Não dá para ignorar a grandeza visual do filme. Cenas, figurino, cenários, e efeitos especiais audaciosos. Várias tomadas que costuram a história são pura arte. O universo retratado é riquíssimo, com suas diferentes culturas, línguas, e tecnologias.
Porém, qual é a motivação do herói? Depende do momento do filme. Talvez nem ele saiba.
É a jornada de um povo oprimido pelo imperialismo rumo a sua liberdade. Mas o filme não retrata a opressão desse povo.
É sobre um herói com laços familiares complexos. Mas o filme não retrata essas relações.
O alienígena mais bizarro da história, que aparece logo no começo, ninguém sabe bem o que quer. E ninguém sabe que fim leva.
O vilão sobre o qual mais se cria expectativa, interpretado por Sting, é totalmente irrelevante na história. E, para ficar mais absurdo, o cantor consegue ter um desempenho melhor do que vários atores.
Tudo começa com a narração da cabeça flutuante de uma princesa. Ela vai se apaixonar pelo herói? Vai trair seu povo e se unir à rebelião? Vai ser instrumental em alguma reviravolta? Não. Ela não faz mais nada além de emprestar sua beleza à cena de abertura de maneira injustificada.
Muitos filmes do gênero e da mesma década envelheceram bem e agradam ainda hoje. Então não dá para culpar a época pelo show de teatralidade e momentos embaraçosos em Duna.
O longa tem tudo para imortalizar bordões e gestos icônicos, como Star Wars e Star Trek, mas só consegue fazer um sem-fim de más escolhas que poderiam aparecer num filme da Xuxa.
Sempre esperei que Duna tivesse certa profundidade, como Blade Runner. Mas parece uma mistura de Goonies com A História sem Fim.
Primeiro, os defeitos. Dispenso todos os cachorros e a cauda de vestido de CGI. E todo mundo esqueceu como filma à noite? Só existe noite digital agora? Não custava nada colocar a Emma numa piscina por cinco minutos em vez daquela tomada sofrível de água digital também…
Tirando isso, o filme é tudo que precisa ser. Emma Stone e Emma Thompson impecáveis como sempre. O maior acerto é o close-up da Cruella em seu monólogo, coisa que a Emma Stone mostrou que domina como poucos com Birdman e La La Land. Só ela sustenta cenas assim com esse peso todo.
A direção é tão ruim, que dei pausa para checar na sinopse se era uma comédia.
As atuações são ultra teatrais, o que só piora com tomadas que evidenciam a irrealidade da cena enquanto a câmera gira “estrategicamente” para captar as reações num timing cômico.
Não é fácil se identificar com nenhum dos personagens. Tom Hulce faz o único por quem a gente quase simpatiza. Helena Bonham Carter é excelente, mas é muito difícil torcer pelo romance sem química e mal explicado da sua personagem.
Acaba que um monstro monossilábico é o personagem mais carismático do filme, ao lado do homem cego que tem praticamente uma cena no longa.
Com diálogos tão inverossímeis quanto a escalada do protagonista no gelo, algumas falas dão a impressão de uma sátira. O mesmo serve para certas tomadas, que têm um tom ultrapassado para um filme da década de 1990, bem como algumas falhas de edição de som e escolhas de trilha sonora.
Só para reforçar: a tomada aérea do protagonista escalando o gelo poderia perfeitamente ser parte de um filme do Ace Ventura.
Só dei três estrelas porque os últimos trinta minutos do filme cumprem seu papel, apresentando uma reviravolta horripilante. Não fosse isso, acho que daria uma estrela exclusiva para o De Niro, que consegue cativar apesar do roteiro, e o verdadeiro horror estaria reservado a aturar tudo o que vem antes do último ato.
O filme usa a história improvável de uma família para fazer pensar sobre os problemas de criação que toda família enfrenta.
É sobre como todos somos, de certo modo, cobaias dos nossos pais, que nos criam com expectativas de que sejamos meio gênios ou alcancemos o máximo do nosso potencial naquilo que idealizaram para nós.
É sobre como todos os filhos, percebendo que tiveram sua individualidade comprometida pelo empenho dos pais em torná-los algo predeterminado, se frustram, se traumatizam e se rebelam.
