Gosto do paradoxo temporal e do fato de que seja o Loki, um dos tipos mais caras de pau da Marvel, o grande ponto de partida disso tudo. Apesar do começo meia-boca, os três últimos episódios souberam aproveitar melhor toda a bagunça dos universos paralelos etc.
Talvez o envolvimento do Shyamalan em si já destrua qualquer tentativa de análise que vá além de comparações com o cinema dele, mas é impossível não curtir tudo aquilo quase como um lindo supercut shyamaliano.
A histeria de se autoresponsabilizar pela paz mundial. Mas no final a série é mesmo sobre essa inevitabilidade, e até mesmo necessidade, muito romântica de que certas desgraças aconteçam.
O que mais gostei aqui foi de longe a brincadeira com gêneros televisivos nos primeiros episódios, mesmo tudo aquilo acontecendo dentro da qualidade quase claustrofóbica com a qual a Marvel esquematiza as produções.
Simplesmente o passo seguinte de Call Me By Your Name. A Itália em We Are Who We Are é uma terra quase fantástica onde a ideia de identidade é de algo maleável e sob constante pressão. Uma obra sobre o estado de incerteza existencial que leva à descobertas através da pura contemplação. Famílias inteiramente disfuncionais, onde os filhos são quase sempre frontais e os adultos, militares americanos, fraquejam sob a menor ameaça de ruína da “ordem”. É uma obra que contempla a fragilidade e preciosidade de movimentos muito particulares e banais do dia-a-dia, a fluidez das relações e da autidentificação, e que na sua calmaria, se volta a algo mais primário que, de novo, pode durar apenas alguns segundos. A maior de 2020.
Robôs gigantes e religião – dois conceitos que regem uma geração tendo que lidar com (mais uma) eminência de fim do mundo e de um sistema que nem mesmo eles conseguiram assentar por completo. Interessante o olhar de curiosidade que os japoneses imprimem ao cristianismo, e como isso se traduz em referências imediatas que carregam esse ar de estranheza e "novidade". Gosto como, na reta final, tudo vai se voltando de fora para dentro – apesar da série até então ter preparado terreno para um novo Impacto, quem explode não é o mundo, mas os próprios personagens. Os últimos episódios, mais introspectivos e radicais, são perfeitos.
Como é possível que uma obra nunca se assente e se recusa a caber numa descrição como essa aqui? Nunca vou saber dizer. A imensidão descontinuada de experiências, interações, recortes. O imaginário sendo inventado. Tudo redimido, também, no que eu acredito ser o uso definitivo do fanservice. Obra-prima é pouco.
Tal qual a concha de retalhos que é Stranger Things, essa série parece existir somente para referenciar outras obras, sem nunca confrontar nada nem propor nada. É só uma miscelânea de angústias adolescentes bem mastigada.
Love: A História de Lisey
3.1 24 Assista AgoraKing + Larraín não deu bom como eu esperava. É interessante, mas no final nem existe material para tanta divagação e subjetividade assim.
Loki (1ª Temporada)
4.0 490 Assista AgoraGosto do paradoxo temporal e do fato de que seja o Loki, um dos tipos mais caras de pau da Marvel, o grande ponto de partida disso tudo. Apesar do começo meia-boca, os três últimos episódios souberam aproveitar melhor toda a bagunça dos universos paralelos etc.
Mare of Easttown
4.4 656 Assista AgoraO que fazer das coisas horríveis? Aceitar e conviver – não há grandes arroubos quando se precisa lidar com fantasmas.
Era uma Segunda Vez (1ª Temporada)
2.7 29A ruína inevitável.
Lupin (Parte 2)
4.0 161Gosto como a história vai pouco a pouco deixando os truques de Sherlock Holmes para ir virando um Missão Impossível.
I May Destroy You
4.5 277 Assista AgoraTrauma não é edificante e sua resolução quase nunca tem a ver com qualquer ideia de “moral”.
O Gambito da Rainha
4.4 931 Assista AgoraTalento equivalente a tendência à autodestruição = prodígio esportivo americano perfeito.
Servant (2ª Temporada)
3.5 90Cada vez mais a série vai se expandindo nessa mistura impossível que leva às coisas mais inesperadas – o próprio twin peaks do shyamalan.
