"Bastogne" foi um dos melhores episódios de tudo que já assisti, emocionalmente carregado e repleto de simbolismos. Usar o termo "obra-prima" aqui não seria um exagero. Não há nada sobre ele que mereça qualquer tipo de correção.
Algumas cenas que especialmente chamaram minha atenção:
- Eugene de cócoras contra uma árvore, sozinho, afastado de todos os demais soldados porém com uma expressão nitidamente focada e atenta, pronto para correr ao auxílio de seus companheiros assim que se fizesse necessário. Uma verdadeira representação de um guardião, e ele realmente o é, em todos os sentidos. - Eugene dando um pedaço de chocolate para o companheiro que assistiu outro soldado, atingido na garganta, agonizar até a morte... e aí vemos esse companheiro comendo o chocolate de uma forma que, imagino que propositalmente, é bem infantilizada. Serve bastante para retratar que, no final das contas, todos ali não passam de garotos sendo submetidos a traumas imensos. - Um soldado morre na maca enquanto Eugene e duas enfermeiras tentavam salvar sua vida, naquela espécie de posto de atendimento médico. A câmera se afasta e vemos a estrutura interior do estabelecimento com o teto alto, as cores como de uma igreja... O que é extremamente irônico porque não tem nada divino ou sagrado sobre morrer na guerra, e Band of Brothers representa muito bem isso. - Quando Eugene está conversando com a enfermeira, elogiando seu tratamento dos enfermos e dizendo que ela ainda irá ajudar muitas pessoas, ela responde: "Eu espero nunca mais ter que tratar um homem ferido na vida. Preferiria trabalhar num açougue." Que horrores alguém deve ter testemunhado e enfrentado para dizer algo assim, especialmente levando jeito pra coisa, sendo alguém que transmite calma e caridade? É isso que a guerra faz. Ela transforma até os mais cândidos ao ponto em que jamais voltarão a ser os mesmos.
Fiquei sinceramente eufórica após assistir algo tão sensível e bem-executado. Só tenho elogios, e muitos.
Eu julgava impossível a season finale decepcionar levando em consideração o alto padrão de qualidade que se manteve contínuo no decorrer dessa temporada, e fico feliz de ver que estava certa.
The Leftovers tem sido uma história sobre o mundo pós-apocalíptico desde seu princípio, mas esse fato era ocultado pela tentativa daqueles deixados para trás de seguir em frente com suas vidas o mais normalmente possível. Nessa season finale, essa falsa normalidade vem ao chão e leva consigo a doce ilusão de que Jarden era um mundo intocado pela Partida Repentina; tudo isso graças a Meg, que havia nos dado apenas uma breve demonstração de sua capacidade de destruição em Off Ramp (s02e03) ao ameaçar Tommy, e que agora encerra a temporada mostrando estar acima até mesmo de Deus (afinal Deus pode ter poupado Jarden, como diz a música, mas Meg não os poupou). O luto que lhe foi negado a tornou poderosa e implacável, e temos que tirar o chapéu para a sutil construção da sua vilania feita aparentemente "por debaixo dos panos" conforme prosseguiam as histórias de outros personagens.
Graças a Meg, Jarden não é mais intocada pela tragédia, e o cenário que Kevin encontra ao ressuscitar pela segunda vez é como a manifestação física do caos emocional que persiste dentro daqueles afetados pela Partida: não é um mundo que aparenta estar bem ou estar seguindo em frente, mas um mundo que sucumbiu no dia 14 de outubro quatro anos antes e nunca mais se reergueu.
Todos os envolvidos com a produção dessa série fizeram um trabalho primoroso e não deixaram pontos sem nós (exceto aqueles que, imagino, serão trabalhados numa provável terceira temporada). Foi cíclico, foi bonito, foi intenso, foi uma das melhores coisas que eu já tive o prazer de assistir na vida e eu não poderia estar mais feliz de estar acompanhando uma série tão boa. Só elogios.