É sobre como, por pior que tenha sido a desilusão entre os pais e os filhos, uma reconciliação pode acontecer quando nos damos conta de que nossos pais só tentaram acertar. E, no fim, temos ótimas lembranças do seu amor e cuidado em meio às suas falhas e loucuras.
No conforto que a riqueza oferece, Jean vive em constante e extremo desconforto psicológico. Apesar de privilegiado, ele não está feliz em nenhum momento enquanto mora na casa grande. Só aparece contente naquela época quando está do lado da Rita, com sua namorada ou com Severino. Todos pessoas que não partilham do mesmo privilégio social que ele.
No final, Jean aparece realmente confortável na própria pele; confiante e tranquilo pela primeira vez em toda a história, no silêncio e na calmaria da periferia.
Isso acontece logo após o trote que leva seus pais a considerar sua morte.
Metaforicamente, Jean, garoto aflito da classe média, morreu. Começou uma nova vida longe da família rica e acolhido pela família pobre, que é feita de pessoas com as quais ele possui os laços de afeto que faltavam na frieza e rigidez de sua família de sangue.
A média é 3.5?! Vocês são malucos. Esse é o filme mais gostoso de ver da DCEU. O mago velho é a única coisa ruim nele. O resto é perfeito. Do casting ao roteiro.
Tenho certeza que o filme deve ter sido eletrizante para a garotada de 1984, por causa dos efeitos especiais. Mas não por causa do roteiro.
A coisa demora para desenrolar. Informações essenciais para a trama, que poderiam aparecer nos primeiros 15 minutos de filme, só chegam depois dos 30 e poucos.
Não. É. Engraçado. O humor do filme está reservado quase inteiramente a poucas frases isoladas, e só uma realmente tira risada. O timing, parece que ficou datado, mas existem filmes da mesma época que continuam engraçados, então é difícil não culpar o roteiro.
Ele parece escrito em torno dos efeitos visuais, porque muita coisa não se justifica. Uma cratera abre, e toda a equipe dos caçadores cai nela. Ninguém morre, ninguém se fere, eles não fazem nenhuma descoberta e não sai nada lá de dentro.
O quase romance entre os personagens do Bill Murray e da Sigourney Weaver é inexplicável e até antilógico. Não rola um clima entre eles, os dois não têm química, e ela apresenta todos os motivos para não gostar dele. Depois de acordar de uma possessão sem lembranças do que viveu, cai no beijo com o cara que ela nem sabe que a salvou. Basicamente, só porque o mocinho tem que beijar uma mulher bonita no final.
E o icônico boneco de marshmallow? Ele é o momento mais esperado. Aparece, dá cinco passos, e explode. Não deixaram ele sequer esmagar um carro, quebrar umas janelas. Nada.
Pode parecer que o problema é assistir ao filme nos dias atuais. Mas De volta para o Futuro veio um ano depois e continua divertido, cativante e adorável. Então, se quiser uma comédia clássica dos anos 80, esqueça Os Caça-fantasmas e chame o Doc.
O que a gente se pergunta o tempo todo é por que Sofia se submete a uma relação tão turbulenta com Nathan. Ela é tão boa, inocente, bela, e sofreu tanto. Por que não se permite uma chance de felicidade, seja com o Stingo ou de outra maneira?
Bastante gente reclama que a cena em que a Sofia escolhe entre um dos filhos é curta e não gera o efeito esperado de um clímax. Na minha opinião, é porque o clímax é sua morte com Nathan. Ele foi a escolha de Sofia.
Não é difícil entender como Sofia cedeu à pressão de um oficial e escolheu entre um de seus filhos num momento de desespero. O difícil é entender sua escolha por Nathan. E por isso a revelação sobre as crianças, que muita gente reclama de demorar para aparecer, fica para o final. É quando finalmente entendemos por que Sofia não se permite ser feliz. Por que ela escolhe viver para Nathan, apesar de tudo. E é porque nunca se perdoou por escolher entre um de seus filhos.
Como católica, Sofia acredita que uma vida no Paraíso é para os santos, os que viveram uma vida boa, como ela diz. Mas agora, que ela acredita que Cristo virou as costas para ela, sua decisão é de viver sob penitência. Sim, ela ama Nathan e é grata por salvar sua vida. Mas também permite que sua culpa dê a ele o poder de fazê-la sofrer até a morte.