Servant (1ª Temporada)
3.9 199 Assista AgoraTalvez o envolvimento do Shyamalan em si já destrua qualquer tentativa de análise que vá além de comparações com o cinema dele, mas é impossível não curtir tudo aquilo quase como um lindo supercut shyamaliano.
22.11.63
4.2 273 Assista AgoraA histeria de se autoresponsabilizar pela paz mundial. Mas no final a série é mesmo sobre essa inevitabilidade, e até mesmo necessidade, muito romântica de que certas desgraças aconteçam.
A Vida Depois do Tombo
3.0 105Framing Mamacita. A máquina reencenando um paredão na esperança de receber em troca arte e autocrítica.
The Outsider
3.7 234 Assista AgoraO bicho que volta pra assombrar adultos enlutados, muito mais difícil de se conviver com as desgraças quando se para de acreditar nas coisas.
Falcão e o Soldado Invernal
3.9 381 Assista AgoraO irmão de alma de Soldado Invernal. Autocrítica só para sugerir uma solução conciliadora.
História(s) do Cinema
4.2 19O fluxo de consciência absoluto.
Demi Lovato: Dancing With The Devil
4.2 20Cafona, estéril, incapaz de conceber uma única narrativa interessante em torno de qualquer coisa.
WandaVision
4.2 844 Assista AgoraO que mais gostei aqui foi de longe a brincadeira com gêneros televisivos nos primeiros episódios, mesmo tudo aquilo acontecendo dentro da qualidade quase claustrofóbica com a qual a Marvel esquematiza as produções.
Euphoria: Fuck Anyone Who’s Not a Sea Blob
4.3 128Fluxo de consciência frequência geração z.
Euphoria: Trouble Don't Last Always
4.3 154Orientação vocacional no quase-morte.
We Are Who We Are (1ª Temporada)
3.8 132Simplesmente o passo seguinte de Call Me By Your Name. A Itália em We Are Who We Are é uma terra quase fantástica onde a ideia de identidade é de algo maleável e sob constante pressão. Uma obra sobre o estado de incerteza existencial que leva à descobertas através da pura contemplação. Famílias inteiramente disfuncionais, onde os filhos são quase sempre frontais e os adultos, militares americanos, fraquejam sob a menor ameaça de ruína da “ordem”. É uma obra que contempla a fragilidade e preciosidade de movimentos muito particulares e banais do dia-a-dia, a fluidez das relações e da autidentificação, e que na sua calmaria, se volta a algo mais primário que, de novo, pode durar apenas alguns segundos. A maior de 2020.
A Dança da Morte
3.5 130 Assista AgoraPeregrinação épica pós covid-19.
Fullmetal Alchemist: Brotherhood
4.7 391Obra-prima do agnosticismo.
Neon Genesis Evangelion
4.5 329 Assista AgoraRobôs gigantes e religião – dois conceitos que regem uma geração tendo que lidar com (mais uma) eminência de fim do mundo e de um sistema que nem mesmo eles conseguiram assentar por completo.
Interessante o olhar de curiosidade que os japoneses imprimem ao cristianismo, e como isso se traduz em referências imediatas que carregam esse ar de estranheza e "novidade". Gosto como, na reta final, tudo vai se voltando de fora para dentro – apesar da série até então ter preparado terreno para um novo Impacto, quem explode não é o mundo, mas os próprios personagens.
Os últimos episódios, mais introspectivos e radicais, são perfeitos.
Twin Peaks (3ª Temporada)
4.4 622 Assista AgoraComo é possível que uma obra nunca se assente e se recusa a caber numa descrição como essa aqui? Nunca vou saber dizer. A imensidão descontinuada de experiências, interações, recortes. O imaginário sendo inventado. Tudo redimido, também, no que eu acredito ser o uso definitivo do fanservice. Obra-prima é pouco.
I Am Not Okay With This (1ª Temporada)
3.7 352 Assista AgoraTal qual a concha de retalhos que é Stranger Things, essa série parece existir somente para referenciar outras obras, sem nunca confrontar nada nem propor nada. É só uma miscelânea de angústias adolescentes bem mastigada.