoleiros do Entardecer
3.9 29 Assista AgoraQue final, minha gente!
O velho pistoleiro se entrega à morte para que o casal de jovens possa viver e representar a mudança dos tempos e a chegada de um novo mundo. Emblemático
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraA única coisa que não fecha no filme é
o fato de o filho do John e da Jane ser a/o própria/o Jane/John
Ash vs Evil Dead (2ª Temporada)
4.2 188 Assista AgoraEpisódio 08
é o mais corajoso da série
Rip Pablo :'(
Apenas Deus Perdoa
3.0 632 Assista AgoraA nota desse filme tá muito baixa.
Mr. Robot (1ª Temporada)
4.5 1,0KSe você tem dúvidas se deve ou não assistir Mr. Robot, NÃO TENHA. SE JOGA QUE É MUITO FODA!
22.11.63
4.2 273 Assista Agora"Não pedimos este salão ou esta música.
Fomos convidados a entrar.
Portanto, porque a escuridão nos rodeia, voltamos nossos olhos para a luz.
Suportamos os momentos de dificuldade para agradecermos os de abundância.
Foi nos dada a dor para nos surpreendermos com a alegria.
Foi nos dada a vida para não aceitarmos a morte.
Não pedimos este salão ou esta música.
Mas já que estamos aqui,
vamos dançar."
BoJack Horseman (3ª Temporada)
4.6 267 Assista AgoraO episódio embaixo d'água por si só já é uma obra-prima
Armadilha Mortal
3.8 40O filme é incrível, até aquele final ridículo!
Os Olhos de Júlia
3.7 825 Assista AgoraUm Giallo espanhol. Muito interessante e bastante marcante.
House of Cards
4.2 22Tá no netflix
Demolidor (2ª Temporada)
4.3 965 Assista AgoraEssa merda é PERFEITA. A unica coisa que eu não gostei foi que acabou, mas aguardamos a terceira temporada e a estréia de PUNISHER.
Uma História Real
4.2 298Uma noção de mortalidade muito palpável pouquíssimas vezes vista no cinema. Obra-prima incontestável.
House of Cards (4ª Temporada)
4.5 407 Assista AgoraApesar de ter grandes reviravoltas e um Kevin Spacey cada vez melhor, essa temporada tem um ritmo bastante complicado. Dá pra dizer que a temporada se divide nos 7 primeiros episódios fazendo o encerramento da terceira e os 6 restantes começando a 4 temporada de fato. E o final do episódio 13 é um baita soco na boca.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 622 Assista AgoraOuvi boatos que o Robert Knepper vai ser a nova face do BOB. Estou extremamente curioso pra saber como o Lynch vai dar continuidade à série.
Love (1ª Temporada)
3.7 368 Assista AgoraA série é ótima, as interações dos personagens (todos extremamente cativantes e originais) são muito bem construídas e não se entrega ao clichê em nenhum momento. Um ponto forte é a possibilidade de ser explicito ao dizer e mostrar o que a série quer, essa liberdade trás um frescor à série. O único episódio que me incomodou foi o da festa da música (8 ou 9), que achei irritante e chato, em algumas partes. Torcendo pra que role uma segunda temporada.
A Espinha do Diabo
3.8 350 Assista AgoraUm filme de terror triste.