Uma história sem príncipes nem princesas, sem castelos nem chazinhos. Uma história sobre paternidade e irmandade que não precisa fazer uso de machismo para abraçar a molecada dos anos 80 com um protagonista desajeitado e seu irmão marmanjo que curte rock e jogos de RPG, e pilota um furgão com pintura maneiríssima. As mulheres não deixam de ser essenciais em posições heróicas, mas esta é a primeira animação Disney Pixar em muito tempo onde a magia é menos sobre glíter e mais sobre dragões. Fantástico!
É legal entender que nem todo filme quer ser importante e profundo. Alguns só querem ser divertidos. Quem fala que esse filme é ruim não entendeu a proposta. Ele não tenta ser Sniper Americano ou coisa do tipo. É pra entreter. Ele pega todo o absurdo típico de ação (cenas de perseguição, tiroteio, frases de efeito e sangue) e brinca consigo próprio e com seu gênero, trazendo tomadas super originais e audaciosas e é divertido do começo ao fim.
PARA TODO MUNDO QUE NÃO ENTENDEU NADA * * O Miyazaki tem um estilo próprio. Ele não segue a fórmula americana de contar histórias, que sempre explica tudo para o público. Você pode perceber isso em qualquer filme dele que tem um toque de magia. Ela simplesmente está lá. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. De certo modo, pode ser justamente o que a torna mais crível.
Neste filme específico aqui, ele trabalha com algumas lendas do folclore japonês. É por isso que não contextualiza muita coisa. O público dele sabe quem é, por exemplo, o Sem-rosto. O Monteiro Lobato não precisa explicar para brasileiro quem é o Saci. O cara simplesmente aparece pulando como o Sem-rosto aparece flutuando para os japoneses e ninguém pergunta nada.
Por fim, todo o filme é simbólico, e as interações da Chihiro com esses seres bizarros não focam os personagens ou a história, mas a moral por trás dessas interações. Como alguém mencionou antes de mim, vale a pena ler o artigo fodástico das Valquírias sobre isso, que eu googuei por causa dessa recomendação que citei e que vai deixar todo mundo com vontade de rever o filme com novos olhos.
Eu não entendo como podem dizer que esse filme é fraco. Para início de conversa, ele é uma obra cinematográfica sem paralelos em vários sentidos.
Por exemplo, por abordar um grande caso real. Por abordar um caso real de um império real. E por abordar um caso real de um império real com um puta elenco.
Pode não ser o filme mais épico do mundo sobre o tema, mas cumpre seu papel. Há meros dez anos, não se encontraria a coragem necessária para reunir tantas pessoas de alto calibre para a realização de uma obra assim.
Na minha opinião, esse é o tipo de filme que deveríamos incentivar todo mundo a assistir. Embora seja sobre um caso tão reconhecido, quanta gente ouviu falar disso no Brasil? Pode ser que alguns de nós estejamos muito à frente do que o filme comporta em relação a uma abordagem de sua temática. Mas não é o caso do grande público. Seria melhor para todo mundo num país como o nosso ser encorajado a ver esse filme em vez de Aves de Rapina, por exemplo, que vai bombar enquanto esse não será visto e enquanto a gente o critica.
Além disso, vamo, mesmo, incentivar mulheres na direção de grandes obras, mas também vamos para de caçar pelo em ovo? Ninguém reclama de A Cor Púrpura e de Django Livre terem sido dirigidos por caras brancos. Pelo contrário, não é importante que os diretores negros não sejam os únicos a fazer arte sobre a temática do racismo e da escravidão? Não é bom que os brancos também se manifestem? Da mesma maneira, qual o problema de um cara dirigir o filme em questão aqui?
Obra-prima? Talvez não. Muito importante para o cenário em que a gente vive? Com certeza.
Um filme de visual lindo e trilha sonora linda. Ele pega a gente desprevenido com momentos de ternura, tensão e magia que se elevam sobre o clima melancólico geral.
Intencionalmente, os rostos dos personagens não revelam muitas expressões por uma escolha de estilo, de maneira que, se você ficar atento, vai perceber que os sentimentos dos personagens se expressam em suas mãos.
O destino fez uma criança que se tornou obcecada pela ideia de capturar uma mosca ter sua vida radicalmente transformada quando ele finalmente consegue fazer isso. Uma magia entra em ação nesse momento e sua mão se torna capaz de sobreviver por conta própria mesmo ao perder-se de seu corpo.