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Irmãos de Guerra
4.7 618 Assista Agora"Bastogne" foi um dos melhores episódios de tudo que já assisti, emocionalmente carregado e repleto de simbolismos. Usar o termo "obra-prima" aqui não seria um exagero. Não há nada sobre ele que mereça qualquer tipo de correção.
Algumas cenas que especialmente chamaram minha atenção:
- Eugene de cócoras contra uma árvore, sozinho, afastado de todos os demais soldados porém com uma expressão nitidamente focada e atenta, pronto para correr ao auxílio de seus companheiros assim que se fizesse necessário. Uma verdadeira representação de um guardião, e ele realmente o é, em todos os sentidos.
- Eugene dando um pedaço de chocolate para o companheiro que assistiu outro soldado, atingido na garganta, agonizar até a morte... e aí vemos esse companheiro comendo o chocolate de uma forma que, imagino que propositalmente, é bem infantilizada. Serve bastante para retratar que, no final das contas, todos ali não passam de garotos sendo submetidos a traumas imensos.
- Um soldado morre na maca enquanto Eugene e duas enfermeiras tentavam salvar sua vida, naquela espécie de posto de atendimento médico. A câmera se afasta e vemos a estrutura interior do estabelecimento com o teto alto, as cores como de uma igreja... O que é extremamente irônico porque não tem nada divino ou sagrado sobre morrer na guerra, e Band of Brothers representa muito bem isso.
- Quando Eugene está conversando com a enfermeira, elogiando seu tratamento dos enfermos e dizendo que ela ainda irá ajudar muitas pessoas, ela responde: "Eu espero nunca mais ter que tratar um homem ferido na vida. Preferiria trabalhar num açougue." Que horrores alguém deve ter testemunhado e enfrentado para dizer algo assim, especialmente levando jeito pra coisa, sendo alguém que transmite calma e caridade? É isso que a guerra faz. Ela transforma até os mais cândidos ao ponto em que jamais voltarão a ser os mesmos.
Fiquei sinceramente eufórica após assistir algo tão sensível e bem-executado. Só tenho elogios, e muitos.
The Leftovers (2ª Temporada)
4.5 422 Assista AgoraEu julgava impossível a season finale decepcionar levando em consideração o alto padrão de qualidade que se manteve contínuo no decorrer dessa temporada, e fico feliz de ver que estava certa.
The Leftovers tem sido uma história sobre o mundo pós-apocalíptico desde seu princípio, mas esse fato era ocultado pela tentativa daqueles deixados para trás de seguir em frente com suas vidas o mais normalmente possível. Nessa season finale, essa falsa normalidade vem ao chão e leva consigo a doce ilusão de que Jarden era um mundo intocado pela Partida Repentina; tudo isso graças a Meg, que havia nos dado apenas uma breve demonstração de sua capacidade de destruição em Off Ramp (s02e03) ao ameaçar Tommy, e que agora encerra a temporada mostrando estar acima até mesmo de Deus (afinal Deus pode ter poupado Jarden, como diz a música, mas Meg não os poupou). O luto que lhe foi negado a tornou poderosa e implacável, e temos que tirar o chapéu para a sutil construção da sua vilania feita aparentemente "por debaixo dos panos" conforme prosseguiam as histórias de outros personagens.
Graças a Meg, Jarden não é mais intocada pela tragédia, e o cenário que Kevin encontra ao ressuscitar pela segunda vez é como a manifestação física do caos emocional que persiste dentro daqueles afetados pela Partida: não é um mundo que aparenta estar bem ou estar seguindo em frente, mas um mundo que sucumbiu no dia 14 de outubro quatro anos antes e nunca mais se reergueu.
Todos os envolvidos com a produção dessa série fizeram um trabalho primoroso e não deixaram pontos sem nós (exceto aqueles que, imagino, serão trabalhados numa provável terceira temporada). Foi cíclico, foi bonito, foi intenso, foi uma das melhores coisas que eu já tive o prazer de assistir na vida e eu não poderia estar mais feliz de estar acompanhando uma série tão boa. Só elogios.