A jornada da mão em busca de seu corpo é também a jornada da mente de Naoufel, em busca de pertencer, sempre olhando em retrospecto para o que tinha quando sua família era viva.
Mas Naoufel perde a mão quando perde o amor. Os dois acontecimentos marcantes colidem para desfazê-lo de uma vez por todas e libertá-lo das últimas amarras que o prendiam. Assim, ele decide ousar sua grande manobra para driblar o destino.
Quando a mão, prestes a se reunir a Naoufel, percebe que seu dono está eufórico pela primeira vez em anos, após gravar seu salto por cima da gravação do momento da morte de sua família, entende que as recentes perdas de Naoufel foram essenciais para um tipo de renascimento. Ele deixou o passado para trás ao possivelmente sentir que não tinha mais nada a perder. A mão desiste da reunião, provavelmente pensando: “Naoufel, em suas perdas, finalmente se encontrou. Está melhor sem mim”.
Ultimamente todo mundo critica como se todo filme quisesse ser artístico ou importante. Esse filme não é uma crítica social nem contra a indústria cinematográfica. É uma comédia romântica, gente. É pra ser bonitinho, água com açúcar e tudo mais. É a personagem que odeia esse gênero de filme, não o diretor ou o roteirista. Sempre vai haver espaço pra filmes pipoca — a simples distração leve sem grandes mensagens — porque nem todo mundo quer ver conteúdo sério o tempo todo. Nem a gente, né?
Bastante gente achou o filme apenas fofo ou um passatempo que não acrescenta muito. Mas eu acho que o filme, apesar de não ter a pretensão de ser sofisticado, é bem mais do que isso. Alex não é o típico garoto saindo do armário. Ele é um garoto que não se deu conta de que é gay porque repirimiu sua sexualidade e nem se lembra de tê-lo feito. A cena da piscina, quando Alex, bêbado, mergulha, mostra quando ele se lembra do exato momento em que, ainda criança, passou a noite em claro escondendo de si mesmo a sua orientação, depois de passar por um trauma. Adolescente, Alex não se lembrava nem do trauma nem dos seus desdobramentos. E essa história não é sempre contada. Sair do armário é uma história recorrente, mas não perceber a existência do armário é uma história nova no cinema até onde me lembro. E aqui ela foi apresentada de uma maneira eficaz sem aparentar muito esforço, o que mostra a sensibilidade dos criadores para o fato de que assuntos complexos podem ser bem recebidos se tratados com naturalidade. Eles não criaram um filme hiperdramático, o que torna a história acessível para um público mais amplo, que precisa ouvi-la. É verdade que pode ficar a impressão de que alguns esteriótipos foram reforçados. Mas o filme não se intimida diante dessa possibilidade exatamente porque, na vida real, é comum se apoiar na negação do esteriótipo para fugir da realidade.
Duna
2.9 412 Assista AgoraVou falar dos pontos positivos e negativos.
Não dá para ignorar a grandeza visual do filme. Cenas, figurino, cenários, e efeitos especiais audaciosos. Várias tomadas que costuram a história são pura arte. O universo retratado é riquíssimo, com suas diferentes culturas, línguas, e tecnologias.
Porém, qual é a motivação do herói? Depende do momento do filme. Talvez nem ele saiba.
É a jornada de um povo oprimido pelo imperialismo rumo a sua liberdade. Mas o filme não retrata a opressão desse povo.
É sobre um herói com laços familiares complexos. Mas o filme não retrata essas relações.
O alienígena mais bizarro da história, que aparece logo no começo, ninguém sabe bem o que quer. E ninguém sabe que fim leva.
O vilão sobre o qual mais se cria expectativa, interpretado por Sting, é totalmente irrelevante na história. E, para ficar mais absurdo, o cantor consegue ter um desempenho melhor do que vários atores.
Tudo começa com a narração da cabeça flutuante de uma princesa. Ela vai se apaixonar pelo herói? Vai trair seu povo e se unir à rebelião? Vai ser instrumental em alguma reviravolta? Não. Ela não faz mais nada além de emprestar sua beleza à cena de abertura de maneira injustificada.
Muitos filmes do gênero e da mesma década envelheceram bem e agradam ainda hoje. Então não dá para culpar a época pelo show de teatralidade e momentos embaraçosos em Duna.
O longa tem tudo para imortalizar bordões e gestos icônicos, como Star Wars e Star Trek, mas só consegue fazer um sem-fim de más escolhas que poderiam aparecer num filme da Xuxa.
Sempre esperei que Duna tivesse certa profundidade, como Blade Runner. Mas parece uma mistura de Goonies com A História sem Fim.
Quanto Mais Quente Melhor
4.3 853 Assista AgoraAbaixo As Branquelas, viva Quanto mais Quente Melhor
Cruella
4.0 1,4K Assista AgoraPrimeiro, os defeitos.
Dispenso todos os cachorros e a cauda de vestido de CGI. E todo mundo esqueceu como filma à noite? Só existe noite digital agora? Não custava nada colocar a Emma numa piscina por cinco minutos em vez daquela tomada sofrível de água digital também…
Tirando isso, o filme é tudo que precisa ser. Emma Stone e Emma Thompson impecáveis como sempre. O maior acerto é o close-up da Cruella em seu monólogo, coisa que a Emma Stone mostrou que domina como poucos com Birdman e La La Land. Só ela sustenta cenas assim com esse peso todo.
O que precisava ser icônico é exatamente isso.
Dança dos Pássaros
4.4 25 Assista AgoraAssistam em português, mesmo, com o incrível Alexandre Moreno! S2
Frankenstein de Mary Shelley
3.7 257 Assista AgoraA direção é tão ruim, que dei pausa para checar na sinopse se era uma comédia.
As atuações são ultra teatrais, o que só piora com tomadas que evidenciam a irrealidade da cena enquanto a câmera gira “estrategicamente” para captar as reações num timing cômico.
Não é fácil se identificar com nenhum dos personagens. Tom Hulce faz o único por quem a gente quase simpatiza. Helena Bonham Carter é excelente, mas é muito difícil torcer pelo romance sem química e mal explicado da sua personagem.
Acaba que um monstro monossilábico é o personagem mais carismático do filme, ao lado do homem cego que tem praticamente uma cena no longa.
Com diálogos tão inverossímeis quanto a escalada do protagonista no gelo, algumas falas dão a impressão de uma sátira. O mesmo serve para certas tomadas, que têm um tom ultrapassado para um filme da década de 1990, bem como algumas falhas de edição de som e escolhas de trilha sonora.
Só para reforçar: a tomada aérea do protagonista escalando o gelo poderia perfeitamente ser parte de um filme do Ace Ventura.
Só dei três estrelas porque os últimos trinta minutos do filme cumprem seu papel, apresentando uma reviravolta horripilante. Não fosse isso, acho que daria uma estrela exclusiva para o De Niro, que consegue cativar apesar do roteiro, e o verdadeiro horror estaria reservado a aturar tudo o que vem antes do último ato.
Predestinados
3.3 31 Assista AgoraNão é mais um filminho bobo e divertidinho. Tudo na medida. Humor sem exageros, drama sem novela, reflexão profunda sem chatice.
O filme usa a história improvável de uma família para fazer pensar sobre os problemas de criação que toda família enfrenta.
É sobre como todos somos, de certo modo, cobaias dos nossos pais, que nos criam com expectativas de que sejamos meio gênios ou alcancemos o máximo do nosso potencial naquilo que idealizaram para nós.
É sobre como todos os filhos, percebendo que tiveram sua individualidade comprometida pelo empenho dos pais em torná-los algo predeterminado, se frustram, se traumatizam e se rebelam.
É sobre como, por pior que tenha sido a desilusão entre os pais e os filhos, uma reconciliação pode acontecer quando nos damos conta de que nossos pais só tentaram acertar. E, no fim, temos ótimas lembranças do seu amor e cuidado em meio às suas falhas e loucuras.
Amor e Monstros
3.5 663 Assista AgoraEu esperei que fosse bem fraco, mas é super gostoso e descontraído. O convite final coroa esse tempo de quarentena.
As Branquelas
3.7 3,0K Assista AgoraAcho bem curioso esse filme ter uma nota média mais alta que Até que a Sorte nos Separe aqui...
Eu Me Importo
3.3 1,2K Assista AgoraEu esperava bem mais. Especialmente que se explorasse mais a premissa de que não existem boas pessoas.
Casa Grande
3.5 576 Assista AgoraPra todos os que dizem que o filme não tem final, aqui vai:
No conforto que a riqueza oferece, Jean vive em constante e extremo desconforto psicológico. Apesar de privilegiado, ele não está feliz em nenhum momento enquanto mora na casa grande. Só aparece contente naquela época quando está do lado da Rita, com sua namorada ou com Severino. Todos pessoas que não partilham do mesmo privilégio social que ele.
No final, Jean aparece realmente confortável na própria pele; confiante e tranquilo pela primeira vez em toda a história, no silêncio e na calmaria da periferia.
Isso acontece logo após o trote que leva seus pais a considerar sua morte.
Metaforicamente, Jean, garoto aflito da classe média, morreu. Começou uma nova vida longe da família rica e acolhido pela família pobre, que é feita de pessoas com as quais ele possui os laços de afeto que faltavam na frieza e rigidez de sua família de sangue.
Shazam!
3.5 1,2K Assista AgoraA média é 3.5?! Vocês são malucos. Esse é o filme mais gostoso de ver da DCEU. O mago velho é a única coisa ruim nele. O resto é perfeito. Do casting ao roteiro.
Os Caça-Fantasmas
3.7 732 Assista AgoraTodo mundo ouve falar desse filme e, se você adora cinema, deve ter a impressão de que ele é obrigatório. Não perca seu tempo.
Tenho certeza que o filme deve ter sido eletrizante para a garotada de 1984, por causa dos efeitos especiais. Mas não por causa do roteiro.
A coisa demora para desenrolar. Informações essenciais para a trama, que poderiam aparecer nos primeiros 15 minutos de filme, só chegam depois dos 30 e poucos.
Não. É. Engraçado. O humor do filme está reservado quase inteiramente a poucas frases isoladas, e só uma realmente tira risada. O timing, parece que ficou datado, mas existem filmes da mesma época que continuam engraçados, então é difícil não culpar o roteiro.
Ele parece escrito em torno dos efeitos visuais, porque muita coisa não se justifica. Uma cratera abre, e toda a equipe dos caçadores cai nela. Ninguém morre, ninguém se fere, eles não fazem nenhuma descoberta e não sai nada lá de dentro.
O quase romance entre os personagens do Bill Murray e da Sigourney Weaver é inexplicável e até antilógico. Não rola um clima entre eles, os dois não têm química, e ela apresenta todos os motivos para não gostar dele. Depois de acordar de uma possessão sem lembranças do que viveu, cai no beijo com o cara que ela nem sabe que a salvou. Basicamente, só porque o mocinho tem que beijar uma mulher bonita no final.
E o icônico boneco de marshmallow? Ele é o momento mais esperado. Aparece, dá cinco passos, e explode. Não deixaram ele sequer esmagar um carro, quebrar umas janelas. Nada.
Pode parecer que o problema é assistir ao filme nos dias atuais. Mas De volta para o Futuro veio um ano depois e continua divertido, cativante e adorável. Então, se quiser uma comédia clássica dos anos 80, esqueça Os Caça-fantasmas e chame o Doc.
Seth Rogen's Hilarity for Charity
2.5 13 Assista AgoraQueria saber se toda essa galera falando que o show não é engraçado dá risada com material no estilo Os 4 Amigos. Porque aí, tá tudo explicado.
A Escolha de Sofia
4.0 514 Assista AgoraPara mim, a grande questão do filme não tem a ver com a escolha famosa.
O que a gente se pergunta o tempo todo é por que Sofia se submete a uma relação tão turbulenta com Nathan. Ela é tão boa, inocente, bela, e sofreu tanto. Por que não se permite uma chance de felicidade, seja com o Stingo ou de outra maneira?
Bastante gente reclama que a cena em que a Sofia escolhe entre um dos filhos é curta e não gera o efeito esperado de um clímax. Na minha opinião, é porque o clímax é sua morte com Nathan. Ele foi a escolha de Sofia.
Não é difícil entender como Sofia cedeu à pressão de um oficial e escolheu entre um de seus filhos num momento de desespero. O difícil é entender sua escolha por Nathan. E por isso a revelação sobre as crianças, que muita gente reclama de demorar para aparecer, fica para o final. É quando finalmente entendemos por que Sofia não se permite ser feliz. Por que ela escolhe viver para Nathan, apesar de tudo. E é porque nunca se perdoou por escolher entre um de seus filhos.
Como católica, Sofia acredita que uma vida no Paraíso é para os santos, os que viveram uma vida boa, como ela diz. Mas agora, que ela acredita que Cristo virou as costas para ela, sua decisão é de viver sob penitência. Sim, ela ama Nathan e é grata por salvar sua vida. Mas também permite que sua culpa dê a ele o poder de fazê-la sofrer até a morte.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica
3.9 662 Assista AgoraNum mundo dominado por histórias de princesas fofas, este filme é o que faltava para os caras que adoram a Pixar!
Uma história sem príncipes nem princesas, sem castelos nem chazinhos. Uma história sobre paternidade e irmandade que não precisa fazer uso de machismo para abraçar a molecada dos anos 80 com um protagonista desajeitado e seu irmão marmanjo que curte rock e jogos de RPG, e pilota um furgão com pintura maneiríssima. As mulheres não deixam de ser essenciais em posições heróicas, mas esta é a primeira animação Disney Pixar em muito tempo onde a magia é menos sobre glíter e mais sobre dragões. Fantástico!
Esquadrão 6
3.0 431 Assista AgoraÉ legal entender que nem todo filme quer ser importante e profundo. Alguns só querem ser divertidos. Quem fala que esse filme é ruim não entendeu a proposta. Ele não tenta ser Sniper Americano ou coisa do tipo. É pra entreter. Ele pega todo o absurdo típico de ação (cenas de perseguição, tiroteio, frases de efeito e sangue) e brinca consigo próprio e com seu gênero, trazendo tomadas super originais e audaciosas e é divertido do começo ao fim.
A Viagem de Chihiro
4.5 2,3K Assista AgoraPARA TODO MUNDO QUE NÃO ENTENDEU NADA
*
*
O Miyazaki tem um estilo próprio. Ele não segue a fórmula americana de contar histórias, que sempre explica tudo para o público. Você pode perceber isso em qualquer filme dele que tem um toque de magia. Ela simplesmente está lá. Como se fosse a coisa mais natural do mundo. De certo modo, pode ser justamente o que a torna mais crível.
Neste filme específico aqui, ele trabalha com algumas lendas do folclore japonês. É por isso que não contextualiza muita coisa. O público dele sabe quem é, por exemplo, o Sem-rosto. O Monteiro Lobato não precisa explicar para brasileiro quem é o Saci. O cara simplesmente aparece pulando como o Sem-rosto aparece flutuando para os japoneses e ninguém pergunta nada.
Por fim, todo o filme é simbólico, e as interações da Chihiro com esses seres bizarros não focam os personagens ou a história, mas a moral por trás dessas interações. Como alguém mencionou antes de mim, vale a pena ler o artigo fodástico das Valquírias sobre isso, que eu googuei por causa dessa recomendação que citei e que vai deixar todo mundo com vontade de rever o filme com novos olhos.
Magic Mike XXL
3.2 469 Assista AgoraNunca pensei que uma comédia girando em torno de strippers podia ser tão monótona. Faltou roteirista.
O Escândalo
3.6 459 Assista AgoraEu não entendo como podem dizer que esse filme é fraco. Para início de conversa, ele é uma obra cinematográfica sem paralelos em vários sentidos.
Por exemplo, por abordar um grande caso real. Por abordar um caso real de um império real. E por abordar um caso real de um império real com um puta elenco.
Pode não ser o filme mais épico do mundo sobre o tema, mas cumpre seu papel. Há meros dez anos, não se encontraria a coragem necessária para reunir tantas pessoas de alto calibre para a realização de uma obra assim.
Na minha opinião, esse é o tipo de filme que deveríamos incentivar todo mundo a assistir. Embora seja sobre um caso tão reconhecido, quanta gente ouviu falar disso no Brasil? Pode ser que alguns de nós estejamos muito à frente do que o filme comporta em relação a uma abordagem de sua temática. Mas não é o caso do grande público. Seria melhor para todo mundo num país como o nosso ser encorajado a ver esse filme em vez de Aves de Rapina, por exemplo, que vai bombar enquanto esse não será visto e enquanto a gente o critica.
Além disso, vamo, mesmo, incentivar mulheres na direção de grandes obras, mas também vamos para de caçar pelo em ovo? Ninguém reclama de A Cor Púrpura e de Django Livre terem sido dirigidos por caras brancos. Pelo contrário, não é importante que os diretores negros não sejam os únicos a fazer arte sobre a temática do racismo e da escravidão? Não é bom que os brancos também se manifestem? Da mesma maneira, qual o problema de um cara dirigir o filme em questão aqui?
Obra-prima? Talvez não. Muito importante para o cenário em que a gente vive? Com certeza.
Perdi Meu Corpo
3.8 351 Assista AgoraUm filme de visual lindo e trilha sonora linda.
Ele pega a gente desprevenido com momentos de ternura, tensão e magia que se elevam sobre o clima melancólico geral.
Intencionalmente, os rostos dos personagens não revelam muitas expressões por uma escolha de estilo, de maneira que, se você ficar atento, vai perceber que os sentimentos dos personagens se expressam em suas mãos.
O destino fez uma criança que se tornou obcecada pela ideia de capturar uma mosca ter sua vida radicalmente transformada quando ele finalmente consegue fazer isso. Uma magia entra em ação nesse momento e sua mão se torna capaz de sobreviver por conta própria mesmo ao perder-se de seu corpo.
A jornada da mão em busca de seu corpo é também a jornada da mente de Naoufel, em busca de pertencer, sempre olhando em retrospecto para o que tinha quando sua família era viva.
Mas Naoufel perde a mão quando perde o amor. Os dois acontecimentos marcantes colidem para desfazê-lo de uma vez por todas e libertá-lo das últimas amarras que o prendiam. Assim, ele decide ousar sua grande manobra para driblar o destino.
Quando a mão, prestes a se reunir a Naoufel, percebe que seu dono está eufórico pela primeira vez em anos, após gravar seu salto por cima da gravação do momento da morte de sua família, entende que as recentes perdas de Naoufel foram essenciais para um tipo de renascimento. Ele deixou o passado para trás ao possivelmente sentir que não tinha mais nada a perder. A mão desiste da reunião, provavelmente pensando: “Naoufel, em suas perdas, finalmente se encontrou. Está melhor sem mim”.
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Batman Ninja
2.8 250 Assista AgoraAlguém pode me dizer de onde o Grodd tirou tamanha tecnologia para todos aqueles castelos-robô?
Tickled
3.8 101Não vale o suspense que cria.
Megarrromântico
3.1 565 Assista AgoraUltimamente todo mundo critica como se todo filme quisesse ser artístico ou importante.
Esse filme não é uma crítica social nem contra a indústria cinematográfica. É uma comédia romântica, gente. É pra ser bonitinho, água com açúcar e tudo mais. É a personagem que odeia esse gênero de filme, não o diretor ou o roteirista.
Sempre vai haver espaço pra filmes pipoca — a simples distração leve sem grandes mensagens — porque nem todo mundo quer ver conteúdo sério o tempo todo. Nem a gente, né?
Alex Strangelove - O Amor Pode Ser Confuso
3.2 365 Assista AgoraBastante gente achou o filme apenas fofo ou um passatempo que não acrescenta muito. Mas eu acho que o filme, apesar de não ter a pretensão de ser sofisticado, é bem mais do que isso.
Alex não é o típico garoto saindo do armário. Ele é um garoto que não se deu conta de que é gay porque repirimiu sua sexualidade e nem se lembra de tê-lo feito.
A cena da piscina, quando Alex, bêbado, mergulha, mostra quando ele se lembra do exato momento em que, ainda criança, passou a noite em claro escondendo de si mesmo a sua orientação, depois de passar por um trauma.
Adolescente, Alex não se lembrava nem do trauma nem dos seus desdobramentos. E essa história não é sempre contada. Sair do armário é uma história recorrente, mas não perceber a existência do armário é uma história nova no cinema até onde me lembro. E aqui ela foi apresentada de uma maneira eficaz sem aparentar muito esforço, o que mostra a sensibilidade dos criadores para o fato de que assuntos complexos podem ser bem recebidos se tratados com naturalidade. Eles não criaram um filme hiperdramático, o que torna a história acessível para um público mais amplo, que precisa ouvi-la.
É verdade que pode ficar a impressão de que alguns esteriótipos foram reforçados. Mas o filme não se intimida diante dessa possibilidade exatamente porque, na vida real, é comum se apoiar na negação do esteriótipo para fugir da realidade.
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